Série ACD #17
Amar contra o destino – Capítulo XVII
... Que foi isso? Quer dizer que no primeiro dia as máscaras do amorzinho do Augusto já caíram. Confesso que fiquei assustado com a ameaça do idiota, mas Augusto terá de saber com quem está namorando. Eu estava remoendo de raiva e de ciúmes por dentro. Fui até o quarto do Augusto, ele estava apenas de cueca box branca, com a cara inchada de sono, levantando da cama. Me aproximei e pela primeira vez, uma raiva me tomou, apertei seu braço e falei.
- Que merda essa que você está fazendo?
- Me solta Bernardo, você esta me machucando.
- Não solto enquanto não me explicar por que você está namorando esse idiota?
- Não é da sua conta. Eu mereço ser feliz também, eu mereço ter alguém que me ame. Cansei de amar uma pessoa, e não ser correspondido, eu to partindo para outra, eu cansei Bernardo, cansei mesmo. – Disse isso, e seus olhos começaram a lagrimejar. Augusto não é muito de chorar, mas quando ele chora, realmente está muito triste, e isso me mata por dentro. Minha vontade era de abraçá-lo dizer que eu o amava também. Mas espera aí? O que eu estou falando? Não é certo, não posso amá-lo dessa forma. Tenho que esquecer isso. Voltei meus olhos em direção ao Augusto e disse:
- Tudo bem maninho seja feliz.
Disse isso já me virando para porta, quando percebo Ygor parado nela.
- Pelo jeito tem um irmão que ta morrendo de ciúmes. – Disse ele rindo.
- Hahahaha. – Augusto também começou a rir do outro lado do quarto.
Eu não estava mais entendendo nada, será que virei um palhaço para estarem rindo assim de mim.
- Que merda que vocês estão rindo?
- Você caiu que nem um patinho Bê.
- No que?
- Na história do namoro. – Disse Ygor. Olhei pra cara dos dois, que não se agüentaram e voltaram a rir de mim.
- Maninho, você tinha que ver sua cara de ciúmes. – Disse Augusto se aproximando de mim.
- Filho da puta por que você fez isso comigo? – Perguntei com raiva para o Augusto.
- Ei Bê, mamãe não era puta não. Foi só pra tirar com sua cara. – Disse Augusto que não parava de rir por um instante se quer. Ygor já havia ficado mais em silêncio, olhei para ele perguntei:
- E aquilo do banheiro?
- O que aconteceu no banheiro? – Perguntou Augusto.
- Foi uma brincadeira só, você precisava ver sua cara Bernardo. – Disse Ygor debochando de minha cara.
Olhei bem para os dois, estava com muita raiva naquele momento. Saí do quarto do Augusto e fui preparar o café. Tomamos e depois fomos a pé para o colégio. Eu, Augusto e Ygor. Os dois conversavam muito, eu permanecia calado. Os dois tentavam fazer piadinhas, mas não adiantava não sei se tava com mais raiva deles por essa brincadeira de mau gosto, ou com vergonha pelo ataque de ciúmes que tive. Chegamos na escola e nos dividimos cada um pra sua sala, subindo as escadas me deparo com Guilherme vindo na direção contrária. Apenas olhei e segui em frente, não cumprimentei nem nada. Cheguei na sala e o Ricardo ainda não havia chegado, achei estranho por que ele sempre chega cedo. Logo mais professor entrou e nada do Ricardo chegar, nem no segundo tempo de aula. No intervalo tentei ligar, mas o celular dava fora de área. Fiquei a manhã inteira preocupado. Mandei mensagem, tentei ligar outras vezes e nada. Ao sair da escola decidi passar na casa dele, ao tocar a campainha, tocava e tocava e ninguém atendia. Pela garagem pude perceber que a janela do quarto do Rick estava aberta, tentei chamá-lo mas foi em vão. Fiquei 10 minutos ali e nada, liguei de novo e nada, decidi ir embora, ao me virar bato de frente com um corpo forte sem camisa com aquele peitoral defino à mostra. Era o Rick. Ele me olhou com uma cara de espanto e perguntou:
- Que você está fazendo aqui?
- Eu vim te ver, você não foi na aula, seu celular só dá desligado, tava preocupado.
- Seu maluco, meu pai chega daqui a pouco, ele não pode nos ver juntos. Ele tirou meu celular, e hoje não fui à escola por que estava muito ocupado brigando com ele.
- Nossa amor, ta tão feia a coisa assim?
- Está, meu computador ele tirou, meu celular também, to proibido de te ver. – Disse ele chorando, única atitude que consegui ter foi de abraçá-lo.
- Calma amor tudo vai se resolver.
- Como Bernardo? Se a cada dia ta piorando.
- Isso não pode acontecer, temos que achar uma solução.
- Que solução porra? Isso não é vida. Me perdoe Bê, eu te amo demais, mas acho que vamos ter que dar um tempo.
- Tempo? Você quer um tempo Ricardo?
- Sim Bê, pra ver como vamos lidar com isso, com meu pai.
- E a sua mãe?
- Meu pai virou a cabeça dela também. Eles vão me mandar pra casa dos meus tios em São Paulo.
- Como assim São Paulo Ricardo, fica quase 1.000 kilômetros daqui, eles não podem fazer isso com você.
- Eu também não quero ir, agora se você quer que eu continue morando aqui, vamos ter que dar um tempo sem nos ver.
- Tudo bem Ricardo, se você quer um tempo, esse tempo você terá. Adeus. – Disse isso saindo correndo da li. Não queria mais ver o Ricardo na minha frente. Ele até veio correndo atrás de mim, mas sem sucesso. Voltei pra casa e me tranquei em meu quarto. Só sabia chorar, o Augusto por várias vezes batia em minha porta, mas não queria ver ninguém, queria ficar sozinho. Chorando muito adormeci em minha cama, tive um outro pesadelo estranho com o Rick, vi ele sangrando muito novamente, com sua face deformada, mas diferente do ultimo dessa vez estava em um lugar claro, uma paisagem bonita, um verdadeiro paraíso, e novamente disse para mim: “ TE AMO E SEMPRE TE AMAREI... SEMPRE”. Ele iria me dizer mais alguma coisa, mas fui despertado pelo meu celular que estava tocando. Era o Guilherme. Não queria atender, deixei tocar. Fui até o banheiro, lavei meu rosto, nisso Augusto entrou no banheiro e disse:
- Pode fala mocinho o que está acontecendo?
- Me deixa Guto, por favor. – Disse voltando aos choros.
- Não, eu não deixo. Pode implorar que eu não te deixo. – Guto disse isso me abraçando. Seu abraço era aconchegante, sempre me sentia seguro, apoiei minha cabeça na curva de seu pescoço e contei tudo o que aconteceu comigo e com o Ricardo.
- Maninho, não fica assim, tenta entender o lado dele também.
- Eu entendo Guto, mas eu amo ele, não é justo isso comigo. – Disse chorando
- Eu sei meu amor, eu sei. – Disse ele beijando minha cabeça.
Amor? Nunca o Augusto havia me chamado de amor. Esquivei-me um pouco e decidi ir pro meu quarto. Com certeza ele deve ter estranhado minha reação, mas foi à única que tive.
* 10 dias depois...
Os dias sem o Rick foram difíceis, já havia se passado mais uma de semana, era difícil ter que entrar na sala de aula e não falar com ele, não receber suas mensagens, suas ligações, senti falta de nossos beijos, sentia falta de nós dois. Minha vida virou um turbilhão de emoções. Durante esses dias, lá estava ele, sempre ele, Augusto me dando apoio, não me deixando ficar para baixo. Uma segunda feira complicada na escola, após um final de semana trancado dentro de casa, apenas fechado em meu quarto, à segunda começou terrível quando chego à escola, ao me aproximar de minha sala ver Ricardo parado bem na porta. Teria que passar por ele. Ao tentar passar pela porta ele fechou caminho não permitindo que eu entra-se.
- Com licença Ricardo.
- Pede com carinho que eu deixo você entrar.
- Vou pedir com carinho sim. – Disse dando um chute na sua perna.
- Ahh filho da puta... – Gritou Ricardo.
- Assim que é meu carinho com você. – Disse dando um sorriso irônico indo para meu lugar que agora era do outro lado da sala. Ele ficou lá na porta segurando sua perna parecendo um saci e me xingando até a 10ª geração. Durante as aulas era impossível um não olhar para o outro, senti um cutucão nas minhas costas, me virei era a Fernanda. Ela é uma garota da sala no qual fiz amizade nesses últimos dias, parecíamos amigos de anos já, ela é uma loirinha baixinha de olhos verdes muito bonita.
- Ber, por que não resolve isso logo. Eu to vendo como vocês dois estão se olhando.
- Não é fácil assim Fer.
- Eu sei que não é. Mas é justo esse amor fica assim, largado? Vocês dois se amam.
- Ele que quis terminar Fer. Ele que venha atrás de mim.
Disse isso, e virei pra frente após uma bronca da professora de História. A aula transcorreu normalmente nos intervalos ficava com a Fernanda. Na saída, fiquei por último na sala, quando estava recolhendo minhas coisas pra ir embora o João Paulo entrou na sala.
- Bernardo, posso leva um papo sério contigo?
- Claro, pode falar.
- Cara, nós precisamos de você no time de futebol para os jogos do colégio no final do mês.
- Desculpa João Paulo, mas eu não vou querer participar.
- Por que não?
- Por que não quero.
- Se isso te deixa mais tranqüilo e faz você mudar de idéia. O Ricardo não vai participar, e precisamos muito de você Bernardo.
- Como assim ele não vai participar?
- Parece que ele ta com uns problemas de saúde aí, e não vai poder jogar. Eu imploro Bernardo, eu me ajoelho aqui, joga por favor.
- Ok, eu jogo. - Respondi isso, dando a mínima importância para esse campeonato, e sim lembrando do Rick, da sua doença. Será que piorou, eu me preocupava muito com isso. Não tem um dia que eu não chore por causa dele, por essa doença. Eu me culpava, parece que cada dia sem falar com ele, é um dia a menos para nós, e essa doença? Será que ele vai se curar? Me fazia esse tipo de perguntas direto, tinha medo de perde-lo.
- Valeu cara. – Disse João Paulo me abraçando, e que abraço forte, quase me desmontou.
Nisso percebi que Ricardo estava na porta. Saí do abraço do João Paulo mais rápido possível. João Paulo percebeu isso e falou:
- Bom, eu acho que vocês dois precisam conversar. – Disse saindo da sala e empurrando o Ricardo para dentro.
Eu e Ricardo apenas nos olhávamos, o que eu sinto por ele é muito forteTO BE CONTINUED
Série ACD #17 =================================================================
Ta ai minha gente mais uma parte pra vocês. Fiquei muito contente com o último capítulo postado ontem que bateu recorde de leituras da Série ACD. Foram mais de 200 leituras. Quero agradecer também a todos que comentam, Hique Ribeiro, Lipe*-*, xXpedro92Xx, Alex20, frannnh, Alanis, caamilaa, FabioStatz, Olavo A., Luuis Fillipe, lena78@, Garoto96, Geo Mateus, lukinhas c., Luiz Dudu, minha querida grimm, e meus queridos Realginário, Dan (Ablon ;D), Nequinho, Iky e meu amor Alexandre!!!. Obrigado pelo comentário de todos vocês. Até o próximo capitulo.
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