Uma brisa suave da tarde levantava meus cabelos infantis enquanto os meus pés se moviam livres acima do solo. O som rispido das correntes do balanço, eram abafados pouco a pouco pela bela visão de balões coloridos espalhados pelo jardim. Só uma palavra poderia descrever o que eu sentia, PAZ. Ao meu lado em outro balanço estava minha prima, seu rostinho estava fechado e fazendo bico demonstrando sua raiva de garota mimada. Outras crianças brincavam desesperadamente na grama amarelada pelo calor do verão. Ao longe pude perceber que minha avó se aproximava, ela sorria carinhosamente para as visitas e parentes ao trocar somente algumas palavras enquanto seguia apressadamente para a área onde estávamos.
Sara, minha prima, saltou em direção a vovó a poucos metros antes dela finalmente chegar. Ela falava impaciente:
_Vó! Eu odeio o Dex ele não sabe brinca, ele fes de novo!
Um olhar de desaprovação porém muito dócil caiu sobre mim, em seguida minha avó diz:
_Dexter Dexter!_ Ela parou em minha frente com Sara ainda abraçada em sua cintura._ Lembra que eu pedi pra você errar as vezes!
_Ah mas se e pra adivinhar o que é. E eu sempre sei... a Sara que fica com raiva só por eu conseguir acertar todas as adivinhas que ela faz!_ Exclamei em minha defesa com a voz apreensiva.
_Està bem agora não quero ver brigas._ Ela pegou minha mão e continuou_ Vamos. Sua mãe já vai cantar o parabéns, e você precisa soprar as velinhas, lembra!
Havia muitas pessoas, e todas estavam indo para a varanda onde um bolo enorme e enfeitado nos esperava.
Agora eu estava ao lado do delicioso bolo e minha mãe ajeitava em seu centro uma grande vela branca em forma do número sete. Olhando ao redor via todos sorrindo e alguns faziam piscar os flashes de suas câmeras. Estava tudo perfeito só que todos haviam se esquecido dos fósforos. Minha mãe começou a rir após perceber que estava sem fogo para acender a vela. Impaciente eu mesmo corri para a cozinha para pegar os fósforos. No corredor ainda permanecia um sorriso em meu rosto por causa de toda aquela situação. Lá fora estavam todos a rir das piadinhas que meu tio começou a fazer.
Abri a gaveta da pia, só que ali já não tinha mais. Lembrei que na dispensa que ficava ao lado da porta dos fundos, guardava-se pacotes de fosforos ainda fechados. Corri para lá. Tateava a parede em busca do interruptor pois ali sempre estava escuro, no final resolvi entrar sem acender a luz, meus olhos pareciam mais cômodos e a prateleira não era tão longe. Levantei um pouco a mão até que senti o pacote, permanecia eufórico e com um leve frio na barriga, um segundo depois essas sensações se intensificaram mil vezes. Um forte tranco me fez ser jogado para trás, eram mãos fortes que me puxaram e logo fecharam minha boca abafando meus gritos de desespero. De costas fui sendo arrastado, minha visão se apagava de maneira a tornar tudo ao redor, embaçado e fora de foco. Era uma extrema agonia tomando conta de mim, então ouço um som alto e desconfortável, o som do meu celular despertando pela manhã. Levanto em um pulo ainda com o coraçao a sair pela boca. Havia sido apenas um sonho...só um sonho. Então comecei a respirar mais aliviado.
Um novo dia nascia Cheio de promessas de esperança e de um recomeçar. Ao ir para a faculdade levava comigo toda a certeza destas possibilidades, meus pensamentos ainda eram vagos e dispersos só que eu não os aparentava.
Ao passar pelo portão três da faculdade, avistei meu tio que era professor, saindo do carro no estacionamento que ficava mais ao fundo. Ainda era cedo resolvi então ir cumprimentalo.
_Oi tio!_ Disse entusiasmado dando-lhe um aperto em sua barriga fazendo o pular.
_Dexis seu filho da puta você quer me matar do coraçao! Oh desgraça._Ele gritou derrubando a mala que estava em sua mão.
_Calma aí tio, não e pra tanto também!
Comecei a rir até a barriga doer. Meu tio estava branco de susto e parecia bravo, mas logo ele não se aguentou e entrou no ritmo gargalhando.
Alvaro é o seu nome. Mas sempre o chamei de tio mesmo. Um senhor de cinquenta e um anos, alto e com uma barriga saliente, os cabelos grisalhos e entradas proeminentes sem fios nas laterais. Mas suas características principais com toda a certeza provém do seu otimo caráter. Ele é de uma bondade extrema, chega até ser inconveniente para alguns. Muito parecido com o vovô que há alguns anos falecera. Quando criança adorava ir em sua casa, minha tia era admirável e fazia uns cup cakes de salivar só de ve-los. Nas brincadeiras eles eram os melhores, eu e minha prima sara, mesmo sempre brigando, nos divertiamos muito no tempo em que todos estávamos juntos.
Naquela manhã caminhando ao seu lado, meu tio me contava todas as novidades e eu também pude atualiza-lo quanto a minha vida. Falamos um pouco também sobre a doença que minha avó estava a enfrentar e principalmente sobre os meus estudos e minha nova turma. Minha surpresa foi quando ele disse que conhecia o Caio, e que eram bons amigos.
_Ele é meu parceiro nas aulas...mas como vocês se conhecem?_ Perguntei a ele curioso para saber a resposta.
_Ah já faz um tempo._ Ele levantou os olhos e parecia relembrar-se de algo._Foi quando ainda trabalhava com finanças. O pai do caio é o dono da distribuidora de laticínios onde eu trabalhei por cinco anos como sub administrador.
_É mesmo. Mas já faz uns dois, três anos. Não é?
_Faz três anos. Depois eu achei melhor ser professor aqui, o salário é menor, porém muito mais gratificante!_Ele sorria dando ênfase as suas últimas palavras.
Estávamos parados em frente ao meu bloco e antes de entra para a sala perguntei:
_Mas como vocês se tornaram tão próximos?
_Ah..._Meu tio agora aparentava desconforto, como se buscasse as palavras certas._...Os pais dele tiveram uma grande crise, e eu procurei fazer o impossível para ajuda-los. Uma grande amizade nasceu entre nossas famílias. E o caio depois do sofrimento que sua mãe o fez passar, se aproximou criando laços para com sua tia e eu...
_Mas o que houve com a mãe dele?_Perguntei o interrompendo.
_Bom..._Ele da uma pausa. Mas uma vez senti o seu desconforto. Ele olhou para o relógio em seu pulso e terminou a fala._Dexis eu preciso ir para o meu bloco agora...mas conversamos mais tarde. Està bem!?
_Claro tio, eu também tenho que entrar.
Nos despedimos e ele seguiu apressadamente. Alguns colegas de classe já estavam a chegar mas ainda não tinha visto o Caio. Faltava cinco minutos para as sete, resolvi entrar e me acomodar na sala. A professora Kia já estava em sua mesa, com uma apostila na mão. Antes de sentar fui cumprimenta-la.
_Bom Dia!_Falei enquanto sentava em uma cadeira vazia em frente a sua mesa.
_Bom Dia querido!_Ela sorria carinhosamente enquanto pronunciada as palavras.
_Hoje eu cheguei mais cedo como prometido._Disse retribuindo com outro sorriso.
_Ah e isso é otimo Dexter!_Ela baixou a apostila sobre a mesa e começou a rir salientando delicadamente suas marcas de expressão desenhadas em seu rosto.
_Mas não tão cedo quanto eu! Não é mesmo Senhora Kia?_Uma bela garota cheia de livros na mão disse interrompendo nossa risadas.
_Sthefany não seje tão modesta minha linda!_A professora disse sorrindo enquanto a ajudava a colocar os livros sobre a mesa.
Ela aparentava uns vinte e poucos anos, seus cabelos eram compridos e caiam sobre os seus seios em uma cor marrom que destacava sua pele clara. Seu sorriso era simpático e tímido. Ela empilhava todo aquele material tendo cuidado para que eles não desmoronassem pelo chão. Eu a olhava curioso, e logo ela me joga um olhar de canto, seguido por uma pergunta que mais parecia uma afirmação.
_Então...você é novo aqui. Não é?_Naquele momento ela abre um largo sorriso e levanta um olhar tão curioso quanto o meu, enquanto colocava um último livro, mas por estar distraída acaba que o derrubando por sobre a mesa fazendo o parar no piso perto aos meus pés. Rapidamente abaixamos juntos para pega-lo e nossas mãos acabaram por se encontrar. Estávamos nitidamente sem jeito e os nossos olhares próximos revelavam isso. Me Levantei e entreguei a ela o livro, que fez questão de agradecer. Nos apresentamos mas logo a professora nos pediu para que fôssemos para os nossos lugares para que ela pudesse começar a aula.
Ela seguiu para o lado direito da sala e eu me virei para minha fileira que ficava mais ao fundo no lado oposto. Caio já tinha chegado e se ajeitado em seu lugar, eu não o havia percebido. Com braços sobre a mesa e fones no ouvido, seus olhos estavam sérios e perdidos em direção a janela.
_E ae parceiro!_Exclamei animado para ele enquanto colocava a mochila na mesa o fazendo desviar o olhar.
_E ae._Ele respondeu secamente olhando para o celular.
Eu até estranhei mas decidi não perguntar. Só que no decorrer da aula ele parecia evitar falar comigo e só respondia de forma direta. Comecei a tirar com a cara dele e fazia um monte de brincadeiras sem graça, mas ele continuava distante. Acabei que ficando quieto também, algumas vezes ele me perguntava sobre a minha vida e meus sentimentos, eu ficava entusiasmado mais só que rapidamente ele cortava o assunto. Acabei estranhando essa curiosidade confusa e excêntrica dele, só que acabei não pensando muito nisso, minha mente já tinha problemas o suficiente.
Há um pequeno intervalo na faculdade um pouco após as dez da manhã, e nesse dia eu estava cheio de fome, decidi comprar um lanche na cantina e chamar o Caio, só que ele já havia sumido. A cantina se localizava mais ao centro talvez eu o encontra-se por lá. Chegando, comprei o meu lanche e me sentei em volta de uma mesa branca comum. Alguns minutos depois sou surpreendido por uma voz me chamando. Era a Sthefany sentada a alguns metros de mim, não quis bancar o chato e fui até onde ela estava. Ela estava bem alegre e eu fingi um sorriso a altura. Começamos a conversar, bom ela e que mais falava, e de tudo, sobre o curso, família, amigos, seus sonhos e várias outras coisas. Eu tentava ser o mais gentil possível só que meus pensamentos estavam sobre o Caio. "Será que fiz algo de errado, que deixou ele bravo." Eu já não sabia mais o que imaginar. Até que ouvi o nome dele ser pronunciado por ela, dizendo que fazia trio junto com ele e mais um outro, antes da minha chegada. Pude perceber em suas palavras um certo gral de intimidade e sentimento quando ela se referia ao Caio. Acabei que soltando uma pergunta inconveniente:
_Vocês já namoraram ou ficaram?
Ela parecia mais apreensiva agora, porém logo respondeu:
_Não! Nunca..._Ela fez uma grande pausa desviando o olhar.
_Serio! E que você parece gostar dele._Estava curioso para saber mais detalhes_Ele nunca pediu para ficar com você?
_Afff_ela resmungou fechando os dentes para não rir_Eu já até tentei e outras também, mas ele sempre diz que só quer amizade.
Comecei a pensar no que ela acabara de falar. E se ele também fosse gay, acabei abrindo um sorriso com a possibilidade. A Sthefany levantou- se e me fez lembrar que precisávamos ir para a sala.
As últimas aulas foram como todas as outras e o Caio ainda continuava o mesmo. Na saída fui ao lado dele e um pouco antes dele seguir para o estacionamento disse me despedindo:
_Falow Caio! Até amanhã!
Ele apenas movimentou a cabeça positivamente demonstrando seu desinteresse. Ele seguiu para onde estava sua moto e eu fiquei observando-o cheio de umas sensações estranhas e um nó na garganta que eu não sabia explicar. A poucos metros depois o vi parar e virar-se em minha direção, caminhava com a cabeça baixa e ao chegar do meu lado ele abriu a mochila retirando de lá um capacete que parecia ser novo, com um sorriso tímido e o entregando à mim disse:
_Quer carona? Hoje eu trouxe um capacete de verdade.
_Carona...Claro!_Respondi para ele um tanto confuso, só conseguia sorrir por um prazer repentino que me fez suar frio.
Andamos alguns metros em silêncio, até que passamos em frente ao portão quatro, não acreditei ao ver o Ivan entrando por ali. Ele logo passaria por nó, estava apreensivo pelo que ele poderia falar. Como já era esperado, ao me reconhecer ele se aproxima sorridente e sem nenhum pudor nas palavras disse:
_Que bom que nos encontramos de novo meu lindo!_Percebendo que o Caio estava ao me lado ele começou a encara-lo_Mas o que houve ontem?! eu fiquei preocupado!
_Ehh...verdade. Mas outra hora a gente conversa, agora eu estou com pressa._Disse tentando sair daquela situação chata.
Comecei a andar e o Caio com olhos arregalados ia ao meu lado. Só que o Ivan veio atrás e me segurou o braço.
_Calma ae! Vamos marca de sai hoje então.
Eu não sabia o que falar e o Caio parecia estar ficando bravo, suas sobrancelhas estavam apertadas e os seus dentes cerrados com força tudo isso em um rosto vermelho que me deixou preocupado. CONT..
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Nessa parte do conto eu não consegui uma música para o fundo da leitura, estou em uma semana corrida de provas e com o tempo curtíssimo :'( Danny pode sim me chamar desta forma.E logo que aparecer um tempo eu vou pesquisar as musicas da cantora que me passou também!
Mais uma vez agradeço por seus últimos comentários. Valeu Olavo A , Frannnh , Tzinho , Gatorr , Diiegoh' , Geo Matheus , Teenage e todos os outros que tem acompanhado a historia e me presenteado com seus elogios e expectativas.
OBRIGADO!!