Obrigado aos leitores que comentaram e estão acompanhado minha história, é por vocês que eu escrevo. Bom, estamos nos aproximando do fim e espero que tenham curtido ler meu conto, tanto quanto eu curti escreve-lo para vocês.
Não esqueçam de comentar e dar a opinião de vocês.
[...]
Minha cabeça latejava de dor, porém comecei a abrir os olhos lentamente. Eu estava agora na sala de estar do casarão, o cômodo do lado á aquele que entrei. Eu estava amarrado e preso a uma cadeira que me impossibilitava de sair. Não havia mordaça alguma na boca, mas como era de se esperar não adiantaria nada eu gritar que ninguém viria a meu socorro.
- Ora, ora, ora... Olha quem acaba de acordar - deu uma risada perversa - Como você está?
Um pouco tonto ainda, não respondi. Tentava reconhecer aquela voz, ela não me era desconhecida e em algum momento da minha vida já tinha escutado-a. Mas não no estado que eu estava, era extremamente difícil assimilar minha respiração e meus batimentos cardíacos ao mesmo tempo quiçá assimilar a qual perturbado pertencia essa voz.
- Hugo, Huguinho, Hugão, eu vou te dizer como as coisas aqui serão. Ou você responde o que eu te perguntar, ou você irá apanhar - cantou rimando num tom sádico e dançando pateticamente
Novamente nada respondi. Então ele se aproximou de mim e toda sua comicidade deturpada dá lugar a um semblante violento e perverso quando ele desfere-me um soco.
- Eu te avisei. Agora, vamos de novo. Como você está?
- Muito bem como pode ver - respondi mais pateticamente ainda à aquele ser conturbado.
Ele me socou novamente, agora na boca do estomago. Se aproximando de mim, sussurrou ao meu ouvido:
- Eu não estou para brincadeiras! Eu posso acabar com você a hora que eu quiser então é bom que você coopere.
Ao se aproximar fui capaz de encarar aqueles olhos de perto, e sabia quem estava detrás daquela máscara.
- Lucas? - ofegante perguntei - Lucas é você?
- Acertado. Você não é assim tão burro quanto eu julguei esse tempo todo.
- Mas por que? O que aconteceu com você? Há tanto tempo que não o vejo.
- Deixamos dessa viadagem toda. Me responda, você sabe por que você está aqui?
- Não
- Vamos lá, Hugo. Você é esperto. Tente se lembrar.
Forçava minha cabeça que já doía ao seu máximo, porém não me vinha nenhuma situação a qual poderia ter me colocado ali.
- É meu caro. Você não se lembra, mas eu lembro exatamente. Afinal quem pagou na pele o seu amor pecaminoso fui eu.
Eu não entendia nada do que ele falava - Lembrei que eu amei o Lucas, e foi assim que eu me descobri gay. Mas nada mais do que isso me vinha a cabeça.
- Vamos lá. Vou te contar o que aconteceu depois daquele dia que brigamos no colégio. Em um resumo: meu pai me surrou violentamente por achar que eu era da mesma espécie suja que a sua, isso causou sua prisão, 14 anos de reclusão. Eu nem me importei muito com o meu pai, eu queria a morte daquele velho bêbado mesmo. Mas o pior foi o que fizeram comigo e com a minha irmã. Por não ter nenhum parente vivo que pudesse cuidar de nós. Fomos parar num abrigo. Fiquei internado por um bom tempo no hospital devido aos ferimentos da surra de meu pai. Quando sai soube que minha irmã havia fugido, no começo não entendi por que, o abrigo parecia uma boa opção. Até minha primeira noite fora do hospital e descobri o motivo de tanto medo dela. Os guardas do abrigo, abusavam sexualmente das crianças. Na minha primeira noite 3 caras me penetraram sem dó. Como animais me rasgaram, me violentaram, me machucaram. Quando fiz 18 anos escapei daquele inferno, e jurei vingar-me e aca estou. Cumprindo minha promessa - Ele fez uma pausa. Estava chorando e gritando sua história. Não havia como não se sentir culpado, eu estava muito mal sabendo que tudo que acontecera com o Lucas foi minha culpa. Não consegui e deixei uma lágrima escorrer.
- Por que choras donzela? - voltando se a mim novamente.
- Desculpa, Lucas. Eu nunca tive a intenção de destruir sua vida.
- Como pilhéria é boa! - soltou uma risada assustadora - Agora eu que te peço desculpas, por que você vai pagar por cada sofrimento que eu passei - disse me pegando pela gola da camiseta e cuspindo na minha cara - Eu deveria te estuprar de maneira pior e mais perversa do que as quais passei naquele maldito abrigo. Se bem que a bichinha iria gostar, né?
"Engano seu. Eu sou o ativo" - pensei comigo mesmo. Não pude disfarçar o riso com o meu pensamento. E Lucas notara:
- Você está rindo? Quero ver sua cara de riso agora ao descobrir como você veio parar aqui e quem me ajudou com tudo isso. Venha cá por favor - gritou a uma terceira pessoa que até agora eu não sabia que havia mais alguém no recinto.
Da iluminação precária que rodeava o cômodo, sai Renato do meio da sombras.
- Renato?
- Sim, Renato, o bobão apaixonado por você - riu
- E-e-eu precisava disso. Espero que me entenda Hugo, por favor - suplicou Renato a mim
- Seu porco. Como você pode ajudá-lo com tudo isso? – gritei a Renato
- Você diz tudo isso mas não sabe de nada que eu fiz. Mas pra matar sua curiosidade vamos lá. Imediatamente eu ao completar 18 anos e largar aquele abrigo imundo, voltei para a cidade. E desde lá tenho te espionado. O seu primeiro beijo no Douglas, a festa, a sua festinha particular com o Renato, tudo; tudo; tudo fora premeditado e ai entra seu amigão, ele que me ajudou a me aproximar de você. Ele que me passava todas as informações de que acontecia contigo. E você idiota caiu, ou você acha que o menino mais bonito do colégio iria olhar pra você de uma hora pra outra como se a gente estivesse numa novela. Acorda babaca, não estamos em Malhação.
Minha cabeça girava com as informações que acabei de descobrir, agora tudo se encaixava. Mas duas dúvidas perturbavam minha cabeça: por que o Renato fez isso? E será que eu veria o Olavo outra vez? Pelo menos uma das dúvidas eu poderia tirar a limpo agora:
- Renato, por que você tramou contra mim?
- Eu precisei. No começo achei que esse cara ai só queria ter algo com você e por isso precisava de informações de ti. Ele me pagou muito bem por isso aceitei. Eu precisava do dinheiro, porém seus pedidos foram ficando cada vez mais esquisitos, eu tentei pular fora. Mas ele ameaçou, e eu fui obrigado a continuar.
- E graças a ele eu tenho tudo que preciso para acabar de vez com a sua vida
- Você vai me matar?
- Melhor. Eu vou te matar ainda vivo. Vou tirar o que te é mais precioso, o que te é mais necessário – Lembrei da foto riscada no meu diário, ele só podia estar falando de uma pessoa... – Eu vou matar o Olavo.
Fiquei em choque só de imaginar meu amor sendo morto na minha frente e eu não podendo fazer nada, e é tudo minha culpa.
- NÃO! Imploro que leve minha vida, mas não encoste no Olavinho.
- Cala essa boca, viado escroto. Eu vou matar seu namorado na sua frente, e depois vou fazer parecer que você cometeu um assassinato. Já posso imaginar as manchetes dos jornais: “Namorado esfaqueia o outro por ciúmes”. Você será preso e sabem o que fazem com gente da sua laia na cadeia, não é? – arqueou as sobrancelhas pra mim, rindo do meu estado de nervosismo.
- Pegue o celular dele – ordenou Lucas.
Renato vinha em minha direção e tudo que eu podia sentir dele era nojo e repulsa. Quando chegou próximo a mim antes de pegar meu celular tirou um envelope do bolso, colocou no lado esquerdo da jaqueta e pediu: - Por tudo que é mais sagrado nesse mundo entregue ao Douglas, por favor – um ódio me tomou e me deu uma vontade enorme de acabar com aquele desgraçado. Mas nada poderia fazer de mãos atadas e preso a uma cadeira. Renato pegou meu celular e entregou a Lucas.
- Agora é só ligar para o seu namoradinho e pronto... – colocou a ligação no viva-voz e olhava fixamente para mim. Olavo atendeu.
- Alô amor? Cadê você pra gente conversar?
Começo a me debater desesperadamente, tentando me soltar e fugir dali. Mas meu esforço fora em vão. Lucas me golpeia novamente, agora usando os pés.
- Cala a boca boiola. Preste bem atenção, seu namorado está preso nesse endereço: Rua Itarema, 61 – Parque São Domingos. Antes que eu mate-o, ele pediu para se despedir de você – mentiu descaradamente – Espero que você venha. E sozinho – frisou – Por que se a polícia for avisada, não é apenas seu namorada que irá morrer. Sua família e até mesmo você estarão em risco. Se apresse pois o tempo do seu namorado está acabando. E se não acredita, olhe a foto que irei te mandar – desligou tirando uma foto minha sangrando e enviando para Olavo.
- Agora é só esperar que em breve seu namoradinho vai estar aqui e sentira na pele o que é sofrer.