Aqui vai mais um. Deixe seu comentário dizendo o que achou sobre o conto, é necessário saber o que os leitores pensam, obrigado.
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- Ah sim, Mariana, e aí? Tudo bem? – Disse Heitor.
Heitor pareceu estranho, parecia não estar muito contente, mas ao mesmo tempo bem com a chegada de minha namorada. O que seria?
- Tudo sim, com você?
- Aham... Quero dizer, claro, também.
- A Mari faz oceanografia em Rio Grande, ela mora lá.
- Interessante. – Heitor fez uma cara tão suspeita, que eu não sabia se ele estava tão entusiasmado em saber disso ou se estava tão entediado em ouvir. - Então... Eu vou indo nessa, tenho que fazer umas coisas ainda lá no apê, por isso...
- Não, fique Heitor, vamos assistir a um filme, olha com a gente. – Mariana convidava ele a ver o filme como quem gostaria de uma nova amizade. Entretanto, não podia dizer o mesmo de Heitor.
- Ba, fica pra uma próxima, eu realmente tenho que ir.
Heitor nos cumprimentou e saiu, sem mais nem menos. Sério, achei muito estranho aquilo...
Ter reencontrado o garoto de anos atrás na Universidade, foi muito bacana, apesar de eu não lembrar muito bem de minha infância, recordo apenas a sensação de diversão que vivi com Heitor. Ele era, é né, uma pessoa muito divertida de se estar. Além de ser um cara muito bonito, tem uma certa presença por onde passa. Sou hétero, mas vocês tem de concordar, não é?
Era domingo, o dia estava muito quente em Porto Alegre. – Como sempre, certo? – Levantei cedo, deixei Mari na cama e saí para dar uma corrida, fazer um pouco de exercícios, aproveitar o dia lindo que fazia. Durante a corrida, paro em um quiosque para comprar água, pois o calor era intenso.
- Não aguentou de saudades e veio me ver?
- Oi? O que? – Me virei pra ver que falava. – Ah, Heitor!
Ele estava usando uma bermuda jeans escura azul, uma camiseta preta e chinelos de gente velha. Heitor tinha um estilo totalmente... Peculiar.
- E aí manin, como é que tá?
- Tudo tranquilo. Correndo também?
- Não exatamente.
- O que tem aí na mão? – Olhei para um caderno de desenhos e um lápis bem apontado.
- Alguns desenhos.
- Posso ver? – Curiosidade, seja uma qualidade ou defeito, eu tenho de sobra.
- Se eu disser não? O que acontece? – Falou arqueando uma sobrancelha.
De repente me vi intimidado com aquilo. Desconheço o sentido para isso, mas tremulei por um momento.
- Bem, eu vou ter que pegar de ti, eu, geralmente, sou muito determinado com meus objetivos.
Heitor, já havia demonstrado ser teimoso e eu determinado, logo:
- Então, tente. – Falou ele com ar de desdém, largando em disparada.
- Eu precisava correr mesmo. – Saí correndo atrás dele como uma bala veloz percorrendo as areias do faroeste. - Estou lhe alcançando!
- Por pouco tempo! – Disse ele se virando para trás caçoando de minha cara.
Já estava cansando, não sabia para onde Heitor estava correndo, aonde ele queria ir, ou fazer me chegar, mas esperava que chegasse logo. Ele entrou em um prédio gritando ao porteiro: “Deixe o cara com aparência cansada e suada entrar Pedro!”. Passei pela entrada e o segui pelas escadas que ele percorria. Não o via, mas ouvia o barulho de suas rápidas passadas. Então, até que enfim, cheguei em um apartamento, acreditava que era dele, pois a porta estava aberta e conseguia ver alguns livros de arquitetura em cima de uma mesa cheia de projetos.
- Então, é aqui que você se esconde Heitor? Haha. – Falei o procurando, o apartamento não era muito grande, acharia-o logo.
Repentinamente sinto uma quantidade enorme de água molhar minha cabeça, percorrendo minhas costas até chegar aos meus pés.
- Puta que pariu! O que é isso?! – Disse incrédulo.
- Sempre espere o pior de mim.
Via Heitor rindo sem controle algum, quase caindo ao chão. Senti uma vontade enorme de rir, mas eu queria uma vingança contra aquilo. Puxei o braço de Heitor até o banheiro, com ele rindo ainda; joguei-o no box e liguei o chuveiro.
- O que? O que você pensa que tá fazendo Apolo?! – Disse ele bravo.
Quando estava saindo do box para fechá-lo lá dentro, Heitor me puxara com força para a água. Meu equilíbrio se desfez e meu corpo prensou o seu na parede gelada naquele dia de calor.
Um calor escalou meu corpo, o suor escorria de meu rosto , pingando na pele daquele garoto de 18 anos, desleixado e atraente...
O que eu estava começando a sentir? Será que...? Não, deve ser alguma outra coisa... Tinha que ser.
Sem pensar, sem conseguir afastar, minha visão ficou fixa naqueles olhos azuis que me prendiam feito tentáculos gigantes, tentando me levar para um lugar profundo nas águas e me aprisionar. Seu cabelo loiro em tom dourado escurecia nas raízes, envolvendo seus olhos e, dando destaque ao olhar tentador de pecado que tinha. Logo sentia um volume se formar sobre sua bermuda jeans, o qual estava encostando em meu corpo. Um beijo seria dado, mais alguns segundos e...
- É... Wow... Estamos, realmente, molhados. Acho melhor ir pegar umas toalhas e roupas limpas.
Ele, então, mudou sua expressão malevolamente sedutora – Como pude fazer aquilo? Eu tinha uma namorada, o que eu estava pensando? - para uma expressão triste e desanimadora. Uma coisa eu poderia admitir, eu já havia perdido o sentimento de amizade, algo em mim fazia-me sentir vivo perto de Heitor, fazia me sentir com um sentimento não experimentado ainda. – “Dã?! Amor né?” vocês dirão, mas creio que isso não seja a palavra mais certa para definir isso.
Fui para a sala me secar enquanto Heitor procurava roupas secas para nós. Enquanto esperava, olhava ao redor, explorando seu apartamento. – A propósito, entendo por que ele não quis que fizéssemos o trabalho ali, havia pilhas de objetos acumulados em cantos do apê, como livros, caixas de pizza, roupas sujas, etc, etc, etc. – De repente, vejo uma porção de quadros com panos em cima tapando as pinturas. Aproximo-me dos quadros e tiro o pano de algumas obras. Eram incríveis, pinturas de paisagens magníficas, lugares exuberantes que nunca havia visto ou ouvido falar. Olho para uma última pintura e vejo uma imagem de meu rosto, pintado em tons de cinza, com cada especifico detalhe bem trabalhado. Ver uma pintura minha feita por alguém que eu admirava muito, me deixou muito feliz, na verdade, mais do que isso, era uma pintura feita por Heitor, aquilo era surpreendente.
- Pega aí a roupa! – Falou ele jogando uma bermuda jeans rasgada e uma camiseta verde com preto, escrito: Vegetarians rock! – O que tu tá... Por que tu tirou os lençóis?! Não era pra tirar!
- Desculpa, eu só... É vegetariano? – Acabei de me tocar que aquela pergunta foi totalmente fora de contexto.
- Aff cara... Bom, acho melhor tu se vestir e cair fora. – Falou ele em seco.
- É. – Minha voz soou triste e vaga, mas estava convicto que eu deveria ir pra casa.
Eu gostaria de me entender. As pessoas falam que os homens são mais fáceis de decifrar do que as mulheres, mas eu não me entendia, muito menos Heitor por ter mudado de humor de uma hora pra outra, de forma tão rápida. – Não precisam dizer o porquê, eu sei, mas só por causa daquilo não quer dizer que ele tenha que ficar estranho como ele ficou.
- Tchau. – Disse.
- E sim, eu sou vegetariano.
Ao tocar na maçaneta, alguém que eu não conhecia entrou logo dizendo:
- Do que se trata isso Heitor?! – O tom irritado soava como uma voz maléfica e crua.
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