Mais uma vez obrigado pelos comentários e pelo simples fato de lerem o conto. São muitos então não me atrevo a citar aqui e correr o risco de errar, mas sei de todos. Inclusive leio a história de todos e deixo meu comentário. Até o próximo e boa leitura...
- E o que eu posso fazer?
- Pode me dar abrigo na sua casa, Carlos. Pode ser?
Pensei um pouco e eu não sabia muito bem o que dizer. E eu concordava com ele. Com certeza sua relação com Victor só iria piorar e seria questão de tempo pra Henrique ter que sair de lá, mas eu não iria ceder tão fácil.
- Você não acha que isso tá acontecendo rápido demais, Henrique? A alguns dias atrás você era meu cunhado, agora quer morar comigo.
- Eu não to te pedindo em casamento. Só quero um quarto. Eu ajudo com as despesas e mesmo se não rolar mais nada entre a gente eu fico tranquilo.
É, Henrique tinha se mostrado confiável e entendi que ele podia ser meu amigo também.
- Tá certo. Me dê só mais uns dias pra eu ajeitar tudo pra sua chegada.
Ele me pareceu muito feliz, veio correndo em minha direção, me abraçou forte e ficou beijando meu pescoço.
- Nossa, você é demais mesmo!
Não aguentei e o beijei. Estar com ele nesse momento de tristeza me fazia muito bem. Ele se despediu de mim e foi pra faculdade, enquanto eu ainda ficava pensando se aquela seria a melhor decisão e no que Victor iria pensar quando soubesse. Só iria reforçar o que ele já havia pensado de mim na noite anterior, mas eu não poderia fazer nada.
Trabalhei bastante e a hora parecia não passar. Estava com muito sono e quando deu a hora de ir embora, nem pensei duas vezes. Cheguei ao apartamento e subi. Me assustei com um carinha de cabeça baixa, em frente à porta do apartamento. Era Victor. Ao me ver, ele se levantou rápido.
- Estava te esperando há um tempão.
Seus olhos estavam vermelhos, como os meus. Ele estava com um semblante triste e ao mesmo tempo satisfeito por ter me visto, mas eu não. Eu estava muito chateado e não iria esconder isso.
- O que você quer?
- Quero várias coisas e conversar. Vamos?
- Me dê só um motivo pra isso, depois de tudo que você me disse ontem.
- Carlos, olha pra mim. O que eu disse ontem doeu mais em mim do que em você. Vamos conversar, por favor?
Eu ainda estava muito nervoso e chateado com a situação, mas decidi aceitar. Entramos no apartamento e ele logo se serviu com um vinho. Parecia tomar coragem pra dizer algo:
- Carlos, eu quero te pedir perdão pelo que te disse ontem. Eu fui leviano demais e te magoei. Desculpa?
- Sinceramente, não! Doeu muito ouvir aquilo. Me senti um garoto de programa, um idiota que as pessoas só usam. E o pior é que tem sido assim mesmo. Confesso que só tenho servido para me usarem. Meu medo é que seja sempre assim.
Meus olhos já estavam cheios de lágrimas e ele se aproximou, passando seu indicador no meu rosto.
- Não, não é assim. O Daniel te fez mal, mas eu não. Desde o início eu só quis o seu bem e até hoje eu só quero isso. Se eu te disse pra ficar sozinho é porque achei que seria melhor você pensar, sem minha interferência.
- E eu entendi isso. Eu não planejei me envolver com o Henrique, Victor. Aconteceu.
- Não, não aconteceu. Você não planejou, mas o Henrique sim. Ele me disse ontem que estava conseguindo o que queria desde que te viu naquela boate e eu tenho medo do que ele possa querer fazer com você.
Como assim? Ele estava tentando fazer a minha cabeça contra o irmão. Isso não iria prestar...
- O que você tá insinuando, Victor?
- Você não sabe nada do Henrique. Ele não esse cordeirinho que você acha. Sai de perto dele enquanto é tempo, por favor. Eu amo você, Carlos, muito. Eu não posso deixar você se ferrar assim.
Ele estava começando a me assustar e eu não iria parar dessa vez.
- Então a questão é ciúmes?
- Não Carlos. A questão é que o Henrique não é uma boa pessoa. Você não o conhece, ele é capaz de muitas coisas e eu não quero isso pra você. Eu quero você feliz, ao meu lado.
- Victor, pra ser bem sincero, eu sempre achei que a gente ia dar errado. Olha pra nós dois, somos muito diferentes. O Henrique não é como você...
- Não mesmo – ele me interrompeu – ele é um idiota que se acha esperto. Cai fora enquanto é tempo.
- Então Victor, fala: o que o Henrique fez de tão ruim? Qual seu problema com ele?
CONTINUA...