OI GENTE, DESCULPA PELA DEMORA, ESSA PARTE DEVE ESTAR UM POUCO CHATA.... A VERDADE É QUE FALTOU INSPIRAÇÃO E EU ESTOU TENDO CRISES DE DORES DE DENTE E OUVIDO, POR ISSO PEÇO DESCULPAS E ESPERO POSTAR A PRÓXIMA PARTE O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL...
(Eu) — Por quê? – Perguntei, desviando os olhos da mulher do retrato que estava no tumulo de mármore branco. Ele refletia a luz do sol de uma maneira sombria, eu não estava me sentindo bem ali. Encarei Ruan, ele olhava para o tumulo, parecia que não tinha escutado minha pergunta. Ficamos os dois em silencio por alguns minutos.
(Ruan) — Queria que você a tivesse conhecido em vida. Vocês teriam se dado bem. – Ele desviou os olhos e me olhou, seus olhos estavam marejados. Me aproximei dele e o abracei meio de lado, ele me envolveu com os braços – foi tão difícil quando ela foi.
(Eu) — Shhh, fica tranqüilo. – Ele estava encostado em um tumulo de frente. – Agora eu to aqui.
Seu abraço ficou mais apertado, sua boca tocou minha testa – e nada nem ninguém vai tirar você daqui.
Uma nuvem passou em frente ao sol, e deixou que eu visse melhor a mulher na foto. Tínhamos apenas duas coisas em comum, e isso me deixou aliviado, somos brancos, ou ela era quando estava viva, e gordinhos, ela muito mais do que eu. Era redonda, e isso estranhamente a deixava, tenho que ser sincero, muito atraente. Seu rosto redondo era emoldurado por cabelos ondulados e ruivos, em seu rosto dava para perceber pequenas sardas espalhadas em suas bochechas. Na foto ela usava um vestido vermelho, só estava visível a parte de cima. O decote não terminava junto com a foto, era perceptível que tinha sardas em seus robustos seios. Seus olhos eram azuis escuros, aquela tinha sido uma mulher linda. A nuvem saiu da frente do sol e tive que desviar os olhos.
Ruan ficou de costas para mim – eu tenho que sair do país.
Senti um aperto no peito, era para isso que ele tinha me trazido aqui? Onde tudo termina, ele ia terminar comigo? Senti as lágrimas, minha garganta estava apertada. Quer saber, ótimo. Se ele ia terminar comigo eu já podia me jogar em uma cova e mandar jogar a terra em cima.
(Eu) — Você vai terminar comigo? – Minha voz saiu sumida. Ele veio e me abraçou. Seus braços traziam uma paz, uma segurança. Eu não queria perde-lo. Enxuguei as lagrimas em sua camisa.
Ruan me soltou e ficou de joelhos na minha frente, levantei uma sobrancelha. Seu sorriso era enorme. Ele enfiou a mão dentro do bolso da jaqueta, a não. Ele não ia fazer isso? Sua mão pegou em minha mão, sim, suspirei, ele ia. Em sua mão tinha uma pequena caixinha preta, uma caixa de jóias. Colocou-a em minhas mãos.
(Ruan) — Lucas sei que nos conhecemos há pouco tempo. Mas esse pouco de tempo foi suficiente para eu ter a certeza. – Ele me encarava, eu tinha diante de mim o gatinho do Sherek. – Certeza de que você é o homem da minha vida, não consigo mais viver sem você. – A caixa era de veludo, abri e pra falar a verdade me surpreendi. – Eu preciso de você do mesmo jeito que as flores precisam do sol, do mesmo jeito que os golfinhos mesmo vivendo na água precisam sair para respirar. Eu preciso de você para respirar, sem você me falta o ar, sem você fico perdido na escuridão.
Minha boca estava seca, minhas pernas tremiam. – Você é a luz da minha vida Lucas, eu não posso ficar sem a minha luz. Não posso passar mais nem um dia sem chama-lo de meu esposo. Você aceita se casar comigo e me fazer o homem mais feliz do mundo?
Ali estava a pergunta. E agora? O que eu deveria responder? Aquele pedido foi tão repentino… eu não sabia. Olhei mais uma vez para o anel dentro da caixa, era um anel de noivado. Era fino, aparentemente de prata e em cima um solitário. Olhei para a foto de Melissa, o que será que ela estaria pensando? Vendo ali, seu marido, seu viúvo na verdade, pedindo outro homem em casamento. Eu nunca tinha imaginado isso, muito menos depois da nossa briga hoje de manha. Olhei para o Ruan, que estava esperando uma resposta, eu queria dizer sim, ainda mais agora que ele tinha dito que ia embora, mas…
(Ruan) — E então? – Seu olhar era esperançoso, parecia um menino esperando a resposta da mãe do que ele iria ganhar de natal.
(Eu) — Eu não… - minha voz falhou, engoli e inspirei fundo. Ele abaixou os olhos. – Pra dizer a verdade eu não sei, foi tão inesperado. Eu não sei. Sendo sincero não sei se devo aceitar.
(Ruan) — Você não me ama? – De seus olhos escorriam lagrimas, aquilo me apertava o coração. Olhei em volta, aquele lugar devia ser muito especial para ele fazer esse pedido ali. Me soltei de suas mãos e fiquei de costas, agora lagrimas também escorriam pelo meu rosto.
(Eu) — Meu Dom Ruan eu o amo mais do que a mim mesmo.
Ele me abraçou por trás, - então por que não sabe? Quando duas pessoas se amam, elas casam, constroem uma vida juntos. Você sabe que eu também te amo mais do que qualquer coisa.
Virei encarando-o, se eu já não estivesse chorando começaria agora com a carinha que ele estava fazendo, com direito a biquinho e tudo. – Esse é o problema Ruan. – Ele me lançou um olhar confuso, peguei em seu rosto com as duas mãos. – Não é saudável um relacionamento assim.
Seus braços se estreitaram ainda mais a minha volta, - por quê?
(Eu) — Você acha que uma relação tão dependente é saudável? Eu não, e pra ser sincero nunca pensei em casar, namorar sim, viver junto sim, mas nunca tinha pensado em casar. E você sabe tanta coisa de mim, e eu tão pouco de você. Outra coisa é você ter me pedido estando drogado.
Seus olhos se arregalaram – mas eu na…
(Eu) — Ruan não negue ta. – puxei suas mãos e virei às palmas para baixo, em cima da sua mão direita, estava um pouco mais branca que a outra. – Eu não o estou culpando nem nada disso, é que. – Odeio cemitérios, mas eu precisava sentar, então sentei no tumulo de algum pobre coitado. – Eu te amo, e só Deus sabe o quanto. Tenho que pensar Ruan, preciso de tempo. Você pode me dar um tempo para pensar?
Pedi olhando para Melissa. Ruan parou na minha frente, - Ta Lucas eu usei, hoje de manha depois da nossa briga eu não agüentei e fui me drogar. Eu não tomei essa decisão do nada, sinceramente eu pensei bem antes de te perguntar. E se você precisa de um tempo, bom, se você não demorar muito eu te espero por toda a eternidade. Mesmo se a sua resposta não for a que eu espero, não termine comigo não. Vamos continuar namorando? Por favor?
Me levantei, coloquei as mãos em sua cintura. Ruan envolveu a minha com as suas, - não sei se estou preparado para casar, mas sei que não posso viver sem você. – Aproximei meu rosto do seu, e o meu celular tocou.
(Ruan) — Não atende, - sua boca já estava sobre a minha, ele falou sem parar de me beijar.
Olhei para a tela, era a Valquíria. Tinha esquecido que eu tinha que trabalhar hoje – eu preciso. – Falei parando de beijá-lo e atendendo o celular, ele me puxou para um abraço, e começou a morder minha orelha enquanto eu falava no celular – Alo.
(Valquíria) — Cadê você? Já era para você ter chegado há meia hora, aconteceu alguma coisa?
(Eu) — Calma Val, não aconteceu nada. Só esqueci da hora, mas já estou indo.
(Valquíria) — A patroa ta uma jararaca hoje, só esqueceu da hora você diz, vem logo que hoje ta um inferno aqui. – Ela desligou na minha cara, ela devia estar muito ocupada.
(Eu) — Ruan – falei enquanto guardava o celular no bolso – me leva pra loja?
(Ruan) — Mas você não ia pra sua casa guardar suas coisas?
Eu estreitei os olhos, - eu ia, só que agora estou meio sem tempo. Guardo quando eu voltar pra casa. – Ele balançou a cabeça. – E então? Vai me levar ou não?
(Ruan) — Levo, vamos. – Ele falou enquanto me encaminhava para fora dali.
Acenei para o tumulo de Melissa, - tchau, seria um prazer conhece-la. – Ruan sorriu, sei que não tinha necessidade, mas eu não queria que ela pensasse que eu não tinha educação.
(Ruan) — Tchau Mel.
Não vou falar do trajeto, desviando aqui e ali de túmulos novos e velhos, alguns com cruzes que me arrepiavam, outros com uns anjos que tinham olhos que pareciam me seguir. Dei graças a Deus quando finalmente consegui sentar no banco do carro. Ruan deu a volta no carro, sim ele tinha aberto a porta para mim, sentou e logo corria pelas ruas. Eu ia olhando pela janela, o que eu devia responder? Sim ou não? Se eu dissesse não talvez eu perdesse o homem da minha vida. Olhei para ele, seus olhos estavam concentrados na rua, como seria passar o resto da minha vida com ele? Eu queria descobrir.
(Ruan) — Lucas, - ele me chamou, seus olhos estavam em mim, voltavam para a rua e depois para mim de novo.
(Eu) — Hum.
(Ruan) — Eu acho que você estava certo. – Levantei uma sobrancelha.
(Eu) — Quando?
(Ruan) — Quando você disse que eu sabia tanto sobre você, e que você não sabia muita coisa sobre mim.
(Eu) — Sei e…
(Ruan) — Oras então pergunte. O que você quer saber sobre mim?
(Eu) — Eu não sei, acho que tudo!
Ruan riu, como era gostoso escutar a sua risada. Era uma risada baixa, eu o amava demais.
(Ruan) — Ta mais vamos por partes.
(Eu) — Eu sei que seu sobrenome é Blackwood, li no tumulo. Você sempre trabalhou para a Família? – Minha voz fraquejou. Suas mãos apertaram o volante, ele encarava a rua. Eu já estava arrependido de ter perguntado, pensei que ele não fosse responder.
(Ruan) — É, meu sobrenome é esse. E não, faz pouco tempo que eu trabalho para eles, tipo, uns três anos. Mais ou menos.
(Eu) — E antes você trabalhava em que?
(Ruan) — Eu era advogado.
(Eu) — Advogado? – Ele confirmou com a cabeça. – Como um advogado se envolve com o crime organizado?
Ruan suspirou – não foi pelo dinheiro. Depois que perdi a Melissa, desisti de viver. Eu vivia bêbado, ate que alguém me ofereceu cocaína e eu aceitei.
(Eu) — Foi o Gian?
(Ruan) — Não foi o Gian, foi um colega de bar. O Gian era meu primo, me falou que estava trabalhando para um cara e que tinha muita grana envolvida. Eu na época não sabia do que se tratava, e quando soube a primeira coisa que fiz foi recusar. Mas depois, comecei a pensar sobre o assunto, e com a cabeça já ferrada por causa da droga, eu aceitei ser um Estuprador. É assim que eles nos chamam de Estupradores. Nos dão imunidade, fazemos o que queremos sem medo de cair na cadeia. Só precisamos dar lições em algumas pessoas para eles. Mas eu não quero mais fazer isso.
(Eu) — Hum... mas você pode voltar a advogar, não é?
(Ruan) — Não Lucas, eu vou ter que sair do país. Há essa hora eles já devem estar desconfiados, o Gian vivia falando de você para os chefões e eles deram carta branca. Eu tenho um bom dinheiro guardado no exterior, pelo menos isso aqueles filhos da puta sabiam fazer bem. A gente pode começar uma nova vida lá fora, uma vida juntos. – Ele pegou na minha mão, apertei de volta e sorri.
(Eu) — E a Mônica?
(Ruan) — O que tem ela?
(Eu) — Ela é prima do Gian?
(Ruan) — Não, ela é do meu outro lado da família.
(Eu) — Quanto ela sabe de tudo isso?
(Ruan) — Não muita coisa, ela pensa que eu sou ladrão.
(Eu) — Você não tem medo dela te denunciar?
(Ruan) — A Mô nunca faria isso. Eu é que dei o dinheiro para ela cursar a faculdade de medicina, no começo ela não quis, mas depois aceitou. Somos apenas nós dois no mundo agora, eu e ela não temos mais ninguém.
(Eu) — Ei e eu?
Ele sorriu – eu quis dizer que não temos mais ninguém da nossa família.
(Eu) — Eu sei, só estava enchendo o saco.
(Ruan) — Pronto chegamos.
Dei um beijo nele e desci. Quando eu estava entrando na loja, ela estava muito cheia, hoje ia ser um dia daqueles, o Ruan me chamou. Voltei ate o carro.
(Eu) — Que foi?
(Ruan) — Você quer que eu venha te buscar?
Eu sorri – é claro que eu quero!
Ele sorriu também, mandei um beijo com a mão junto com um tchau. Encarei a loja, inspirei fundo e entrei naquele inferno. Fui direto para o banheiro, eu tinha que colocar o uniforme. Depois fui para frente, tinha uma senhora olhando um lingerie. Era uma senhora alta, por volta dos quarenta anos, magra. Cheguei perto.
(Eu) — Boa tarde senhora. – Ela me olhou de cima a baixo com uma sobrancelha levantada.
(A senhora) — Só estou olhando, quando eu precisar te chamo. Agora saia daqui. – E fez um movimento com a mão como se me dispensasse, quem aquela vadia rica pensava que era? Eu já ia dizer umas coisas pra ela quando alguém me puxou pelo braço.
(Valquíria) — Lucas vem comigo a Rosinha esta esperando por você.
(Eu) — Nossa quanto tempo eu não a vejo. Mas por que eu?
Valquíria revirou os olhos – como se você não soubesse.
Ela estava me arrastando para a área de calçados da loja, a vi de longe. Estava com um vestidinho branco e uma tiara rosa. Carol a estava atendendo, tinha um monte de caixas de sapatos ao redor da menininha. Rosinha estava em uma postura bem decidida, com os braços cruzados na frente do corpo e o rosto fechado. Dona Márcia, a mãe de Rosinha estava sentada no banco apenas observando a cena.
(Eu) — Oi Rosinha! – Falei me aproximando delas, Carol me olhou com a cara fechada. Rosinha quando me viu abriu um sorriso enorme, se levantou e veio correndo me abraçar. Devolvi o abraço. Carol passou por mim e sussurrou.
(Carol) — Da próxima vez vê se chega na hora. – E foi para onde eu tinha acabado de vir. Ela que atendesse aquela senhora sem educação, eu ia atender minha cliente preferida.
(Rosinha) — Por que você demorou Lucas? Não gosta mais de mim? – Seu rostinho estava muito serio, seus olhos verdes me encaravam. Me abaixei ficando da altura dela e sorri.
(Eu) — Claro que não princesa, se eu soubesse que você viria eu já estaria te esperando aqui. E então? O que você esta procurando hoje? – Perguntei para ela, mas quem me respondeu foi Dona Márcia.
(Dona Márcia) — Amanha é aniversario dela, nós viemos comprar tudo. Vestido, sapato, e todos os acessórios.
Sorri para ela e concordei com um aceno, depois olhando para Rosinha disse.
(Eu) — Quantos anos você vai fazer?
(Rosinha) — Advinha! – Ela me disse com um sorriso enorme. Coloquei o dedo na boca como se eu estivesse pensando.
(Eu) — Hum, me deixa ver, acho que dezoito – ela riu.
(Rosinha) — Não seu bobo; vou fazer oito.
Ergui uma sobrancelha – só oito, parece que você tem muito mais.
(Rosinha) — Eu pareço velha é?
(Eu) — Não, velha não.
Não vou descrever o trabalho que é ter que tirar um monte de vestidos dos cabides e ter que botar de volta, os sapatos também não ajudam. Quando terminamos, ela tinha escolhido com a minha ajuda um vestido amarelo claro, uma sapatilha branca e outras coisinhas…
Rosinha se despediu de mim com um abraço – quando eu crescer vou querer namorar com você!
(Eu) — E você tem idade pra pensar em namoro? – Perguntei sorrindo, acompanhei-as até o caixa e quando eu ia voltar para terminar de guardar as coisas Dona Márcia segurou em meu braço.
(Dona Márcia) — O aniversario dela é amanha, mas a festa será sábado – ela sorria, era uma mulher elegante, cabelos loiros assim como o de Rosinha – eu gostaria muito que fosse.
(Eu) — Eu?
(Dona Márcia) — É claro, a Rosinha te adora.
(Rosinha) — Você vai?
(Eu) — Eu posso levar ham… meu namorado? – Eu não sabia qual seria a reação delas, mas eu não podia ir sem levar o Ruan né gente.
Rosinha estava no colo de Dona Márcia, ela cochichou algo no ouvido da mãe, Dona Márcia sorriu – é claro Lucas, será um prazer para nós, então até sábado. – Ela me estendeu um cartão com o endereço, eu sorri e agradeci dizendo que iria sim.
O resto do dia se arrastou lentamente, eu quase saio nos tapas com uma patricinha. Olha nada contra, tem umas patricinhas que são bem legais, mas aquela nem conto pra vocês, ela era uma vadia. Quando a gente acha que não vai ter fim, chega o final do dia. Ruan já estava esperando com o carro, dei um beijo no rosto da Valquíria e voei para dentro do carro. O beijei como se o mundo fosse acabar naquele instante.
(Ruan) — Aconteceu alguma coisa Lucas?
(Eu) — Nada demais, só que hoje o dia foi longo. Me leva pra casa amor?
Ele sorriu, passou a mão pelo meu rosto – pra onde você quiser… - dizendo isso ele arrancou com o carro.
(Eu) — Fui convidado pra uma festa sábado. – Ele sorriu, mas percebi que suas mãos estavam apertando o volante.
(Ruan) — A é? E quem foi?
Eu sorri, Ruan estava com ciúmes de mim. – Ah, foi uma garota muito linda.
Ruan sacudiu a cabeça sorrindo – é aniversario dela e ela disse que faz questão que eu vá.
(Ruan) — E você quer ir? – Ele estava com uma camisa sem mangas que deixavam seus braços bem a mostra. Agarrei nele, ele estava quente.
(Eu) — Quero.
(Ruan) — Mas não vai. – Ele disse muito serio.
(Eu) — Com ciúmes amor?
(Ruan) — Sim. – E eu comecei a rir, ele me olhou e levantou uma sobrancelha, - ta rindo do que?
(Eu) — De você bobo. Você ta com ciúmes de uma menininha de sete anos. – Ele sorriu.
(Ruan) — Sete anos? – Confirmei com um aceno. – Acho que não vai ter nenhum problema.
(Eu) — Claro que não vai ter. Até por que você vai estar lá. Não se preocupe eu pedi para levar você e ela concordou, a mãe dela também.
Ele me deu um selinho. Continuei abraçado aquele homem durante todo o trajeto ate a minha casa, olhando pela janela não dava para ver as estrelas. A noite caia como uma manta sobre a cidade.
Ruan dirigia com cuidado, não em baixa velocidade, parecia mais cauteloso. Logo estávamos enfrente a minha casa, descemos do carro e Ruan foi abrir o porta malas. A maioria das coisas que eu tinha levado para casa da Valquíria se resumia em roupas, que o Ruan tinha recolhido e colocado em sacolas. Abri o portão e dei passagem para ele enquanto eu voltava no carro e fechava o porta malas. Olhei para a esquina, uma sensação estranha na barriga, parecia que alguém estava me observando. Entrei logo.
Minha mãe já estava esperando por mim na sala, entramos em casa. Eu queria pegar as sacolas para levar na área da lavanderia, Ruan fez questão de carregar ate lá. Depois voltamos para sala.
Minha mãe nos encarava. Ruan limpou a garganta e começou a falar.
(Ruan) — Dona Sonia, sei que devia ter pedido antes para a senhora. Mas já pedi ao Lucas, então agora queria pedir a sua benção – ele estava parado de frente para a minha mãe, acho que ele resolveu omitir a parte que eu tinha pedido um tempo pra pensar. – Eu pedi o Lucas em casamento. Seria muito importante para nós a benção e o apoio da senhora.
O olhar da minha mãe passou dele para mim e de volta para ele. Sua expressão era indecifrável, se levantou e caminhou até o Ruan parando frente a frente com ele.