Ivan permanecia ao meu lado esperando uma resposta positiva quanto ao convite feito. Ele parecia ser sincero em sua preocupação, talvez algum sentimento por mim. Infelizmente tive que rejeitar ao seu pedido, não poderia, não com as lembranças da forma que terminará a última noite que estive com ele. Mesmo depois do que disse, tentado ser o mais gentil possível explicando que não estavam afim, ele insistia se aproximando ainda mais com as suas mãos. Caio ainda permanecia com sua expressão fechada, ele havia se afastado um pouco nesse momento. Decidi por sair e deixar o Ivan, me encontrei com o Caio que estava com a cabeça baixa, pensei em explicar toda aquela cena mas talvez o melhor tenha sido ficar em silêncio.
Continuamos e em alguns minutos estávamos no estacionamento, a moto foi ligada coloquei o capacete que certamente pelo cheiro era novo, mas ainda permanecia aquele silêncio gritante entre nós. Eu deveria ter ficado feliz, afinal mais uma vez estava na garupa da moto dele, desfrutando os minutos do percurso no qual podia sentir o calor de seu corpo próximo ao meu. Só que nada disso tomava a minha atenção, ainda estava com aquele sentimento de culpa, talvez tivesse feito algo de errado e ele estivesse me castigando com a rejeição, mas porque teria me dado carona? E se realmente ele gostasse da Sthefany? Podia ter sido ciúmes do meu contato com
ela pela manhã. As perguntas e acusações contra mim maltrataram minha mente por todo o caminho até chegarmos em casa. Ao descer e ainda retirando o capacete perguntei:
_Você està com raiva de...
_Dexis você e gay?_Exclamou Caio me interrompendo como se não tivesse ouvido nada.
Seu semblante era em forma de interrogação, como se o caminho todo ele tivesse passado processando essa dúvida. Não era a primeira vez que alguém me perguntara aquilo, mas era a primeira que eu não sabia como responder. Talvez pela forma direta ao qual fui questionado ou simplesmente por que era para ele que eu daria uma resposta. Ele me encarava ainda muito pensativo, fechei os olhos por alguns segundos e balançei a cabeça positivamente. No momento seguinte disse:
_É isso mesmo...eu sou gay._Fiz uma pequena pausa para olhar em seus olhos, procurando saber como ele estava a reagir. Logo completei._E então! Você irá me condenar por isso?
_Não!_Ele parecia tentar camuflar sua surpresa com um tom de egoísmo nas palavras._O que você faz da sua vida é problema seu!
_Fico feliz..._Disse de forma distante enquanto lhe entregava o capacete.
_Fique com ele. Eu o comprei para você usa-lo quando vier comigo.
_Serio! Isso parece um tanto contraditório principalmente por você ter me tratado como um estranho o dia todo. O que aconteceu Caio? Se foi pela Sthefany, me desculpe, mas você sabe que ela é só uma colega de classe.
Caio abriu levemente um sorriso irônico, e movendo a cabeça negativamente me disse:
_Não foi isso...eu não to afim dela não._Ele passou a coçar a nuca e completou de forma seria._Eu que lhe devo desculpas, fui um mala contigo e você nem merecia.
_Està bem!_Disse suspirando com um grande sorriso no final. Ele tmbém sorriu.
Aquele era o segundo dia que o conhecia, e mesmo com todos esses conflitos de humor, a sensação que ficava é que nos conhecíamos a décadas. Então Caio questionou-me mais uma vez:
_E aquele cara que falou contigo ele...é seu namorado?_Ele parecia ter trazido de volta aquela expressão de desconforto ao falar do Ivan.
_Hãm ele...não!
_Sério! Ele pareceu ser muito próximo de você._Ele ria de forma sarcastica.
_Rá rá rá...sem essa, eu só fiquei com ele ontem a noite.
_Éh! E o porque de tamanha preocupação com você?
A curiosidade dele estava começando a me incomodar, decidi responder com um "Isso não te interessa." Só que com um tom de brincadeira. Ele respondeu dando com os ombros com uma cara de menino que foi contrariado. Sorriamos como dois bobos, nos comunicando sem palavras. Sempre acabavamos fazendo isso, era uma maneira de expressarmos aquilo que não poderia ser dito com sons. Falamos mais alguns minutos aquele dia, contei a ele o que meu tio havia dito e sobre algumas coisas sobre a escola como o trabalho, que na realidade era um concurso para os alunos de psicologia, os melhores trabalhos seriam abordados pelos vencedores em uma palestra para os colegas e familiares no mês de Julho. Perguntei se ele participaria, mas ele ainda não tinha certeza, eu também estava em dúvida. Após o Caio ir embora fui para casa.
Os dias passavam depressa, pela manhã eu estudava e a tarde trabalhava na manutenção do lado exterior, como os jardins e as árvores do local. Junto a mim um senhor extremamente falante, mantinhamos a beleza do lugar, ele sempre levava uma garrafa que parecia ser água, algum tempo depois acabei descobrindo que era pinga pura. O trabalho não era um dos melhores mas ajudava e muito com as despesas, o tempo sempre era muito curto e não era sempre que eu saia para ter alguma diversão. Talvez isso tenha me aproximado cada vez mais do Caio, ficava a maior parte do dia pensando nele, era estranho mas estar ao lado dele me fazia sentir nas nuvens. Falavamos de tudo mas poucas vezes sobre minha homossexualidade ele também não falava de suas conquistas amorosas, mas ele parecia ter uma curiosidade crescente sobre minha infância na cidade, em relação aos meus medos e como eu lidava com eles. Sempre lhe contava o possível, pensava que era necessario para nossa amizade, porém sempre pairava uma dúvida no ar. Não chegava a ser uma obsessão mas com certeza soava estranhamente.
Dois meses se passaram e qualquer um que conhecia o Caio e eu nos classificariam como sendo um exemplo de boa amizade. Eles estariam certos nessa afirmação, só que meus sentimentos por ele amadureceram o suficiente para crer que eu o amava, desenvolvendo uma necessidade de tocalo de fazer parar a falta que suas mãos faziam longe de mim. De um amor platônico, Caio juntamente com tudo em que o admirava, conseguira transformar em uma louca paixão. Sim era tudo culpa dele, ele que abrira um buraco em meu coraçao que só ele podia preencher, mas eu não tinha idéia se ele me amava também. Ele nunca aparentava ser gay, não o via olhando para garotas mas para homens também não.
Ainda o mês de junho se desenrolava, e tudo me levava a crer que o destino jogava ao meu favor. Era um final de semana quente e minha mãe teve a grandiosa idéia de irmos para o parque aquático. Chamei o Caio que logo aceitou, nessa altura de tempo ele já conhecia minha família, só eu que ainda não conhecia seu pai que morava em outra cidade. A viagem foi feita com o carro que emprestamos do meu tio, não tinha ar condicionado e fomos assando até lá. Foi uma manhã de pura diversão, quando chegou a tarde as piscinas começaram a se esvaziar porque a noite era proibido nadar. Era um sábado e posariamos em um dos chalés para locação. Estávamos exaustos após o jantar só que minha cabeça girava a mil, ainda não tinha passado tanto tempo e estado tão próximo do Caio como aquele dia. Ficar ao lado de quem você ama e maravilhoso, mas quando você não pode declarar isso, não pode amalo com seus lábios e extremamente doloroso. Sai para a área da piscina, enquanto minha mãe e irmã cochilavam e o Caio tomava banho, precisava refrescar as ideias e ficar só na beirada da piscina molhando os pés não seria nem um crime. O céu daquela região estava limpo e as milhares de estrelas brilhavam onipotentes. Aqui na terra a única explosão a brilhar era o meu coraçao que queimada no peito. Se meus sentimentos pudessem ser medidos em graus e não se limitassem a barreira da mente o calor produzido seria o suficiente para criar uma forte luz e faria borbulhar a água abaixo dos meus pés. Mas isso não era real era só poesia, mal sabia que havia outros olhos sensíveis o suficiente para perceber a complexidade em que me encontrava.
Após algum tempo percebi que alguém se aproximava, olhei rapidamente para trás, era o Caio. Sorri respirando fundo, ele usava uma regata branca e uma bermuda folgada, seus olhos brilhavam como nunca o vi, a sua beleza inebriava minha visão. Convidei-o para sentar-se ao meu lado, ele então se aproximou tão próximo ao ponto de nossos pés se tocaram. Não conseguia encara-lo, detive meu olhar para a água calma e serena buscando refletir as mesmas características, só que não seria neste momento,ele olhou de frente a mim procurando meus olhos e perguntou:
_Dexis..._Seu olhar era extremamente carinhoso, mesmo com sua expressão de receios._...você gosta de mim?
Era a pergunta que tanto quis ouvir e que tanto ensaiei para falar a ele. Agora a tinha ouvido, meus olhos que não tinham expressão alguma se tornaram grandes pela surpresa. Minha mente me instigava a gritar o meu amor, mas meu corpo não respondia estava estático. "Merda!! Porque tem que ser tão difícil!" falava minha consciência. Alguns minutos passaram e ele acabou desviando o olhar parecia arrependido por perguntar. Senti medo de perder a oportunidade, agarrei em seu pulso e senti sua pulseira do reggae entre meus dedos, rapidamente seus olhos estavam sobre mim. Se minhas palavras não podiam responder a ele só um beijo seria a solução. Movido por um instinto desconhecido me movimentei para frente e nossos lábios se chocaram, com a mesma força que imãns se unem após uma grande separação. Era um beijo intenso mas nossas bocas só se apertavam, nossos braços que estavam juntos pelas nossas mãos, se dobraram lentamente até sentirmos um o coraçao do outro, os quais pulsavam freneticamente como se quisessem rasgar nossos peitos. Nossos lábios foram relaxando e nossas mãos agora passeavam livremente por nossos corpos. Nossas línguas pareciam dançar uma valsa pincelando dente a dente com nossas salivas que se fundiram em puro frescor. Minha respiração começou a falhar e fui me afastando buscando um pouco de ar, terminamos o maravilhoso primeiro beijo com o Caio mordendo levemente meu lábio. Agora só restava nos encararmos e descobrir o que cada um pensava. Sorriamos safadamente um para o outro ele segurou em meus ombros e gritou ao mesmo tempo que me jogava na água.
_A festa agora continua na piscina!!! CONT..
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E ae pessoal! Demorei um pouco mas ta aí mais uma parte, espero que tenham curtido. Estou acelerando um pouco o conto e logo todas as surpresas chegarão.
Continuo grato pelos elogios e pelos otimos comentarios, agradeço pelas leituras de todos dos que comentam e daqueles que só leem mesmo.
Valeww amigos!