Galera, partes decisivas agora e mais uma vez obrigado a quem me acompanha. Como já disse, é muito importante o comentário de vocês e eu fico muito feliz com eles. Obrigado sempre e boa leitura...
- Victor, pra ser bem sincero, eu sempre achei que a gente ia dar errado. Olha pra nós dois, somos muito diferentes. O Henrique não é como você...
- Não mesmo – ele me interrompeu – ele é um idiota que se acha esperto. Cai fora enquanto é tempo.
- Então Victor, fala: o que o Henrique fez de tão ruim? Qual seu problema com ele?
- Eu falo, se é só assim que você acredita em mim. O Henrique não se mudou pra minha casa apenas porque ele tava entrando na faculdade. Ele veio morar comigo, porque ele morava com uma tia nossa e ela não aguentava ele mais.
- Como assim?
- Ele é usuário de drogas, de crack. Minha tia me ligava chorando porque ele estava literalmente tocando o terror com ela. A única solução foi trazê-lo pra cá e torcer pra ele mudar, mas ele não mudou.
Eu estava perplexo. Mais que isso, estava surpreso pela revelação, mas ao mesmo tempo não estava acreditando nessa história. Henrique era lindo demais, saudável demais, inteligente demais pra ser dependente de uma droga tão forte como o crack.
- Você pode me provar isso, Victor?
- Quando você quiser. É só seguir ele e você vai descobrir onde ele vai comprar essa merda. Ele te vê como uma mina, porque eu não estou dando mais regalias a ele.
- Você sabe que isso é muito sério né?
Victor já estava impaciente, acho que ele acreditava que eu iria aceitar tudo que ele diria de primeira, sem sequer pensar sobre o assunto. Mas não seria assim. Victor poderia acusar a vontade, mas eu daria a Henrique o direito de resposta.
- Carlos, me ouve. Eu não tenho porque inventar uma coisa dessa do meu próprio irmão. Acorda! Eu preferia que isso não tivesse acontecido, mas essa é a real.
- Quer saber, eu vou resolver isso agora.
Dei alguns passos pra trás e liguei para o Henrique. Era a hora de colocar os dois cara a cara e ver quem tinha razão.
- Alô?
- Henrique, é o Carlos.
Ele estava em um lugar bem barulhento e sua voz parecia não querer sair, mas ele a forçava.
- Pode falar Cacá.
- Eu preciso que você venha no meu apartamento rápido. Por favor.
- Tá. Vou terminar o que to fazendo aqui, mas daqui há alguns minutos eu chego aí.
Nem deu tempo de eu concordar e ele desligou brevemente. Com certeza, estava ocupado. Victor me esperava na sala e eu estava impaciente como ele. Queria que Henrique chegasse logo pra resolver essa história.
Victor estava calado, acho que ainda triste por eu não ter acreditado nele. E eu estava ansioso pelo encontro.
Quase uma hora depois de puro silêncio e suspiros, o porteiro interfonou e eu autorizei que Henrique subisse.
Ele entrou e se assustou com Victor na sala. Seu rosto estava estranho e ele parecia bem mais agitado que o normal:
- O que esse trouxa tá fazendo o que?
- Henrique, o Victor veio me contar uma coisa e eu quero que você seja bem sincero comigo.
- Já vi que esse frouxo veio falar merda. O que esse bosta falou?
Victor permanecia calado e eu entendia sua estratégia. Ele estava dando corda pro próprio Henrique se enforcar e estava dando certo. Henrique mostrava um descontrole que eu nunca tinha visto.
- Calma cara. O Victor me disse umas coisas, mas eu quero ouvir da sua boca.
- Calma o caramba. Esse merda vem aqui inventar as coisas e eu tenho que ficar calmo.
Nesse momento Victor se levantou e se aproximou de nós. Eu sentia uma fúria nos olhos de Henrique, mas Victor ainda permanecia calado.
Era minha hora de descobrir tudo.
- Henrique, eu quero saber se é verdade que você é um viciado em crack?
- O que? Você veio inventar essa palhaçada Victor? Toma vergonha na cara e vai procurar outro cara pra você! Isso tudo é raiva porque agora você, Carlos, tá comigo e não com ele.
Victor quebrou o silêncio:
- Então explica onde você tava agora há pouco?
- Tava numa festa com um amigo que me trouxe. Por quê?
Não deu tempo de ninguém dizer mais nada. O porteiro interfonou e eu atendi rápido:
- Diga.
- Seu Carlos, desce aqui rápido. O Daniel, que te roubou, tá aqui em baixo dentro de um carro. Vamos acertar as contas com ele agora.
CONTINUA...