Mais uma vez, feliz demais com a repercussão do conto e pelos comentários! Espero ser uma crescente e obrigado por tudo. Nota 10 para vocês. Boa leitura...
Chegamos e ele me guiou até a entrada, quando eles estavam se beijando no sofá. Victor chegou fazendo barulho e os olhares se voltaram pra mim. Não me contive:
- Nossa! Hoje a noite tá boa pra um programa de casais né...
Daniel se levantou rapidamente, quase deixando Henrique cair do sofá.
- Carlos, não é isso que você tá pensando. Eu só tava aqui...
- Transando e curtindo a companhia do Henrique. Tudo bem, Daniel! Seja feliz com ele. Henrique, só toma cuidado. Não mostre o cartão de crédito.
Victor olhava calado, sem entender nada. Daniel ainda disse algumas palavras, mas tomei a iniciativa e me encaminhei pro quarto do Victor, sendo seguido por ele. Fechamos a porta e ele me encarou:
- Posso saber o que foi isso?
Contei toda a história para ele. Desde o primeiro momento, quando conheci Daniel e em tudo que aconteceu. Senti, nesse momento nostálgico, uma dor inexplicável. O que mais me doía era que eu amava aquele cara. Amava um cara que tinha me feito mal, quase me roubado. Mas o erro era todo meu. Talvez se eu tivesse me mantido bonito, impecável, sarado, ele ainda estivesse comigo. Não como um sanguessuga, mas como um cara apaixonado que num primeiro momento se mostrou.
Assim que acabei de contar, meus olhos se encheram de lágrimas e Victor me olhava com uma expressão indecifrável:
- Então você tá me dizendo que o cara lá fora fez mal pra você? Que idiota.
- É. Eu tô esquecendo dele, aos poucos.
- Então você ainda gosta dele né?
Seu olhar demonstrava uma tristeza e seu tom a reforçava. Eu não sabia o que dizer e decidi admitir:
- Gosto Victor! Eu queria muito dizer que não, mas eu gosto. Infelizmente.
Ele se levantou e disse que iria tomar um banho. Eu me senti mal, mas também não sabia que minhas palavras pudessem deixa-lo triste. Talvez por Daniel estar se envolvendo com o irmão dele, ele estava preocupado, afinal ele não estaria com ciúmes muito menos interessado em mim. Só afastei essas suposições da cabeça quando ele voltou, só de cuecas. Dei um beijo em seu rosto e eu disse que iria embora. O clima estava muito ruim. Me levantei e fui em direção à porta, até que ele me segurou:
- Dorme aqui comigo hoje? Por favor.
Não resisti, mas também a gente não estava no clima pra mais nada. Vesti um pijama dele e dormimos juntos. Eu me sentia bem na companhia dele e por várias vezes eu acordava só pra olhar seu rosto lindo, como um anjo dormindo. Eu estava feliz pela companhia dele, mas ainda me doía pensar em Daniel e Henrique. Não sei se ciúmes, mas eu sentia raiva.
O dia chegou e me levantei cedo, afinal tinha que ir trabalhar. Deixei um recado pro Victor que continuava dormindo. Por impulso, ainda busquei por Daniel pela casa, mas felizmente não o encontrei. Entrei no carro e me assustei. Em cima do banco, um recado:
“Parece inacessível, mas está próximo. Se você acha que está distante, vou te mostrar o quanto está perto. Em breve! Quero você...”
Sem assinatura.
Que estranho! Victor não teve tempo de fazer isso, afinal esteve sempre comigo, a não ser que tenho sido no meio da noite e não percebi. Daniel nunca tinha usado de enigmas, sempre era bem direto e seco. Não, não podia ser ele. Quem seria então? Tinha tanto trabalho que sequer pensei nisso.
Saí da agência, a tarde e voltei pra casa. Enfim, minha casa. Ainda era estranho não ver as coisas de Daniel pelo quarto, seus relógios na mesinha, suas roupas no closet, mas eu precisava me acostumar. Depois de toda minha coragem, não podia ceder.
Preparei um lanche rápido e fui assistir tevê, sem pretensões. Só queria descansar e aquele maldito recado me veio à cabeça. Eu precisava saber que havia mandado e eu ia investigar. Liguei para Victor:
- Oi Carlinhos. Tudo bem?
- Tudo sim e você?
- Ótimo! O que você manda?
- Queria saber se você não quer dar um pulinho aqui no meu apê... conversar um pouco, beber algo. Topa?
- Claro. Daqui a pouco passo aí.
Ele parecia pouco interessado, mas eu aproveitaria pra descobrir se o recado era dele. Meia hora depois e lá estava ele me interfonando. Não demorou muito e ele havia subido, estava na porta, lindo como sempre! Aliás, mais lindo que nunca.
- Veio rapidinho.
- É, não tô conseguindo esconder a saudade.
- E nem precisa esconder Victor. Eu adoro.
- Melhor esconder sim.
Ele passou por mim e eu não entendi seu tom. Sentamos no sofá e eu estava muito interessado nele. Alguma coisa estava me atraindo nele. Sua beleza já chamava atenção, mas havia mais. Talvez as roupas, o cabelo, sei lá. Fui chegando perto dele, sem dizer uma palavra, e procurava sua boca para um beijo. Beijo negado.
- Carlos, eu vim aqui pra dizer que é melhor a gente parar com isso!
CONTINUA...