Galera, espero ir sumindo com as dúvidas de vocês... Como disse antes, o conto está na reta final e venho sempre agardecendo aos comentários. Não gosto de citar nomes pelo simples fato de evitar um esquecimento. Obrigado e boa leitura...
Quanto suspense. Eu não aguentava mais.
- Bruno, me fala logo. Estou ficando nervoso.
- É que... eu... a Amanda... nós. Carlos, eu e a Amanda temos um filho.
Mais uma novidade, mais um segredo...
- Quem é Amanda, Bruno?
Meu pai nos deixou a sós pra que pudéssemos esclarecer as coisas.
- Carlos, não era pra você saber assim. Eu iria te contar quando a gente chegasse em Floripa, com calma, e aí...
- Bruno, eu não vou perguntar de novo. Quem é Amanda?
- Eu conheci a Amanda há quatro anos atrás, a gente namorou alguns meses e depois terminamos. Quando eu voltei pro Rio, daquela vez que a gente brigou, nos reencontramos e... aconteceu.
Eu olhava para ele, incrédulo.
- Aconteceu?
- É, foi um ato desesperado pra te tirar da cabeça.
- Que pena que você não conseguiu.
Saí da sala em direção à rua, ele me seguiu.
- Carlos, onde você vai?
- Entra no carro, nós vamos tirar seus pontos no hospital, lembra?
Ele entrou no carro e o assunto estava encerrado.
Mentira!
Lógico que o assunto ia nos atormentar por mais tempo. Eu só estava me fazendo de durão, fingindo estar tudo bem. Mas por dentro era um turbilhão. Quando tudo entrava nos eixos, vinha mais essa. Um filho do Bruno! Pior que isso, uma mentira do Bruno!
Chegamos ao hospital e ele foi rapidamente tirar os pontos. Ainda estávamos sem dizer nada um ao outro. Fiquei esperando no carro.
Fiquei pensando nos acontecimentos dos últimos dias. Minha vida parecia uma roda gigante, mas essa roda gigante estava ligada numa velocidade que eu não mais conseguia controlar. Tudo acontecia muito rápido, rápido demais pra eu processar. Não aguentei. Chorei, desabei. Não foi um choro escandaloso, mas consegui colocar pra fora tudo que eu sentia naquele momento. Decepção, raiva, tristeza, desespero, medo.
Não percebi quanto tempo fiquei ali e só fui despertado quando a porta do carro se abriu e Bruno se sentou. Dei partida e estávamos voltando, quando ele finalmente me encarou:
- Está chorando Carlos?
- Bruno, eu não tô afim de papo.
Assunto encerrado, mais uma vez. Chegamos, avistei meu pai e ele já veio se desculpando:
- Carlos, eu não queria que vocês brigassem...
- Nós não brigamos.
- Então está tudo bem?
- Está. Hoje mesmo voltamos pra Florianópolis.
Como os últimos acontecimentos, nosso retorno também foi muito rápido. Em algumas horas nos despedimos, meu coração doía em deixar minha mãe, mas era necessário e ela já estava bem.
A noite, chegamos em Florianópolis, tendo conversando apenas o necessário no avião e fora dele.
Enfim, em casa!
Tomei um banho rápido e saí enrolado na toalha, sendo observado por Bruno, sentado na cama:
- Tô com saudade de ficar coladinho com você.
Ignorei o comentário e fui me vestir. Estávamos à centímetros de distância, mas parecia haver um abismo ali. Eu era orgulhoso demais pra conversar sobre... Achei que ele também fosse, mas não.
- Carlos, você vai ficar fugindo desse assunto até que horas?
- Até eu saber o que fazer com essa informação.
- Você não percebe que não há o que fazer? Eu tenho um filho e pronto.
- Não Bruno. Não é assim. Você tem um filho, que até onde eu sei não conhece direito o pai, pois você nunca mais voltou pro Rio. Esse filho pode estar precisando de alguma coisa e você aqui, agindo como se ele não existisse. Que espécie de pai é você?
- Eu tenho mandado dinheiro pra Amanda e eu tenho certeza que ele tá bem.
- Bruno, lembra quando você reclamava do nosso pai? De que ele nunca te deu atenção? Mesmo eu achando que isso não era verdade, você sofria com isso. Imagina essa criança.
- Ele é só um bebê ainda.
- Por isso mesmo.
- E você quer colocar tudo a perder só por causa disso?
- Quem colocou a perder foi você, com essa mentira.
Já vestido, fui em direção à cozinha, mas ele não se deu por vencido e veio atrás. Eu já tinha acabado, mas ainda me restava algo entalado na garganta. Eu sabia que minhas próximas palavras iriam machucá-lo, mas se ele me cutucasse...
Dito e feito.
- Carlos, esquece isso. Esse bebê não tá aqui, estamos só nós dois. Vamos ficar juntos vai?
- Sabe Bruno, algumas atitudes só me afastam de você. As vezes eu percebo que o cara que eu tanto homem, acaba agindo como moleque. O que eu esperava de um homem é que ele assumisse seus compromissos e não é com um irresponsável que eu quero ficar não.
Fui dormir. Não sei o que ele pensou depois das minhas palavras, mas aquele momento eu não podia ficar preocupado com ele.
Revirei a noite toda, só pensando nesse bebê. Como seria agora? Como o bebê seria? Qual o nome dele? Será que se parecia com Bruno? Aff... Isso só me atormentava.
A manhã chegou e era a hora de eu voltar pra faculdade. Tomei um banho rápido e fui pra cozinha, preparar meu café. Só pude ver Bruno dormindo no sofá. Eu me sentia mal brigando com ele, mas era inevitável nesse momento.
Tomei café evitando fazer barulho, mas ele acordou. Era hora de ele ir trabalhar, depois dos dias de atestado médico. Nos olhamos na cozinha e parecíamos um estranho um para o outro.
- Bom dia.
- Bom dia Bruno.
Ele tomou seu café e saiu mais rápido que eu. Bom, que ele pensasse nas atitudes dele e se tornasse o homem que eu esperava que ele fosse.
Liguei pros meus pais e estava tudo bem. Fui pra faculdade, certo de que havia perdido muita coisa, mas ansioso por voltar pra minha rotina.
Andei alguns quarteirões e fiquei apenas pensando. Eu precisava saber mais sobre essa criança. No fim das contas, eu era tio dessa criança e se eu conversasse com essa tal Amanda, seria fácil descobrir tudo. Pronto, estava decidido, o próximo passo seria conversar com a mãe do filho de Bruno.
Só nesse momento fui perceber do encantamento do Bruno com o filho do Gustavo e da Marcela. Talvez ele sentisse vontade de ter uma relação com seu filho... Nossa! Quantas hipóteses.
Bom, foco na faculdade.
Cheguei ao campus, cumprimentei uns conhecidos e fui pra sala.
Percebi que cheguei cedo e me sentei no lugar de costume. Os alunos que chegavam me cumprimentavam com um olhar estranho. Uns maliciosos, outros com olhar de nojo, alguns nem me cumprimentavam mais.
Aquilo estava muito estranho.
Até que Leandro chegou. Ele estava intertido e não me viu, mas pude escutar um de seus amigos gritar:
- Olha quem veio hoje... O nojentinho que fode com o irmão.
Olhei para Leandro e me apavorei. Nada era mais segredo!
CONTINUA...