• 6 – Seja meu cobertor
As pessoas pensam que pedir perdão é algo fácil. Algumas até comentam que o máximo que se pode ouvir é um sim ou um não. Mas essas pessoas nunca imaginaram como dói um não ou quanto é ruim um sim dito da boca pra fora. Pedir perdão é algo que alivia a alma e entristece o coração por saber que errou.
A cena era mais ou menos a seguinte: Walmir, deitado na cama e Eu sentado sobre esta olhando para o seu rosto.
– Você me perdoa? – Perguntei aflito; meu coração estava na mão. Se Eu ouvisse um não, Eu o esmagaria e não amaria nunca mais. Nunca mais.
– Você pediu minha mão em casamento e então me traiu... – Aquelas palavras me magoaram. – Mas então, você se mostrou como um herói, novamente. Eu sou tão grato a Deus por ter te conhecido. Você me defendeu da Sofia... Do Marcos... Do Arthur... E do seu pai. Você passou por cima de tudo e de todos para nosso relacionamento dar certo logo no início. Você foi meu primeiro homem e primeiro amor. Você me salvou da chuva e da morte... E você ainda me pergunta se Eu te perdoo? É claro que te perdoo. Você é tudo na minha vida. Eu te amo.
Com grande esforço ele tentou levantar-se, mas antes de cair o tomei em meus braços. Walmir por sua vez me beijara. Um beijo tão doce, aqueles lábios macios se emoldurando em minha boca e minha língua o invadindo mostrando quem era o alfa da nossa relação. Walmir afastou-se do beijo depois de alguns segundos e então começou a cantar a música I’ll Cover You do musical RENT (Um de seus musicais preferidos):
Open your door/ Abra a sua porta
I’ll be your tenant/ Eu serei o seu inquilino
Don’t got much baggage/ Eu não tenho muita bagagem
To lay at your feet/ Para por aos seus pés
But sweet kisses I’ve got to spare/ Mas beijos doces Eu tenho para dar e vender
E então Eu continuei:
Just sleep me on/ Apenas me vista
I’ll be your blancket/ Eu serei seu cobertor
Wherever – Whatever – I’ll be your coat/ Em qualquer parte, de qualquer jeito, Eu serei seu casaco.
Abraçamo-nos e voltamos a ser um do outro. Pertencendo um ao outro.
Era o momento certo para se tomar uma atitude. Peguei a aliança que ele havia deixado junto ao bilhete encima do criado mudo e o entreguei pondo em seu dedo.
– E a aliança dourada volta ao seu dono. – Falei sorrindo.
– Reatando laços e cumprindo votos, promessas.
– Nós pertencemos um ao outro? Novamente? – Perguntei para ter certeza.
– Nós nunca deixamos de pertencer um ao outro. Eu não sei se o senhor se lembra... – Quando ele começa assim... – Eu disse que sempre iria te amar. Mesmo se você me fizesse sofrer, mesmo que você me magoasse, Eu continuaria a te amar.
– Eu nunca prometi isso, mas... Nunca me deixe deixar você. Porque você é minha vida.
– Então quer dizer que agora você está decidido de tudo?
– Depois da merda que Eu fiz? Sim. Aquilo foi só uma prova de que era você quem Eu amo. E quem Eu amarei pelo resto da minha vida.
Beijamo-nos mais uma vez e Eu me deitei ao seu lado, conversando. Apenas como bons amigos. Pois, além e acima de tudo, éramos amigos e essa amizade era o que fazia nosso amor crescer a cada dia.
Eles dizem que a amizade serve para curar a ferida que o amor nos causa. E estão certos. Por sermos amigos, se por acaso um magoasse o outro, a nossa amizade nos ajudaria a seguir em frente.
A nossa amizade curaria nossas feridas. A ferida que o amor deixou.