Era algum dia do mês de Julho. Eu estava me mudando para outra cidade, juntamente com minha mãe, meu irmão e minha irmã. Vou me apresentar: meu nome é Yuri, tenho 17 anos hoje, mas 16 naquela época, assim como Lara e Hugo, meus irmãos... é, somos trigêmeos. Nunca conhecemos nosso pai, minha mãe disse que ele foi "apenas um momento em uma noite de verão". Nunca tive curiosidades a respeito dele, afinal, minha vida é boa e tranquila do jeito que está. Minha mãe é uma empresária bem-sucedida e, bom, dinheiro é algo que não nos falta. Tenho cabelos castanho-claro e olhos verdes, sou bem branquinho, pois sol nunca foi minha praia.
Por causa do emprego, minha mãe teve que ir morar em outra cidade, e é claro, ela levou seus queridos filhos com ela. Nossa nova casa era em um condomínio bem legal, com piscinas, quadras de esportes, salão de festas, enfim, essas coisas. O problema era a escola, afinal, estávamos no meio de um ano letivo, e não é tão fácil assim entrar em um vagão com o trem em movimento. A escola em que entramos tinha três turmas para o 2º Ano do ensino médio. Eu fiquei na turma B, Lara na turma A e Hugo na turma C. Nós não gostávamos de estudar na mesma sala pois isso podia atrapalhar em certas coisas.
As férias tinham terminado uma semana antes de nós chegarmos na cidade. Quando eu e meus irmãos chegamos na escola, o coordenador nos acompanhou até nossas respectivas salas, primeiro Lara, depois eu, depois Hugo. Quando o coordenador abriu a porta da minha sala, estava aquela bagunça característica de turma recém saída de férias, mas em poucos segundos, todos já estavam sentados e fazendo silêncio, que moral tinha o coordenador heim.
"Desculpa interromper a aula, mas gostaria que vocês recebessem seu novo colega de turma" disse ele. O coordenador olhou para mim e me chamou. Todos ficaram em silêncio. Me olhando, me avaliando. A porta se fechou atrás de mim e eu fiquei lá, parado, sem saber para onde ir, sem saber onde me sentar. Foi aí que o professor que estava em sala naquele momento perguntou "Olá, você fala?" todos riram. "Às vezes", eu respondi. "Haha, bom garoto" ele disse, dando um tapinha nas minhas costas. "Que tal se sentar?".
O primeiro lugar vago que eu olhei, era na parede, lá no fundão. Na frente de uma menina que estava dormindo, e atrás de um menino que estava olhando para mim. As pessoas foram falando comigo enquanto eu passava pelas carteiras, me dando boas-vindas. Eu já me sentia bem á vontade. Ao decorrer das aulas, a menina que estava atrás de mim acordou, e eu notei que ela era bem bonita. Ruiva, branquinha, olhos castanhos. Nós ficamos conversando durante a aula, e aí veio o intervalo. A maioria dos alunos foram para o pátio, mas eu fiquei lá, conversando com ela. Seu nome era Aline. Intervalo acabou, os alunos voltaram. Fiquei o resto da aula inteira conversando com Aline, nossos gostos eram parecidos, e já parecíamos velhos amigos.
Não lembro quem começou, mas em um momento, falávamos de namoro. Eu revelei que nunca tinha namorado sério com ninguém, ela me falou que também não, mas ambos confessamos que já tínhamos tido vários rolos. Quando a aula acabou todos saíram da sala bem rápido, e eu ainda estava arrumando material. Quando Aline foi passando para sair, ela me deu um rápido selinho e olhou nos meus olhos, falando "Até amanhã".
Meus irmãos provavelmente já tinham marcado algo com seus recém-formados amigos, pois quando eu cheguei em casa eles não estavam lá. Ah, esqueci de contar, o condomínio ficava pertinho da escola, então íamos à pé mesmo. Lara e Hugo sempre foram mais sociáveis que eu, meu mérito é ser o mais inteligente. Já eram quatro horas da tarde e eu ainda estava sozinho em casa. Foi quando a campainha tocou. Eu estava apenas de cueca box, achei que fosse um dos meus irmãos e fui atender a porta. Mas quando abri, não era nada do que eu estava imaginando.
Na porta, sem camisa, estava o menino que estava sentado na minha frente, aquele que ficou olhando para mim no início da aula. Cabelos castanhos, puxados para o ruivo, e olhos castanho-claro. Ele rapidamente vestiu a camisa que estava segurando, deu um grande sorriso e falou "Não sei se já sabe, mas aparentemente nós somos vizinhos... posso entrar?"
