Galera, muito legal os comentários. Amo muito tudo isso. Estou sempre acompanhando a casa, comentando os contos que gosto e vendo os comentários de vocês. Obrigado mesmo. Boa leitura...
Cheguei a uma rua mais deserta e só me toquei pra realidade quando Bruno me segurou com força:
- E pra onde você vai?
- Vou assumir que isso tudo foi um erro. Vou dar minha cara a tapa como eu nunca fiz na minha vida e me responsabilizar pelas coisas.
- Seja direto Carlos.
- Eu vou voltar pra BH. Eu vou encarar meus pais!
- Faça isso. Mostra mais uma vez o quanto você é covarde. Mostra pro nosso pai que ele tava certo e se torna o cordeirinho dele. É isso que você merece mesmo, fraco.
Ele saiu de cena e eu ainda tentava absorver o que ele havia me dito. Mais uma vez, suas palavras me tocaram fundo. Fui até a república de Leandro ainda pensando nas minhas próximas decisões. Os últimos dias tinham sido difíceis pra mim. Tinha consciência que passei de vítima do descaso do namorado para o grande traidor. Definitivamente, eu precisava fazer alguma coisa que de fato melhorasse minha situação.
Poderia estar forte por fora, mas por dentro eu estava destruído. Sentia muito falta de Bruno, do carinho dele, da companhia dele, do amor dele, da qual eu não podia duvidar. Mas meu orgulho falava mais alto, era incontrolável.
Ao mesmo tempo que morria de vontade de lhe pedir desculpas, só pensava em refazer a minha vida e esperar que ele corresse atrás de mim, mesmo sabendo que ele não faria isso. Não nessa situação.
Ao chegar, me surpreendi com Leandro de cabeça baixa.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Várias coisas Carlos, mas to pensando em como resolver.
- Se eu puder ajudar...
- Ainda não pode não. Mas qualquer coisa eu te aviso. Vamos estudar umas paradas ali?
- Claro.
Entramos no quarto dele, agora nosso, e começamos a estudar. Aquela atitude dele era estranha. Conversamos sobre a matéria apenas e nada de investidas da parte dele.
- Leandro, to ficando preocupado.
- Mais tarde eu te conto o que tá rolando.
- Me conta ago...
- Só mais tarde. Agora preciso sair.
Ele se levantou, dando a mínima pra mim, e foi embora.
Nesses momentos é que eu sentia cada vez mais falta de Bruno. E suas palavras ecoavam na minha cabeça. Mas eu não via outra saída.
Decidi sondar o terreno e ligar para minha mãe. Mantinha certo contato com ela, sem contar detalhes da minha vida, mas fazia o elementar: avisar que estava vivo. E isso parecia deixá-la saciada.
- Mãe, sou eu.
- Oi Carlos. Tudo bem?
- Sim. Eu preciso saber umas coisas.
- Diga.
- Meu pai tá em casa?
- Não. Ainda bem né. Ele não pode nem pensar que estou falando com você.
- Por que não mãe?
- Ele ainda não entendeu essa história de vocês dois né... aliás nem eu. Continuo achando isso uma perversão, mas amo você e, contanto que eu não veja, eu ignoro.
- É que eu estava pensando em visitar vocês.
- Acho melhor não Carlos. Isso pode não dar certo.
- Tá mãe. Te ligo depois, tchau.
Ela desligou o mais rápido possível e eu só me sentia mal. Será castigo? Decidi não pensar nisso. Esperei Leandro por um tempão e nada dele.
Ele só chegou quase meia noite, visivelmente alterado.
O cheiro de vodka vinha de longe. Ele entrou no quarto e me puxou para fora da república. Não usou força, me deixei ser puxado com medo do que ele diria.
- Preciso te falar uma parada e vou mandar de uma vez.
Estava começando a me preocupar:
- Diga.
- Você sabe que eu curto demais você né.
Ele foi me abraçando, e eu começava a ficar com náuseas daquele cheiro.
- Curto demais você cara, mas num dá pra tu içar na república não. Tô fudido se esses caras contam pra geral que eu tô de rolo contigo.
- Você tá me colocando na rua, é isso?
- Num tenho outra opção cara. Pula fora e depois eu te ajudo com alguma coisa.
Ele entrou já juntando minhas coisas de volta pra mala. Havia tirado poucas coisas dela e em alguns segundos ela já estava novamente em minha mão. Ele me entregou e deu um adeus fraco. Não entendia de fato a reação dele, mas não poderia culpa-lo. Eu que arcasse com tudo que plantei.
Talvez essa seja a hora de tomar uma atitude sensata e assumir todos os erros que cometi.
Não pensei mais. Fui até o lugar onde jurei felicidade a mim mesmo e a meu amor, meu irmão. Bruno.
Cheguei até o apartamento e bati na porta. Eram duas horas da manhã.
Bati tanto, com medo de acordar os vizinhos, mas certo de que estava fazendo o melhor.
Não demorou e ele atendeu. Tomei a atitude que devia ter tomado há tempos. Me ajoelhei e implorei:
- Bruno, me perdoa. Por favor. Eu te amo. Me perdoa?
CONTINUA...