O Caio era um cara diferente, um tanto inesperado. Ele estava parado no acostamento em cima de uma Honda CB 600F Hornet de um verde metálico exagerado e com o capacete na mão.
_Hum! Pelo menos você olhou dos dois lados desta vez._Caio falou rindo pela piadinha,após eu acabar de atravessar a rua_E então aceita a carona?
_Ah não precisa, minha casa não é tão longe, mas valew pelo convite.
_Sem essa! Sobe ae eu te levo.
Ele falava com muita simpatia, isso acabou por me deixar com um certo receio e curiosidade.
_Està certo...ao menos tem um capacete extra aí?_Perguntei só por perguntar.
_Ah tenho sim!
Ele começou a mexer em sua mochila. E de lá retirou um capacete de ciclista azul.
_Serve esse aqui?_Ele me disse com um sorriso escancarado e segurando-se para não rir.
_ Ah se você quer que eu pareça um idiota, ta perfeito!_Ele agora nem disfarçava, ria como se estivesse em casa.
_Vai sobe ae, rapidinho a gente chega.
_Mas pode guardar esse seu super capacete que eu prefiro arrebentar a cabeça no asfalto!
Depois de mais algumas risadas, lhe contei onde morava e pra minha surpresa ele morava à duas ruas da minha casa.
Enquanto eu subia, Caio recolocava o capacete e se ajeitava para ligar a moto. Ele não parecia ser um piloto muito devagar nas estradas, então acabei colocando maior força para me segurar.
Eu parecia ser um bobo, só à alguns metros de casa e eu aceitando uma carona. Mas estava valendo a pena, alí atrás daquele cara com somente poucos centímetros separando nossos corpos, com o vento trazendo seu perfume até ao meu olfato e minha visão presenteada com aqueles braços e costas incríveis, essa realidade me arrepiava por inteiro.
Realmente estava ótimo só que já estávamos em frente a minha casa e eu teria que saltar. Ao descer, Caio me fala:
_Acho que não começamos do jeito certo pela manhã...amigos?_sua mão estava estendida em minha frente esperando um aperto como resposta.
_É eu concordo..._Segurei sua mão em um toque demorado._...Amigos!
Ali, ao senti-lo e ao olhar nos fundos dos seus olhos, eu e ele só conseguimos ficar com uma expressão vazia. Com certeza havia sentimentos mas no momento só os pudemos projetar de maneira inexpressiva.
Ao deixar sua mão Caio ainda me olhava em silêncio, até que ele resolve falar enquanto ajeitava-se na moto em sinal de partida.
_Eu tenho que ir. Nos vemos amanhã Dexis!
"Dexis" Pensei. Porque ele me chama assim? Como ele conhece a maneira que sou chamado por minha família?
_Porque me chamou de Dexis?!_O motor estava ligado e ele já estava se afastando quando perguntei. Mesmo assim pude ouvir sua resposta.
_Ah o seu tio só fala do ótimo sobrinho Dexis que ele tem.
_Você o conhece?!_Perguntei, mas não ouvi uma resposta. Pela segunda vez o via rasgar a estrada.
Minha mãe estava na cozinha quando entrei em casa, e o cheiro do almoço já se espalhava. Era um dos meus pratos favoritos, aliás tudo que ela cozinha e delicioso, só que o spaghetti com almondegas é irresistível.
_Mãe cuidado que a polícia vai bater aí na porta!_Exclamei para minha mãe, indo em direção a panela.
_Mas por qual motivo Dexis!_Ela disse parando de cortar a salada.
_E a senhora ainda pergunta D.Clara! Os vizinhos estão morrendo de vontade com o cheiro desta delícia.
_Ah sei! Só se for a patrulha dos filhos puxa saco.
Sempre apreciei estar ao lado dela, para conversar ou só ficar de bobeira mesmo. Talvez por ser sempre só nos dois. Meu pai havia falecido quando ainda era bebê, doze anos depois ela começou um namoro com um cara mais novo, só que ele acabou sumindo para o sul para tocar em uma banda. Mas sem ele saber deixava para trás uma filha, que ainda estava a se formar. Em setembro daquele mesmo ano chega ao mundo nicole um lindo bebê, com seu olhos verdes e uma fina cabeleira dourada. Hoje ela continua a ser um pequeno raio de luz cheio de inocência e vida que repõe a nossa fé e esperança na humanidade todos os dias.
Enquanto eu almoçava e minha mãe chamava minha avó e irmã no segundo andar onde ficavam os quartos, comecei a pensar em minha nova realidade quanto ao que me aguardava, em relação ao trabalho na faculdade e sem falar que estar de volta aquela cidade que passei minha infância me deixava cheio de receios.
Após o almoço fui tirar um cochilo, era uma quinta feira e eu só começaria o trabalho na segunda, então eu teria a tarde e a noite só para mim.
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_Hum! Todo perfumado...vai onde meu filho?_Perguntou minha mãe enquanto eu descia pelas escadas.
_Ah, vou dar umas voltas por aí. Quem sabe eu encontro um gatinho pra ficar.
_E vai sozinho?_Ela me perguntou saindo do sofá onde pintava umas flores com nicole, mas logo acrescentou._Pode ser perigoso tenha cuidado, você não conhece os tipos daqui.
_Não exagera mãe e outra quem deve ficar com um pé atrás são os caras não eu. Parece que nem conhece o filho que tem!_Falei para ela rindo e dando-lhe um abraço.
A D.Clara, um jeito carinhoso que a chamo, sempre foi uma grande amiga além de mãe. A primeira vez que ela obteve certeza da minha sexualidade foi quando me pegou em flagrante no maior amasso com um amigo lá de Minas. Eu burro pensei que ela sairia tarde do restaurante onde trabalhava, aproveitei para ficar mais a vontade no sofá da sala. Ela não só chegou mais cedo como também estava acompanhada por sua amiga, elas ficaram rindo baixinho atrás de nós e quando percebemos só se via nos dois pulando com almofadas na mão disfarçando o volume extra que saltava dentro da calça. Hoje tudo soa engraçado, mas na hora foi muito constrangedor, eu comecei a inventar mil desculpas e o beto, meu amigo, só concordava apavorado. Minha mãe só sorria e acabou por me acalmar quando disse que não se importava com quem fosse, desde que eu me portasse com respeito. Eu estava eufórico e ao mesmo tempo feliz, só o beto que nunca mais conseguiu me encarar de novo.
Ao sair pela porta de casa aquela noite eu estava cheio de uma felicidade sem igual, mas eu não fazia idéia que eu retornaria para lá com as piores e mais horríveis sensações que alguém pode viver. CONT..
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Eu só tenho a agradecer pelos comentários feitos. Vocês me deixam até constrangidos, por isso só posso dizer que vocês são D Maisss os melhores!
Quanto aos contos, por eu utilizar o celular, acaba que as vezes ele me fazendo umas secanagens na hora da publicação.rsrs
Logo as cenas quentes prometem queimar suas telinhas, só que antes alguns segredos precisam ser revelados. Então aguardem!