Caramba! Tô curtindo muito ler o comentário de vocês... e não se preocupem que zelo muito pela continuidade dos contos, logo tento postar rapidinho. Obrigado a todos e boa leitura. Add: carloscasa1@hotmail.com
Ficamos deitados no sofá, ele contando sobre o trabalho (como sempre) e eu só pensando nas festas de Floripa que me esperavam. Até meu celular tocar. Era mensagem.
Ia pegar, mas Bruno foi mais rápido.
“Massa ter te conhecido. Num vejo a hora da gente curtir as noites de Floripa. Amanhã te ligo. Leandro.”
- Que porra é essa Carlos?
Me levantei correndo e fui ler a mensagem. Bruno já estava vermelho e aguardava por uma resposta.
- É só um amigo Bruno.
- Amigo? Desde quando você tem amigos aqui?
- Desde quando eu cansei de ficar sozinho.
Esse papo ia render e ele parecia chocado com o que eu dizia.
- Então quer dizer que você procura alguém porque tá se sentindo sozinho aqui?
- Bruno, você trabalha, eu não. Você tem amigos no trabalho. Eu só me dei ao luxo de conhecer um colega de sala.
- Eu tinha me esquecido de quanto você era mimado.
- Eu? Bruno, será que eu tenho que te pedir pra conversar com alguém? Você tá agindo como um babaca.
Ele me olhou aguentando a “ofensa”, se encolheu e foi pro quarto. Decidi não ir atrás. Respondi a mensagem do Leandro com uma carinha feliz e fiquei assistindo tevê. Se ele queria pirraça, vamos ver no que dá.
Em alguns minutos ele juntou algumas coisas dele e foi pro outro quarto.
Aquela noite sem ele do meu lado foi péssima. No meio da madrugada acordei e não aguentei. Fui até seu quarto. Não ia dar o braço a torcer, mas observá-lo dormindo me fez chorar, em silencio. Será que eu estava errado? Não. Precisava disso!
Voltei pro quarto e fiquei rodando na cama até conseguir dormir. Acordei sem ser chamado por ele, pela primeira vez em Floripa. Tomamos café quase em silêncio e por dentro eu me matava por ser o culpado de tudo isso, mas precisava sustentar minha palavra. Até quando ficaria submisso a ele?
A
lguns minutos depois ele se levantou, pegou as chaves do carro e foi em diração à garagem do prédio, sem dizer nada. O segui, não acreditando.
- Você não vai me levar?
Me encostei no carro, ainda não acreditando no tamanho da pirraça dele.
- Ia me esquecendo de você.
Aquilo me magoou.
- Bom trabalho então.
Subi os cinco andares até o apartamento o mais rápido que pude. Me tranquei no quarto e nem dei tempo pra que ele entrasse. Segundos depois ouvia suas batidas na porta, mas só fiz ignorar. Ele dizia que estava arrependido, que estava sofrendo, mas eu estava chateado. Fiquei quieto até ele desistir e ir trabalhar.
Tinha medo de estar colocando tudo a perder, mas eu tinha meu orgulho. Ele não podia dizer tudo que pensava e pronto.
Fiquei em casa, não fui à faculdade. Arrumei umas coisas que ainda não estavam arrumadas. Bruno me ligava o tempo todo, mas não queria atender.
Por volta das dez da manhã, Leandro me ligou e eu resolvi atender.
- Oi.
- Colé cara. Vem pra aula não? Tá tendo atividade aqui.
- Num vai dar não Leandro. Tive um problema aqui. Mas vale muito ponto?
- Cara, acho que uns 20, mas dá pra terminar em casa. Se quiser eu te ajudo a fazer. Rola?
- Seria ótimo. Pode ser hoje ainda? Não quero ficar atrasado...
- Pode sim. Você passa lá em casa e a gente dá um jeito. Ah, melhora essa voz porque to achando que alguém morreu.
- Valeu pelo toque. Até mais tarde.
Nos despedimos e ele mandou por sms seu endereço. Mesmo conhecendo pouco da cidade, sua casa era muito bem localizada, com ótimos pontos de referência e chegaria fácil por lá.
Estava empolgado por essa amizade, afinal o jeito de Leandro era encantador. Bruno não foi almoçar em casa e tive que comer sozinho.
É, o castelo estava ruindo!
Só me restava esperar, já que uma atitude poderia nos machucar muito.
Por volta das duas da tarde, Leandro me liga:
- Aqui, queria desmarcar aquela parada hoje.
- Hum... que pena. O que houve?
- É que num vai rolar de você vir aqui em casa, tá maior bagunça. Mas se tu arrumar outro canto.
- Pode ser aqui em casa uai. Te passo o endereço.
- De boa então.
Passei o endereço e em quarenta minutos ele estava na portaria. Fui buscá-lo e ele estava muito gato, mais do que de costume. Sua pele bronzeada contrastava com seus olhos verde musgo.
- Tudo bem? Vamos subir?
- Sim e sim.
Rimos juntos e subimos.
Após ele elogiar o apê, disse que seu sonho é morar sozinho e emendou mais uns papos até começarmos de fato a revisar a matéria que perdi para fazermos o exercício.
Aquele cara estava me encantando.
Seu jeito maroto, moleque, era totalmente diferente no jeito sério que Bruno vinha demonstrando. As vezes metódico, meu irmão assumiu uma postura de trabalho que não me fazia bem, que não me empolgava como antes. Mas nunca havia dito isso a ele...
Leandro falava sobre tudo. Incrível como tinha repertório para vários assuntos. Até para os mais chatos. Sabia falar de política, religião, sem deixar o assunto pesado. Era incrível!
- Vamos comer alguma coisa?
- Quero dar trabalho não... pode deixar que eu como em casa!
- Já tá querendo pular fora Leandro? Falta metade do trabalho ainda...
- Comigo não tem essa cara. Quando ajoelho, rezo. Num abandono nada não. Bora comer algo então.
Fomos pra cozinha e ele não parava de me encarar. Aquilo estava ficando clichê demais. Resolvi meio que cortar o clima:
- Até agora você não me disse o que tem de bom pra fazer em Floripa.
- Ah, tem várias coisas. Praias, baladinhas, barzinhos. Tudo bacana. Quando quiser ir eu te levo. E tem coisas que não precisa sair de casa pra experimentar.
Eu entendi a deixa. Uma descarga de tesão passou por mim e não resisti. O beijei!
CONTINUA...