• 10 – Tudo o que você precisa é de amor
Era incrível o jeito que Eu me encontrara; perdidamente apaixonado pelo meu Baixinho. Eu nunca conhecera a paixão, tão pouco o amor, e, aos poucos, ele me ensinara. Há alguns meses atrás, logo quando o conheci, Eu temia esse tipo de sentimento, temia o que as pessoas iriam dizer. Eu o recriminava e não aceitava seu jeito. Mas aquele garoto, moreno claro, com menos de 1,65 de altura, menos de 60 quilos, com olhos que variam de um azul cristal até azul/ verde piscina e com uma bundinha... Enfim, aquele garoto me ensinou que tudo o que Eu precisava era de amor.
E Eu pensando que o amor era apenas um jogo.
...
A única coisa que Eu precisara era ver meu Baixinho acordar todos os dias em meu quarto, em minha cama. Ao menos em todas essas férias. Eu não me importara se teríamos sexo todos os dias. Agora Eu entendo o que ele falara sobre “uma relação com, pelo menos, 90% de amor e 10% de sexo”. Ele sempre esteve certo. Quando colocamos o amor em primeiro lugar, nos tornamos outra pessoa. Eu me sentia outra pessoa.
Logo de manhã Eu acordara e Walmir não estava na cama. Deduzi então que ele estava caminhando, já que em Boa Viagem existe um enorme calçadão de corrida e o Bairro não era tão violento, não pela manhã.
Desci para o restaurante do hotel e comi frutas. Walmir me acostumara com aquele tipo de refeição. Eu sempre fui um garoto de academia; desde os 14 anos que Eu malho, por isso tenho esse físico (1,92 metros, 104 quilos, visto bermudas/calças 44 ou 46 e camisas G/ M) hoje, mas Eu nunca me importara com a boa alimentação, porém, Walmir fez-me acostumar com aquela rotina: Acordar pela manhã e comer algo saudável e a noite não comer coisas pesadas, como massas (Macarrão e pizza) e raízes (Macaxeira, inhame, batata...).
Voltei para o quarto e não encontrei meu baixinho. Comecei a ficar preocupado. Liguei para o seu celular, mas ele havia deixado no hotel. Nessa hora o desespero me subiu a cabeça e Eu liguei, todo choroso, para Silvia.
– O que está acontecendo José?
– Silvia! – Eu gritava ao telefone. – O Walmir, Silvia... O Walmir.
– O que é que tem o Walmir?
– Ele não está aqui no quarto. Desde manhã.
– Claro que ele não está aí. Ele não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo.
– Hãm? – Perguntei incrédulo. Claro que não parecia uma pergunta, mas foi a única coisa que Eu pude falar.
– Walmir está na academia do Hotel. Ele está comigo. O que está acontecendo?
Nem respondi. Desliguei o celular e desci pelo elevador com o sangue na cabeça. Por que meu baixinho fez isso comigo?
Direcionei-me a academia e o vi conversando com a Silvia. Aproximei-me dos dois e comecei o interrogatório:
– O que você pensa que está fazendo?
– Malhando? – Odeio quando ele me responde com outra pergunta.
– E por que não me avisou? Como você acha que Eu estou?
– Dependente demais – Falou a Silvia interrompendo minha conversa com o Walmir. – E isso não é legal.
– Silvia, Eu adoro você, mas não se mete em nossa conversa.
– José para! – Walmir olhara pra mim com um olhar de súplica. – Silvia me desculpe. Estou indo para o quarto com o José.
– Tomem cuidado!
Walmir segurou-me pelo braço e no elevador ele nada falara comigo. Entramos no quarto e sentamos na cama.
– O que foi aquilo? – Ele perguntara sério, olhando em meus olhos e fazendo gestos com suas mãos.
– Eu não sei. Eu não sei... Eu não sei o que está dando em mim. Eu tenho medo de te perder... E essas suas caminhadas matinais me matam. Como vou saber se você está bem?
– José...? Eu estou aqui. – Nessa hora comecei a chorar e deitei minha cabeça sobre seu peito. – Nada de ruim irá acontecer comigo. Eu prometo. Eu vou me cuidar. Se você tem medo de meus horários, Eu prometo muda-los.
– Por favor, faz isso baixinho! Eu estou tão dependente de você. – Ainda sou.
– Tudo o que você precisa é de amor. – Ele tocou meu rosto com suas pequenas e delicadas “Mãos de anjo”. – E amor é o que mais tenho pra te dar. – E deu-me um beijo.
Walmir sempre foi carinhoso e romântico comigo. E Eu sempre um grosso e dominador. Estava na hora das coisas mudarem. Eu só faria o que ele queria. – Com algumas exceções. É claro.
Nem preciso dizer que tivemos uma transa incrível nesse dia. Mas foi diferente. Não transamos apenas. Fizemos amor. Não era a primeira vez que fazíamos amor, mas sim a primeira vez que Eu admitira que Eu estivesse fazendo amor com outro homem.