E de alguma forma, estou acorrentado nele e ele em mim... podendo sentir em cada toque seu. Seus lábios são ágeis, como tudo o que faz, e ele se aproveita disso para explorar com mais avidez os meus. Sua língua é quente e suave, como um chocolate quente num dia frio. Estamos num beijo ora selvagem e que me tira o fôlego, ora afetuoso e que me leva até outra dimensão. Eu o desejo e o pouco senso de raciocínio que ainda me resta me diz que ele também me deseja... e ele me têm, da maneira mais queimante e ardente que possa existir. Está deitado em cima de mim, peito com peito, pele com pele. Passo a mão pelas suas costas, nuas, macias. Aperto seu corpo mais forte contra o meu, e ele aumenta a cadência do nosso beijo. Posso ouvi-lo rosnando, como se estivesse saciando um desejo que sufocava a sua alma. Um desejo que o fez vir até aqui, diante de tudo... diante do mundo. Eu não consigo mais pensar e eu juro que me esforço, só tenho a certeza que posso viver disso a vida inteira, como se aquilo fosse um soro revigorante que equilibra minhas forças. De repente, ele interrompe o beijo e olha pra mim. Os trovões continuam fortes lá fora, acompanhando a intensidade da circunstância. Seu cabelo está bagunçado, porém lindo. Posso sentir sua ereção, lá embaixo. Ele me olha de um jeito diferente, como se me fizesse algum convite. Esfrega seu pênis em mim e depois sorri, malicioso. Depois pega ser dedo indicador e passa pelo meu lábio. Estou com a boca semi-aberta, contemplando-o. Ele é extremamente deslumbrante. Sinto um arrepio nos ombros. Ele, ainda friccionando o pênis em minha barriga, enfia o dedo indicador na minha boca, procurando minha língua. Sugo o seu longo dedo, sem tirar os meus olhos dos dele. Uma ideia me passa pela cabeça e eu sinto um calafrio. Ele fecha os olhos e abre a boca, num prazer enorme. Sua outra mão está afagando meu cabelo, atrás. Continuo sugando o seu dedo, em seguida ele tira e se ajoelha na cama. Agora estou admirando-o, sem fôlego. Seu corpo deve ter sido desenhando minuciosamente, com um abdômen magro, definidíssimo e irresistível. Com as luzes vindas dos trovões, posso ver o caminho que forma da cintura até lá embaixo. Olho pra ele, que está com a expressão mais sexy do que qualquer modelo da Calvin Klein. Desço os olhos. Um contorno considerável dança por trás da bermuda. Subitamente, suas mãos vão até o botão dela. Desabotoa-a e desgruda o velcro. Vejo um relevo mais escuro naquele espaço. Na região da virilha. Estou com o queixo batendo internamente... acho que externamente também. Ele enfia a mão direita naquele espaço e tira o pênis pra fora, abaixando um pouco a bermuda. Meu queixo que estava batendo antes, agora está caído. Ele pega nele e começa a se masturbar, brandamente. Estou imóvel, com a cabeça no travesseiro, admirando aquela cena... aquele espetáculo. Ele levanta um pouco a cabeça, agora com os olhos fechados. Minhas pernas estão dormentes devido ao “pré-ápice” da minha excitação e pelo fato dele estar em cima delas. De repente ele abaixa os olhos pra mim e como num sopro fala:
- Vem!
Ouço um revólver de atletismo dar a partida internamente. Tiro a cabeça do travesseiro e vou ao encontro “dele”, como um leão sendo atraído pela carne. E que carne! Apoio-me com um dos cotovelos na cama, para ficar na mesma altura que seu pênis. Com a outra mão, o seguro, firme. Estou tremendo! Meu Deus, nunca fiz isso antes e jamais imaginaria que fosse com um homem desses! Está duro e quente. É macio, como um ferro revestido de veludo. Hipnotizador. Enfio a boca. Tem um gosto suave. Ouço-o gemer.
- Ahhh, isso! – diz ele, passando as duas mãos pelo cabelo.
Faço como dizem que deve ser feito... Ok! Faço como vi em alguns filmes pornôs. Deslizo as lábios da ponta até o fim. Ele se contorce, depois acaricia o meu cabelo. Sinto os relevos das veias passearem pela minha língua, como massageadores bucais, se é que isso existe. Estou num ritmo lento, degustando cada centímetro, porém sugando com força. O gosto está ficando mais forte e mais intenso. Fico mais entusiasmado. Olho pra cima, tentando fita-lo. Está com as mãos entrelaçadas no cabelo e a boca aberta. Cada centímetro que entra na minha faz sua expressão mudar, indo de um prazer nível 1 até o 5, depois voltando ao 1, um compasso que me faz ter orgulho de mim mesmo. Começo a movimentar a boca mais rápido... mais... mais. Os trovões castigam nossos ouvidos. Ouço dizer entre o barulho:
- Ah cara, assim... vai! – soltando uma rajada de oxigênio de seus pulmões.
Suas palavras me guiam. Ele agora está movimentando os quadris, enfiando mais fundo na minha boca. Estamos num ritmo frenético... selvagem. Posso sentir seus músculos abdominais se contraírem a cada vai-e-vem. Ele segura a minha cabeça pelos cabelos como um animal. Não estou mais me movimentando, deixei tudo por conta dele. O barulho da chuva abafa os seus gemidos, e num surto de razão, eu penso “ainda bem!”. Seus testículos, que são cobertos por uma alegre pele rosa escura, vêm e vão ao meu encontro, como um sino das seis horas. Posso senti-lo no auge da sua desorientação. Inesperadamente, ele se afasta e diz:
- Espera...não quero que termine... ainda... – diz ele ofegante, procurando meus olhos na escuridão.
- Hã... como assim? – pergunto, desnecessariamente.
Ele ignora minha pergunta, e olhando para os lados pergunta:
- Você... hã... tem preservativo?
Um frio percorre a região da minha cintura até a parte de trás. Ele quer... Não sei se estou pronto. Mais uma “primeira vez” pra mim, e dessa vez, o nível é mais avançado. Estava comendo uvas internamente e agora me engasguei.
- Éh... acho que sim... na gaveta do computador. – respondo, lembrando das camisinha que eu e Vinícius recebemos na época do Carnaval.
Como se minha apreensão estivesse tatuada em minha testa, Rafael pergunta:
- Você já fez isso... né?! – diz ele, tirando a bermuda por completo e indo até a escrivaninha.
- Hum... não. – respondo, abaixando a cabeça com as bochechas fervendo. Ele pega a camisinha na gaveta e após a informação ele senta na cadeira giratória.
- Sério? – indaga ele, tentando esconder sua surpresa.
- Sim... – digo, cada vez mais envergonhado.
- Hahaha, que legal. Então... você... quer?! – diz ele, apoiando os cotovelos no joelhos e olhando pra baixo, nervoso.
Penso por um instante. Meu corpo quer algo e minha mente também. Suas palavras são simples, diretas, firmes. Ele não faz qualquer tipo de rodeio pra nada, simplesmente fala e alguma resposta pronta sai da minha boca. Em compensação, nenhum elogio ou qualquer outra palavra me causaria tanto impacto como do jeito que ele as diz. Flechas flamejantes que perfuram meus sentidos.
- Sim... quero! – digo, timidamente, porém seguro.
Ele levanta a cabeça, sorrindo, como se tivesse ganhado um doce... desarmando-me. Meu consentimento o faz levantar da cadeira bruscamente, vindo até mim como um lobo. Estou ofegante.
- Fica de bruços! – ordena ele, severo.
Obedeço. Ele tira minha bermuda, habilmente. Não ouso olhar pra trás e não tenho forças pra isso. Ouço o som de um pacote sendo aberto. “Embalagem erótica”. Sinto um ar frio passeando por minhas nádegas... está sumindo...algo se aproxima... o corpo dele agora está colado ao meu, acalentando minhas costas. Acho que fomos cometidos a ficarmos assim. Está roçando seu pênis nas minhas nádegas. Posso ouvir sua respiração instável, seu hálito quente afagando minha orelha e meu pescoço. Ele sabe fazer isso! É extremamente flexível. Sinto também as ondulações do seu abdômen me massageando por trás. Isso é muito bom...extasiante. Está gemendo baixo, como se quisesse conter sua excitação... seu ardor. Ele passa o seu braço por baixo das minhas coxas e as força pra cima empinando-me. “Chegou a hora”. Saindo de cima de mim, se posiciona atrás. Posso sentir a ponta de algo quente e duro. “Será que vai caber?”. Está forçando... Os trovões diminuíram o intervalo e esse silêncio só deixa a situação mais intensa... posso ouvir qualquer ruído... sentir qualquer sensação que paire no ar. Minhas pernas se enrijecem autonomamente, recebendo “aquilo”. Seu pênis está me preenchendo... Dor? Muita. Porém, já que não posso vê-lo, tento imaginar seu rosto fazendo isso. Deve estar em outra dimensão... num lugar que apenas pessoas que chegam ao auge do deleite conseguem chegar. Está num ritmo devagar, e assim prefiro. Sinto sua virilha tocar em mim... de novo... de novo. “Consegui”, penso. Minha cabeça e meus sentidos estão completamente direcionados àquele movimento, àquela região. Foco. Está indo mais rápido e agora está gemendo. Suas coxas estão batendo furiosamente em mim, fazendo minhas nádegas e meu interior arderem. Ele segura firmemente em minha cintura, alcançando um cadenceio de vai-e-vem convulso, mexendo-se de forma animalesca... violenta. Movimento-me para trás, possibilitando a ele ir mais fundo... ao inexplorado. Percebo que a cama está rangendo no chão, trilha sonora de um sexo primitivo, em seguida penso em minha mãe no outro quarto... esqueço. Nossos corpos adquiriram uma aliança sólida e inquebrável. Estou suando. Lembro que não liguei o ar-condicionado, já que a chuva trouxe um frio graúdo, porém, não imaginava que uma noite abrasadora dessas me aguardasse. Impressionantemente, ele consegue ir mais rápido, quicando em cima de mim. Sinto gotas de suor nas minhas costas caírem do seu peito, e, como se previsse, recebo o seu peito molhado desabar nas minhas costas, acompanhado de um gemido estridente e algo a mais compor o preservativo.
- Ah Felipe... aaaaah! – grita ele, desmoronando.
O lado esquerdo do seu peito bate zangadamente. Seu pênis latejante afrouxa dentro de mim. Minha garganta está seca. Desidratação sexual. Aos poucos vou saindo do estado de transe que me encontrava. A respiração dele lentamente está voltando ao normal e o ar que bate em minha orelha está vindo em espaços de tempo menores. Nossos corpos continuam colados, unidos por suor. Sinto um ardor, lá atrás. Estou exausto. Ele, bravamente, sai de cima de mim e ocupa o pequeno espaço da cama de solteiro do outro lado da cama. Interrompe o longo silêncio falando:
- Sua vez, vira! – diz ele, sussurrando em meu ouvido.
Eu, que estava de olhos fechados, abro-os rapidamente. “Como vou fazer?”, penso. Viro, nervoso com o que ainda está por vir. Ele agora está com cotovelo apoiado na cama, como uma escultura barroca. Ele desliza a mão pela minha barriga. Um arrepio notável faz com que meus mamilos endureçam.
- Você quer que eu faça? – pergunta ele, com a voz rouca e ofegante.
“O quê?”, penso. Analiso as possibilidades, mas não consigo chegar a nenhuma conclusão. Arrisco.
- O que vai fazer? – pergunto.
Ele sorri pra mim, ignorando a minha pergunta. Sinto-me como uma criança aprendendo a escrever. Ele desliza a mão mais pra baixo e agarra meu pênis, movimentando-o para cima e para baixo. Minha ereção não tem fim. Estremeço com o seu toque. Fecho os olhos, abraçando aquela sensação. Suas mãos macias “acolhem-no”, como uma luva propícia. Ele sussurra em meu ouvido:
- Você é muito apertado e quente, sabia? – sua voz sai como um sopro.
Meus dedos dos pés estão dobrados de tanta excitação e minha boca continua seca. “Será que vou conseguir aguentar o estouro?”. Mais um sussurro:
- Poderia comer você até o dia amanhecer, mas a gente não tem tempo... Goza pra mim! – diz ele, ofegante e mais sexy do que nunca.
Sinto meus olhos revirando de tesão. Estou chegando ao prazer em sua plenitude. Outro sopro:
- Você é lindo... como um anjo! – diz ele, mexendo a mão mais rápido.
- Você é um anjo... vocêee! – berro, explodindo em gozo. Minha mente falha e sinto um choque se dissipar pelo meu corpo. Escuro. Volto ao normal com sua outra mão afagando meu rosto. Estou de olhos fechados. Um lábio molhado toca o meu e o outro se move:
- Foi incrível!
Respiro fundo. Um cheiro de sexo entra pelas minhas narinas.
- Foi! – respondo, soltando o ar.
Escuro.
***
Acordo ao som de Locked Out The Heaven. O volume está baixo. Alguém me cutuca. Saio do meu estado de sono zen. O volume fica mais alto agora. Meu celular está tocando. Merda! Que horas são? Estico o braço e o pego na mesinha. Três e meia da manhã. Ainda tenho duas horas pra me despedir de Rafael. Atendo, sem olhar quem seria o inconveniente pra me ligar a essa hora.
- Alô? – pergunto, sem saber se disse “alô” ou se apenas pensei em dizer. Estou cansado demais.
- Alô, Lippo? – uma voz familiar surge do outro lado. Meu sangue pulsa e sinto o meu rosto empalidecer. Vinícius! Rafael está do meu lado, entretanto, está escuro demais e não consigo ver se ele está dormindo.
- É...oi...! – digo, despertando-me em tempo recorde.
- Desculpa te ligar, é que... eu precisava... falar com você, sobre a gente, sei lá... – diz ele, procurando as palavras certas. Tento parecer tão desperto como ele:
- Hum... pode falar.
Nessa hora, Rafael se vira e bate no meu braço com a mão:
- Aff, desliga esse celular, eu quero dormir! – em seguida solta um riso contido.
Institivamente, respondo:
- Espera! Pode falar Vinícius... – digo, sentindo minhas bochechas mudarem de cor. Um silêncio de três segundos preenche a situação.
- Quem tá aí Lippo?! – grita ele, incrédulo. Nenhuma palavra surge em minha mente. Merda! Merda!
- Ah... ninguém... Vinícius, tá viajando?! – digo, sendo extremamente não-convincente.
- Eu ouvi alguém falar! Eu ouvi... espera... É ele? Ele tá aí? – exclama ele. Pelo tom de voz dele, arrisco dizer que minha mãe acordou.
- Quem é? – pergunta Rafael, se mexendo na cama.
- Meu amigo! Fica quieto! – digo, dessa vez tampando o microfone.
- Quieto por quê, tá me escondendo de alguém?! Seu namorado?! – diz ele, levantando a voz.
- É ele, ele tá aí! Eu lembro da voz dele quando ligou pra mim! Eu vou ligar pra sua mãe agora Lippo, não quero você perto desse bandido! – berra ele.
Meus ouvidos são preenchidos por vozes alteradas de Rafael e Vinícius como alto-falantes.
- Manda esse cara se foder! Vai pra puta que pariu cara! – berra Rafael, se dirigindo a Vinícius. Se minha mãe não acordou, deve estar com medo dessa gritaria.
- Vou ligar pra polícia, ladrãozinho! – responde Vinícius.
- Fica quieto Rafael, pelo amor de Deus! Minha mãe vai acordar. – imploro.
Rafael se cala, bufando. Os dois se calam. Em seguida, Vinícius interrompe o silêncio:
- Depois de tudo Lippo... – diz ele, retraído.
Ele encerra a ligação. Um pressentimento ruim sobe pelas minhas veias.
(((( Oi? Gente, demorei a postar porque esse capítulo exigiu muito de mim, sério! Mas ele finalmente ficou pronto! Espero que gostem da noite intensa do Lippo e do Rafael. Vocês acham que ele deve/vai ficar com ele? Até agora, tudo leva a crer que sim né? Já adianto que vou tentar confundir vocês mais na frente hahaha beijos! ))))