“Grew up in a small town
And when the rain would fall down
I'd just stare out my window
Dreaming of what could be
And if I'd end up happy
I would pray
Trying hard to reach out
But when I tried to speak out
Felt like no one could hear me
Wanted to belong here
But something felt so wrong here
So I'd pray
I could breakaway
I'll spread my wings and I'll learn how to fly
I'll do what it takes, till I touch the sky
Make a wish, take a chance
Make a change and breakaway
Out of the darkness and into the sun
But I won't forget all the ones that I love
I'll take a risk take a chance
Make a change and breakaway”
(Cresci numa cidade pequena
E quando a chuva caia
Eu ficava na minha janela
Sonhando com o que poderia ser
E se eu terminasse feliz
Eu oraria
Tentando ao máximo alcançar
Mas quando eu tentava falar,
Sentia como se ninguém pudesse me ouvir
Queria fazer parte daqui
Mas algo parecia tão errado aqui
Então eu orava
Eu me libertaria
Eu abrirei minhas asas e eu aprenderei como voar.
Eu farei qualquer coisa para tocar o céu,
Faça um desejo, aproveite a chance,
Faça uma mudança e se liberte.
Fora da escuridão em direção ao sol.
Mas eu não esquecerei todos os que eu amo.
Vou correr o risco, ter uma chance,
Fazer uma mudança e jogar tudo pro alto.)
Essa música tocava em meu carro enquanto dirigia-me para Teresópolis. Ninguém sabia de uma casa que meu pai tinha. Era um esconderijo. Ele sempre me contou sobre ela. Ele até me levou a ela uma vez. Eu sabia o caminho. Consegui falar com o caseiro para preparar tudo para a minha chegada. Agora, mais do que nunca, eu precisava estar perto do meu pai.
Cheguei a casa e fui recepcionado pelo caseiro e sua esposa. Eles me deram todas as instruções a cerca da casa, telefones para contado e lugares onde poderia encontrar mantimentos e coisas do gênero.
Após me instalar no quarto, decidi tomar um banho. Um banho quente para aliviar a tensão. Enquanto a água escorria sobre minha pele clara, lembrava-me de todas as coisas horríveis que passei naqueles dias. As marcas da faca estavam por todo o meu corpo. Ainda era possível ler “VADIA” em meu braço esquerdo. Mas não eram as marcas físicas que me deixavam triste e acabado. Eram as marcas em meu coração que sangravam sem cessar.
Permaneci oculto naquela casa por três dias. Decidi comunicar-me com Paula. Era tarde, mas eu sabia que minha adorada filha estaria conversando com as amigas. Enviei-lhe um torpedo sms.
“Não faça alarde! Estou bem! Não diga a sua avó que te enviei essa mensagem!”
“o sr ficou doido?! como some assim?”
“Respeite-me! Ainda sou seu pai! Eu precisava ficar sozinho!”
“bem que podia ter me levado. tô com xaudads!”
“Sei bem as saudades! Vc queria era perder dias de aula! Conheço-te muito bem!”
“Aff”
“Faça sua lição de casa, obedeça a sua avó, deite-se cedo e alimente-se bem! Voltarei em breve! Eu acho.”
“nem estando longe o sr me dá trégua. aff. vou dormir!”
“Acho melhor msm! Aproveite minha ausência, pq assim que eu voltar, a ditadura recomeça, Che Guevara! ;)”
“aff… boa noite, pai!”
Eu sabia que eles colocariam até o FBI no meu rastro. Então, decidi mandar uma carta avisando que estava bem. Carta enviada, retornei à casa. Eu precisava descansar.
O domingo chegou. Era uma manhã linda. Havia uma suave neblina e a luz do sol tentava tocar minha pele. Arrumei-me e fui em direção à sala de estar, onde havia um belíssimo piano de cauda. Aprendi a tocar com meu avô, quando eu era criança.
Sentei-me ao piano e decidi cantar algo que retratasse meu momento. Era uma canção muito nova, mas eu acabei aprendendo-a facilmente. Colorblind da Leona Lewis.
“I am colorblind
Coffee black and egg white
Pull me out from inside
I am ready
I am ready
I am ready
I am
Taffy stuck, tongue tied
Stutter shook and uptight
Pull me out from inside
I am ready
I am ready
I am ready
I am... fine
I am covered in skin
No one gets to come in
Pull me out from inside
I am folded, and unfolded, and unfolding
I am
Colorblind
Coffee black and egg white
Pull me out from inside
I am ready
I am ready
I am ready
I am... fine
I am... fine
I am fine”
(Eu sou Daltônico
Café preto e ovo branco
Arraste-me de dentro para fora
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou...
Eu sou galês, imobilizado e com a língua travada
Gaguejo trêmulo e sem firmeza
Arraste-me de dentro para fora
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou... bem
Eu estou coberto por uma casca
Ninguém pode entrar
Arraste-me de dentro para fora
Eu estou embrulhado, desembrulhado e desembrulhando
Eu sou
Daltônico
Café preto e ovo branco
Arraste-me de dentro para fora
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou pronto
Eu estou... bem
Eu estou... bem
Eu estou bem)
Ao findar a canção, assustei-me ao ouvir o barulho das palmas vinda da direção da porta.