Sonhos Secretos – 8º Capítulo
Pessoal, segue mais um capítulo, este será um pouco triste, mas será o motivo para alguns desdobramentos da história, alguém disse que a história seria clichê, porém darei uma vivacidade a temas poucos abordada aqui no site.
*
Ele me levou até a minha casa, e em um trajeto que normalmente eu faço em quase duas horas, foi feito em 40 minutos de carro. Ao parar na entrada, ele falou:
- Eu vou com você.
- Não precisa, acho que aguento algo da minha mãe.
- Não sei, faz assim, você entra e vê o que é, e me avisa se posso entrar ou não. – Falou.
- Ok, pode deixar.
Desci do carro e entrei pelo portão de casa, me dirigindo até a porta. Parecia que algo estava estranho e olhei para trás, porém não havia notado alguns muitos carros na rua.
Olhei para a porta e segurei a maçaneta, e entrei. Deparei-me com uma cena que nunca presenciaria. Tios, tias, primos e primas, amigos da família e alguns mais estavam próximos a minha mãe, que chorava compulsivamente. Ao entrar, algumas pessoas me fitaram inclusive minha mãe que a me ver, se jogou pra cima de mim como se fosse à única pessoa que poderia ampara-la naquele momento.
-Que foi mãe? O que aconteceu? – perguntei a ela, e não obtive nenhuma resposta. Uma tia minha, vendo a situação, me explicou, que meu pai, que estava em viagem, havia voltado a pouco e passado na casa de meus avos, iria leva-los até a casa da minha tia, porém na metade do caminho, um bêbado que estava dirigindo um carro de luxo, estava em alta velocidade e acabou atingindo o carro do meu pai.
Só de ouvir aquelas palavras, não aguentei, e comecei a chorar. Aquilo não poderia estar acontecendo, não com meu pai.
Mas a história não parou por aí, os três que estavam no carro morreram na hora. Não acreditei quando ela terminou de falar, meu querido pai, havia sido morto por um “boyzinho” filho de papai sem miolos nenhum na cabeça e sucumbido.
Naquele momento não quis ouvir mais ninguém nem nada, corri para o meu quarto. Não queria ver, muito menos ouvir o que havia acontecido. Havia se passado em média de 10 minutos, eu estava no meu quarto chorando muito, quando alguém bateu a porta do meu quarto.
- Vai embora, quero ficar sozinho. – falei, ainda chorando muito com o acontecido.
- Primo, sou eu, Flávia. Têm um rapaz lá embaixo querendo falar com você, disse que veio com você e que ainda estava lhe esperando.
Não lembrei mesmo que havia deixado Rafaello plantado na frente da minha casa, me esperando.
- O manda subir, por favor – falei chorando muito.
Ela deu dois toques na porta, e ouvi seus passos indo embora. Voltei a chorar muito no meu quarto. O homem que eu mais amei no mundo morreu por causa de pessoas imprudentes. Levantei-me e fechei a cortina do meu quarto, fazendo com que ficasse um verdadeiro breu. Coloquei um CD qualquer de música lírica, e aumentei o volume. Não sabia no que pensar, e como agir. Deitei novamente na cama, e em meus pensamentos lembrei-me de cada momento que passei com ele.
Cada tombo meu, cada sorriso dele, cada “Vamos Campeão, eu te ajudo”, me fizeram chorar cada vez mais. A única figura por quem eu realmente era apaixonado, como o fogo se apagou, como a água evaporou e como uma tempestade deixou marcas. Meus pensamentos eram de dor, raiva, ódio. Na verdade era um turbilhão de coisas.
Ouvi algumas batidas na porta do quarto e logo uma luz adentrou o quarto. Sabia que era ele, assim que entrou, fechou a porta do quarto e eu sentei. Liguei o abajur que ficava próximo a minha cama e ele sentou próximo a mim. Meus olhos ainda estavam marejados diante da noticia que acabara de receber.
Ele olhou em meus olhos e nenhuma palavra precisou ser dita, seus braços me envolveram e pude sentir o abraço e afago de uma pessoa que apareceu em um momento bom e ruim na minha vida. Ele despertou desejos que não sabia eu que tinha, mas em um momento que não era propicio.
- Shhhh, chora. Estou aqui com você. – Falou Rafaello me consolando.
Aquelas palavras foi o ápice pra mim, chorei como nunca e acabei dormindo e sonhei. Falo que eu não era uma pessoa religiosa, mas acreditava que Deus existia e que zelava por nós, mas naquele sonho, senti o qual forte era a ideia de vidas passadas.
No sonho, alguém vinha até mim e me falava que muita coisa estava para acontecer na minha vida, e a partir daquele momento muitas pessoas poderiam ficar contra mim. Meu pai aparecia do nada, e falava que sempre esteve ao meu lado e que uma hora ou outra aquilo iria acontecer. Da mesma forma que veio sumiu. Senti-me que estava em um local diferente, ou melhor, numa época diferente. Não eram as mesmas pessoas, mas ao ver seus rostos, pude realmente sentir que as conheciam de algum lugar, mas não as reconhecia.
Ouvi barulhos, e acordei assustado com o coração palpitando. Aqueles flashes vieram novamente em minha cabeça, e pude então constatar que já passava da hora. Rafaello não estava mais no quarto, mesmo assim seu cheiro continuava no ar, inclusive, parecia que um balde agua havia sido jogado em mim, pois estava com aas roupas como agua no corpo.
Levantei-me da cama, e me dirige ao banheiro. Tirei toda a roupa do corpo e liguei o chuveiro, não queria saber de nada naquele momento, pude realmente sentir a dor que estava no corpo, lavei-me, passei shampoo e condicionador no cabelo, fiquei mais 20 minutos no chuveiro, e não queria saber de mais nada. Terminei de tomar banho, saí do chuveiro e me sequei, saí do banheiro e ao entrar no meu quarto uma das minhas primas estava lá.
- O que você está fazendo aqui, Camila? – Perguntei.
Sabe aquela pessoa que você mais odeia na face da terra, era ela. Nunca fomos grandes amigos, muito menos “primos”, ela era um encosto na vida de toda nossa família.
- Nossa, primo, fim trazer minhas condolências – falou – E que condolências – Riu ela sarcasticamente.
- Você é muito insolente menina, o que você que aqui no meu quarto – perguntei morrendo de raiva.
- Calma, vim apenas verificar se você está bem. Ainda por cima depois que aquele gato saiu daqui. O que ele é seu? – perguntou.
- Nada que seja do seu interesse. E outra coisa vai saindo do meu quarto antes que eu cometa um homicídio em minha residência e pegue uns 12 anos de reclusão. VAZA – disse com a voz um pouco alterada e já a empurrando-a do meu quarto.
Ela esquivou dos meus braços e olhou nos meus olhos dizendo.
- Nem se preocupe, pois aqui nada têm que me interesse, mas lá na sala. – falou dando risadas.
- O que tem lá na sala? – Perguntei morrendo de raiva.
- Nada apenas um homem bonito e cheiroso que eu darei em cima – disse, e eu fiquei com um ódio dela que ela percebeu – Fica bravo não primo, pode ter certeza que serei melhor que você. – E saiu do quarto.
Aquelas palavras me encheram de ódio, mas como eu não era nada dele, o que poderia fazer. Ele apenas era o cara mais bonito que eu já havia conhecido e estava comigo, somente comigo.
Terminei rapidamente de me secar, vesti uma roupa qualquer e fui em direção à sala. Ao descer as escadas vejo uma cena que muito me comoveu, ainda por cima vindo de uma pessoa que não conhecia minha família. Rafaello estava abraçando minha mãe, tentando ainda fazer com que ela parece de chorar. Desci as escadas pé ante pé para que ninguém me ouvisse chegar à sala, mas foi em vão.
Camila pareceu um alto falante.
- Olha a Bela Adormecida apareceu. - E sarcasticamente riu.
Rafaello olhou para ela com uma cara que parecia que comeria a pessoa em apenas um segundo. Minha mãe na mesma hora começou a se debulhar em lágrimas, e mais uma vez a atitude dele foi totalmente lisonjeira.
- Garota, você não tem um pingo de educação? – Falou e todas na casa se dirigiram a ele – Se não percebe, existem pessoas que estão realmente sensibilizados com a situação. – A cara de Camila neste momento foi ao chão, ela que estava com um sorriso de orelha a orelha, ficou murcha. – É bom de vez em quando, ter bom senso, e este é o momento.
Todos que estavam em casa olhavam para Camila com cara de reprovação e ela, mais vermelha que um pimentão, saiu da sala se dirigindo para a entrada.
Olhei para o Rafaello, e com um aceno de cabeça agradeci. Ele que estava sentado no sofá próximo a minha mãe, levantou e sentou-se do outro lado. Cheguei próximo a minha e a abracei muito, onde palavras não poderiam ser descritas. Deste momento em diante, vários são os fatos que ocorreram e que não valem a penas ser mostrados, visto que muita coisa aconteceu.
Meu pai foi enterrado no mesmo dia junto com meus avós. Rafaello em todos os momentos estava sempre próximo a mim, até mesmo no enterro, ele foi até a sua casa e retornou todo de social, realmente preparado. Comprou uma coroa de flores e deixou para os meus entes queridos.
Em casa, logo depois do enterro, Rafaello levou-me junto com minha até em casa e por lá ficou até que minha fosse dormir.
- Rapazes, eu vou dormir, pois pra mim o dia hoje foi o pior. – falou.
- Dona Ana, Boa noite e foi um prazer ter te conhecido, espero que continuemos a nos ver – Falou Rafaello dando os cumprimentos a minha mãe.
- Sei que isso vai acontecer e muito. Boa noite, filho. – deu um beijo em minha cabeça e disparou para o quarto.
Realmente o dia havia disso o pior de todos, mesmo assim continuei com o Rafaello na sala. Sentamo-nos ao sofá e começamos a conversar, sobre tudo o que havia acontecido naquele trágico dia. Quando por volta de onze horas da noite o celular dele começou a tocar, ele olhou no visor e me pediu licença indo em direção à porta de casa.
Levantei junto com ele e me dirigi à cozinha, preparei algo para comer e voltei para a sala, ele já estava lá com uma cara muito ruim, mas nem fiz questão de perguntar o que havia ocorrido. Ele me olhou e me sentei no sofá.
- Yan, eu tenho que ir embora agora, aconteceu um problema com um cliente e eu devo ir. – Falou Rafaello.
- Tudo bem, agradeço por você estar aqui comigo neste momento – e me levantei junto com ele. Abraçou-me pela cintura e me deu um beijo, um longo beijo.
- Sinto muito por sua perda, estou indo agora, mas amanhã logo cedo dou uma passada por aqui. E saiba que estou gostando deste contato com você.
Dei lhe um abraço e nos dirigimos à porta, dei lhe outro beijo e ele foi embora. Voltei à sala e então recebi uma mensagem no celular, era do Rafaello falando o quanto foi bom a noite anterior, e por estar comigo no outro dia.
Respondi que conhece-lo foi muito bom. Voltei para a sala e não mais recebi mensagens, fiquei acordado a madrugada toda e o dia seguinte foi muito ruim, pois começamos minha mãe e eu, a tentar colocar nossa casa em ordem. Vimos que tínhamos algumas dividas que teríamos que pagar. Depois que fizemos nossas contas, realmente deitei na minha cama e então recebi uma ligação:
- Oi, Boa tarde, tudo bem? – Era Rafaello.
- Tudo bem sim, e como você está hoje? – Respondeu.
- Melhor.
- Posso ir à sua casa agora, preciso falar com você.
- Pode sim.
- Chego aí em uma hora.
Desliguei o celular e continuei deitado na cama e acabei cochilando. Quando sinto que havia alguém no meu quarto, acabo acordando e era ele. A porta do quarto estava fechada, ele veio até a cama e sentou-se comigo, começou a passar a mão em meu rosto, e algumas lagrimas rolaram em meu rosto, ele as limpou e me deu um beijo, contido, mas com muito carinho.
Aquilo foi um divisor de águas, e ele falou:
- Yan, eu realmente preciso falar com você.
***
Pessoal, desculpe realmente a demora em postar este novo capitulo, mas ai esta. Teremos algumas mudanças extremas na história, e peço continuem comentando, e deem a opinião de vocês. Pelo menos pra mim, comentários são a melhor forma de saber se está ou não bom, por isso me ajudem comentando.
Agradeço muito a você!