• 20 – O casamento
O domingo havia passado tão rápido. Principalmente depois de minha conversa com o José. Conversa essa que me fez pensar bastante sobre o nosso relacionamento; desde o começo até os dias atuais. Eu tomava várias decisões em minha cabeça, porém tinha medo de as por em um papel. Eu tinha medo do rumo que as coisas poderiam tomar. Eu, ultimamente, havia estado com medo de tudo.
Estávamos na segunda semana de dezembro, era uma segunda-feira. Levantei e higienizei-me. Papai não estava em casa e mamãe também não. Acordei Rafael para ir à escola juntamente comigo, porém o mesmo não se levantou da cama. Eu estava um pouco atrasado. Apenas ajeitei-me com uma calça jeans escura, a blusa do colégio e o casaco de José com o seu nome atrás. Sem sequer tomar café, rumei para a escola. Era uma chatice ir à pé, sem ter ninguém para conversar. Parei na padaria da praça e pedi dois pães com manteiga e um copo raso de café com leite. Comi, às pressas, e voltei a fazer meu percurso. Quando estava na metade do caminho, um carro parou ao meu lado e o homem que estava dentro dele buzinou para mim. Eu sabia que ele não iria me dar descanso enquanto não estivéssemos juntos. Otávio abaixou o vidro do carro e me fez deparar com aquele cara lindo e com muito bom gosto (Aiii gente! Eu amo meu marido. E ele é isso tudo mesmo). José trajava a farda de verão do colégio (Calça tactel e blusa regata) com direito a um óculos escuro. Ele sorriu pra mim.
– Entra! – Ordenou sorrindo e abrindo a porta do carona.
– Não. Obrigado. – Virei-me e fui andando. Inútil, ele continuou me seguindo.
– Não vai entrar mesmo, não? Aqui está mais quente. E a gente pode aquecer ainda mais. – Corei de vergonha. Como ele dizia uma coisa daquelas em alto e bom tom no meio da rua? – Olha, baixinho! Eu só faço o que você quiser, mas se você não quiser entrar, eu te pego à força. – Ele sorriu e eu entrei em seu carro. – Viu só como ‘tá aquecido aqui? – Ele falou se pondo por cima de mim e tentando me beijar.
Eu pensava que ele ia insistir em beijar minha boca, mas ele contentou-se com um beijo dado em minha bochecha.
– Adorei o casaco. – Sorri.
– Obrigado pela carona.
José abriu um sorriso e rumou para o colégio. Fomos conversando coisas que haviam acontecido nos últimos dias. Eu falei de minha busca por ele e de minha visita à casa do Acácio e ele falou-me de tudo o que estava fazendo. Fiquei com um pouco de raiva e demonstrei isso a ele. Otávio, por outro lado, ficava rindo de mim. Não só de mim, mas de tudo o que eu falava a ele. De meu ciúme, de meu egoísmo, – cortando algumas partes. – enfim, falamos de várias coisas.
Chegando ao colégio, percebi que não havia perdido o costume de andar sozinho e peguei na mão do José. Fiquei estranho, senti-me estranho; vermelho tão como um tomate, porém com a minha autoestima de sempre. Senti que as meninas do colégio ainda não haviam se acostumado com a ideia de que José estava comigo. “Ele realmente está comigo?”, pensei.
José guiou-me até a sala de aula e ficamos conversando coisas normais, como sempre fazíamos. Sofia aproximou-se de nós.
– Então quer dizer que vocês reataram? – Ela falou abraçando e sorrindo e acenando para José.
– Nós nunca terminamos. – José foi ríspido.
– Desculpas, ‘tá bom? Foi só o que me passaram. Não perguntei por mal. – Sofia ia saindo e eu fiz menção de sair com ela, porém Otávio me segurou forte.
– Pra onde você vai? – Perguntou unindo as cordas de sua garganta, fazendo-o grunhir.
– Só vou conversar com ela.
– Amor, não me deixa só! – Ele falou manhoso, fazendo-me sentar em seu colo.
Acariciei sua cabeça, por alguns instantes, enquanto ele pôs a mesma por sobre meu ombro, até a aula começar.
Eu tentava evitar o máximo conversar com ele, e impedir, assim, sua aproximação, mas era difícil. Ele ficava sempre no meu pé, e aos meus pés. O que eu achava bonito no Otávio era que, por mim, ele não tinha vergonha em se “humilhar” para me reconquistar. Pelo contrário, ele sempre esteve ali por mim. Sempre esteve pronto para, quando eu precisasse pisar, ele ser meu tapete. Podem até achar que é mentira minha, que era o contrário, mas não. Sempre foi assim.
As três aulas antes do intervalo foram um saco. A única coisa boa que teve foram as entregas da nota. Após aquele dia, estaríamos liberados. Eu estava feliz. Terminar o ano com poucos amigos, porém com os verdadeiros. Aliás, impossível de se ter amigo quando o seu namorado é super protetor e acha que TODOS OS HOMENS estão dando em cima de você. Ou seja, a maioria de minhas amizades eram garotas, ou meninos nerds... E olhe lá! Durante o intervalo, sentaram-se à mesa Otávio, Eu, Sofia, Plinio e Celina. Marcos e Acácio haviam faltado e já estavam passados. Começamos a conversar sobre os preparativos para as festas de Natal e Ano Novo. Festa... Festa... Eu poderia jurar que estava esquecendo-me de algo.
– Aliás, Walmir – Chamou-me a atenção José. – você vai ao casamento de papai e da Silvia na quarta-feira, não vai? – Pus a mão em minha testa e desci-a até o rosto. – Você esqueceu? – Acenei em positivo. Na hora, o idiota começou a rir.
– O que foi? – Perguntei enfurecido.
– Você nunca se esquece de nada, principalmente com coisas relacionadas aos outros. Como é que você esquece-se do casamento de papai e da Silvia? Da Silvia. – E tornou a rir.
Eu fiquei com tanta raiva de mim e do momento que me levantei e rumei ao banheiro. Ao passar pela mesa de uma galera do terceiro ano, um carinha que eu nem sabia o nome bateu em minha bunda. Não só bateu como, também, apertou e piscou para mim. Antes que eu pudesse dar um “chega pra lá” no cara, José já estava de pé próximo a mim e batendo no garoto. Dessa vez eu não iria me intrometer. Cara abusado! Enquanto José batia no carinha, tornei ao banheiro. Tranquei a porta do local rapidamente. Pensei por alguns instantes e comecei a me olhar no espelho. “Está ficando perigoso demais, Walmir, tudo isso.”, alertei a mim mesmo.
Antes de fazer menção para sair do banheiro, José entra com uma cara de poucos amigos, punhos cerrados e o seu rosto estava totalmente vermelho, não de pancada, mas, sim, de raiva. Ele bufava de tanto ódio. Tentei argumentar alguma coisa, porém ele prensou-me, violentamente, de costas para ele, contra a parede, e apertou, com a mesma intensidade de sua violência, minha bunda. Soltei um gemido; um misto de dor, medo e prazer.
– Eu disse que não ia deixar ninguém tocar em você e aquele merda te tocou. – Ele estava chorando. Tive medo de me virar e fitar seu rosto. – Eu disse para você que ninguém podia tocar em você e você deixou. – Agora ele falava gritando, porém ainda chorava.
Otávio agarrou-me pelo cabelo e pela bunda e jogou-me em uma cabine qualquer daquele banheiro. Eu estava com medo do que ele podia fazer comigo e na intensidade que podia fazer comigo. Bater-me? Não, ele não estava louco, ainda. Fiz menção de sentar no vaso, porém, rapidamente e bruscamente, ele me levantou e prensou seu corpo contra o meu. José abaixou sua cabeça e principiou a lamber meu pescoço e meu queixo. O medo que antes havia se instalado sumia aos poucos. Banhou-me a pequena (minúscula) formação do pomo de Adão e deu uma leve e longa mordida em meu pescoço. Mais uma vez eu gemi.
– Deixa eu te marcar, amor, deixa?! – Ele falou roçando o seu pau em minha barriga.
Eu apenas gemi como resposta e ele aperfeiçoou em meu pescoço e deu-me uma mordida, na mesma região, que me fez ver a Via-Láctea inteira. Sua mordida acabou com uma leve e bruta chupada. Era doloroso e prazeroso, simultaneamente. Quase que eu desmaiava de tanto tesão. Minhas pernas bambearam e eu cairia se ele não tivesse me levantado e jogado por cima da pia do banheiro.
– Vai embora! – Era a primeira vez que eu ordenava algo. José fez cara de preocupado e tentou aproximar-se de mim. – Sai daqui! Sai agora! – Gritei o mais alto possível.
Otávio saiu correndo, porém preocupado, do banheiro. Não queria que ele me visse naquele estado, duro, e achasse que já havia me ganhado, me reconquistado. Abaixei a minha calça e comecei a manipular meu pênis pensando no que poderia ter acontecido. Eu gozei bastante, porém não mais do que o faria se ele estivesse me penetrando.
Ainda por cima da pia, peguei um papel toalha e comecei a me limpar. Enquanto isso, eu aproveitei para me recompor. Tudo aquilo havia sido muito intenso. Foi a minha melhor experiência solo. Não dá pra esquecer esse momento.
Já havia passado mais de vinte minutos de aula, logo, optei por ficar no pátio e assistir a aula de despida (Não a aula da saudade). O sinal soou e eu entrei. Todo o mundo olhou impressionado para mim. Pensei estar melado e fiquei com vergonha. Comecei a procurar algo em minha roupa. Algo que denunciasse se eu havia tido algum tipo de “sexo”, ou não. Eu estava limpo. Estranho. Fui para perto da Sofia e perguntei, sussurrando:
– O que há de errado comigo? – Sofia pegou sua escova de cabelo e mostrou a minha imagem no espelho. Os chupões estavam totalmente visíveis. Sorri da situação e fui sentar-me próximo ao José. Ele estava aflito. – Obrigado.
– Baixinho, me desculpa, por favor! Eu fui um monstro... Não me controlei... É... Eu...
– Xiiiiiiiiiii! – O interrompi. – Eu gostei, ok? Eu só precisava que você saísse para eu me arrumar. Relaxa, gigante! – Falei pondo minhas mãos por sua nuca.
– Um beijinho? – Ele falou fazendo biquinho. NOTA (Exclusivamente para heteros, ativos e familiarizados. Na verdade, aos homens em geral): vocês ficam feios demais fazendo bico. Raras são as exceções. – Não, José não é uma exceção.
– Não. – Falei cortando seu barato e prestando atenção na aula.
Antes do término da aula, questão de uns vinte minutos, a gestão entrou na sala parabenizando os alunos e desejando, a todos, felicidades e boas festas. Depois disso, cada um se despediu de seus colegas, pegou seu material e rumou para as suas respectivas residências.
– Quer uma carona para casa? – Perguntou-me José enquanto eu cruzava o portão de saída.
– Assim eu fico mal-acostumado. – Falei sorrindo e o seguindo até seu carro.
Quando chegamos próximo ao seu carro, ele prensou-me de frente para ele e pôs suas mãos, estendidas, entre minha cabeça e ombro. Ele lacrimejava.
– Eu te machuquei? Desculpa seu grandão, por favor! – Ele falou batendo suas mãos no vidro do carro.
– Está tudo bem, José Otávio. Apenas leve-me para casa!
– A minha ou a sua? – Sorriu maliciosamente.
– Engraçadinho. – Falei arrodeando e entrando no carro.
José levou-me para casa e partiu para a sua. “Como aquele cara mexe tanto comigo?”, perguntei mesmo sabendo a resposta. Ele é perfeito.
Esperei seu carro virar a esquina e entrei em casa. Mamãe e papai estavam sentados na cozinha. Pus meu almoço e principiei a comer.
– O que é isso em seu pescoço, Walmir? – Sorri da cara de espanto de papai ao ouvir mamãe falar aquilo. – Bateram em você e você fica rindo?
– Mamãe, não bateram em mim. O José não bateria em mim.
– O que aquele brutamonte fez? – Papai perguntou com raiva.
– Não foi nada demais, papai. – Tentei desconversar.
– Então diga! – Ele falou batendo com seu lenço na mesa.
– O José me deu dois chupões. Ficou feliz em saber disso? – Perguntei ironicamente e voltando a comer.
– Por que ele fez isso? – Mamãe perguntou inconformadíssima.
– Uma forma louca de marcar o “território” dele. – Mamãe sorriu junto comigo e papai voltou a comer sua refeição. – Preciso que o senhor me leve até uma loja de ternos, papai. Não tenho roupas para casamento. O senhor poderia ajudar-me? – Fiz uma cara de cachorro abandonado.
– Amanhã pela manhã eu estarei indo à Recife. Se acha que consegue ficar longe do brutamonte, por um dia, tudo bem.
– Certo. Então, amanhã a gente vai pra lá. Obrigado papai. – Falei indo abraça-lo.
Em seguida, abracei mamãe, subi para o quarto e fui higienizar-me. Vesti uma roupa leve e fiz uma lista de coisas que precisariam ser compradas para esse casamento. “O Grande Casamento.”. Adormeci sem perceberHey, people! Bom dia :D Hoje fui eu, Walmir, quem postei o conto. Ah! 'Tô do lado do meu maridinho mais lindo do mundo e 'tô muito feliz, mesmo com os rumos que a vida está tomando. À pedido de meu grandão, vou responder a alguns comentários.
foguinho99 - hihi. Pelo visto meu maridão 'tá falando maravilhas aqui de mim, mesmo que, algumas vezes, eu não seja tudo isso o que ele fala. Ou será que eu sou e não percebo? De qualquer jeito, o amor nos cega, né? Acho que a gente sempre vê perfeição em nosso parceiro, mesmo que não haja. Seu comentário é digníssimo :D Amei, amei, amei *-*
Jhonnycash - Essa coisa de me conquistar todos os dias ele tira de letra :D Eu simplesmente não consigo ficar longe desse cara. E eu não sei o que me prende ao Otávio, sabe? Somos tão cheios de erros (claro que ele com bem mais. HIHI!), mas nos completamos e isso não é difícil de se admitir.
Garoto Solitário - É bom saber que gosta de nossa história. Só há uma história que li (que foi o José quem me fez ler nos horários vagos) e gostei muito. "EU TE AMO" da CARPE DIEM*. Uma fofa *-* E achei bastante interessante. Mas prometo ler outras histórias e dizer qual é a melhor desse site :D
¤$€MI¤@L@DO¤ - Eu fui tão baixo, né? Admito que estava CEGUÍSSIMO de ciumes. Eu também não entendo como esse idiota me abandonou daquele jeito. Quanto a questão de filhos, nós não pensávamos em ter, até acontecer uma irresponsabilidade (mais uma vez, pela parte do José) há quase um mês atrás. E antes que haja algumas suposições erroneamente, não, ele não teve culpa do que fez. Não mesmo. E há provas que afirmem que ele não teve culpa. Enfim, falei demais.
Não o julguem, 'tá gente?
Ah! E eu 'tô amando escrever para vocês. Beijos, beijos, beijos :* (ao menos com o pessoal daqui o José não tem ciumes ¬¬ hihi :D)