Pessoal, este capítulo será diferente. Quem irá narrar será o personagem Ricardo, ele irá contar o que se passou após a briga com o Luca. Espero que gostem e boa leitura.
Estava deitado no chão em frente à porta do quarto do Luca, passei a noite ali na tentativa da conseguir falar com ele. Quando abri os olhos, logo senti os efeitos da bebedeira da noite anterior. Minha cabeça doía de forma absurda, sentia um gosto amargo na boca que chegava a me dar ânsia. Apesar das dores no corpo, o que mais doía era o meu coração.
Ricardo - Como eu pude fazer aquilo com ele!
Geralmente não me lembro do faço ou falo após uma bebedeira, mas aquilo que fiz com o Luca estava vivo em minha mente e principalmente no meu coração. Depois de tentar raciocinar sobre o ocorrido, me dei conta que a porta do quarto estava aberta. Levantei e desesperadamente comecei a procurá-lo, mas infelizmente ele já não estava no quarto e nem no apartamento. Corri até a rua na esperança de encontrá-lo, procurei pelas redondezas, mas não o encontrei. De volta ao prédio, fui falar com o porteiro.
Ricardo – Bom dia Seu João, tudo bem?
João - Bom dia Seu Ricardo, tudo na santa paz de Deus.
Seu João era uma pessoa muito simpática, um senhor já de idade que não tirava o sorrido do rosto.
Ricardo – Que bom! Diga-me uma coisa, o senhor viu a que horas o Luca passou por aqui?
João – Olha Seu Ricardo, não faz muito tempo que passou. Não sei a hora exata, mas faz uns 30 minutos.
Ricardo – Droga!
Seu João me olhou sem entender minha reação.
João – Aconteceu alguma coisa Seu Ricardo?
Ricardo – Não Seu João, não aconteceu nada. Obrigado!
Sem esperar ele responder voltei ao apartamento. Sentei no sofá com as mãos na cabeça.
Ricardo –Meu Deus, o que eu fiz? Como eu pude fazer aquilo com o Luca? Ele sempre foi tão bom comigo, me ajudou quando mais precisei apesar de sempre tratá-lo mau.
Meu coração ficou cada vez mais apertado.
Ricardo – Como me arrependo!
Nesta hora já chorava com criança.
Ricardo – Sinto tanta falta dele. Gostava de conversar com ele, da sua presença, do seu jeito, da sua amizade.
Deite encolhido no sofá, aos poucos o choro foi passando e o remorso aumentava cada vez mais. Tentei ligar para ele várias vezes sem sucesso. Fui tomar um banho, pois ainda estava com a roupa do dia anterior. Precisava sair, ficar naquele apartamento e lembrar de tudo estava me matando. Ainda era de manhã quando saí. Rodei a cidade inteira de carro até parar no Jardim Botânico, sentei no gramado perto da estufa. Naquele momento a tristeza bateu forte, sem perceber as lágrimas começaram a rolar no meu rosto. Já era noite quando eu voltei para casa.
Quando estava passando pela portaria, Seu João vem em minha direção e diz:
João – Seu Ricardo, o Seu Luca esteve aqui agora a pouco.
Quando escuto isso, meu coração sem enche e alegria. Nem deixe Seu João terminar e saí correndo em direção ao apartamento com um sorriso no rosto.
Ricardo – Que bom ele voltou, vamos poder conversar.
Quando abrir a porta, saí a sua procura em todos os cômodos. Quando chego ao quarto tenho uma surpresa. Ele havia levados quase todas as suas roupas. Caí de joelhos sem acreditar no que via.
Ricardo – Ele foi embora.
Novamente voltei a chorar desesperadamente. Depois de algum tempo me recompus.
Ricardo – Se ele não quer me ver, não vou forçá-lo. Deve estar com aquele amigo dele.
Passei noite em claro. A falta que eu sentia dele era enorme, nunca havia sentido isso por alguém. Aquela noite fiquei pensando no que fazer daqui para frente, precisava arranjar um lugar para morar, não era justo ele ter que sair do próprio apartamento. De repente me veio na mente uma coisa que o Luca me disse durante a nossa discussão. Ele tinha dito que me amava, que me amava em silêncio. Aquilo ficou martelando na minha cabeça. Nunca tive preconceito contra os homossexuais, mas nunca me ocorreu que um homem pudesse se apaixonar por mim e muito menos eu por um homem. Se soubesse antes sobre o sentimento que ele supria por mim, teria conversado com ele, esclarecido as coisas. Teria tentado faze-lo entender que nossa relação nunca passaria de amizade. O Luca se tornou uma pessoa muito especial para mim, considerava muito sua amizade, nunca que eu iria me afastar pelo fato dele me amar. Confesso que ver ele com o Pedro me despertou um certo ciúme, mas nada relacionado a amor.
Nos dias que se seguiram foram de procura de um apartamento. Pedi uma semana de folga no trabalho para poder me organizar melhor. Numa tarde quando voltava de uma visita à imobiliária, Seu João veio falar comigo.
João – Oi Seu Ricardo, tem uma carta pro senhor.
Ricardo – Carta!
Fiquei surpreso. Quando ele me entrega vejo que não era uma carta comercial, o envelope estava em branco. Abro e tiro a carta para ler. Era do Luca. Meu coração começa a bater forte.
“Ricardo,
Apesar da briga que tivemos, me vi na obrigação de escrever esta carta em respeito à amizade que tínhamos e o amor que infelizmente ainda sinto por você. Hoje estou indo passar alguns dias em Londres com o Pedro, tenho que me distrair um pouco e tentar esquecer o que aconteceu. Pode ficar no apartamento o tempo que quiser até você conseguir encontrar um lugar para morar. Por enquanto ficarei morando com o Pedro. É com muita dor no coração que digo que infelizmente nossa amizade acabou, sua atitude aquele dia me feriu profundamente. Em relação ao amor que sinto por você, não sei bem o que fazer, infelizmente não mando no meu coração, mas vou tentar sufocar este sentimento até que ele morra. Luca”
Ler aquelas palavras foi como um soco no estômago, sentia falta de ar. Pensar em ficar sem a amizade do Luca me partia o coração. Precisava falar com ele, sei que errei, mas não podia o deixar jogar nossa amizade fora sem tentar me desculpar.
Ricardo – Seu João, quem deixou esta carta? Faz tempo?
João – Foi o Seu Luca, faz uns 15 minutos. Ele deixou a carta e saiu com o Seu Pedro dizendo que iria viajar por alguns dias.
Sem pensar duas vezes peguei o meu carro e fui em direção ao aeroporto. Dirigi que nem um louco, precisava alcançar antes dele embarcar.
Ricardo – Ele não pode viajar sem antes eu tentar me desculpa. Vou lutar pela nossa amizade, não vou deixar ele matar esse amor que sente por mim.
Nem tinha percebido no que havia acabado de dizer. Depois de alguns segundos me deu um estalo na cabeça.
Ricardo – Ai que merda, será que eu estou gostando ele?
A carta do Luca mexeu muito comigo. Está certo que eu tenho por ele um imenso carinho, mas será que chega ser um sentimento amoroso? Confesso que nunca havia sentido aquilo por outra pessoa. A ideia de não tê-lo mais em minha vida me deixava desesperado por dentro. Minha cabeça virou um turbilhão. Já não sabia o que sentia, estava tudo muito confuso, não tinha certeza de mais nada.
O transito estava um caos, infelizmente Curitiba estava com o tráfego cada vez pior. O aeroporto daqui fica na região metropolitana e a avenida de acesso estava congestionada. Quando consigo chegar corro diretamente para o portão de embarque. Pergunto para uma atendente:
Ricardo – Moça, que horas saí o voo para Londres?
Moça – Infelizmente senhor o avião já está indo para pista.
Ricardo – Não, não acredito que eu o perdi.
Corri para o outro andar de onde se tem vista dos aviões pousando e decolando. Ver o avião dele decolando acabou comigo. Ajoelhei-me e comecei a chorar.
Ricardo – Volta Luca, por favor voltaOi pessoal, mais uma parte para vocês. Tenho que confessar que foi difícil escrever este capítulo, acho que ando sem inspiração ultimamente. Espero não ter desapontado vocês. Quem quiser vou deixar meu e-mail para contato, não tenho msn. Bjos e abçs
E-mail: lucaaspace-88@yahoo.com