Afastei-me de tudo por um tempo. Analisei e reanalisei alguns fatos que me pesavam o espíritoAinda trago marcas que não cicatrizaram direito. Mas sei que o tempo se encarregará delas.
Admito ser alguém difícil. Tenho uma personalidade moldada por altos e baixos.
Quando erro, e erro muito, tento refazer meu caminho. Mas sei também que de nada adianta ter essa ânsia percorrendo meu ser, se não tiver a quem me entregar. O coração dói. A mente se faz perguntas sem respostas.
Quando adentrei no mundo BDSM não imaginava que iria me sentir totalmente embriagada e envolvida de desejos SM. Desejos em servir. Desejos em ter um Amo, um Senhor, um Dono, um Mestre, um Mentor.
A ideia da Entrega sempre me fascinou. Era um conto de fadas para mim. Eu tinha desejos em receber ordens, em ser subjugada pelo “poder outorgado” Àquele a quem eu dedicaria minha servidão, minha entrega, poderia até dizer minha vida.
Sempre quis romper novos caminhos, abandonar velhos paradigmas, velhas barreiras, velhos conceitos e preconceitos, romper pudores e valores. Mas tive medo e ao mesmo tempo vontade de superar limites - era um contraste de desejos e, que no fim, culminaria num prazer quase fora do mundo real, uma sensação indescritível e ao mesmo tempo assombrosamente maravilhosa de experimentar.
Finalmente, depois de muitas idas e vindas; de pensar em desistir; de pensar em prosseguir, encontrei um Dono e Senhor a quem me dediquei por quase 3 anos e que, por motivos que aqui não cabem ser ditos, deixou-me com um vazio muito grande
A maior dor que sinto é exatamente a dor de não sentir mais a dor que meu Dono me proporcionava Não há memória mais terrível que o da pele: a cabeça pensa que esquece; o coração sente que passou; mas a pele....esta arde, invulnerável ao tempo, arde de vontade de sentir tudo de novo e de novo e de novo...
Sinto falta do que não mais existe do que ficou guardado apenas em mim
do doce sabor da escrava do cheiro exalado do pecado do olhar voltado a Ti, meu Dono e Senhor
do amor que lhe dediquei.
Sinto falta em curvar-me, em obedecer, de maneira cega e inquestionável
Sinto falta de seus gestos ora previsíveis ora surpreendentes.
Sinto tanta falta dos tapas e o rubor fazendo-se crescer em meu rosto
dos puxões de cabelo fazer doer o couro cabeludo
Sinto falta de ser amarrada, violentada , humilhada, escorraçada...
Sinto falta da bunda toda avermelhada, esporrada e da pele toda marcada,
Sinto falta da dor, que no principio me assustava, mas depois......era só êxtase e prazer
Sinto falta de ser possuída integralmente, de arreganhar-me e falar: Vem, Dono, me possua, sou sua, goze em mim, por favor
Sinto falta do teu leite na minha boca, meu alimento de tantas ocasiões. Sinto falta da tua língua a me percorrer, das tuas mãos ora a me acariciar, ora a me amassar, ora a me esbofetear, ora a me aconchegar, sinto falta, muita falta..
Pertencer-lhe, submeter-me foi meu maior desafio. Me entregar toda e ser presenteada com uma coleira e reconhecida como sua fêmea submissa, sua melhor escrava foi minha maior conquista e até hoje é meu maior orgulho. Sinal de que fiz tudo direitinho, de que mesmo sem nenhuma experiência, fiz tudo com muita dedicação, muito carinho.
Procurei ser sua puta dedicada, sua cadela vadia, a melhor entre tantas que já tivestes. Sinto falta de tudo que aprendi contigo e de todas as coisas que me obrigastes a fazer, a sentir, a provar.
No começo não compreendia sua satisfação em me fazer sentir dor, em me bater
Satisfação em me humilhar, me fazer rastejar de quatro como um animal...
Aos poucos, a dor, foi se transformando em prazer e a humilhação em alegria por suportar com galhardia mais uma provação. Me ensinastes que não havia enfraquecimento em minha nova posição, pelo contrário. Havia um fortalecimento do nosso relacionamento. Confiança mútua. Um alinhamento solidário, sempre pensando no melhor e mais prazeroso para o outroEntrega total de nossos corpos, sem nenhuma aresta, sem nenhum tipo de frescuras. Como você dizia, meu Dono: Eu te possuo e você se completa. Você me serve e eu me realizo.
Me fizestes entender que a submissa entrega seu corpo para as práticas que são agradáveis ao seu Dono, porque a submissão nada mais é que a entrega de nossas vontades e direitos a favor e beneficio de outro.
Fui entendendo que tudo aquilo era necessário para o meu crescimento como fêmea e que jamais voltaria a ser mulher de antes.
E quando passei a sentir falta de tudo aquilo compreendi que eu já era uma cadela, ou melhor, a sua cadela, daí este sentimento da falta do Dono.
Sinto falta de voltar a ser sua puta, sua cadela, sua vadia, sua menina, seu brinquedo,
Sinto falta, muita falta.....
