Eu Encontrei Você (Num Lugar Sem Esperança) - Cap. 3

Um conto erótico de Th£o
Categoria: Homossexual
Contém 1656 palavras
Data: 09/11/2012 19:26:44

Levanto da cama contra a minha vontade, pra variar. Despertador é coisa do demônio! Cada vez tenho mais certeza de que eles diminuem dez minutos no tempo para tocarem. Tomo um banho rápido e depois visto qualquer roupa que eu não sinta tanto calor durante o dia. Adquiri com o tempo o dom de prever se o dia será quente ou não olhando apenas pela luz que sai das persianas. E hoje elas estão iluminadíssimas, como vestido de menina de quinze anos. Prevejo também eu chegando na faculdade suando pelas costeletas e tendo que tomar outro “banho” de torneira para tirar o suor. Ouço minha mãe me chamando:

- Lippo! Acorda! – diz ela, num dos seus primeiros gritos matinais com o intuito de me acordar. Dessa vez fui mais rápido que ela. Na realidade meu nome é Felipe, mas, segundo as histórias contadas pela minha mãe, eu não sabia falar meu nome quando era criança e dizia “Lippe”. O apelido foi pegando entre a família e amigos até que um mais próximo disse “Aff, Lippe é muito clichêzinho, vou te chamar de Lippo, é menos incomum e combina mais com você que é um pouco estranho!”. Não preciso dizer que não gostei e que relutei muito para que esse “apelido” pegasse entre as pessoas. Enfim, hoje estou aqui ouvindo até minha geradora gritá-lo como se ela tivesse criado e levado para ser registrado.

- Já tô indo! – digo gritando, porém em tom simpático, com medo de ferir a hierarquia matriarcal e evitar bons minutos de reclamações.

Saio do quarto. Na mesa, o de sempre. Um pão com manteiga esquentado às pressas no micro-ondas, fatias de queijo e presunto em um prato e um Toddynho. Nunca gostei de café. A verdade é que minha mãe me acostumou assim, ela sempre saiu muito cedo e muito atrasada para trabalhar e nunca teve tempo pra preparar café pra mim. Por isso, não exercitei esse hábito quase tipicamente brasileiro. Enquanto ela coloca alguns papeis na bolsa, atrasada como sempre, lembro que fui assaltado. Antes que eu tente pensar em não contar, as palavras saem:

- Fui assaltado ontem! – digo, tirando o plástico do Toddynho.

- O quê?! – diz ela, saindo da realidade dos seus papeis e me fitando como se tivesse ouvido a maior tragédia mexicana de todos os tempos.

- Um menino roubou meu celular, acho que ele estava drogado. – digo, contando em um tom incomum, como se isso acontecesse frequentemente comigo.

- Mas como Lippo?! Ele estava armado? Machucou você? Meu Deus, que desgraçado!

Minha mãe tem o péssimo hábito de fazer perguntas e não esperar pra ouvir as respostas. Sai resmungando como se alguém já tivesse cochichado tudo nos ouvidos dela. O telefone dela toca, ela atende. Enfio o canudinho na caixa de Toddynho, ouvindo fragmentos da sua conversa como “o Lippo foi assaltado Suzane”, “não sei se estava armado, ele não quis me contar, aposto que o bandido ameaçou matar ele caso desse mais detalhes” (como assim???), “ainda não sei, vou conversar com ele pra ver se vale a pena mesmo”. A fatia do queijo teima em não se desgrudar da outra, minha mãe interrompe meu desafio quando estava quase conseguindo:

- E você denunciou? – pergunta ela, dessa vez acho que vai ouvir a minha resposta.

- Não, já estava tarde. O celular nem é tão caro mãe, acho que nem vale a pena um dia de falta na faculdade. – digo, olhando para a fatia do queijo que quase consegui domar.

- Você que sabe Lippo! Já disse pra você sair daquela livraria! Além de deixar você muito cansado ainda corre o risco de acontecer essas coisas. – diz ela, segurando na cintura.

- Tudo bem mãe, eu vou ver o que faço! – sempre digo isso quando estou cansado demais pra discutir assuntos que rendem horas.

- Ok então! Tome cuidado! – diz ela me dando um beijo no rosto, pegando os papéis e a bolsa, provavelmente tentará organizá-los no caminho.

Minha mãe é assessora de imprensa num órgão público. Sempre está informada, atrasada, estressada e atolada de trabalho, tudo ao mesmo tempo. Meus pais se separaram quando eu tinha onze anos. Quando eu era criança sofri muito, talvez por que tive uma vida humilde desde quando nasci, mas podia me considerar inserido dentro dos padrões da época: pais juntos, felizes com a rotina e viagens de fim de ano. É inexplicável como as mães tem o espírito do aconchego. Eu nunca pensei em morar com o meu pai, apesar de já ter o visitado várias vezes e perceber que a minha vida seria bem mais confortável se eu tivesse ficado com ele. Mas a minha mãe me entendia, como se os nossos inconscientes, as nossas ideias e o nosso jeito objetivo de ser estivesse interligado por algum meio que ultrapassa o DNA. Retomo o tempo perdido engolindo a comida mais rápido, escovando os dentes em tempo recorde e saindo quase voando.

Chego na faculdade suado. O suor e o perfume não são duas combinações que eu gosto, apesar de existirem muitas pessoas que pensem o contrário. Quando estou entrando no banheiro, ouço uma voz mais do que conhecida berrando longe:

- Lippo, espera! - grita Vinícius. Vinícius foi o único amigo verdadeiro que eu fiz desde quando entrei na faculdade. Na verdade nós nos conhecemos no 3° ano, hoje 3ª série. Quem olha para o Vinícius não imagina a sua real personalidade. Vinícius é apaixonado por música eletrônica, e quando digo apaixonado, estou querendo insinuar que é quase um drogado. Usa roupas normais, como qualquer garoto de 20 anos. Calça jeans, all star com cores neutras e alguma camisa com desenho abstrato. Porém, nas noites, mais precisamente aos fins de semana, Vinícius se transforma num verdadeiro monstro com o seu equipamento de DJ. Com essa idade, já conseguiu enviar mixagens suas para serem estudadas com músicas de vários MC’s famosos e até algumas cantoras que arriscam fazer música eletrônica no Brasil. Costumo dizer que ele é um projeto de David Guetta brasileiro. Vinícius é bonito. Tem cabelos impecavelmente penteados para o lado (o detalhe que mais me faz pensar que ele tem uma personalidade errada), pele morena e lisa, olhos negros com cílios gigantescos e sempre está usando um colar estilo hippie com uma folha de maconha na ponta. Ele também tem um sorriso de tirar o fôlego. – E aí? Eu te liguei a manhã toda pra você não se esquecer de trazer aquele pen drive que eu deixei na sua casa e você não me atende, seu filho da mãe! – diz ele em tom furioso e brincalhão.

- Ah cara, eu fui assaltado ontem, você devia estar ligando pro cara que me roubou! – digo, contraindo os lábios simulando ter pena dele.

- Sério cara? Que merda! Ele te machucou? – finalmente alguém disposto a ouvir a minha versão.

- Não, só me mandou passar o celular! – em seguida conto como tudo começou, desde o ônibus. Omiti a parte que ele

pediu “por favor” e ficou me olhando ir embora. Acho estranho alguém saber disso. Enquanto relato, tomo o meu “banho” e saímos juntos em direção a nossa sala.

- Que bom que o celular não era caro, pelo menos não teve prejuízo! Vê se compra logo outro, eu não consigo passar um dia sem ouvir sua voz – diz ele simulando um tom apaixonado que me fez rir alto. Vinícius sempre fez esse tipo de brincadeira que dá a entender que não vive sem mim. Às vezes é aceitável, como agora, mas outras vezes é totalmente sem cabimento.

- Eu sei disso, Vinícius. Eu tenho um celular velho em casa, só preciso comprar um chip e você vai poder se comunicar comigo – digo batendo em seu ombro, consolando-o de maneira irônica.

- Tudo bem Lippo, eu espero o seu tempo! – diz ele, simulando um olhar triste.

Nossa encenação é interrompida pelo professor de Fundamentos da Administração. Chegar ao final desse curso sem olheiras será um mérito para poucos. O frio do ar-condicionado, aliado ao escuro necessário para passar os slides no “datashow” e o meu sono de todos os dias é a combinação perfeita pra eu tirar vários cochilos. No fim da aula até me sinto frustrado. Vinícius faz questão de me acordar de vez:

- Ei, acorda! Não teve noite? Por acaso anda querendo criar concorrência tocando nas noites? – diz ele, arrumando a mochila.

- Não, ainda não tenho dinheiro pra comprar minha aparelhagem! – retruco.

- É só fazer uns programas depois do trabalho e tá tudo certo Lippo! – responde em tom sério.

- Vou pensar no seu caso. – digo, dando um ar mais formal a nossa conversa.

Enquanto me distraio arrumando minhas coisas na mochila, ouço o celular de Vinícius tocar. Caderno... Apostila... Caneta... Escuto vozes “O quê?”, “Quem?”, “Acho que você ligou errado amigo!”, “Ônibus?”. Rapidamente minha mente entra em alerta, como se eu tivesse tomado uma dose enorme de café que eu não tomei durante a minha vida inteira. Olho para Vinícius. Ele está com uma expressão quase impaciente, anormal, se tratando dele. De repente ele vira os olhos pra mim. Tento desfazer a minha cara de gente-que-fez-coisa-errada. Ele continua com o celular no ouvido, olhando pra mim. Não tenho coragem de dizer e fazer nada, apenas espero. Aos poucos ele vai afastando o celular e diz:

- Acho que a ligação é pra você! – diz ele, impassívelGente, desde já, agradeço as pessoas que estão lendo o meu conto. Espero que a escrita esteja evoluindo e vocês gostando. Comunico que durante o fim de semana eu posso não postar, pois estou sem pc em casa – é sério – e dependo do computador do trabalho para digitar essa história. Enfim, na segunda-feira, juro que darei continuidade e espero que vocês comentem e, principalmente, critiquem. Lembrando que esse site é um site de “contos” e “contos” não necessariamente precisam ter algum vínculo com a realidade. Acredito que o principal é ter criatividade para manter os leitores presos à história, independente se ela dá informações sobre centímetros de pênis, posições do kamasutra e etc. Um beijo no coração! Até segunda!))))))

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Comentários

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Ai que maldade parar agora,mas aguardo super ansiosa o proximo.

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to gostando muito, mais pena q vc so vai postar segunda, parabens pelo conto!

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Concordo com vc e alias eu vou ficar muito triste que voce vai postar so na segunda pq eu to amando seu comto tha bjss e minha nota e 10

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Ainda prefiro o primeiro conto. Mas estou ansioso para o próximo. Por que só na segunda-feira. Whyyyyy??? Okay. Até lá.

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Concordo plenamente com o que vc disse. E por minha parte estou gostando muito e que pena que só ira postar segunda, mas tudo bem estou aguardando.

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