Olá pessoal!
Queria pedir desculpas à todos vocês pela frequência do conto. Fiquei quase uma semana sem postar e isso me mata. Eu sinto que tenho um compromisso com vocês, e vou honra-lo.
Espero que tenham entendido os meus motivos e espero que o conto anterior tenha sido satisfatório, ao menos para a maioria. Lembrando que não irei mais postar nos finais de semana (Volta à faculdade).
O conto ainda vai se desenrolar em muitas histórias. Sei que deixei alguns de vocês preocupados no conto anterior, mas mais à frente vocês irão entender.
Boa leitura à todos vocês
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• 15 – Conhecendo o amor
Já estávamos no final da segunda semana de outubro e, Walmir e Eu, continuávamos na mesma situação. Mal tocávamos no assunto sexo, mal mostrávamos afeto um pelo outro (mesmo querendo), mal nos encontrávamos fora da escola. Depois de toda aquela confusão com o Acácio e Marcos, o Walmir fez o “favor” de parar de falar, direito, comigo. Eu me sentia culpado por várias coisas, aliás, quem Eu pensei que era, naquele momento, para magoar/ machucar uma pessoa? Eu não estava certo. Era algo que Eu precisava, queria e necessitava consertar.
Aproveitei que passei a quinta e a sexta-feira sem falar com o Acácio e o Marcos e preparei um discurso de reconciliação. A amizade de Acácio para comigo era recente, mas Eu sempre soube que seria algo importante para a minha história de amor com o Walmir. Reconquistar a amizade de Marcos seria algo difícil; mesmo sendo o melhor amigo dele, Eu não sabia como chegar para sentar e conversar com ele. Improvisei falas, caras e bocas. No fundo, Eu sabia que cada palavra teria um peso na consciência de cada um. O final de semana passou-se rápido e Eu tive de aguentá-lo com a ausência de meu Baixinho, que, a cada dia, se afastava mais e mais de mim.
Segunda-feira, da terceira semana de outubro, Eu tomei meu café-da-manhã, higienizei-me, peguei meu carro e parti rumo à escola. Na verdade, Eu queria ter passado na casa dos Almeida Paiva para buscar o Walmir, mas Eu sabia que se o fizesse, ele iria rejeitar, pois pensaria que era um ato de pedido de desculpas, e, em nossa última discussão de relação, o Baixinho havia deixado bem claro que só voltaria a falar comigo se Eu pedisse desculpas ao Acácio e seu namorado.
Cheguei à escola por volta das 07h15min e prontifiquei-me a sentar em meu lugar. Esperei cinco minutos, porém nada de o Baixinho chegar. Deixei minha bolsa em cima de minha carteira e fui para o pátio, onde era perceptível a reunião de vários grupos de estudos e equipes esportivas. Pela primeira vez, sentei-me com o grupo dos nerds (Onde o Baixinho sempre sentava) e pus-me a conversar com eles. O mais incrível era ver a cara que todos faziam a me ver por alí. Até o começo do ano Eu era o terror desse pessoal, e estar sentado na mesa do grupo de estudos não era algo comum. Perguntei para eles como o meu Baixinho passava e eles apenas me responderam com um “bem”.
O sinal soou, anunciando o começo das aulas. Ao chegar a minha sala vi o Walmir perto de minha carteira – O que me fez ficar, instantaneamente, feliz. – E sentei-me, rapidamente, próximo a ele.
– Bom dia, Baixinho! – Exclamei, sorrindo, puxando a minha cadeira e sentando-me na mesma.
– Bom dia, Gigante! – Ele saudou-me com um abraço apertado e cheio de saudades.
Por mim, Eu ficaria o dia inteiro colado naquele abraço. Porém, o destino, vulgo professor, sempre aparece nessas horas para estragar o clima.
– Bom dia, alunos! – Cumprimentou, a todos, o professor Carlos. – Bom, hoje vamos falar sobre Sociabilidade e Socialização. Walmir? – Nessa hora, em questão de segundos, todos voltaram o seu olhar para o Walmir. – Poderia iniciar a leitura, por favor?!
– Sim professor! – Falou Walmir sorrindo e principiando a ler o que lhe fora solicitado.
Era incrível o quanto seu grau de leitura e compreensão de texto do Walmir era alto. Sempre que ele terminava um paragrafo, o professor lhe pedia que ele fizesse um comentário. Walmir, como um bom aluno, sempre dava um show de explicações. Agora Eu sabia o porquê de meu melhoramento pedagógico em menos de um ano. Tudo bem. Eu não era nem o melhor, nem o pior aluno da classe, mas fazia de tudo para não passar de ano. Porém, o Walmir me incentivava a gostar de estudar. E, de boa? Ele sempre conseguia. Ele sempre conseguiu tudo o que queria.
A aula de sociologia acabou e Aline, nossa professora de Geografia, já chegou à sala anunciando um trabalho em dupla. Walmir fez menção de levantar-se para fazer o trabalho com qualquer outra pessoa, porém, dessa vez, Eu fui mais rápido e girei, rapidamente, sua cadeira, de modo que ele ficasse face a face comigo.
– Meu. – Falei fazendo referência a meu parceiro de equipe, Walmir.
O Baixinho não hesitou; apenas tirou sua apostila e seu Notebook – É. Ele estava começando a conhecer o que era tecnologia de ponta. – da mochila e começou a organizar as coisas. A professora nos deu o tema e começamos a trabalhar em nossos projetos. Walmir destrinchava rapidamente as coisas. Fazer trabalho para ele não era problema. Por fim, concluímos o trabalho próximo ao término da primeira aula. Aproveitamos para ficar jogando conversa a fora. Até que, finalmente, tive coragem de tocar no assunto que Eu sabia que, mais tarde ou mais cedo, seria abordado.
– Baixinho, seria uma boa ideia Eu ir falar, agora, com o Marcos e o Acácio? – Walmir olhou para mim e nada respondeu. – De boa, Eu já estou me sentindo culpado por tudo, não me faça sentir pior, Walmir! Você não sabe o quanto estou sofrendo, Baixinho.
– Pensasse nisso antes, não acha? – Ele respondeu seco. – Sabe José? Pra mim tanto faz o que você decidir fazer. Você mesmo fez questão de estragar a sua amizade com o Marcos. Eu, sinceramente, não posso fazer nada em relação a isso. Você se meteu nessa sozinha. Saia dessa!
– Poxa, Baixinho! – Falei abaixando a cabeça. – Eu esperava mais apoio de você. Eu não sei o que fazer.
– Olha para mim, vai?! – Ele falou levantando meu rosto. – Eu não gosto quando você desvia o seu olhar do meu. Parece que te intimido, sendo que você é quem deve fazer isso. – Ele sorriu para mim. – Eu vou te apoiar sempre, mas você só deve pedir desculpas se estiver apto para ouvir qualquer tipo de resposta. Saiba que você feriu muito o Marcos e o Acácio. Você não deveria fazer o que fez com eles. Eles não tinham culpa de nossa “vida sexual” total e loucamente instável.
– Eu sei, amor. Eu sei. Poxa! Eu não me reconhecia naquela hora. Eu nem sabia, ao certo, o porquê de estar fazendo aquilo. Você me perdoa? Por favor?!
– Olha, José! Eu não tenho que perdoar nada. Não foi a mim que você feriu...
– Mas você não fala mais comigo. Não me procura. Sequer me deu noticia nesse final de semana. Você me evitou.
– Eu só queira que você colocasse todas as ideias nos lugares. As coisas que você fez não foram certas. Está na hora de pedir desculpas aos dois. – Fiz menção de levantar para falar com o Marcos, porém o Walmir puxou meu braço, fazendo, assim, com que Eu me sentasse novamente na cadeira. – Não agora, José. Não enquanto estivermos em sala de aula. Espere até o intervalo!
– Walmir?! – Exclamou Aline. – Posso ajuda-lo?
– Ah, sim! – Walmir falou levantando-se com o nosso trabalho e entregando a nossa professora. – Podemos ficar na quadra, Aline? – A professora fez uma cara de reprovação. – É que precisamos resolver as questões do próximo simulado de matemática. Por favor?!
– Rápido! E se chegar à diretoria que vocês foram vistos fazendo algo que não seja resolução de exercícios, Eu juro que nunca mais confio em você, Walmir. – Nessa hora todos da sala começaram a rir.
– Sim professora! Pode deixar conosco! Vamos José! – Walmir chamou-me pondo o material em sua bolsa e, mais que depressa, direcionamo-nos à quadra.
Quando o sinal tocou anunciando a terceira aula – Ainda de Aline. – Já estávamos na resolução da terça parte do exercício, porém ainda tínhamos que enfrentar várias questões à frente.
– Que demora a deles, Baixinho! – Falei impaciente. – Daqui a pouco vou começar a roer as unhas que não tenho.
– Calma! – Ele falou e, ligeiramente, voltou sua concentração ao exercício.
Por mais que o Walmir me pedisse para ter calma, Eu não conseguia. Era impossível. Inevitável. Meus nervos estavam à flor da pele. Walmir, percebendo minha inquietação, prontificou-se a levar-me ao jardim da escola. O jardim de lá era/ é um lugar muito bonito. Diferente do jardim abandonado que se tem ideia, o jardim daquela escola era digno de paisagem. Era cheio de árvores em fileiras e flores, de todas as cores e tipos, espalhadas. Walmir sentou-se em um banco e me esperou enquanto Eu pegava uma copo-de-leite – A flor que meu Baixinho mais admira.
– Para você, anjinho! – Entreguei a flor e ele a segurou com tamanha delicadeza.
– Obrigado! – Disse cheirando a flor. – É perfeita. – Tive uma breve explosão de ciúmes daquela flor.
Sentei-me ao lado de Walmir.
– Beije-me?! – Ordenei, meio que implorando.
Walmir, por sua vez, tocou minha nuca e aproximou-se de meu rosto. Tocou meus lábios com o seu e foi abrindo, lentamente, sua boca. Sentir a maciez daquele lábio me fez ter um acesso à felicidade. Em meio ao beijo, Eu emoldurava sua boca a minha e sorria ao mesmo tempo. Desprendemo-nos do beijo.
– Eu te amo, Walmir. Eu te amo muito. Você não tem ideia. – Falei abrindo os olhos; recompondo-me do beijo.
Antes que Eu pudesse me recompor, totalmente, do momento, Walmir puxou-me para mais um beijo; dessa vez o agarrei pela cintura e deitei por sobre o banco, Walmir deitou-se sobre mim e continuamos no maior amasso. O bom do jardim da escola era que, por mais bonito que fosse, ele era pouco frequentado.
– Rum-rum! – Pigarreou alguém atrás de nós. –Estamos interrompendo o momento do casal? – Era Marcos e Acácio de mãos dadas.
– Claro que não. – Respondemos, Eu e Walmir, em uma única voz. – Aliás, podem sentar-se conosco. – Concluí por fim.
– Obrigado! – Marcos falou puxando Acácio para próximo a ele.
– É o seguinte, gente... – Falou Walmir levantando-se e pondo a bolsa em suas costas – Acho que muita coisa precisa ser esclarecida aqui. Essa conversa a mim não pertence. Espero, do fundo de meu coração, que vocês se entendam, por favor! – Walmir terminou sua frase e foi embora deixando o jardim apenas comigo, Marcos e Acácio.
– E então? O que há de bom? – Perguntou Acácio com desdém.
– Só a minha “reconciliação” – Falei dando ênfase. – com o Walmir. Mas, para mim, isso não é o suficiente. – Marcos e Acácio se entreolharam e depois voltaram seus olhares para mim. – Desculpem-me pela idiotice que fiz com vocês no meio da quadra! Sei que vocês não têm nada a ver com a minha vida pessoal, mas Eu não estava no meu melhor momento.
– E precisava descontar em nós? – Perguntou, Acácio, alterado.
– Amor?! – Marcos tentou controla-lo.
– Amor é o caramba, Marcos! – Acácio saiu do banco e começou a andar de um lado para o outro. – Ele pensa que dá pra esquecer toda aquela cena, assim? De uma hora para outra?
– Amor, Eu já esqueci. – Marcos falou calmamente.
– Você o que? Eu entendi direito? Você esqueceu-se de tudo que o José te fez? – Marcos apenas acenou positivamente com a cabeça. – Então o que me resta fazer? – Acácio falou espantando e virando-se para mim. – Se meu namorado não tem raiva de você, quem sou Eu para ter? Mas Eu te peço: Por favor, não o machuque de novo!
– Eu não vou fazer isso, Acácio. Eu garanto. Eu amo vocês.
Abraçamo-nos forte. Nosso abraço durou mais ou menos um minuto contado. Saímos do jardim e fomos em direção à quadra. Não encontrei o Walmir no caminho e presumi que ele estivesse na sala. Dito e feito. Eu o encontrei lá com fones de ouvido e seu MP3 novo tocando uma música qualquer. Ele estava tão distraído que quase saltou da cadeira quando Eu o abracei por trás.
– Quero te levar para um lugar hoje. – Falei próximo a sua orelha, quase sussurrando.
– Onde? – Perguntou curiosamente.
– Viva e verá! – Sorri, dei-lhe um beijo e voltei para a quadra.
Aproveitei o restante do intervalo e as aulas, para mim vagas, para pensar em qual local Eu deveria levar o meu Baixinho. Aliás, ele sempre merece o mais... E o melhor.