.. (real) ..
Ás vezes o sexo não é bom... Mas o lugar e com quem acontece sempre me faz pensar que foi maravilhoso.
O cowboy não metia bem, tinha a bunda apertada demais para aguentar uma penetração, não beijava como um expert no assunto, não sabia como me excitar e por pior que possa parecer, era virgem na primeira vez que nos pegamos.
Porque então me lembrar? Jogar essa transa na gaveta dos arquivos mortos seria uma solução eficaz, mas ainda existe algo excitante nessa narrativa.
Imagine você num curral, com todo aquele cheiro de esterco, num quartinho, no meio do nada com um caipira musculoso que aceitaria fazer qualquer tipo de coisa?
Roberto não via mulheres ao menos que fossem sua mãe ou suas irmãs. Não comia ninguém, ao menos que fossem os animais da fazenda. Não tinha sexo nem possibilidades de realizá-lo. Ficava na mão pensando nas mulheres da novela das sete, pois às oito da noite já estava na cama.
E onde é que o Gabriel foi se meter? Isso mesmo! Meu pai me levou para esta mesma fazenda para trabalhar, mas logicamente eu não resumi meus dias a isso. Conheci então Roberto, que prefiro chamar de cowboy.
Numa sexta-feira à tarde meu pai voltou para a cidade e me deixou sozinho. Eu teria de passar a noite no quartinho e vigiar as coisas, mas estava com medo.
Roberto fora uma desculpa perfeita e eu tive de convidá-lo para me fazer companhia. Jantamos e subimos o morro. Lá estávamos nós, naquele quarto, onde desisti da idéia de dormir quando o vi tirando a camisa. Eu juro, foi o homem mais gostoso que já vi nessa vida (ao vivo).
Meu primeiro desejo foi me tornar vítima daqueles braços fortes. Vendo o menino deitado no colchãozinho que preparei no chão eu amaldiçoava a noite. Cara, minha cama estava vazia e se eu não o levasse para ela me arrependeria pelo resto dos meus dias.
Eu queria descobrir o que aquela calça Jeans escondia, saber qual o gosto daquela pele morena, me perder naquelas curvas, pronto! Eu já estava fudido... Não o deixaria dormir sem pelo menos me dizer um não e me dar uma porrada.
Fui jogando os pontos, preparando a isca e fisguei o peixe, mostrando para ele que poderíamos nos divertir sem culpa alguma naquele lugar abandonado.
- Você já tomou seu banho? – eu perguntei.
- Já, mas se precisar eu tomo de novo – ele respondeu.
Foi um convite para uma chuveirada?
E como foi. Me levantei da cama e fui pegando o cowboy pelas mãos, o levantando, o jogando na parede e o beijando.
Aproveitei a situação para passar a mão em seu peito, seu abdômen, sua barriga e no abraço, suas costas. As roupas foram tiradas lentamente, a luz acesa me permitia ver tudo. Um pau não tão grande que parecia belo acompanhado a visão do quadril, uma bunda firme, gostosa... Roberto me levou para debaixo do chuveiro.
Foi um boquete molhado o que fiz ali, parecia um professor, o que fazia, ele imitava. Quando aquela língua começou me lamber, entrei em êxtase. O levei para a cama.
Por cima dele eu tentava terminar aquela preliminar, indicando os finalmentes com gemidos. E Roberto não adivinhava minha vontade.
- Vai, faça você – em outras palavras, me come vai!
Mas ele não entendia.
- Dar ou comer? – ele perguntava disposto a me obedecer, mostrando que aconteceria o que eu quisesse.
- Me come! – vai cowboy, me come agora...
Quando ele me enfiou o pau percebi que não era bem o que eu esperava. Para começar, não conseguiu sozinho. Com minhas mãos coloquei o pênis para dentro e mesmo assim, ele não sabia se movimentar.
Tentei de bruços, de costas, em pé, de quatro... Nada me fazia sentir as bombadas, meu pau já estava mole e eu percebi que aquela foi a primeira vez de Roberto. Onde estava o tesão? Ainda hoje me pergunto se naquela noite senti tesão, ou orgulho de ter virado a cabeça dele.
O rosto tímido do cowboy se rebaixava diante de minha safadeza. Ele gozou, mas não gozou. Nenhuma porra, nem o cheiro dela eu vi. Fingiu, sim, ele fingiu. Se cansou e para não se sentir envergonhado terminou por conta própria, sem o orgasmo acontecer.
Naquela madrugada dormimos abraçados, no silêncio do curral em meio ao prazer daquele segredo.
Não sei o que pensou Roberto. Não entendo o que aquela transa significou para ele, mas quando a manhã de sábado surgiu ele me trouxe uma caneca.
- Quer café amor?
Ah, se ele soubesse que não era motivo de ficar apaixonado. Porque usou a palavra amor? Roberto aceitou namorar comigo dois dias depois e ainda paira no ar a pergunta que jamais se calou.
Foi amor mesmo, ou só aventura? Não sei para ele, mas para mim fora o desejo de me distrair, num lugar onde tudo o que eu tinha era uma peça de ferro para limpar, algumas represas para nadar e o cheiro de bosta para sentir.
Tédio, nada passava de tédio. O pedido de namoro foi a resposta ao tédio. O que um rockeiro fazia numa fazenda e o que um cowboy pensou que esse rockeiro fosse?
Ilusão, nada mais...
O lugar e com quem aconteceu sempre me fez pensar que foi maravilhoso. Mais uma experiência. Porém, o que fazer quando não se sabe dizer não?