Como a vida nos pega em única curva.
Sempre dizia a mim mesma que não curtia esse lance de estar com uma pessoa e ficar com outro. Nunca fui fã disso. E ainda sou resistente a isso.
Ano passado entrei em um chat para conhecer pessoas que tinham o mesmo interesse que eu, assuntos de administração. Sou secretária e faz parte do meu trabalho. Foi nesse site que o conheci, Diego. Primeiramente formamos um laço estritamente profissional, ele sempre foi atencioso, muito inteligente, carismático ao extremo em tudo o que a gente falava. Até mesmo porque, ele era casado e eu também. Até aí uma relação normal de profissão. Tínhamos muito em comum devido ao 'tópico'. Diante disso, resolvemos nos encontrar para levar alguns materiais de interesse a ambos.
Pois bem, marcamos numa biblioteca da cidade. Tudo muito normal.
Falamos sobre tudo, nossa conversa começou a se estender de uma forma muito natural. O encontro foi muito agradável e, por esta razão, combinamos de a cada 15 dias ter essa 'reunião'.
As semanas se passaram e a afinidade cada vez mais, aumentando. Foi então que há uns seis meses atrás comecei a perceber algumas coisas que seriam, digamos, um pouco anormal num encontro profissional. Vez ou outra, retirava o cabelo do meu rosto, um toque no rosto, e isso foi mexendo comigo. Mas quis pensar que isso não passava de loucura da minha cabeça. Não dei importância.
Um dia ele me perguntou se eu gostaria de ir numa exposição de quadros que teria ali por perto no mesmo dia que íamos nos encontrar para os estudos. Como não via nada demais, aceitei. Meu marido estava viajando a negócios por 1 semana e estava sem ter o que fazer nesta semana toda. Seria realmente um tédio.
A exposição foi ótima! Porém, foi lá que pude ter certeza de que minhas suspeitas não eram tão 'loucuras' assim. Ele fazia questão de pegar na minha mão, meu cabelo, me afagar, fiquei muito sem jeito com isso, e parecia que, quanto mais eu ficava envergonhada, mas fascínio ele tinha nisso tudo. Seus olhos mostravam que o que ele queria de verdade, estava ali, diante dele, naquele momento. Isso estava me deixando atordoada. Não sabia para onde focar meus olhos, só sabia que não poderia ser para os dele.
Disfarcei minha timidez até o final da exposição toda. E por fim, já era tarde. Tínhamos que ir embora. Por dentro estava respirando aliviada, pois aquela situação estava me matando por dentro.
Até que Diego falou para irmos num barzinho, bem aconchegante, que tinha logo na esquina do local da exposição. Informei que não poderia, mas não teve jeito, ele me puxou para dentro do local e quando vi já estava sentada ao lado dele num momento de total descontração.
Conversamos bastante, rimos, foi realmente maravilhoso.
A hora já estava avançada quando estávamos dentro do carro dele, pois Diego fez questão de me levar em casa. Embora os meus pedidos de pegar um táxi tivessem sido em vão.
Chegamos ao meu edifício por volta de 1h da manhã, e então, vi novamente aqueles olhos. Tratei logo de me apressar a sair do carro, mas Diego segurou minha mão, aquilo já me deixou com as pernas bambas, aquele toque era diferente, aqueles olhos querendo me dizer algo a mais.
Foi então que o Diego começou a falar sobre 'nós'. Que não sabia como começar a falar, e então, aquilo já fez os meus batimentos se tornarem mais fortes e apressados.
Diego disse que sentia a minha falta durante os dias que não nos víamos, que ficava contando os dias para me ver naquela Biblioteca, de sentir meu perfume, de sentir minha pele nos seus dedos, nem que fosse somente para afastar uma mecha de cabelo que o vento retirava. Eu fui ficando sem respiração e sem direção com cada palavra que ele falava.
Eu só consegui dizer uma frase: " Nós não podemos fazer isso."
E Diego disse duas palavras somente: "Eu quero."
Ele me puxou para perto dele, e a medida que foi se afastando a distância entre nós, meu coração parecia que sairia pela boca, e foi então que sua boca se colou na minha e senti sua respiração acelerada, tanto quanto a minha. Sua boca pedia a minha de uma forma doce e forte, nossos lábios se colando e então, sua língua invadiu minha boca com certa urgência, e não pude mais evitar, retribuí àquela sensação e parei de lutar. Nos beijamos de um jeito intenso, suas mãos na minha nuca, puxando meu cabelo para trás e beijando meu pescoço e nossas respirações falhando.
Eu não podia deixar isso ir além, não mesmo. Disse não, disse para parar com aquilo, mas meu corpo queria, queria mais dele, queria ele, queria tudo dele.
Quando nós paramos, nossos olhos diziam tudo, nos queríamos demais. Era mais forte que nós.
Diego disse naquele momento que iríamos parar, mas que ele não iria desistir e não ficaria lutando contra o que ele queria. Me falou que não conseguia me tirar da cabeça sem ter me beijado e que agora ele queria mais, muito mais, me queria toda, queria me sentir. Aquilo me estremeceu.
Naquele momento eu fui à lua e voltei, estática. Não poderia permitir que isso fosse mais longe. Embora eu também quisesse muito, seu cheiro e gosto já estavam em mim, seu toque não poderia ser esquecido tão facilmente.
Foi com muito esforço que falei pra ele que não íamos mais nos ver.
E, por fim, ele respondeu: "Fale o que quiser, não vou obedecer. Eu te quero. E vou te ter." Me puxou novamente e me beijou com a mesma intensidade do primeiro, porém, mais forte ainda, me tocando com mais força, eu gemia de tanto tesão e ele mordia meus lábios e me pressionava contra o seu corpo de uma forma que me fazia esfregar totalmente nele, sentia sua boca de novo no meu pescoço, sua leve barba roçando mais para baixo, indo de encontro ao meu seio, ele sussurrava palavras que eu já não sabia mais identificar, estávamos totalmente perdidos, bêbados de prazer.
Foi nessa hora que me afastei, peguei minha bolsa e saí, quase correndo para meu apto, não podia ficar nem mais um minuto com ele daquele jeito. Antes de fechar a porta, olhei pra ele lá fora, e pude ver ainda seus olhos pegando fogo...
Continua no próximo...