Estávamos todos prontos para a grande festa. Infelizmente tive que usar um tênis novo, detesto isso, mas queria deixa-los amaciados para o carnaval. Naquele dia andamos bastante para chegar ao local da festa. As coisas estavam realmente uma loucura lá. Sentemos em uma mesa reservada e começamos a conversar.
- Lembra aquele dia em que fomos presos? – perguntou Priscila rindo.
- Presos? – questionou meu marido assustado....
- Não fomos presos... quando éramos pequenos brigamos com uns moleques e acabamos sendo levados para a casa... esse dia foi tenso... – falei rindo.,
A bebida estava subindo a nossas cabeças de forma rápida. Olhei para o lado e vi alguns casais gays se beijando. Do nada Mauricio me deu um mega beijo na boca. Juro que fiquei sem ar. Priscila e Caleb foram para pista de dança e Carlos e Luciana decidiram ficar no bar. o
- É tão gostoso... – disse Mauricio.
- O que? – falei colocando os meus braços em volta de seu pescoço.
- Poder te beijar... ficar com você.. na frente de todosSabe... ainda acho que saímos pouco... deveríamos reservar um final de semana apenas para nós dois... eu e você... contra todos... – falei rindo.
- Seria ótimo... agora eu quero mais beijos... – ele falou me encostando contra a parede.
De repente, Mauricio sente um toque no seu ombro. Ele vira e é o rapaz da praia.
- E ai? Você está melhor? – perguntou Mauricio.
- Sim... eu...
- Ótimo... fico feliz... agora com licença... eu estou um pouco ocupado.
Quando o rapaz viu o Mauricio me abraçando, tentou disfarçar e ficou de longe observando.
- Devo perguntar? – falei olhando em seus olhos.
- Um moleque que levou uma bolada hoje mais cedo... quem precisa de pirralho quando tem um homem ao seu lado? – ele disse me beijando.
Todos começaram a pular na piscina. Era uma festa bacana. Deixei nossas coisas em uma cadeira e pulamos juntos na piscina. Entre risos, conversas e danças, nem percebemos que o rapaz pegou o celular de Mauricio e trocou com o dele.
- Caramba.. essa festa está da hora!! – disse Caleb fazendo algumas pessoas rirem.
- É... da hora... – falou Priscila arrumando o cabelo molhado.
Eu estava por trás de Mauricio ele estava em pé na água e eu segurado no “cangote” dele. Naquele dia mordi muito a orelha mais linda de São Paulo. Quando olhamos para o céu, os primeiros raios do dia brilhavam fervorosamente em nossa direção.
- Vamos? – disse Luciana um pouco bêbada.
- Claro... deixa eu pegar as nossas coisas. – falei também um pouco tonto.
- Já chamei um táxi. – disse Caleb.
Chegamos ao hotel e tomamos um banho. Mal deitei na cama e dormi. Acordei ao som da música “Abraça e me beija” estava tocando em um trio elétrico que passou em frente ao nosso hotel. Sem muita coragem de levantar fiquei deitado até o Mauricio acordar também. Ele pegou o celular para ver as horas e a senha dele não estava entrando. Ele me passou o telefone.
- Seria... seu... se fosse seu... – falei.
- Como assim? – ele perguntou.
- Alguém pegou seu Iphone enganado... esse é de outra pessoa... – disse.
- E agora?
- E agora... que eu disse para você... o que? Amor compra uma capa para o seu telefone... assim ninguém confunde... – falei mostrando a minha capa do Stich (etezinho azul do desenho Lilo & Stich).
- Eu sei... iria comprar... mas, estamos na Bahia...
- Vamos esperar uma ligação... ou melhor... vamos ligar para o seu... – falei apertando o número 3 do meu celular (sim... o Mauricio é o meu contato número 3... em primeiro está minha mãe e em segundo o meu pai... pronto... falei.).
- Ok.
- Alô? Bom dia... – falei.
- Não seria boa tarde? – disse um jovem no outro lado da linha.
- Sim... perdão... é você é o dono desse Iphone Preto? – perguntei.
- Sim... sou eu... estava na festa ontem... fiquei tão bêbado que acabei pegando esse telefone enganado... onde vocês estão? – ele perguntou.
- Bem... estamos... no Hotel Central...
- Conheço... estarei aí em 15 minutos... – ele disse.
- Perdão... qual é o seu nome? – perguntei.
- Geovandro.
- Ok... sou Pedro... amigo do Mauricio...dono do celular... – falei. – Estamos te aguardando. – disse desligando.
- Amigo? – disse Mauricio tirando a cueca e entrando no banheiro.
- Você entendeu... – falei colocando meu tapa olho (sim... eu durmo de tapa olho).
- E se essa pessoa for um bandido... – ele gritou do banheiro enquanto fazia xixi.
- Um ladrão rico né? – gritei.
- Sabe... precisamos ter mais cuidado!! – ele gritou.
- O que?!!!
- Precisamos ter mais cuidado... – ele disse colocando a cabeça para fora do banheiro.
- Quer... dizer... você precisa ter cuidado. – disse tirando só um lado do tapa olho e piscando para ele.
Em casa, as coisas estavam tranquilas também. Os menores estavam de folga da escola devido o carnaval, a Judith estava empenhada com uma apresentação de dança, Phelip e Ezequias estavam se tornando amigos próximos. O jovem estava ensinando ao meu irmão como tocar violão.
- Você toca apenas música gospel? – perguntou Phelip.
- Eu sei algumas seculares também...
- Me toca uma... quero ouvir. – ele disse passando o violão.
Meio desajeitado, Ezequias pegou o violão e começou a dedilhar a música “Apenas uma canção de amor”, do Rosas de Saron.
“Enquanto a chuva molha o meu rosto
Ela esconde a minha lágrima
Que insiste em encontrar o chão.
Enquanto o frio toma o meu corpo
Eu aprendi sem a gramática
Que saudade não tem tradução.
Eu preciso tanto de Você
O seu amor é o que me faz crescer
E conhece como a própria mão
Cada medo do meu coração.
Hoje pensei tanto em nós dois
Que não podia deixar pra depois
E eu vim aqui só pra dizer
Que eu sou louco por Você
Enquanto a chuva molha o meu rosto
Ela esconde a minha lágrima
Que insiste em encontrar o chão.
Enquanto o frio toma o meu corpo
Eu aprendi sem a gramática
Que saudade não tem tradução.
Eu preciso tanto de Você
O seu amor é o que me faz crescer
E conhece como a própria mão
Cada medo do meu coração.
Hoje pensei tanto em nós dois
Que não podia deixar pra depois
E eu vim aqui só pra dizer
Que eu sou louco por Você”
- Nossa... você... você... canta muito bem... – disse Phelip impressionado.
- Para com isso... – disse ele sem graça.
- Mas, essa música não é secular... ela é católica.. deveria respeitar...
- Eu respeito, mas os pastores da nossa igreja não pensam dessa forma... quer dizer... não vou generalizar, mas alguns são antiquados. – ele disse arrumando os óculos
- Entendo...
- Não, você não entende, mas tudo bem... – ele disse rindo.
- Seus pais não ligam para a nossa amizade? – perguntou Phelip.
- Como assim?
- Acho que eu não sou exemplo para um menino tão bonzinho como você....
- Para com isso... só sigo o que os meus pais pedem...
- Você alguma vez já ficou de porre?! – perguntou Phelip.
- Uma vez eu bebi vinho e fiquei rindo...
Phelip não segurou o riso e deixou Ezequias com vergonha.
- Calma... não se preocupa... sou teu amigo... se eu to rindo é porque você ficou muito fofo falando assim... – Phelip disse se tocando e mudando de assunto.
Jean e Fábio estavam cada dia mais amigos. Eles faziam compras em um shopping. Quando Fábio ficou azul.
- Menino... está tudo bem? – perguntou Vinicius.
- O meu ex... está aqui... – disse o rapaz.
- Como assim? Onde... quando? – ele perguntou procurando pelo shopping.
- Atrás de mim... – disse Fábio.
- Onde... o elefante de camisa verde não me deixa ver nada... Aiiiiiii... porque me beliscou? – perguntou Vinicius coçando o braço.
- O elefante de blusa verde é o meu ex...
- Mentira... menino e como você?? E como ele??? Jesus... – disse Vinicius dando um riso sem graça.
- Vamos sair daqui? – perguntou Fábio.
- Agora mesmo...
Judith levava Pablo para passear na rua, quando foi abordada por Daniele. A jovem começou a acompanhar Judi.
- E então? – perguntou Daniele.
- E então....
- O que tens feito de bom? – perguntou a jovem.
- Meus pais estão viajando... e eu to cuidando dos meus irmãozinhos... ou seja, a única coisa que eu tenho sido é babá. – disse ela rindo.
- Lua de mel?
- O que? – perguntou Judith.
- Seus pais foram para lua de mel? – questionou novamente Daniele.
- Mais ou menos... foram para o carnaval da Bahia.
- Nossa é tão diferente... sua mãe deve confiar bastante em você... e...
- Ahh... eu não tenho mãe... eu...
- Mas, acabou de me falar que os seus pais estão em lua de mel?
- Eu tenho dois pais... dois pais... homens...
- Desculpe... eu não estou entendendo... eu...
- Meus pais são homossexuais... eles me adotaram... esse rapazinho aqui o Pablinho... ele é filho deles...
- Nossa... é... é... diferente. – disse Daniele. – Mas, um dia Jesus muda tudo isso...
- Espero que não... e você? Daniele... certo? – perguntou Judith.
- Sim... bem... eu faço parte do coral da igreja... faremos uma apresentação... se quiser ir... como é o nome daquele rapaz... que mora naquela casa? – ela disse apontando para a casa de Rodolfo.
- O Bernardo? O que... o que... tem ele?
- Queria que ele fosse... eu o achei uma gracinha...
- Bem... errr... ele é... meu... namorado. – disse Judith meio sem graça.
- Entendi... bem... acho que já te aluguei demais... estou indo nessa... qualquer coisa aparece na igreja... é aquela azul próximo da praça. – disse Daniele se despedindo.
- Essa menina é muito estranha... né amor? – disse Judith pegando Pablo no colo.
- Estranha.. ela é muito estranha.. – respondeu o menino.
Na recepção do hotel esperávamos o tal rapaz pegar o celular. Ele não demorou muito. E para a nossa surpresa era o mesmo da praia e da festa.
- Oi? – ele disse sorrindo.
- Desculpa pela confusão. – disse Mauricio.
- Sem problemas... está aqui... deixei ele carregando a noite... – disse o rapaz.
- Obrigado. – falei segurando firme no braço do Mauricio.
- Bem... nos vemos por aí.
- Espera... – falou o Mauricio.
- Quer jantar conosco? – ele perguntou.
Se olhar matasse, naquele momento era para o marido está morto. Ele disfarçou e fomos jantar com o tal rapaz. Ele disse que também era de São Paulo e estava se formando me medicina. Pronto... aquilo foi o suficiente para desencadear a conversa mais chata que eu já ouvi na vida.
- Que bom... fico feliz pela sua opção... – disse Mauricio.
- Amor... está ficando tarde... vamos perder o show da Ivete... – falei, mesmo não gostando dela.
- Ok... mais três minutos...
- Ei... um amigo meu é conhecido dela... podemos ir na área VIP. – disse Geovandro.
- Mas, infelizmente estamos em seis... acho que o teu amigo não vai querer se complicar... e....
- Não... vamos... eu vou ligar para ele... pode chamar os teus amigos... e... vamos gente! – ele disse praticamente nos puxando.
Chegamos ao local do show e estava tudo lotado. Demorou para conseguirmos ter acesso. Mas, vou te contar... nunca gostei muito da Ivete Sangalo, mas... o show dela é incrivelmente incrível. Dancei, pulei, cantei música que eu nem sabia que sabia... sim... infelizmente Geovandro ganhou pontos comigo... afff....