Jotapê já não o deixou dizer mais nada calou-o com um beijo. Inicialmente ele resistiu, mas depois deixou de tentar lutar e se entregou ao beijo. Desde aquela noite que imaginou como seria beijar aquele rapaz lindo que passou por ele e sorriu-lhe, mas estar nos seus braços eram com estar onde nunca havia estado. Com os seus quase quinze anos já havia beijado outras pessoas mas ninguém beijava como Jotapê. O beijou que inicialmente fora calmo tornou-se mais exigente e Lucas já tinha os seus dedos nos cabelos de Jotapê que gemia exigindo mais. Meteu as mãos por debaixo da t-shirt de Lucas e tocou-lhe as costas. Este arrepiou e colou-se mais ainda ao seu corpo. Jotapê começou a empurra-lo em direção a porta do quarto e então Lucas caiu em si e afastou-se do beijo. Tinha os lábios inchado de paixão e seus olhos tornaram mais escuros. Jotapê também estava afogante e viu-se nitidamente que estava muito excitado. Os seus olhos azuis estavam verdes e seus lábios mais vermelhos.
- NÂO! - Disse Lucas afastando-se.
- porquê?
- a gente não pode…eu não estou preparado para isso?
- tu és virgem?
- a gente não pode Jotapê, tu deves ter alguém na tua vida e eu não quero sofrer…
- não há ninguém eu já te tinha dito…
- mesmo assim, esquece o que aconteceu. Foi um erro que não pode acontecer…
- porque?
- eu não me sinto seguro…
- é por causa do passado, é isso?
- nã-o
- é isso sim. Ta na cara. Eu pensei que me tinhas perdoado. Mas pelos visto continuas a odiar-me. Meu Deus como eu queria voltar no tempo.
- eu perdoei sim. Mas tu não vês que a gente não pode ser feliz…
- porque não, eu quero estar contigo e tu me deste provas que também queres…
- não, foi um erro…
- não, foi o melhor beijo que já tive em toda a minha vida
- não Jotapê, não faz isso comigo.
- eu quero estar contigo, vamos aproveitar este momento…
- estás a ver, é esse o problema…o memento. Alguma vez tu perguntaste o que eu quero? Ou melhor o que tu queres.
- neste exato momento eu quero-te a ti, mais nada. Que mais você quer?
-mas até quando vais querer? Eu já perdi muita gente nesta vida e sofri. Não quero ver-te a partir um dia também.
- mas porque temos que pensar nisso agora, Lucas?
- porque é mais fácil agora. Porque depois vai ficar mais difícil para mim. Acabar com o que nem começou.
- esta é a tua última palavra?
- sim…é – disse Lucas com um fio de voz.
- então não tenho mais nada que fazer aqui.
- e o trabalho?
- que se dane o trabalho
E ele saiu a correr. Lucas ficou ali onde estava até que começou a chorar desconsolado. Minutos depois ouviu uma batida na porta do seu quarto. A pessoa não esperou resposta e entrou. Olhou e viu que era o seu irmão que vendo-o chorar correu até ele e abraçou-o.
- o que for que aconteceu? – perguntou
- nada não, só me abraça.
- então porque ele saiu daqui a chorar e nem sequer falou comigo?
-não foi nada…
- sabias que ele gosta de ti?
- não, não gosta ele só está confuso
- ele disse-me quando estava a mostra-lhe o meu quarto..
- como assim disse-te. Vocês estavam a falar de mim?
- sim e não. eu disse-lhe que eu amava-te muito e ele disse que gostava de ti, e não como amigo. Ele disse que comigo ele podia falar porque era um cara legal e de mente aberta.
- foi é?
- sim, eu disse-lhe que tu também estavas triste ontem mas que hoje chegaste em casa todo sorridente.
- disseste?
- sim, e soube o motivo quando ele chegou aqui.
- porque?
- ele é lindo, e quando fala de ti sorri que nem um bobo.
- e tu menino, como é que com esta idade já sabes tantas coisas?
- porque sou teu irmão e conheço-te. Eu acho que tu devias dar-lhe uma chance.
- ãh? Esta conversa não é para um pirralho como tu!
- porque não? eu sei que tu também gostas dele, senão não estarias a chorar?
- então sabichão o que achas que devo fazer?
- liga-lhe e fala com ele.
- mas, eu não tenho o número dele…
- e para que serve a pagina do colégio e o facebook?
- meu Deus, esse menino cresceu e nem me dei conta…
Gabriel riu e puxou o irmão para ir ao outro anexo para ligar o computador. Ele encontrou realmente o número de telefone fixo da casa de Jotapê.
- vamos, mano liga – incentivou o menino.
- não sei, não. o que vou dizer?
- perguntas por ele e que precisas falar com ele por causa do trabalho…
- saíste-me melhor que a encomenda
- somos irmão, né? Um por todos, todos por um.
- verdade…
- então o que estás a espera.
Lucas pegou o telefone e ligou. Esperou um toque, dois, três e nada…estava quase a desistir quando uma voz triste atendeu. Reconheceu que era Jotapê, mas no entanto disse:
- o João Pedro está?
Do outro lado da linha ouviu um suspiro e a voz respondeu:
- quem deseja falar com ele?
- um colega da escola
- então diga, ele quem está a falar.
- e agora o que digo…? Disse Lucas desesperando olhando para o irmão.
- me dá aqui…
- não
- me dá …
Do outro lado da linha a pessoa disse impaciente?
- então vai falar ou não?
Perante a insistência passou o telefone ao irmão.
- alô, Jotapê?
- sim, quem fala?
- é Gabriel
- oi Gaby, aconteceu alguma coisa?
-sim aconteceu…
- o que foi?
- há um pessoa aqui em casa com uma doença de coração e o único remedio está na tua casa.
- o quê? Não entendi…
- o que estou a dizer é que se não vieres aqui agora o meu irmão vai morrer de coração.
- como assim, ele acabou de me mandar embora…!!!
- e porque lhe deste ouvidos, ele diz tudo ao contrário. Quando quer diz que não quer e quando não quer diz que, vens ou não?
- vou sim chego em dez minutos.
Desligou e olhou para o irmão que perguntou:
-então?
- ele está aqui em dez minutos. Agora vê se tomas um banho e te ponhas bonito para ele…
-Gaby, tu estás muito saidinho pro meu gosto.
- ainda bem, senão ias perdendo ele. Eu vou acabar o meu dever. E vou pedir a Jacintha para preparar um lanche para a gente. Até já, mano.
-até cupido, eu te amo – disse Lucas sorrir.
- eu também te amo – disse Gaby.
Mal Gabriel saiu do quarto ele correr para o banho. Queria ficar bonito para ele e tentar melhorar a situação anterior. Mas será que ele ia perdoar-lhe por ter sido tão estúpido? Ia pedir-lhe desculpa, mas podia mostrar-se desesperado. E seus pais, como iam ver a situação? Com Stive já havia conversado e ele parecia aceitar bem a situação. Só faltava falar com Stuart, só não sabia como este ia reagir. Até porque ainda não lhe tinha contado que era gay – sim depois do primeiro beijo com Jotapê tinha percebido que na verdade era gay e não bissexual. E isso era um problema, Jotapê tinha-se se assumido por o colégio como bissexual, o que significava que tinha desejos por meninas. E se ele se apaixonasse por ele e por uma menina ao mesmo tempo. Mas também ele nem disse que estava apaixonado por ele. Só disse que queria estar com ele. Mesmo assim tinha certeza que não queria dividi-lo com ninguém. Queria-o só para ele.
Enquanto estava com estes pensamentos já se tinha trocado de roupa umas três vezes, o que era recorde, nunca se preocupara tanto que roupa usar quando ia sair e muito menos quando tinham visita e agora estava indeciso.
Por fim optou por uma camisa gola “V” branca, uma bermuda preta e uns all star. Olhou uma última vez no espelho e gostou do que viu. Estava muito nervoso. Não sabia por onde começar quando ele estivesse ali. Foi arrancado destes pensamentos quando alguém bateu na porta. Sobressaltou-se cadeira e começou a tremer. Sentia pernas bambas para ir abrir a porta e respondeu do lugar onde estava
CONTINUA