Eu Encontrei Você (Num Lugar Sem Esperança) - Cap. 16

Um conto erótico de Th£o
Categoria: Homossexual
Contém 2060 palavras
Data: 08/12/2012 20:00:59

“Desejo e razão”. Estou travando uma batalha árdua comigo mesmo. Não posso mais continuar com isso. Tenho consciência de que já o feri demais e não é certo ficar assoprando as feridas. Entretanto, estamos ali, unidos por uma imensidão de prazer. Nossos corpos fervem de desejo um pelo outro como polos extremos de um ímã. Não será a última vez, infelizmente.

- Por favor... – sua voz rouca sai como um gemido. O corpo quente dele me faz sentir acalentado. “Temperatura ideal”.

Minhas pernas me desobedecem e se flexionam. Ajoelho-me. Estou de frente pra “ele”, encarando-o. Firmemente, ele pega o seu membro e coloca na minha boca. Sugo. O primeiro contato entre minha boca e “ele” arranca um gemido alto de Vinícius. É delicado e quente. “Um gosto marcante”. Lentamente, ele posiciona sua mão na minha nuca, incentivando-me a ir mais além. “Impossível”. A cada investida minha, olho timidamente pra cima e noto que seus olhos se reviram de prazer. Aumentamos o ritmo. Seu quadril agora se movimenta para frente e para trás, ao passo que minha boca o acompanha. Inesperadamente, penso em Rafael. Imagens do dia da convulsão surgem em minha mente.

“Escuridão”.

- “Fe...lipe”, diz ele ao ouvir minha voz.

-“Eu vou pedir ajuda, você vai ficar bem!”.

Eu não prometi ser dele... ele também não prometeu ser meu. Admito, estou no céu, mas foi no inferno que deixei a coisa que mais me trouxe luz. Às vezes precisamos viver as coisas ruins pra ter as boas de volta.

- Para Vinícius, pelo amor de Deus!

- O que foi?! Não, por favor!

- Eu não posso! Já chega... por favor! – digo, levantando-me e ligando a torneira.

- Lippo, não! Olha o meu estado... eu tava quase...

- Vinícius, não! Não... entendeu?! – interrompo-o.

Seus olhos me fuzilam furiosamente. “Deixei ele na mão”, penso. Rapidamente, ele veste o short e sai do banheiro. Em seguida, volta e pega a toalha pendurada atrás da porta.

- Vou tomar banho no outro banheiro! – berra ele, batendo a porta do quarto bruscamente.

Preciso recuperar a lucidez. Entro no chuveiro. Sei que minha última atitude está longe de ser um ponto final no que diz respeito a não alimentar as ilusões de Vinícius. “Será que eu quero que ele desista?!”. A situação chegou a um grau insuportável de complicação, ou são risos ou são lágrimas.

***

Chegamos na faculdade às 7:45 debaixo de um calor insuportável. As únicas peças de roupa que Vinícius me emprestou e ficaram “usáveis” estão um pouco apertadas. “Preciso comprar roupas novas e baratas”. A situação só se agrava, após ficar “sem-teto”, de brinde ainda fiquei “sem-guarda-roupa”. Não tive tempo para pensar em alguma solução para isso tudo. Não, definitivamente não irei pedir perdão a minha mãe, pois como ela mesma disse, “eu não posso mais voltar”. Preciso me agarrar nesse último suspiro de dignidade e seguir em frente... mesmo não tendo estratégia alguma. Entramos na sala.

- Preciso ir no caixa eletrônico tirar dinheiro.

- Pra quê? – indaga ele.

- Comprar roupas. – digo, tirando a carteira do bolso. “A única coisa que me restou”.

- Não precisa disso Lippo! Depois da aula a gente vai na sua casa e pega as suas coisas, relaxa.

- Não Vinícius! Minha mãe vai encher o saco... não duvido nada que ela faça um escândalo na porta da sua casa por causa disso.

- Tá... mas enquanto isso eu te empresto as minhas... se você quiser.

- É claro que eu quero, não posso andar nu por aí.

O clima entre nós não está tão pesado quanto eu pensei que estaria. Depois do “fora” que dei nele mais cedo, o ar que paira entre nós é até “amigável”.

- Queria te pedir outra coisa... – digo, depois de ter ensaiado o tom várias vezes da casa dele pra cá.

- O quê? – seu rosto que estava focado na tela do celular agora se vira pra mim.

- Que você... me deixasse no hospital pra ver ele... depois da aula. – digo, prendendo a respiração depois da última palavra. Estou cutucando um filhote de tigre internamente.

- Você... quer que eu leve você lá? – pergunta, soltando um sorriso incrédulo. “Merda!”.

- É... você não precisa ficar lá, é só...

- Mas é lógico que eu não iria ficar lá! Você acha o quê... que eu ia ficar te esperando do lado de fora do quarto, vigiando pra nenhuma enfermeira aparecer enquanto você tira o atraso dele?! – berra ele. Um grupo que passava pela porta se assusta.

- Fala baixo, idiota! Para de falar besteira... tudo bem, eu vou de ônibus, vou tirar dinheiro no caixa!

Ao me virar para sair, ele sussurra.

- Eu levo.

Sem vontade, sorrio pra ele.

***

No folheto que está pregado no mural de avisos diz: “HORÁRIO DE VISITAS DAS 13h ÀS 15h”. São 13:30. Segundo a enfermeira, ele já estaria bem melhor hoje já podendo ir pra casa amanhã. Olho pro lado. O semblante de Vinícius não poderia ser mais fechado e desmotivador.

- Eu disse pra você esperar no carro. – digo.

Ele ignora minha observação com um olhar hostil. De repente, uma enfermeira gorda surge e para na porta que dá acesso aos elevadores.

- Você é parente de alguém?

- Sim... hum... quer dizer... sou amigo... eu o trouxe aqui ontem e...

- Pode entrar. – diz ela.

- Não demora! – grita Vinícius. A enfermeira gorda o repreende pelo tom de voz.

Reviro os olhos pra ele e saio.

***

O elevador está no limite de peso. As portas se abrem e rapidamente as pessoas se dispersam. Lá do canto, eu saio, procurando o quarto “L54”. Estou nervoso, como sempre. Não sei qual será a reação dele e muito menos a minha. “Será que se lembra de alguma coisa?!”. Minhas bochechas começam a comichar e num relance encontro o leito onde ele está hospedado. Meu Deus, que aflição!

Giro a maçaneta lentamente. No fundo, desejo que ele esteja dormindo. O caos causado em minha mente pelo Vinícius desde ontem abalaram demais o meu lado racional. Estou como uma pilha de nervos ou de lágrimas. Pela fresta, observo dois pés cobertos por um fino lençol azul. Abro mais. Uma fina mangueira transparente vai em direção ao seu pulso. Abro a porta completamente e me deparo com um homem de 40 e poucos anos segurando a mão dele. É branco com um curto cabelo grisalho e está vestido de forma extremamente formal: blusa branca social e calça jeans preta. Estremeço.

- Boa tarde. – digo, trazendo o olhar dos dois pra mim.

- Boa tarde. – diz Rafael, soltando um sorrisinho irônico.

- Olá... você é o Felipe?! – pergunta o homem.

- Sim, sou sim.

- Ah Felipe, muito obrigado...!

Subitamente, o homem se levanta e vem em direção a mim. Olho para Rafael. Ele apenas ri e vira a cabeça pro lado. O homem me abraça cautelosamente e depois me solta. Continuo sem entender nada.

- Por... nada...

- Você salvou o meu filho... salvou a vida dele! – diz ele, batendo em meu ombro.

- Hã... por nada, senhor. Eu só...

- Ele me contou que vocês são grandes amigos...

- Hum... grandes amigos. – olho para Rafael. Ele contém uma risada, fazendo-me respirar fundo para não soltar uma também.

- Sim... ah Felipe... muito obrigado! Você é um grande homem! Eu não o conheço mais faço muito gosto da sua amizade com o meu filho. Ele... tem passado por esses problemas e eu não sei mais...

- Pai... já chega! Você não tá atrasado pro trabalho? – interrompe Rafael.

O homem olha pra ele e depois se vira pra mim de novo.

- Bom... eu vou indo, Felipe. Muito obrigado, novamente.

- Por nada, senhor... – “qual o nome dele”.

- Samuel... Samuel Ivanov.

- Ah, claro, seu Samuel, prazer em conhecê-lo. – digo, estendendo a mão.

- O prazer é todo meu! – responde ele, retribuindo o aperto. Em seguida, se vira para Rafael – Tchau, Rafael! Comporte-se! Mais tarde mando o Silveira vir te buscar! – e depois disso sai.

“Motorista?”, penso. Aproximo-me da cama. Ele está mais desperto do que nunca e ainda bem que temos vários assuntos para serem discutidos antes de chegarmos ao crucial. Sento na poltrona.

- O teu pai é simpático – digo.

- Não tanto assim... ele foi daquele jeito pra jogar a bomba pra você.

- Como assim? Que bola?

- Eu.

Desvio o olhar. Ele tem consciência de que causa sérios problemas. “Eu também causo dor e muitas vezes as outras pessoas pagam por mim”. Coisas em comum.

- Você é um problema pra ele?

- Você sabe que sim! Ontem eu fui um problema pra você! – diz ele, mexendo na mangueira transparente como uma criança envergonhada.

- Eu fiz o que eu devia fazer. – digo, evitando olhá-lo nos olhos. Preciso de razão para estabelecer um contato, e encarar aqueles olhos faiscantes não é um bom caminho.

- Você foi um doido! De quem era aquele carro? – pergunta ele. Empalideço, não quero que ele saiba que fui expulso de casa. Mudo de assunto.

- Você poderia ter morrido, cara! Não pode mais ficar daquele jeito... – digo e em seguida me arrependo. Não quero que ele pense que eu fui ali pra dar lição de moral. O pai dele já deve ter dito tudo aquilo... ou pelo menos deveria.

- Eu sei, eu tava... muito estressado! – diz ele, levantando e relaxando os braços acima da cabeça.

- Estressado com o quê? – pergunto. “Ele tem motorista e provavelmente é rico, o que pode deixá-lo estressado?!”.

- Algumas coisas... – responde ele, vago.

- Que coisas? – meu coração está pulsando mais forte.

- Não interessa! – responde ele, rindo e deitando pro lado.

- Hahaha, você tá muito manhoso!

- Com quem você veio?! – sua pergunta me pega de surpresa. “Não há como esconder”.

- Com o Vinícius. – respondo, desviando o olhar.

- Hum... você ainda continua saindo com esse cara?!

- Você não devia falar assim dele, ele foi um dos responsáveis de você tá vivo agora! – respondo, feliz por ter um argumento inquestionável.

- Ah... nossa. Chama ele aqui pra eu dar um abraço nele. – diz ele, sarcástico.

- Mal agradecido! – digo, batendo levemente em sua cabeça.

Ele ri, olhando pra mim em seguida. Minha mão está no braço da poltrona. Lentamente ele põe a dele sobre a minha.

- Obrigado! – diz ele, apertando-a.

- Só retribui a atitude. – rio.

- Hahaha, mas daquela vez você teve aquele piripaque por minha causa.

- E por causa do cachorro-quente também! – completo. – Que papo foi aquele de motorista heim? – estreito os olhos.

- Aff, besteira do meu pai. Ele chama o Silveira de motorista mas na verdade ele é quase uma babá pra mim. Vive na minha casa regulando a minha vida.

“Casa?!”.

- Sua casa?

- É... eu moro sozinho. – diz ele, num tom infeliz.

- Olha só... que rapaz independente.

- Meu pai me deu um apartamento há pouco tempo... ele diz que é um voto de confiança mas eu sei que não...ele quer ficar longe de mim.

Abaixo a cabeça. Seus olhos percorrem meu corpo, analisando-me.

- De quem são essas roupas?!

- Por quê a pergunta? – outra pergunta “bônus surpresa”. Nunca conheci alguém que me levasse ao ápice da felicidade e ao profundo nervosismo em tão pouco tempo.

- Nunca vi você com essas roupas! Estão estranhas... coladinhas demais... e nem vem que não é resultado da academia. – diz ele, puxando a manga da camisa.

- Como você sabe que eu fa...

- Responde minha pergunta! – diz ele, autoritário.

- São do Vinícius. – respondo, já preparado para o bombardeio que vem a seguir.

- Por que tá usando as roupas dele? Foi expulso de casa?! – pergunta, espantado.

- Claro que não, eu...

- Aquele carro era da tua mãe... Meu Deus! Ela te expulsou de casa por minha causa... foi isso?! –

“Impossível esconder qualquer detalhe dele”.

- Foi só uma briga! - - falo, tentando em vão amenizar o problema.

Uma mistura de raiva e culpa marcam sua expressão. “Ele vai pedir pra eu voltar pra casa e esquecer ele... acabou... pra sempre!”. O clima no quarto pesa e eu lembro que tenho que estar no trabalho em pouco mais de meia-hora. Resolvo sair.

- Eu... então... eu vou indo... tenho que ir...

- Você vai morar comigo! – diz ele.

- Hã? – “estou surdo”.

- Você... vai morar comigo... quer?!

Meus lábios tremem e a voz falha.

((( Oi gente!!! Como assim, vocês já querem terminar a história??? Eu não posso dar o ouro assim tão rápido, algumas coisas ainda tem que acontecer e vão ser bem chocantes hahaha Uma coisa que eu venho observando é que alguns de vocês falam comigo como se eu fosse o Lippo. Não que eu me chateie com isso, mas é bem engraçado. Bom gente, tá aí! Depois de vocês me pedirem, finalmente parece que esse "Indecisippo" fez uma escolha de vida! Ufa. Beijos. )))))

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Comentários

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Ele tem que continuar com o Vinícios... Acho que sou o único de time do Vinícios aqui kkkk :D eu acho que vc poderia maneirar a forma como O Lippo tá tratando ele, afinal o Vinícios hospedou ele e tal. Mas vamos ver o que vai acontecer daqui pra frente...

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Eu sou #TimeRafael, mas eu já vejo problemas por aí caso o Lippo resolva aceitar ir morar na casa dele.Th£o aposto que você estar preparando muita coisa por aí, já que você escreveu no seu primeiro conto que essa estória é inspirada na música e no clipe de We Found Love. Ah, muito água vai passar por baixo e por cima dessa ponte. 1000000 para você

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Ai eu acho que so quem pode responder isso eo luppi ele tem que seguir o.coração dele .mais na minha opniao eu acho que ele deveria ficar com o rafael ele.completa o luppi e ilo vinícius eu nao sei ele ainda e uma icognita pra min.e o rafael deve ser muito rico.cara ta muito boa sua historia eu amo ela e vc e muito malvado acabou na melhor parte

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Agora esta uma situaçao complicada eu gosto muito do Rafael e do Vinicius, essa e uma decisão dificiu pro Lippo, mais eu confio mais no Rafa ele me pssa mais segurança mais o Vinicius é uma boa pessoal, enfim na minha opnião o Lippo tem que ficar com o Rafa.

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Respondeu sim ou claro?? Rsrs Continua logo, parabéns!

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Eu torço muito para que o Lippo fique com o Rafael, qual motivo eu não sei, mas não vou muito com a cara do Vinícius mesmo ele sendo um grande amigo do Lippo e estar o ajudando em um momento complicado. E suponho que o Lippo e o Rafael tem mais haver com o nome do conto. Mas e agora qual será a resposta do Lippo, irá continuar com o Vinícius ou irá morar com o Rafael?

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