CAPITULO 5
Bernardo pausou o beijo e passou a beijar o meu pescoço, dava leves chupões, que não tinham a capacidade de me deixar marcado. Minha cueca já chegava ao joelho, e uma mistura de medo e adrenalina tomava o meu corpo. Não era muito cedo? Mal havíamos começado a ficar e já íamos transar. Bernardo sempre fora galinha com as meninas da cidade, mas havia me dito que gostava de mim. Quando ele tocou o meu bumbum resolvi parar, eu não estava me sentindo bem como esperava me sentir na minha primeira vez.
- Espera um pouco Bernardo. - Pus as mãos no ombro de Bernardo, sem agressividade, e desviei meu pescoço dos seus beijos. Sua reação não foi a esperada, me assustei quando ele segurou os meus braços com força e continuou tentando me beijar, sem tirar a mão da minha bunda. Resisti, e ficamos medindo força por alguns segundo, ele quase me dominando e eu fazendo muita força pra não permitir. Tentei me sentar perdendo a paciência e falei alto, quase gritando com ignorância – QUE MERDA BERNARDO! Eu disse para parar, escutou?
Bernardo me soltou com indelicadeza e sentou-se no sofá. Puxei a minha cueca vestindo-me e sentei. Por mais que eu tentasse resistir e evitar, não consegui. Meus olhos marejaram-se de lagrimas, levantei a mão e sequei-os, meu lábios estavam crispados, passei a olhar pro chão. Lembrei-me novamente que estava frio. Fiquei com vergonha, desejando não ter cortado o clima, arrependendo-me por tê-lo decepcionado. Hoje percebo que eu estava totalmente certo.
- Desculpa. – Eu disse baixinho, com a voz levemente tremula.
- Nossa, eu que fui idiota Dani, me desculpa você.- A expressão de Bernardo mudou, voltei a ver nele um rosto encantador de sempre. Senti alivio. Logo depois que ele falou isso, me abraçou. Deitei a cabeça em seu ombro e senti seu perfume. Minha mente bloqueou o que havia acontecido, ou algo do tipo, pois foi só ele falar calminho comigo que logo esqueci tudo.
- Eu te adoro Bernardo.- Eu realmente preferia ter ouvido o mesmo, queria que ele tivesse dito que estava gostando de mim também, seria bom ouvir e ter certeza. Mas sua reação também foi boa, ele segurou meu queixo, levantou a minha cabeça e me beijou. Eu não cansava daquele beijo suave e carinhoso, mas intenso.
Já passavam das três e meia da manhã quando resolvemos ir embora, havíamos passado o restante do tempo conversando e trocando carícias. Ao chegar a minha casa nos despedimos, ele esperou eu entrar em casa por segurança e então seguiu caminho. Entrei em casa desconfiado e com medo de Rafa ou meu pai terem percebido que eu havia saído e ainda por cima me verem chegando em casa de madrugada só de pijama. Mas graças a deus, os dois estavam dormindo, pelo menos era o que parecia.
Chegando no meu quarto sentei em minha cama e fiquei pensando. Eu, em toda a minha vida, nunca havia me sentido tão a mercê de alguém, meu sentimento por Bernardo não era pequeno. Tive medo, vontade de me esquivar. Sempre criei uma barreira entre mim e as outras pessoas. Nunca fui de demonstrar tanto afeto e sentimento, e perto dele eu me comportava de forma totalmente oposta a isso. Deitei na cama e dormi pensando nisso.
Acordei de manhã e fui tomar banho. Caprichei na produção mais do que o normal, a final aquele dia era diferente, eu queria muito impressionar o Bernardo, fazer com que ele me desejasse o tempo todo. Apesar de a camiseta de uniforme ser obrigatória, escolhi minha calça jeans favorita, skinny e de um azul bem claro, valorizava meu corpo e deixava meu bumbum mais bonito. Pus um sapatênis de couro branco e vesti um cardigã listrado em fúcsia e branco. Penteei o cabelo, dei uma arrepiada, passei perfume e desci pra cozinha tomar café. Meu pai e Rafa já estavam na mesa comendo.
Dei bom dia pros dois, meu pais estava sério e Rafa respondeu alegre, ele sempre estava de bom humor, era incrível. Estava me servindo de cereal e iogurte quando meu pai me perguntou:
- Dormiu bem ontem Daniel? – Meu pai me olhava enquanto falou. Fiquei sem resposta por alguns segundos, eu havia sido pego de surpresa. Alguns momentos depois respondi tentando parecer natural:
- Ué pai, dormi sim. Porquê? – Eu me perguntava se ele havia percebido algo. Podia sentir que meu rosto devia estar avermelhado.
- Acho que nada filho. – Eu podia perceber sarcasmo em cada uma daquelas quatro palavras, mas como meu pai não prolongou o assunto na conversa, achei que era paranoia minha. Ele não poderia ter percebido que eu havia saído, meu pai tinha sono pesado e eu havia tomado cuidado para não fazer barulho ou algo do tipo. – Rafa, tá confirmado, sexta vamos mesmo pescar no sítio, mas vamos voltar sábado cedinho, por quê vou ter que cobrir o turno de um amigo na clínica. Você podia ir Dani, eu acho que você ia gostar, pelo menos experimente ir.
- Ah não pai, acho que vou ficar. Você sabe que não gosto desses programas. – pude perceber traços de pesar no meu rosto do meu pai ao me ouvir negar o convite.
- Bom, se você não se importa de ficar sozinho pode ficar. Chame alguém pra dormir aqui com você. Bom, acho melhor irmos logo ou vocês vão se atrasar.
Quando chegamos no colégio quase todos os alunos já estavam lá, transitando, conversando, ouvindo música, sentados, o gramado estava cheio. Procurei por Bernardo e uma fração de segundo depois eu o encontrei. Boné de aba reta, moletom preto e uma calça jeans clara, sentado em um banco de concreto junto com os outros meninos. Ele estava lindo, o moletom valorizava a sua pele branca, e ressaltava o azul de seus olhos. Ainda dentro do carro eu sorri. Naquele momento percebi que não estava mais só apaixonado, eu o amava. Em pouco tempo, mas já amava. Dei um beijo de despedida na bochecha do meu pai, e logo depois desci do carro.
Minhas amigas estavam sentadas em um banco próximo ao de Bernardo, fui até lá e parei junto a elas. Dei bom dia e puxei um breve assunto, logo depois olhei pra ele, nossos olhares se encontraram, levantei a mão como um comprimento e sorri. Tudo tinha que ser discreto, afinal todos estavam ali ao redor, inclusive Rafa, que absolutamente não podia desconfiar de nada. Ele também sorriu, e acenou. Logo o sinal tocou, nos direcionamos todos pra dentro do colégio, e quando eu estava chegando na sala meu celular vibrou. Era uma mensagem dele que dizia, “você é o mais lindo de todos”, fiquei bobo, com cara de criança que ganha doce. Ele realmente era um doce. Respondi: “nem seu eu nascer duas vezes vou ser mais lindo que você”.
Com muita dificuldade consegui me concentrar na primeira aula, era de História, e eu adorava. Sem dúvida uma das matérias em que eu mais me destacava. Tudo bem, eu estava bobo de paixão, mas era ano de vestibular e eu tinha que passar. As aulas transcorreram normalmente até que no terceiro horário a coordenadora pedagógica e de monitoria do colégio me chamou na sala, e me conduziu até seu escritório.
A escola encarregava alunos com boas notas a serem monitores, e assim ajudarem alunos que estavam com dificuldade a melhorarem suas notas através de estudos em dupla e coisas do tipo. Em geral eu sempre conseguia ajudar aqueles que monitorei, e pra mim o lado bom é que eu revisava as matérias enquanto explicava.
Ao chegar na sala da coordenadora me deparei com um novato, apesar de ele ter aparentemente a mesma idade que eu já o tinha visto entrando na sala do segundo ano. O garoto tinha cabelos loiros escuros mesclados com castanho, até pareciam luzes mas reparei que era natural, usava um corte de cabelo undercurt, cardigã azul claro sobre a camiseta de uniforme, skinny branca e sneakers Nike de cano alto com detalhes florescentes. Ele era bonito, e muito bem vestido. Ele parecia ser mais alto que eu. Bom, pelo menos esse ano não era nem um fracassado com espinhas e óculos torto no nariz. Ele estava de fones de ouvido, e parecia fazer pouco da situação, nem ao menos me olhara quando entrei na sala.
- Daniel, esse é Matheus, o colega que você vai ajudar este ano.- Disse a coordenadora de forma simpática pra mim. – SR. MATHEUS JÁ DISSE A VOCÊ QUE FONES E OUVIDO SÓ SÃO PERMITIDOS NO PERÍODO DE INTERVALO! Vamos, tire, tire. E seja mais educado, cumprimente Daniel. – Dizia a coordenadora com a voz esganiçada.
Inexpressivo, Matheus tirou os fones de ouvido contra a própria vontade, olhou pra mim e me observou. Olhou em meus olhos, pude ver que os dele eram azuis claríssimos, e deu um sorriso de canto de boca. Senti um formigamento no corpo, que menino lindo. Não, não eu não podia estar me atraindo por ele. Eu era apaixonado por Bernardo. Um incomodo começou a tomar conta do meu corpo, uma irritação.
- Oi – disse ele sorrindo, parecia deboche em seu rosto, ele parecia se achar uma estrela. Mas ele era o burro, e eu o inteligente. O colégio era meu a mais tempo, por tanto era eu quem ia ditar as ordens. Meu deus, como alguém podia me afetar daquela forma em tão pouco tempo? – Prazer, Matheus. Pronto? Já posso voltar pra sala de aula?
Tamanha foi a falta de educação que nem eu e nem a coordenadora tivemos a reação de responder. Ele se levantou e aguardou mais um momento.
- Amanhã te encontro na biblioteca às duas da tarde, traga seus programas de matérias e suas ementas. – Eu disse secamente.
- Até mais. – Ele disse, deu as costas e saí da sala. Fiquei perplexo.
- Matheus é de boa família Daniel, mas tem temperamento muito forte, digamos. Três reclamações de professores só esta semana. Mantenha-me informada do progresso dele, se ele falta os encontros que você marca e essas coisas. Escolhi ele pra você porquê acredito que coseguirá bons resultados.
- Ok. – Foi também tudo que consegui dizer. Dei as costas e também saí da sala. Irritado, nervoso. Que menino mal educado, e esnobe, arrogante e sem futuro. Uma imagem do seu peitoral enrijecendo quando ele levantou me veio à cabeça. Mas que droga, ele ia me pagar.
Naquele dia minha irritação foi tamanha que nem mesmo as mensagens bobas
de Bernardo, e muito menos as gracinhas de Rafa, que passara o resto do dia levando “patadas” conseguiram me animar. Até mesmo meu pai percebera o mal humor. Matheus já me dava nos nervos.
CONTINUA.