Pessoal, mais uma vez obrigado pelos comentários, sei que o conto esta longo e pode até mesmo ficar cansativo, mas ainda não aprendi escrever de outra maneira. Não imaginava que escrever desce tanto trabalho. Bom esse capítulo é especial, começa uma grande virada na história.
Beijo a todos.
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Fernando – Mãe, ta na minha hora.
Bete – Como assim? Não vai almoçar conosco?
Frnando – Não vou poder mãe, só passei mesmo pra dar um oi.
Bete – Fique meu filho, fiz aquela carne que você adora.
Fernando – Sabe o que é mãe. O João achou que eu fosse ficar em casa sozinho, ele ia para a cidade dele passar o dia com sua mãe, mas cancelou tudo para me fazer compania, vou me sentir culpado em deixar ele la sozinho. A Srª me desculpa?
Antes mesmo de Bete dizer algo, Jair apareceu na cozinha.
Jair – Meu filho, ligue para ele, venham vocês dois almoçarem conosco.
Capítulo 26
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Fernando olhava com surpresa para seu pai, não só ele mas também Bete e Felipe. Não esperavam essa atitude por parte de Jair.
Fernando – Pai, o Sr. quer que eu e o João venham almoçar aqui?
Jair – Fernando, essa é sua casa, hoje é um dia especial, se você quiser almoçar conosco, nos fará muito feliz, traga quem você quiser.
Jair ainda relutava em falar com naturalidade e enxergar a presença de João, mas já tinha tomado um primeiro e grande passo.
Bete – Vai Fernando, ligue para ele e venham os dois. Disse Bete, dando um beijo em Fernando.
Fernando apenas sorria, parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um brinquedo.
Fernando – Vou buscá-lo, daqui a pouco estou de volta mãe. Falava com um sorriso no rosto.
Antes de sair, aproximou-se de Jair, olhando em seus olhos.
Fernando – Pai, obrigado.
Já no carro, Fernando contou a novidade para João. Isso já foi motivo mais que suficiente, para o estomago do seu namorado começasse a revirar, ficar nervoso, suar frio.
Bete – Meu querido, obrigado pelo seu gesto. As coisas na vida, muitas vezes não são como esperamos, mas você já parou para pensar o quanto somos abençoados? O quanto devemos agradecer a Deus?
Jair – Bete, não pense que foi fácil pra mim.
Bete – Eu sei que não foi fácil para você, também não é fácil para mim, mas não quero perder o meu filho. Estávamos perdendo nossa família.
Jair – Bom, é isso.
Jair tentava encurtar a conversa o mais rápido possível, um sinal de trégua soava como fraqueza, mas ao mesmo tempo em que pensava assim, lembrava da grande dor de não ter mais seu filho amado ao seu lado.
Fernando – Anda João, eles estão nos esperando.
João trocava de roupa pela terceira vez.
Fernando – Cara tu trocou de roupa de novo? Vai assim mesmo.
João – Fernando, quero passar uma imagem legal pra sua família.
Fernando – Tudo bem meu amor, mas não precisa ir vestido como se tivesse indo para uma formatura, só falta você querer colocar um terno. Ria ao mesmo tempo em que puxava João para um abraço.
João – Você tem certeza que devo ir até la? Pode ir você, não vou me incomodar em ficar aqui sozinho.
Fernando – Não, você vai comigo, foi meu próprio pai que mandou te convidar, acho que o velho já esta amolecendo o coração.
Fernando – Meu amor, tem mais, agora sou seu marido e você tem que estar sempre ao meu lado, já passamos por tantas coisas, o que um almoço em família pode nos causar?
Fernando – E do meu lado, nada de ruim vai lhe acontecer.
Fernando chegou em sua casa com João ao lado. Bete os recepcionou, estava feliz por ter o filho junto a família.
João – Obrigado pelo convite Dona Bete. Disse abraçando e dando um beijo no rosto de sua sogra.
Bete se assustou um pouco mas logo cedeu ao carinho de João.
Fernando – cadê o papai?
Bete – Esta la no quintal com Felipe.
Fernando – Pai, voltei.
Jair olhou o filho e João.
João – Obrigado pelo convite Seu Jair. Disse estendendo a mão para cumprimentá-lo.
Jair apenas o olhou, foram poucos segundos, mas que deixou Fernando, Felipe e João tensos, parecei que sua mão ficou estendida por horas.
Jair apertou a mão de João.
Jair – Seja bem vindo, fique a vontade em nossa casa.
Bete terminava os preparativos enquanto Fernando e Felipe conversavam, João ficava apenas ao lado, observando os irmãos.
Bete – Aceita alguma coisa meu rapaz? Quer um refrigerante, cerveja?
João – Obrigado, aceito sim uma cerveja.
Fernando logo o interrompeu.
Fernando – Não, ele não vai beber não, vou pegar um suco pra ele.
João sempre foi bom de copo, era forte pra bebida, ao contrário de Fernando, que sentia ciúmes do namorado e até pegava no pé dele nas coisas que ele não gostava.
João – Não vou dar vexame não viu marrentinho.
Fernando – Eu sei, mas hoje o Sr. vai ficar só no suquinho.
João – Hoje a noite, o Sr. vai ficar só nos beijinhos. João divertia,-se, no fundo adorava esse ciúme de Fernando, sentia-se amado, protegido, sentia que alguém se preocupava com ele, mesmo em algo que não havia necessidade.
Em um momento Fernando e Felipe subiram, ficando apenas João e Bete na cozinha.
João queria puxar conversa, mas sentia-se num campo minado, teria que tomar cuidado com as palavras, nos assuntos, qualquer coisa poderia ser interpretada de maneira errada por aquela família.
João – Dona Bete, obrigado mesmo por ter me chamado para ir aqui. Gostaria de retribuir esse convite um dia, para que vocês fossem até minha casa. Não cozinho tão bem quanto a Senhora, mas ficaria feliz com a visita de vocês.
Bete apenas deu sorriso para João.
Bete – E o Fernando, ele sempre quando dava vinha almoçar em casa, como ele esta fazendo agora?
João – Ele entra pra trabalhar um pouco mais tarde que eu, mas acordo mais cedo, deixo pronto algo pra ele comer e ele leva e come no escritório, quando não da, deixo pronto e ele vai em casa.
Bete sentia um pouco enciumada, aquele sempre foi o papel dela, agora era João que fazia isso, mas o mesmo tempo, sentia-se aliviada, sentia que seu filho estava sendo bem cuidado.
João – Meu dia é bem corrido, trabalho o dia todo, estudo a noite, fins de semana aproveito pra criar algumas coisas do trabalho ou coisas fora de la, pretendo um dia trabalhar sozinho. Mas são planos mais para o futuro, essa cidade só esta me abrindo portas.
O papo com João fluía muito bem, ela mais escutava do que falava. Era uma mulher vivida, e não via os atos de João como um teatro para conquista-la, sentia sinceridade em suas palavras, firmeza e as vezes até um ar de ingenuidade. Pensava consigo mesma:
“Esse rapaz é um ótimo rapaz, só não percebi isso porque ele se interessou por meu filho”.
Bete – João, terminei. Por favor, chame-os para almoçarem. Todos devem estar famintos.
Logo voltavam os quatros juntos.
O almoço foi animado, Fernando falava demais, estava muito feliz, alias, toda família estava muito feliz. Fernando fazia brincadeiras com Felipe e as vezes com João, deixando o namorado vermelho.
Jair apenas observava, ainda relutava em admitir, mas estava satisfeito em ver sua esposa feliz e seus dois filhos a mesa novamente, felizes.
Já próximo de ir embora, Fernando foi até que antigo quarto pegar alguma coisa, enquanto isso João foi até Jair.
João – Seu Jair, queria agradecer mais uma vez o convite, não passei esse dia com minha mãe mas passei com pessoas maravilhosas. Gostaria de deixar claro que minha casa sempre estará aberta a vocês, se o Fernando não vir aqui, sintam-se a vontade a irem la sempre que quiserem.
Jair – Obrigado meu rapaz.
Fernando chamou João, mas ante de ir embora foi até seu pai.
Fernando – Pai, obrigado. Disse já abraçando Jair, dando um beijo em seu rosto.
Jair – Fiz o que achei correto Fernando.
Fernando – Pai, sinto muito falta de vocês. Queria muito que nossa família fosse como antes, mas o Senhor sabe, agora não estou sozinho, sei que é difícil para o Senhor aceitar tudo isso, mas eu tenho paciência. Eu amo muito vocês.
Fernando estava eufórico, viu nesse pequeno gesto do seu pai, um inicio para uma convivência agradável entre sua família e João. Naquela noite não transaram, ficaram apenas deitados na cama, conversando, fazendo planos para o futuro ao mesmo tempo em que faziam carinhos um no corpo do outro.
Amar de verdade é algo que foge nossa compreensão, João sentia-se realizado, feliz só de ver Fernando feliz, alegre, pra ele a felicidade do seu amor, era a sua felicidade.
O tempo foi passando, João passou a freqüentar a casa dos pais de Fernando, ainda havia uma barreira, mas a cada dia, um pequeno fragmento dela era rompido, tudo caminhava a passos lentos, mas caminhava.
Certo dia Fernando foi as pressas para a casa de seus pais, Felipe havia ligado dizendo que sua mãe havia sido hospitalizada.
Bete – Meu filho, não foi nada, foi só uma queda de pressão, fui até o hospital, fui medicada e logo em seguida o médico me liberou.
Fernando – Mas deviam ter me ligado na hora, eu iria pra la.
Fernando – Posso dormir aqui hoje?
Jair o interrompeu.
Jair – Fernando, você tem outra casa hoje, mas aqui sempre continuara sendo sua casa também. Você sempre será recebido aqui como nosso filho querido. Você e quem você escolheu pra você.
Fernando apenas o abraçou.
Fernando e Felipe ficaram no quarto com a mãe, rindo, fazendo algazarra, como faziam quando eram crianças.
Logo Bete adormeceu e Fernando foi para seu antigo quarto, deitou para esticar o corpo, o dia tinha sido corrido e sentia-se cansado. Começou a pegar no sono, mas logo despertou, sentiu a presença de alguém, acariciando seu cabelo.
Fernando – Pai?
Jair – Não quis te acordar.
Fernando – Só estava dando uma cochilada.
Jair - Meu filho, me perdoa?
Fernando – De que pai?
Jair – Você sabe do que estamos falando. Eu nunca tinha levantado a mão pra você, pode acreditar, aquela cintada doeu em você, mas ela dó em mim até hoje.
Jair – Eu te amo muito, sua escolha não foi a que sonhei pra você, ver as pessoas ridicularizando você pelas costas, fazendo comentários, veja, não é fácil pra mim, mas meu amor por você é maior que tudo isso. Por isso te peço, perdoe seu pai?
Fernando – Pai, não foi escolha, foi uma condição, não escolhi nada, a vida apenas me encaminhou pra isso.
Fernando abraçou seu pai, ambos derramavam lagrimas.
Fernando – Claro que te perdôo, desculpe se não fui o filho que você esperava, mas vou encontrar uma forma de recompensar sua decepção.
Jair – Você não sabe como me sinto aliviado em ouvir essas palavras, mas não há nada que ser compensado, só peço que você seja feliz meu garoto.
Fernando – Pode acreditar pai, vou ser sim, ainda mais com minha família ao meu lado.
Mais uma vez deram um abraço, encerrando definitivamente todo mal entendido, magoas e rancores passados. Não só Jair, mas Fernando também se sentia mais leve depois daquele acerto de contas.
Felipe – João, você tem visita.
Fernando – Visita a essa hora, de quem?
Felipe – é o João, veio trazer sue computador.
Fernando – Putz, esqueci completamente, amanhã tenho uma apresentação no trabalho.
Fernando deceu rapidamente.
Fernando – Oi meu amor, obrigado por trazer, esqueci completamente.
João – Imaginei mesmo, e sua mãe como esta? E você?
Fernando – Esta tudo bem, não foi nada demais, mas vou passar a noite aqui. Tudo bem?
João – Claro Fer, só vim trazer mesmo seu note. Já vou indo.
Jair – Espere rapaz. Já esta tarde, fique aqui, amanhã cedo você vai embora com o Fernando.
João – Obrigado Seu Jair, mas...
Fernando – João fique, vai desobedecer seu sogro?
João ficou vermelho, mas logo foi abraçado por Fernando.
Fernando – Relaxa cara, meu pai não morde não.
Jair – Não mordo, mas quero respeito dentro de casa hein Fernando.
Fernando – Relaxa pai.
Fernando contou tudo a João, estava feliz. João terminou o trabalho de Fernando no computador, seu amor estava morto cansado, fez algo para Fernando comer e depois ficou no colchão ao lado de sua cama, vigiando o sono do seu amado.
Jair assistia aquela cena, ele e João conversaram, se acertaram, estavam dispostos a tentar uma convivência pacifica.
Fernando estava muito feliz, assim como João, também progredia muito no trabalho. Cada vez mais seus pais faziam mais parte de sua vida, até mesmo freqüentam sua casa, tudo estava andando nos eixos, finalmente encontrou a paz que tanto precisava.
Sempre que podia, almoçava nos domingos na casa de seus pais, aos poucos conseguia demonstrar seu carinho para João, sem ter que esconder seus sentimentos. Bete sentia-se aliviada, pois sabia que João realmente amava seu filho e cuidava muito bem dele e Jair finalmente conseguiu libertar as ultimas amarras de preconceito que ainda sentia.
Fernando e João seguiam felizes suas vidas, os problemas deram uma pausa.
Pedro – João, estou te achando muito bem cara.
João – Nem me fale cara, a família do Fernando é 10 mesmo, finalmente estamos em paz.
Pedro – É o seguinte, o escritório vai pegar uma conta corrente muito importante, normalmente quando isso acontece, um grupo de arquitetos daqui mesmo é selecionado para trabalhar no projeto, mas a Mônica ta querendo tirar a gente da jogada.
João – Porque ela faria isso?
Pedro – Simples meu caro, ela cuidando de tudo sozinha e contratando free lancer, a participação de lucros dela será maior, ao contrario se ela tivesse que incluir a gente.
João – Cara ela não é assim.
Pedro – Bom, eu também achava isso, mas vamos esperar e ver o que rola né.
As palavras de Pedro o deixou com a pulga atrás da orelha, estava trabalhando com afinco nos projetos da empresa, aquilo o deixava desestimulado.
Naquele começo de noite, resolveu passar no supermercado do shopping, precisava comprar algumas coisas que Fernando gostava. Já estava saindo quando esbarrou sem querer em um homem.
João – Desculpe.
“ Que isso, não cumprimenta mais os amigos?”
João – Alex???
Alex – Eu mesmo, a quanto tempo hein??
João – É faz tempo mas agora não da pra conversar, tchau.
Alex – Perai. Começou seguir João até o estacionamento.
João – Cara, por favor, não estou afim de confusão com você.
Nesse momento Alex já falava num tom mais sério. Segurando a porta do carro, impedindo João de fechar.
Alex – Acho bom você me ouvir.
Algum tempo depois, em seu apartamento, Fernando aguardava João, queria sair pra comer algo fora, ou fazer qualquer outro programa, não entendia o porquê ele ainda não tinha chego. Pensou em ligar para seu príncipe mas foi surpreendido por uma ligação no celular.
Fernando – Alo, sim é ele que esta falando.
Fernando – Como é que é?
Seus olhos encheram se de lágrimas, suas mãos começaram a tremer. Naquele instante desabou de joelhos no chão, soltando um grito de pavor.
Fernando – Nãoooooooo.
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Continua