Então, estão gostando? Tenho feito o possível pra postar todos os dias e to adorando demais os comentários. Continuem assim e boa leitura...
- O que houve?
- É... o Daniel vai ter alta hoje, mesmo ainda debilitado. E... ele não tem lugar pra ir...
- Você não está pensando em colocar ele na sua casa né?
- Amor, primeiro eu vou tentar localizar o Sergio. Ele é a única pessoa que poderia abrigar o Daniel...
- Sinceramente, não agüento mais ouvir o nome desse Daniel.
Ele foi pro banho e eu fiquei sem saber o que fazer. Que sinuca de bico! Por mais que eu quisesse me desvincular do Daniel e do meu passado, parece que uma força maior me obrigava a seguir com tudo, carregar tudo nas minhas costas.
Enquanto Victor, meu namorado, tomava banho eu tentava raciocinar e encontrar uma solução mais fácil. Sergio não atendia o telefone e eu não estava tendo outra escolha a não ser providenciar um local pro Daniel morar.
Nem vi Victor saindo:
- Eu vou ir trabalhar Carlos.
Eu me virei para ele, triste pela frieza que ele estava me tratando e disse:
- Eu vou até o hospital e depois vou pra agência.
- Carlos, eu não gosto de ficar triste com você. Eu disse que te amo e é verdade, muito. Mas eu não posso me envolver com você preso nesse passado.
- Ninguém me entende mesmo. Você diz me amar e só me coloca contra a parede. Que merda!
Eu me desestabilizei e sai correndo dali. Victor era perfeito, mas eu não conseguia estar pensando somente nele. Eu precisava resolver minhas pendências e Daniel ainda fazia parte da minha vida, mais do que eu imaginava. Em alguns minutos eu estava no hospital e Daniel já estava ótimo para sair do quarto.
- Nossa, já está até arrumado?
- Bom dia Carlos. É, eu vou ir pra rodoviária. Vou tentar uma carona pra São Paulo e vejo o que dá pra fazer.
- Tem alguém te esperando lá?
Ele me olhou sério e ao mesmo tempo triste:
- Você sabe que eu só tenho você né? Tinha...
Meu coração estava apertado. Estava entre a cruz e a espada, mas ia me resolver.
- Daniel, está decidido. Você vai pra minha casa enquanto você não se recupera, até arrumar um emprego e conseguir um lugar pra ficar.
Mas ele não ficou muito feliz.
- Acho melhor não, cara. Eu sei que eu já atrasei sua vida demais e seria muito feio se eu tiver fazendo isso de novo. Eu sei que você tá de rolo com o irmão do Henrique e eu sei que vou atrapalhar.
- Bom, é só você ficar na sua. Vamos?
Ele acenou que sim e me deu um abraço, dizendo bem perto do meu ouvido:
- É bom saber que ainda tenho você.
Ele pode ter dito de uma forma totalmente descomprometida, mas aquilo mexeu comigo. De fato, eu ainda estava na dele e nem eu mesmo conseguia negar.
O levei até meu apartamento e ele se instalou, ainda se justificando:
- Não se preocupa que eu vou cair fora o mais rápido possível. Eu só preciso sair e tentar ajeitar as coisas.
- Tudo bem, Daniel. Tente ser rápido, ok?
- Será mais rápido que você imagina.
Deixei ele lá, não sem antes deixar seu almoço quase pronto, ele só precisaria esquentar. Cheguei muito atrasado na agência, mas eu podia, afinal não tinha patrão. Trabalhei com a cabeça na minha casa: será que Daniel tinha se alimentado direito? Será que ele tinha conseguido se virar? Coitado.
Ele devia estar todo dolorido e eu devia ter ficado em casa para ajudá-lo. Mas agora já era tarde.
Tinha que terminar meus trabalhos e só voltaria depois das 19 horas.
As horas pareciam não passar e eu olhava para o relógio de minuto em minuto.
Enfim, 19 horas e Victor surgiu na minha cabeça. É, eu estava sendo cruel com ele. Apesar de acusá-lo eu estava enganando-o com relação aos meus sentimentos. Uma relação assim jamais daria certo e eu ia resolver isso em breve.
Mas Daniel tinha prioridade. Ia chegar em casa e cuidar dele. Tadinho.
Fui pra casa por um caminho alternativo e em dez minutos já estava no elevador. Cheguei à porta e me arrumei um pouco mais, ajeitando a roupa e o cabelo.
Entrei!
E o susto me fez arregalar os olhos e me humilhar por ser burro e acreditar nele mais uma vez.
CONTINUA...
