Capítulo 6
Pessoal, obrigado por todos os comentários. Como ja disse, nunca escrevi, nem mesmo diario. Preciso da ajuda de vocês, pra me orientar em como escrever essa história. Espero que esteja no ritmo correto.
Abraço a todos.
Sem pensar duas vezes e com raiva nos olhos, Fernando vai em direção aos dois, que conversavam animadamente.
Fernando coloca-se de frente ao dois, parecia 2 vezes maior que seu tamanho natural. Com um tom agressivo e com o rosto fechado interrompe os dois:
Fernando – Pelo visto o papo ai esta bom demais néJoão e Alex notam a presença de Fernando, João sorrindo diz:
João - E ai cara, onde você esta? Demorou? Disse ainda sem perceber que seu amigo não estava com o melhor dos humores.
Alex – Senta aqui com a gente Fefe.
Fernando – Continuem a vontade, tem outros convidados me chamando. Disse secamente, saindo como um foguete da vista dos dois.
Só nesse momento que João notou que algo tinha acontecido.
Alex já tinha sacado e fez questão de provocar Fernando, na verdade eles nem eram amigos, Alex só estava presente, pois fora convidado por uma prima de Fernando e Felipe, que estava presente na festa.
Alex iria dar continuidade a conversa que estava tendo mais foi interrompido por João, que partiu atrás de Fernando.
Fernando estava na cozinha colocando a cerveja no freezer.
João – Fernando aconteceu alguma coisa?
Fernando continuando sua tarefa, respondeu sem olhar no rosto de João.
Fernando – Nada, pq?
João – Te achei meio seco la fora, ta tudo bem mesmo cara?
Fernando – Já disse meu, ta tudo certo, vai la pra fora... se divertir.
João – Ta bem.
João sabia que não estava bem, mas achou melhor não insistir, voltou a ficar ao lado de Cíntia e até o fim da festa, Fernando não se aproximou mais deles e nem deu mais nenhum sorriso.
Já estava ficando tarde, João estava triste pois sabia que Fernando não tinha sido legal com ele, não entendia o motivo.
Cíntia e João despediram de todos mas não encontraram Fernando pra dar tchau.
No caminho João contou o ocorrido para Cíntia.
João – Estava conversando com aquele cara, o Alex, Fernando foi bem rude conosco, depois fui falar com ele, me tratou bem seco, você ficou sabendo de algo, aconteceu alguma coisa com ele la na festa?
Cíntia – Ele não vai muito com a cara do Alex, o acha meio entrão e de certo ficou com ciúmes de você com o Alex.
João – Como assim?
Já na porta do prédio de João dentro do carro.
Cíntia – Você jura que realmente não sacou o que esta acontecendo?
João – Do que você esta falando Cíntia?
Cíntia – O Alex é gay, estava te cantando, ou você acha que ele realmente te achou um cara interessante pra bater um papo? Estava apenas tentando ver se colava algo, e se colar, colou.
João – Perai Cíntia, não tenho nada com isso, tava conversando de boa com o cara, mas e outra, onde o Fernando entra nessa?
Cíntia – João, vamos la. Somos amigos, sou muito discreta, jamais seria invasiva com você.
João – Não estou entendendo Cíntia.
Cíntia – você é gay?
João – o que?
João ficou nervoso, já suava, transpirava sempre que estava em uma situação desconfortável ou de preocupação. Embora confiasse totalmente em Cíntia, não sentia-se a vontade de falar sobre sua sexualidade com qualquer pessoa que seja, até mesmo com seu psicólogo, quando fazia terapia, tinha uma dificuldade de lidar com esse tema.
Cíntia – Desculpa, não quero ser inconveniente, mas pra mim isso não mudaria em nada nossa amizade, só acho que. Foi interrompida por João.
João – Nada a ver isso Cíntia.
Cíntia percebendo o desconforto do amigo, tratou de encerrar logo o assunto.
Cíntia – O Fernando é assim mesmo, deve ter tido alguma briga com a mãe, irmão, pai e como não vai com a cara do Alex, acabou descontando sem querer em você, não considere as atitudes dele de hoje, releve.
João – Bom, vou nessa, obrigado pela carona.
Cíntia – Durma bem.
Deitado em sua cama, João refletia sobre o acontecido:
- Será que eu aparento ser gay? Será que a Cíntia sabe de mim? Sou um cara discreto? Essas perguntas sem respostas martelavam em sua mente.
- E o que o Fernando tem a ver com isso? Pq ele tem ciúmes do Alex? Não é possível, será que o Fernando é gay?
Esses questionamentos ficavam sua cabeça, até ser vencido totalmente pelo sono.
Algumas horas antes, Fernando estava em seu quarto, quase todo mundo já havia ido embora.
Felipe – o que aconteceu contigo cara, ta com cara de quem comeu e não gostou.
Fernando – Não vou com a cara desse Alex, nem sei o que ele veio fazer aqui.
Felipe ria ironizando o irmão.
Felipe - O viadinho deu em cima de você é? Meu irmãozinho vai fazer troca troca com ele. Ria debochando de Fernando.
Fernando já irritado com a brincadeira:
Fernando – Cai fora daqui moleque, me deixa sozinho.
Felipe – Ei, ta bom, foi mal ai. Já saindo do quarto.
Fernando pensava:
Como fui grosso com o João, não queria magoá-lo, mas só de pensar que ele e aquele cara...
Fernando levantou e resolveu tomar uma ducha e dormir.
Os dias foram passando, João seguia sua rotina de sempre. Ele e Cíntia nunca mais tocaram no assunto que tiveram no carro, no dia do churrasco. João gostaria se ser uma pessoa mais leve, dividir seus problemas, confiar mais nas pessoas, que mal teria Cíntia saber que era gay? Mas algo o travava.
João estava decidido a esquecer essa historia de Fernando de uma vez por todas, ver o cara como um amigo, pois previa que viria sofrimento pela frente, caso começasse a alimentar um possível amor.
Era um sábado, João não tinha nada pra fazer, sua solidão já não o incomodava mas as vezes ele precisava estravasar, seu apartamento parecia uma caixa de fósforo naquele dia, ele precisa tomar ar, se sentir solto. Saiu sem rumo andando, olhando as coisas a sua volta, pensava na vida, no seu trabalho, seus estudos, na vida que deixou na cidade onde nasceu, estava em um lugar familiar. Ele se lembrava muito bem daquele lugar, não tinha tanto movimento como aquele dia, mas na mesma hora vieram algumas recordações que insistiam em manter-se presente em sua vida.
Caminhou mais um pouco e o que era só um pensamento distante, passara a ser real, seu olhos fixaram naquela figura imóvel. João se aproximou mais, não acreditando em tamanha coincidência, naquele mesmo banco, onde a umas semanas atrás estava sentado com uma regata branca, estancando o sangue em seus lábios, hoje via Fernando, sentando, inerte, olhando fixamente para o nada.
João se aproximou, agaixou-se na altura que Fernando estava, até então o outro, não tinha notado a presença de João.
Ao perceber que estava cara a cara com João, Fernando se assustou, como se tivesse acordado de um sono profundo.
Fernando – João? O que você esta fazendo aqui?
João com as mãos apoiadas no joelho de Fernando apenas sorriu, exibindo seu enorme sorriso, capaz de derrubar em milésimo de segundos sua feição séria.
Fernando – João, me perdoa?
Continua
