Que vida difícil desses dois hein... A vida real é assim, difícil, mas prazerosa. Bom, espero que estejam curtindo. O conto está acabando e mais do que nunca a opinião de vocês é elementar. Comentem muito. Msn: carloscasa1@hotmail.com Obrigado e boa leitura...
Entrei devagar e não vi nenhum dos dois. Ao mesmo tempo, ouvia uma discussão vinda da cozinha.
Meus olhos não acreditavam naquilo: Bruno escorado na geladeira, enquanto Leandro, de costas pra mim, apontava uma arma pra sua cabeça.
O que fazer?
Fiquei quieto, tentando agir com cautela, me segurando por medo da minha reação.
- Você acha que é fortão? Acha que aquela surra ia ficar por isso mesmo?
- Leandro, melhor sentar e conversar, cara.
- Mas o pior não foi a surra. Foi a falação de ontem, cheio de moral. Você num tem moral nenhuma. Fica transando com o próprio irmão e quer colocar moral em mim?
- Nós não transamos, nós estamos casados.
- Mas isso vai acabar. O irmãozinho vai ficar viúvo. Vou te mostrar quem é mais forte agora.
Ele mexeu na arma, preparando para atirar. Bruno ainda não havia me visto, e era até melhor, pois assim eu iria agir. Era a hora.
Pulei em sua frente, tocando ele de leve, não queria assustá-lo.
- Vai mandar lição de moral também ou só vai chorar no corpo do brother?
- Leandro, não perde sua razão. Vamos sentar e conversar como adultos.
- Carlos, vai te ferrar. Eu te tirei dessa nojeira que você vive e na primeira oportunidade você voltou pra essa putaria aqui.
- Eu amo o Bruno. É amor, Leandro, não é putaria.
- Dane-se esse amor. Num era pra essa merda acontecer. Agora eu vou acabar com essa merda.
Percebi que enquanto tentava amenizar as coisas com Leandro, Bruno se armava para atacar Leandro e desarmá-lo.
Continuei:
- Você conhece de amor, Leandro? Se você sentisse isso, você ia ser uma pessoa bem melhor.
- É mal de família pagar sermão? Vou acabar com essa porra de uma vez.
Num ato rápido, Bruno pulou em Leandro. Na força, Bruno era muito maior. Mas a arma ainda estava em seu poder. Eu tentava sair de perto, mas minhas pernas tremiam. Além disso, estava com medo de tudo que poderia acontecer ao Bruno.
Num instante... um tiro!
Um tiro e uma dor forte no braço.
A arma havia disparado e só percebi onde a bala tinha passado quando olhei para o meu braço e vi que ela havia me acertado. Bruno reagiu de imediato:
- Seu filho da puta.
Leandro olhou assustado para mim e minha expressão de pânico se juntou a dele. Bruno veio próximo a mim, ignorando o fato de Leandro ainda estar armado. Se ele quisesse, seria o momento para acabar com bruno de fato.
Mas ele não o fez.
Nesse momento, Leandro havia recobrado sua consciência e uma culpa enorme pareceu envolvê-lo. Enquanto Bruno olhava o machucado em meu braço e eu sentia a ardência dele, Leandro balbuciava:
- Eu não queria... Eu não presto... Eles têm razão... Não sei de amor... Acertei ele.
Andando de um lado para outro, ele não parava de falar. Suava, como um condenado a morte.
Bruno continuou ignorando sua presença e conseguiu um tecido para estancar o sangue do meu braço, ainda que a ardência continuasse. Não nos permitia dizer uma palavra, apenas ouvir as lamúrias de Leandro:
- Não aguento mais... É pra acabar com isso... Tá na hora.
Bruno me abraçava devagar e fechei meus olhos, tentando amenizar a dor e esquecer a situação. Nunca fui religioso, mas nesse momento pedia pra que algo divino tocasse a mente de Leandro. Em meio a esses pensamentos, mais dois barulhos de tiro, quase que unidos em um só, me fizeram abrir os olhos rapidamente.
Meus olhos viam, mas minha mente não conseguia acreditar.
Ele estava caído!
Os dois tiros haviam acertado sua cabeça e o sangue não cessava. Era uma péssima visão. Com certeza ele havia morrido.
Bruno me olhou, aparentando desespero e a nossa única reação foi chamar a polícia e a ambulância. Essa segunda não chegou a subir no prédio, já que sua morte foi constatada pelos primeiros policiais que adentraram o apartamento.
Desci pelo elevador e recebi os primeiros socorros ainda na rua. Toda a vizinhança nos observava. A maioria sabia do nosso parentesco, mas todos naquele momento tiveram certeza do nosso relacionamento quando Bruno me beijou, me transmitindo força. Aquele ato era a maior das provas de amor que eu já havia recebido.
Fiquei no hospital por algumas horas, ainda em estado de choque. Não conseguia falar nada e Bruno entendia isso.
A bala me acertou de raspão e a dor ia diminuindo com analgésicos e com o curativo.
Saí do hospital e o boato da minha relação com o Bruno já corria pelo prédio. Na minha chegada, poucos conversavam comigo ou com Bruno, sequer pra saber o que houve no apartamento.
Fomos para a delegacia horas depois e depusemos. A morte de Leandro havia sido um suicídio e nós não tivemos culpa, já que sequer tocamos na arma, mas um inquérito era necessário.
E ficamos assim por dias, semanas.
Não poderíamos sair de Floripa, não tive coragem de voltar pra faculdade, meus pais não podiam sair de BH, ainda pela cirurgia de minha mãe, minha relação com Bruno estava fria, com poucas palavras e ele parecia pensativo sempre, pouco paciente.
Os carinhos iam se diminuindo e sexo nem pensar. Não conseguia sentir seu toque sem lembrar o que aconteceu com Leandro, do toque dele. Tudo me incomodava.
Mas algo me incomodou mais:
- Carlos, eu tomei uma atitude e quero te comunicar.
Respeitando o espaço que inconscientemente havíamos imposto depois do que aconteceu, respondi:
- Fala Bruno.
- A Amanda está vindo pra cá, trazendo meu filho.
CONTINUA...