-Nós vamos sair hoje a noite. Vou te apresentar pros meus amigos.
Ele fez uma cara de quem não estava nada animado com a ideia.
-Por favor? – Implorei abraçando ele.
-Tudo bem, mas antes eu quero te apresentar uma pessoa.
-Quem? – Perguntei curioso.
-Meu pai.
Fiquei confuso. Como conhecer o pai dele? Várias perguntas me vieram a cabeça e, pelo meu rosto, ele deve ter percebido que eu estava confuso.
-Bom, dizem que quem esta em coma ainda consegue ouvir e perceber o que acontece ao redor. Meu pai é único que sabe de tudo da minha vida, inclusive você. Eu sei que parece estranho, mas eu realmente iria gostar se você fosse visitá-lo comigo.
Fiz que sim com a cabeça e ele logo me abraçou. Seu abraço ainda era melhor que o da minha mãe. Ele me envolvia e eu me sentia mais seguro do que nunca. Quando ele me soltou eu me senti desprotegido de novo.
-Vem, vamos tomar banho. – Ele me disse dando um beijo na testa.
-Minha mãe esta em casa! – Repreendi.
-Mas não juntos! – Ele riu. – Você já me deixou sem forças essa manhã.
Eu ri ao me lembrar de como ele também me deixou acabado. Antes que eu pudesse dizer algo ele me beijou com força. Me entreguei ao seu beijo enquanto nossas línguas exploravam a boca um do outro. De repente ele parou e sorriu pra mim com malicia.
-Acho que assim a gente não vai sair de casa hoje. – Ele disse enquanto grudava seu corpo no meu e eu senti sua ereção.
-Não. – Eu disse afastando-o com uma certa relutância - Temos compromissos importantes hoje. Vem, você toma banho primeiro.
***
Estávamos andando pelos corredores brancos do hospital. Hora ou outra um médico ou enfermeira passavam por nós, mas nada de mais. Nicholas estava com uma calça jeans da Calvin Klein e uma camisa gola V da Armani Exchange que ele não queria usar de jeito nenhum, mas eu acabei convencendo ele a usar. Eu estava com uma calça da Calvin Klein e uma polo da Lacoste. Ele odiava aquilo, realmente odiava. Mas como não dava tempo dele ele passar na casa dele, ele teve que pegar uma roupa emprestada do meu irmão.
-Você sabe que eu não vejo a hora de tirar isso, né? – Ele disse irritado e num tom que só eu podia ouvir.
-Eu também não, mas no hospital não pode. Talvez a gente cancele a pizza e volte pra casa pra te fazer feliz. – Brinquei.
-Besta. – Ele sorriu. – Mas é sério.
-Rela, imagina que você ta de regata, short e chinelo.
-Uma regata de 150 reais?!
-120. – Corrigi.
Ele me fuzilou com os olhos e antes que eu pudesse me desculpar ele parou em frente a uma porta com o numero 2846 na frente. Ele sorriu pra mim e abriu a porta. Entrei e ele fechou a porta logo atrás de mim. O quarto era branco e azul, havia dois sofás, uma poltrona e uma estante, fora a cama. Ele passou por mim e colocou umas flores em cima da estante e logo depois deu um beijo na testa do homem deitado.
-Pai, eu trouxe alguém pro senhor conhecer. – Ele baixo, mas eu pude ouvir.
Ele veio até mim, pegou minha mão e me levou até perto da cama. Conforme me aproximei pude ver o resto dele. Seus cabelos eram pretos e lisos, como o do Nicholas, o formato do rosto também era o mesmo. Na verdade, era o Nicholas mais velho. O homem respirava lentamente e não fazia um único movimento.
-Pai, esse é o Renan. O garoto que eu falei semana passada. – Ele disse como se o homem pudesse responder.
-Oi. – Falei sem jeito.
Nicholas olhou pra mim e sorriu. Puxou o sofá para perto da cama e nós no sentamos. Ficamos conversando com o pai dele por quase uma hora. Ele me contou como era a vida deles e o que eles faziam pra se divertir, até que meu celular tocou.
-Oi. – Falei me levantando em indo pro canto da sala.
-Oi chuchu. – Era a Carla. – Nós vamos chegar na pizzaria daqui uns cinco minutos.
-Tudo bem, nós vamos chegar uns cinco minutos depois de vocês.
-Ok, beijos.
Desliguei o celular e quando me virei, Nicholas já estava de pé.
-Vamos? – Perguntei.
-Vamos. – Ele sorriu e voltou para beijar a testa de seu pai novamente. Ele falou mais alguma coisa que eu não consegui ouvi e depois veio em minha direção.
***
Quando chegamos na pizzaria uma mulher veio nos antender.
-Mesa pra dois? – Ele perguntou com um sorriso.
-Não, não. Estamos com uns amigos. Eles já chegaram. A reserva esta no nome de Carla.
-Ah, sim. Por aqui, por favor.
Ela nos levou a um local mais afastado onde todos estavam rindo e se divertindo.
-Finalmente eles chegaram! – O Matheus disse.
-Caramba, a gente ia comer sem vocês! – A Carla se levantou e veio nos cumprimentar.
Ela é ruiva e com cabelos até o ombro, olhos castanhos a muito linda. É o tipo patricinha que adora oncinhas. Estava com uma calça jeans, uma camiseta de oncinha e um sapato de oncinha.
-Nossa, Reh, que gato! Quem é esse que eu não conheço? – Ela perguntou olhando pro Nicholas.
-Carla, esse é o Nicholas. Nicholas, Carla. – Eu disse enquanto ele ficava vermelho com o abraço e o aperto na bunda dele. – Carla! – Repreendi.
-Bom, é lindo, tem uma bundinha gostosa... Ok, você é gay, né? - Ele olhou pra mim assustado e eu comecei a gargalhar. Ele estava vermelho e pálido ao mesmo tempo. – É brincadeira. – Ela o acalmou. – É que hoje em dia não se acha mais garotos lindos e héteros. Veja o Matheus, por exemplo!
-Há-Há! – Ele disse com ironia.
Apesar de ser irmão da Carla, o Matheus não tinha nada a ver com ela. Tinha cabelos pretos e lisos curtos e olhos verdes.
-Vocês vão ficar de pé? Sentem! – A Carla falou voltando pro lugar dela.
Depois de apresentar o Nicholas pra todos nós pedimos as pizzas. Enquanto comíamos, conversávamos sobre tudo. O Nicholas se tornou o centro das atenções pras meninas, o que me estava me deixando com raiva. Pelo resto da noite nós curtimos bastante. Nicholas foi bem zuado pelo meus amigos, mas ele respondia com uma zuação pior ainda. Todos adoraram ele.
Depois de algumas horas todos começaram a ir embora, inclusive eu e o Nicholas. Pedimos um táxi que nos deixou na porta da minha casa. Quando estávamos no portão ele parou.
-Eu tenho que ir embora. Não vou entrar. – Ele disse meio triste.
-Entra, por favor? – Aproveitei que não tinha ninguém e me apoiei em seu peito definido pela camisa.
-Não. Você tem que acordar cedo amanhã e eu tenho que resolver uma coisa. – Ela estava triste, mas sua foz era forte e percebi que ele não ia ceder.
-Tudo bem então. – Falei triste. – A gente se vê amanhã?
-Não sei. To em provas na faculdade e acho que essa semana não iria ser um bom tempo. – Ele parecia querer sair logo dali. Sua resposta era fria.
-Tudo bem então. Tchau. – Eu disse com um pouco de raiva e depois dei um beijo nele.
Aquele beijo não foi como os outros, parecia que ele não estava feliz com aquilo. Olhei para ele com um certo desprezo, mas entrei em casa sem dizer nada. Passei pisando firme pela sala, onde estava minha mãe. Ela perguntou algo, mas eu não ouvi. Apenas fui para meu quarto. Ele estava estranho, mas eu não sabia por que. Depois de um tempo deitado na cama ouvindo musica acabei dormindo, o que foi bom. Pelo menos eu não pensava nele...
***
Bom pessoa, é isso. Eu sei que essa parte pode ter sido meio chatinha, mas duas coisas que vocês saberão depois teve inicio nessa parte. Espero que tenho gostado. xD