O tempo nos transforma, por mais que neguemos. Ele nos muda. Algumas vezes é para o bem... outras vezes não... depende do que estamos passando.
- Phelip... Phelip... acorda meu filho... você está atrasado para a aula. – falou minha mãe.
- Só mais dez minutos... eu juro... – ele disse colocando o travesseiro no rosto.
- Nada disso... a Fernanda está te esperando lá em baixo... vamos... acorda....
Seis meses se passaram desde a separação dolorosa de Phelip e Duarte. Ele estava diferente, estava bebendo demais, saia para balada toda noite e mulheres nem se fala, todo dia era uma diferente. A família acreditava na teoria que era apenas uma fase, mas ela estava demorando a passar.
- E ai gostosa? – ele disse abraçando Fernanda.
- Tomou banho pelo menos? – ela perguntou.
- Sim... a noite ontem foi boa... mas, vamos... estou atrasado... – ele disse pegando uma maça e indo em direção a porta.
- Como se eu não estivesse.. – reclamou Fernanda.
No carro, Phelip percebeu o quanto estava fisicamente diferente. A barba estava grande e o cabelo também, mas não atrapalhava a sua beleza, pois, aquele look era natural.
- E como estão suas provas? – perguntou Fernanda.
- Eu nem sei... durmo a maior parte do tempo... – ele falou rindo.
- Não tem graça... eu quase não te reconheço... sabia? – ela disse parecendo chateada.
- Relaxa... vou passar com uma média maior que a tua...
- Convencido...
- Estressada...
- E você tem notícias do Duarte, tentei falar com ele pelo skype e fui ignorada...
- Ele tem uma nova vida... novos amigos... tá namorando... ele seguiu em frente... – disse Phelip apertando o volante.
- E você precisa seguir também, mas não desse jeito... com festa... mulheres...
- Cada um supera as coisas de um jeito... a minha é essa... e outra somos jovens? Certo? – ele perguntou.
- Mas, existe uma grande diferença entre ser jovem e irresponsável...
- Hunf... detalhes... detalhes...
- E quem foi a vitima da vez? – ela perguntou.
- Adivinha....
- Não faço a mínima ideia...
- A Julinha... – ele disse rindo.
- Mentira... a virgem? – ela disse mostrando interesse. – Mentira...
- Sim... aquilo de santa não tem nada. – falou Phelip rindo alto.
Naquela mesma manhã um caminhão de mudanças chegou e se instalou em uma casa próximo da minha. Fiquei olhando para ver se eram moradores realmente. Saiu uma mulher elegante, aparentava ter uns 50 anos. Logo em seguida dois jovens. Uma moça loira, vestida com um estilo senhora e um rapaz de aparentemente 21 anos, alto, bonito, apesar dos óculos.
- Está olhando o que? – disse Mauricio me assustando.
- Nada demais... temos novos vizinhos... são elegantes... – falei sem tirar o olho no caminhão.
- Hummm... eles... ou ele...
- Para de besteira... eu só tenho olho para um ele... e é você... – falei entrando no carro.
- Hoje será a escolha do novo diretor do hospital... – disse Mauricio.
- Por isso que você vai todo produzido hoje? – perguntei.
- Sim... estamos eu... a Dra. Tereza da Cardiologia... e o Dr. Edson... que operou a tua mãe... – ele disse.
- Tenho certeza que a Dra Alexis vai tomar uma boa decisão... – falei tentando acalma-lo.
- Eu também... eu também...
Quando chegamos em frente ao hospital... estava maior confusão. Demorei a estacionar o carro.
- O que aconteceu? – perguntou Mauricio para uma enfermeira.
- Dr. Elias!! – gritou uma outra médica.
-O que temos aqui? – ele perguntou.
- Mulher... 19 anos... caiu da varanda de sua casa... – disse ela se surpreendendo.
- O que foi? – perguntou Mauricio.
- Ela estava no décimo terceiro andar... ela tem fraturas múltiplas pelo corpo... e além dela estavam os país e uma criança também. – ela disse.
- Jesus...
A moça entrou deitada na Maca, Mauricio começou o exame enquanto caminhava junto com os paramédicos. A menina não aguentou e vomitou sangue em cima dele.
- Maravilha... – ele pensou.
- Tragam o tubo!! – gritou uma enfermeira.
Olhei a situação do meu marido e percebi que teria que voltar em casa para apanhar outro terno e gravata para ele. Mas, achei até melhor assim, pois, o meu gosto de roupas é muito maior do que o dele. Cheguei em casa expliquei para Dora e Isabel o que havia acontecido e segui para o quarto. Peguei algumas opções e levei para o carro.
Ao olhar novamente para a casa. Percebi uma das vizinhas conversando com um senhor bonito, com os cabelos grisalhos. Acenei por educação e entrei.
Na faculdade, Phelip não dava tempo. Pegou duas gatinhas nas escadarias do unidade. Até que foi chamado por uma professora.
- Olá? Posso falar com você um minuto? – ela perguntou o chamando em seguida para uma sala.
- Está tudo bem? – ele perguntou.
- Phelip... eu posso não ter me expressado antes... mas eu dava aula para o Duarte... e... hummmm.... você sempre me pareceu ser um garoto decente e doce... e comparando o seu boletim... percebi uma queda no seu rendimento... está tudo bem? – perguntou a mulher.
- Professora Leila... está tudo bem... graças a Deus... e quanto ao meu rendimento... vai melhorar... prometo... – ele disse.
- Claro... eu só quero te dizer... querendo conversar... me procura... ok? – ela disse.
- Sim, será um prazer.
- Ahhh... semana que vem teremos um passeio realizado pelos alunos de psicologia... vai ser uma experiência bacana... se você quiser participar...
- Vou falar com uma amiga minha... vou fazer de tudo para ir. – falou Phelip se levantando.
- Ok... e lembre-se... qualquer tipo de problema... estou a sua disposição... como mestra e amiga. – falou Leila sorrindo.
- Mais uma vez obrigado e tenha bom dia – ele disse saindo da sala.
Ao passar pelo corredor, Duarte não pode deixar de notar a presença de um rapaz bonito, mas um pouco desengonçado. Uma vez que caiu sozinho e esparramou papel por todos os lados.
- Deixa que eu te ajudo. – Phelip falou se abaixando.
- Obrigado... é difícil achar pessoas bacanas hoje em dia. – ele disse pegando os papeis de chão.
- De nada... precisando... estarei por aqui. – falou o jovem.
- Oi... Du? – disse uma moça se aproximando e beijando o pescoço de Phelip.
- Oi bebê...
- Quem é o nerd?! – ela perguntou.
- Ahhh... um conhecido... vamos que a escada está nos esperando. – ele falou carregando a menina no ombro.
- Para bobo... nãooo!! – disse a jovem rindo.
- Tá... tchau... – falou o rapaz.
Chegou o dia da despedida... Viola voltaria para a casa de sua filha. Jean e Vinicius foram deixa-la no aeroporto.
- Bem garotos... parece que é um até logo. – ela disse tentando não se emocionar.
- Quero apenas te agradecer Vinicius por ser esse filho maravilhoso e pedir desculpa Jean pela forma como eu te tratei... sei que não foi fácil...
- Não foi mesmo – falou Jean.
- Amor! – disse Vinicius.
- Deixa meu filho... eu gosto da nossa relação dessa forma...
- Nos entendemos assim? Certo sogrinha? – ele perguntou piscando.
- Claro... é a nossa forma de amar. – ela disse rindo.
- Mãe... obrigado também por ser assim... eu te amo... – ele disse a beijando.
- Até logo... Viola... – falou Jean pronunciando o nome da sogra de forma errada.
- É Vaiola.... – ela disse antes de entrar no portão de embarque.
- Bem... enfim sós... – falou Jean aliviado.
- Amor?!! – ele disse beliscando o braço do noivo.
- Desculpa, mas é verdade... estou louco para chegar em casa e transar com você em cada canto dela.
- Cada canto?! Interessante. – falou Vinicius.
- Para você sempre o melhor... sempre o melhor...
Priscila Soares mudou muito nos últimos anos, mas não deixava de ser a menina dos olhos da nossa mãe. Ela estava decidida a morar com Caleb. Infelizmente uma missão impossível seria driblar a dona Paula.
- Mãe... a senhora sempre quis seus filhos independentes... então... adivinha... vou morar com o Caleb... – ela disse treinando para um espelho.
- Oi filha.. você chamou? – perguntou minha mãe.
- Chamei mamãe... preciso te contar uma coisa...
- O que foi minha filha? – ela disse preocupado.
- Eu e o Caleb... nós... meio que... a senhora sabe que a gente sempre... aí surgiram os imprevistos e nós acabamos....
- Filha não entendi nada... respira e fala...
- Ok... respirar e falar... é fácil... mãe...eu e o Caleb... queremos morar juntos... – ela disse fechando os olhos.
- Eu não acredito... Priscila... que maravilhoso! – falou minha mãe rindo e abraçando Priscila.
- Vamos ligar para o Pedro... para todos... vocês precisam fazer chá de casa nova... precisamos reformar o apartamento do Caleb... que lindo minha filha....
- Sério... nem um “Não se vá”? – perguntou Priscila chateada.
No outro lado da rua, uma senhora e sua filha arrumavam a casa nova.
- Cuidado Daniele... já te disse não podemos perder nada... quero tudo como antes... – disse a mulher.
- Eleonora? – falou o homem.
- Fale... Luis... – ela disse prestando atenção.
- Não estou encontrando a minha coleção de bíblias.
- Não está na caixa escrito bíblia pai?! – perguntou Daniele.
-Oi?! Benção pai? Benção mãe? – disse o mesmo jovem que esbarrou com Phelip.
- Oi, meu príncipe... como foi na faculdade? – perguntou Eleonora.
- Estou matriculado... e começo segunda-feira... – disse ele ajudando a irmã a carregar uma caixa grande.
- Ezequias... você se matriculou em Teologia... certo? – perguntou Luís.
- Sim... papai... – ele disse colocando outra caixa no chão.
- Que bom...
- Vou dar uma volta na praça hoje... é um ambiente legal... vou levar o violão e treinar um pouco. – disse Ezequias.
- Pode ir... mas cuidado... não quero que você se misture com pessoas erradas... ainda mais esses aí da frente... dizem que são todos homossexuais. – disse Eleonora.
- Claro... não vou mãe. – prometeu Ezequias.
DJ estava chateado naquela tarde. Seus pais estavam ocupados e Judith havia ido ao cinema com Bernardo. Ele apelou para o tio Phelip. Queria ir para a praça brincar com seus colegas.
- Por favor... vai... tio...
- Eu vou... eu vou... se me prometer não me chamar mais de tio... – Duarte falou rindo.
Ao chegarem na praça, DJ começou a brincar com os amigos e Phelip deitou em um banco de baixo de uma árvore. De repente ele começa a ouvir alguém cantar. Ele se incomodou e saiu do lugar. De longe ele percebeu quem era...
- Olha o nerd gostosinho... hummm... até que dá pro caldo.... para de bobagem.... homens nunca mais... agora só as gostosas....
- Oi P?! Tudo bem? – disse uma jovem morena se aproximando de Phelip.
- Bruninha...
- Mayana... – disse a jovem sentando no colo de Phelip.
- Estava com saudades...
- Eu também estava... – ela disse o beijando.
Ezequias observou a cena por alguns instantes e saiu da praça levando seu violão a tira colo. Phelip olhou e o rapaz não estava mais lá. Enquanto beijava Mayana, Phelip não parava de pensar em Ezequias.
Sim... a vida de muitas pessoas iriam mudar durante os próximos meses... até a minha... se eu pudesse apenas... alertar... evitar o sofrimento das pessoas que eu amo... eu faria, mas infelizmente o destino iria cuidar de tudo por mim...
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