Os Vários Caminhos do Amor Part. II
Aqueles olhos me encantaram, não consegui pensar em nada, ate a dor que me consumia sumiu por um minuto em que eu o encarei, nunca me senti assim antes, nunca enxerguei tanta beleza em alguém, principalmente homem. Nunca parei pra namorar ou coisa do tipo, sempre me foquei nos estudos, também nunca quis saber minha opção sexual. Claro que tive minhas paixões e sempre foi por garotas, mas esse homem me impressionou, minha distração foi interrompida por o meu irmão que me fez voltar à realidade e todo o choque me puxou de volta pro fundo do poço em que eu nunca quis estar.
Willian – Não seja mal educado, cumprimente ele também!
Eu apertei a mão dele, mas puxei-o pra um abraço, foi impulso, precisava abraçar alguém, minha dor me consumia, minhas lagrimas voltaram e me via de novo perdido sem meu porto seguro comigo, como seria daqui pra frente? O que seria de mim?
Meu desespero era iminente, mal conseguia respirar, apertei mais o Leandro, e ele correspondeu.
Leandro – Calma isso tudo vai passar. – sua voz era grossa.
Eu – Quero ver o meu pai.
Willian – Calma maninho, você vera ele.
Eu – Onde ele ta? Cadê ele? Eu quero ver ele. – gritei em desespero.
Willian – Primeiro se acalme depois conversamos.
Eu – Eu não quero ficar nesse hospital, me tira daqui, eu quero ver ele. – eu saio da cama e fui em direção à porta.
Willian – Você não vai sair daqui. – ele me segurou. – Leandro vai chamar o medico.
O Leandro sai da sala e o Willian continua a me segurar, eu luto contra ele, mas ele é mais forte que eu, depois de alguns minutos, uns homens de branco entram e me arrastam ate a cama de novo, em meios aos meus gritos, eles me colocam na cama de novo e me prendem lá, me seguraram e me sedaram, senti o sono vindo muito rápido, eu disse com muito esforço “eu quero meu pai!”, ate eu dormi completamente.
Eu abro o olho, e estou na praçinha em que meu pai me levava sempre e lá nos conversávamos sobre tudo, ele me confidenciava todos os seus segredos e vice-versa, eu estava encolhido em um dos bancos da praça, pensando em tudo que acontecera, a praça estava deserta e quando levanto a minha cabeça lá vinha ele andando em minha direção, eu não me contive e sai correndo em direção a ele e quando cheguei bem perto dele me atirei em cima dele e caímos ralando na grama, sorrindo em estar um com o outro, eu me senti muito feliz agora.
Eu – Pai, eu to muito feliz em ver o senhor!
Pai – Eu também meu filho, eu também.
Eu – Quando o senhor vai voltar pra casa?
Pai – Eu sempre vou estar lá, no coração de cada um.
Eu – Não pai, não é a mesma coisa, eu quero a sua presença.
Pai – Não se preocupe meu filho, eu nunca vou te abandonar.
Eu – Mas você já me abandonou, agora eu estou sozinho. – minhas lagrimas vinham naturalmente.
Pai – Filho. – ele me olhou nos olhos. – você nunca estará sozinho, você tem seus amigos, e sua família que agora precisam de você!
Eu – E eu preciso de você!
Pai – Eu sempre estarei aqui, quando você precisar!
Eu – Eu preciso de você agora.
Pai – E eu estou aqui.
Eu – Mas você vai embora.
Pai – Todos um dia vão embora, mesmo que não queira.
Eu continuei agarrado a ele, minhas lagrimas parecias cascatas, não paravam de cair, meu coração fora esmagado, triturado e queimado. É muita dor pra uma pessoa só, uma dor que duraria muito tempo e que viraríamos amigos íntimos.
Pai – Agora você precisa ir.
Eu – Não, quero ficar aqui com você!
Pai – Você tem uma vida pra viver, construir uma família.
Eu – NÃO. – senti uma mão me puxar de volta.
Afastava-me cada vez mais, ele me olhou e vi umas lagrimas saindo de seus olhos, consegui ler seus lábios que dizia “eu te amo” eu respondi “eu também” ele virou as costas e começou a andar e eu entrei em um buraco.
Aquela mão que me segurava e puxava era macia e me confortava, nunca tinha sentido um toque assim e não era de alguém que eu conhecia. Eu abri os olhos lentamente e vi aquele rosto que antes de me sedarem eu estava hipnotizado, o toque da mão era a dele, ele que me trouxera de volta, ele apertou minha mão com muita força. Ele estava com a cabeça baixa e beijou a minha mão, parecia que estava orando, eu fiquei observado àquela cena alguns segundos ainda meio zonzo.
Eu – Cadê o meu irmão? – essas palavras saíram com muito esforço, estava tonto e com muito sono ainda.
Leandro – Ele foi comer algo por que ele estava aqui há horas e não comeu nada. – sua voz saiu com uma pouco de felicidade e seus olhos brilharam.
Eu – Há quantas horas eu estou dormindo?
Leandro – A mais ou menos umas oito! – depois de uns dois minutos de silencio, que pra mim parecia dois séculos, ele fala. – eu fiquei preocupado com você, você estava se tremendo e suando muito antes de acorda e você chorava, eu pensei que você não acordaria.
Eu me lembrei de tudo antes de mim acorda, aquilo tudo foi um sonho, mas pareceu tão real que eu confundi a realidade com a fantasia. O abraço que meu pai me dera no sonho foi real, eu senti que aquilo foi real, mas ninguém ia acreditar em mim e preferiria assim. Eu nunca fui de chorar muito, mas com o meu mundo caindo eu não conseguia conter elas, quando eu as percebia já estavam descendo pelo meu rosto. Ele me abraçou e o mais engraçado é que eu me sentia protegido em seus braços. Isso não pode ser engraçado para alguns, mas pra mim é, um estranho que eu conheci há poucas horas consegui me deixar seguro em apenas um abraço. Eu sei que eu tenho o senso de humor péssimo. Eu parei pra olhar ele melhor, ele é loiro, é forte não exageradamente, mas na medida do possível e é lindo, e o melhor ele estava me abraçando, eu sentia seu perfume que era um forte muito bom, e seu toque me fazia arrepiar. Eu poderia ficar ali grudado a ele, mas eu não podia, não sei o “por que”, mas eu não podia, minha intuição me dizia isso.
Eu saio de seu abraço e ficamos nos olhando por um tempo sem dizer uma palavra, só o olhar pra decifrarmos o que estávamos pensando naquele momento, e naquele momento eu estava apreciando sua beleza que era descomunal. Ele foi se aproximando de mim, não conseguia impedir ele, e eu também empurrava meu corpo pra frente, meu coração acelerava, minha respiração falhava, ele estava cada vez mais perto, ate ele chegar a alguns centímetros de mim, nossos olhares não se desviaram um segundo se quer, nem piscar o olho, estávamos perto de mais um do outro, ele começou a virar o rosto pronto pra um beijo, alguém bate a porta e me trás a realidade, eu não acreditava que ia beijar outro homem.
Doutor – Posso entrar?
Leandro – Pode.
Doutor – Eu vim ver como ele estar! Vejo que já esta acordado. Você é duro na queda Sr. Andrade.
Eu – Quando eu vou poder sair daqui doutor?
Doutor – Por favor, me chame de você ou Lucas, Lucas Alves. Respondendo sua pergunta, daqui a algumas horas se continuar calmo.
Eu – Dou… Lucas. – ele deu um sorriso de aprovação. – O que eu tive?
Lucas – Sua pressão subiu muito por causa de um baque emocional. – se tornou impossível pra eu falar sobre esse assunto e não chorar. – por favor, não chore!
Eu – É que pra mim é muito difícil pra mim, isso tudo, é dor de mais! – cada lagrima que escorria era um pouco da minha dor que eu não conseguia conter dentro de mim.
Lucas – Não vou dizer que isso vai passar, por que não vai. Perde um pai é muito sofrido, mas um dia você vai controlar essa dor dentro de você, por enquanto você precisa ser forte.
Eu – Eu tento, mas você não sabe o quanto é difícil, o meu pai sempre foi à pessoa em que eu me sentia seguro.
Lucas – Chore, chore bastante, coloque essa dor pra fora, mas tudo na vida não é pra sempre, aproveite enquanto a tempo. – ele se sentou ao meu lado e segurou a minha mão.
Eu – Você pode chamar o meu irmão?
Lucas – Claro.
Ele se levantou e saiu da sala, eu olhei em toda a sala e não encontrei o Leandro, ele saiu e nem se despediu. Minha cabeça ainda continuava confusa, tava tudo acontecendo rápido de mais. Primeiro meu pai morre, depois eu quase beijei outro homem, mas minha cabeça estava muito cheia com o primeiro acontecimento, agora o que eu mais precisava, não podia ter, a vida é cruel de mais.
Via-me em um mar de dor, as ondas me acertavam em cheio, a ilusão de onde o mundo seria perfeito, não existe mais, a vida levou a única pessoa que agora eu queria abraçar. A porta se abre e dela surgi o Willian, ele entra com um sorriso, mas no fundo eu sabia que era só pra disfarça a preocupação.
Eu – Quando eu vou poder ver meu pai pela ultima vez? – falei de uma forma seca.
Willian – Daqui a pouco você tem alta.
Eu não disse mais nada, apenas fiquei olhando pro nada. Às vezes a solidão é minha melhor amiga, quando eu estou sozinho aproveito e reflito sobre a minha vida e nesse momento ela esta num buraco sem fundo, eu sei que parece ser drama de mais, mas só quem passou por o que eu estou passando sabe o que eu quero dizer, não tenho com palavras expressar o que eu estou sentido, apenas a dor é o que explica, o sofrimento que me consome por inteiro.
Eu fechei os olhos e me imaginei abraçando meu pai, só assim pra eu se lembrar dele e ter um pouco de felicidade, eu adormeci um pouco depois.
Willian – Henri? Acorda você já teve alta. – ele me balançou de leve.
Eu – Ainda bem. – eu me espreguicei.
Eu levantei e fui pro banheiro me trocar, lá eu me olhei no espelho e vi o estado em que eu se encontrava meus olhos estavam vermelhos, inchados e meu rosto estava vermelho, meus olhos transmitiam a tristeza que eu sentia.
Troquei-me rápido e sai do quarto o mais rápido possível, aquele cheiro de hospital, aquele sofrimento das almas que suplicavam por ajuda, aqueles gritos de misericórdia, pessoas a beira da morte. Minha tristeza era grande de mais pra mim e aquele desespero, o sofrimento, só queria sair dali. O Willian já me esperava no lado de fora do quarto e quanto mais rápido eu atravessa-se aquele tormento melhor.
Saímos do quarto e atravessamos o hospital, algumas vezes escutava algum grito, por mínimo que fosse eu sentia na minha pele o qual sofrimento era, e misturavas se ao meu sofrimento e algo insuportável passava pela minha coluna. Finalmente eu tinha chegado ao carro do meu irmão eu entrei e ele também, eu me encolhi no banco do passageiro, não falávamos nada, eu olhei pela janela e uma lagrima escorreu pelo meu rosto, e minhas lembranças vieram e minhas lagrimas caiam a cada lembrança, sentia um angustia no meu peito, essa angustia crescia cada vez mais, ela tomava conta do meu corpo, eu sentia que minhas pernas não tinham forças, minha cabeça doía minha visão já estava embaçada.
O Willian vendo minhas lagrimas parou o carro e me abraçou, ele tentava me conforta naquele momento, mas não era ele em que eu poderia me confortar, eu fiquei olhando pro nada e minhas lagrimas não queriam parar de cair.
Willian – Não se preocupe você ainda tem a nos aqui.
Eu – Por que ele fez isso comigo? Por quê?
Willian – Não escolhermos o dia em que vamos morrer.
Ouvi-lo dizer “morrer” fez meu sofrimento passar pra desespero, eu o abracei com mais força, comecei a soluçar, eu batia em suas costas, ele nada fez só me abraçava mais. Não sei quanto tempo passamos abraçados, mas foi o suficiente pra me acalmar.
Willian – Tá mais calmo? – eu assenti com a cabeça. Ele acelerou e continuamos o nosso caminho, que eu reconhecera, era o caminho pra minha casa, mas eu queria ter a certeza.
Eu – Pra onde estamos indo?
Willian – Pra casa, você precisa se trocar.
Eu nada mais falei apenas continuei a olhar pela janela. Não demorou muito tempo pra já estarmos em casa, quando entrei tudo em que eu olhava me fazia lembra meu pai, não queria isso, não queria voltar pra lá sabia que isso aconteceria, mas foi muito forte, eu sai correndo pela casa, entrei no meu quarto e fechei a porta, eu me encostei a porta e deslizei ate o chão, meus olhos estavam doendo muito não mais que meu coração, mas mesmo assim doíam, nunca pensei que passaria por isso antes, nunca imaginei que sentiria uma dor tão forte quanto essa, tudo a minha volta perdeu seu sentido, queria dormi e descobrir que isso tudo era um pesadelo, mas infelizmente não era e eu tinha que entender isso, mas era difícil, meu coração não ajudava.
Eu me levantei e com muito esforço e me direcionei ao banheiro, me despir e fui pra debaixo do chuveiro, eu sentei-me ao chão, e esperando que a água que caia sobre a minha cabeça levasse minhas lagrimas e esse sofrimento junto com ela, depois de tanto chorar eu me levantai e fui pré preparar pra despedida, eu me enrolei em uma toalha e fui escolher uma roupa, vesti uma roupa de acordo com a ocasião, a mais preta que pude encontrar.
Willian – Já esta pronto precisamos ir. – escutei sua voz através da porta.
Eu – Já estou pronto.
Eu abri a porta e lá estava o Willian, ele não tinha demonstrado fraqueza, mas eu vi em seus olhos um pouco de vermelhidão e tristeza, mesmo ele tentando disfarçar eu percebi, entramos de novo no carro. O caminho inteiro na falava nada, não conseguia falar nada, estava me preparando pré me despedir dele. Eu me perdi em meus pensamentos e quando percebi já estávamos à frente de onde minha dor aumentaria…
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Ta ai mais uma parte desculpem a demora eu estava viajando a trabalho e voltei ontem, e só pude postar hoje. Eu vou explicar algumas coisas:
Esse conto é verídico, aconteceu com um grande amigo meu, eu pedi autorização e ele relutou um pouco, mas acabou cedendo, todos os personagens existem sim só ouve a troca de nomes, o meu amigo não se chama Henri, quem se chama Henri sou eu, ele não quis que eu revelasse se nome.
Bom já expliquei, agora é hora de me despedir, criticas são bem-vindas, votem, cometem e ate qualquer hora!
Musica do Conto: My Immortal – Evanescence
My Immortal
I'm so tired of being here
Suppressed by all my childish fears
And if you have to leave, I wish that you would just leave
'Cause your presence still lingers here
And it won't leave me alone
These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase
When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me
You used to captivate me by your resonating light
Now I'm bound by the life you've left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me
These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase
When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me
I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along
When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me
Meu imortal
Estou tão cansada de estar aqui
Reprimida por todos os meus medos infantis
E se você tiver que ir, eu desejo que você vá logo
Pois sua presença ainda permanece aqui
E isso não vai me deixar em paz
Essas feridas parecem não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Há simplesmente tantas coisas que o tempo não pode apagar
Quando você chorou eu enxuguei to...