Hoje acordei com vontade de escrever. Estou de folga devido ao feriado no município em que trabalho, e muitos de meus ex-casinhos sabendo disso começaram a me ligar logo cedo, por volta das 8h30min. O que me deixa muito irritada, dia de folga e ser acordada pra responder se quero fazer sexo pra mim é o fim.
Com esses telefonemas comecei a pensar quando tudo começou, e sempre nos fins de anos fazemos nossas retrospectivas, coisas boas, alegres, tristes, enfim fiz minha retomada do passado, e busquei na minha memória quando comecei a me interessar por homens.
Tudo começou aos cinco anos, tínhamos uns vizinhos recém-chegados do nordeste, a mãe se chamava Maria e o pai, só me lembro de chama-lo de Martins, eles tinham três filhos, a Gislaine, o Gildemar e o mais novo que só recordo o apelido, Patinho.
Minha mãe logo ficou muito amiga da Dona Maria Martins, virou sua confidente devido ao excesso de traições do marido dela, de modo que sempre vinha a minha casa conversar com mamãe. Eu que até então adorava brincar com Gildemar brincávamos muito, afinal eu tinha cinco anos e ele seis, fazíamos coisas de crianças, carrinhos, bola, esconde-esconde. Um dia começamos a reparar como seu irmão ficava mais a vontade, sempre ficava sem roupa, pois era bonito uma criança sem roupa naquela idade (isso era o que a mãe dele dizia) e nos dois sempre olhávamos.
Um dia estamos brincando em uma mata próxima a nossas casas (nessa época ainda existia pois tudo começou em 1986) começamos a falar de como o irmão de Gildemar ficava mais a vontade e ninguém reclamava, então decidimos fazer o mesmo, estávamos sozinhos na mata, e naquela época não tinha tanta maldade no mundo.
Tiramos nossa roupa e ficamos brincando, correndo, subindo em árvores, ficamos livres, me lembro de brincarmos de Adão e Eva, afinal tínhamos uma criação bem religiosa, uma hora eu era a Eva, depois Adão. Brincávamos sem reparar um no corpo do outro, a sensação de liberdade era uma coisa fabulosa.
Dias, meses se passaram e nós sempre nos fins de tarde corríamos para nosso jardim do Edem, mas em uma de nossas brincadeiras tudo mudou, estávamos brincando de subir em árvores, quando nos desequilibramos e caímos um sobre o outro. Lembro-me bem, cai sobre o corpo do Gildemar, fiquei olhando pra cara dele e comecei a rir, nos dois pelados no chão. De repente senti algo que nunca tinha sentido, o pênis do Gildemar estava duro, achei engraçado, pois estávamos frente a frente, pinto com pinto e ele teve uma reação ao toque de nossos corpos. Eu sem pensar peguei seu pinto na mão, pois achei muito engraçado na época, ele não demonstrou nenhuma reação e fez o mesmo comigo. Meu pênis também ficou ereto, não sabíamos o que fazer, afinal nunca havíamos ficado excitados juntos, rimos muito, mas confesso que gostei.
Após essa descoberta começamos a fazer isso com frequência, alisávamos nossos pintos, alisávamos nossos corpos, nossas brincadeiras de subir em árvores foram ficando cada vez menos frequentes, começamos a brincar de outras coisas. Rolávamos na grama abraçado nos esfregávamos com muita vontade, falávamos do nosso futuro de como seria bom fazermos isso sempre. Nós estávamos apaixonados um pelo outro. Não víamos como uma coisa errada, mas sabíamos que nossos pais jamais poderiam saber disso, uma vez que nossa igreja falava do pecado de Adão e Eva. E nós éramos pecadores.
Continuamos com nossos encontros secretos, sempre que chegávamos a nosso esconderijo já tirávamos nossas roupas e nos abraçávamos, deitávamos na grama e falávamos do nosso dia na escola, (eu estava na pré-escola e Gildemar na primeira série). Nesse dia foi diferente, nos ali deitados, tomei uma atitude, subi sobre seu colo, de modo a colocar minha bunda sobre o pinto do Gil, logo ficou duro, pude senti-lo esfregando na minha bunda e fazendo movimentos prazerosos, sem pensar no que estava fazendo aproximei-me de sua boca e encostei meus lábios nos dele. Eu havia dado meu primeiro beijos, hoje acho que foi um selinho, mas foi com o primeiro homem que amei. Éramos crianças que se amavam como adultos.
Após nosso primeiro beijo comecei a observar meus pais, e vi que nos beijos tinha que colocar a língua. Fiquei com nojo, mas não via a hora de contar essa novidade pro Gil, e assim fiz, demos beijos de língua, que melhorou a cada dia.
Ao completar seis anos tive minha primeira decepção amorosa, foi um escândalo na rua o pai do Gil havia ido embora de casa com sua nova amante, deixando a mãe do meu amor sozinha cuidando de três filhos. Logo as dificuldades começaram aparecer, o Gil ficou muito triste, nossos encontros foram ficando menos frequentes, não entendia o que estava acontecendo, mas via que as coisas pra mãe dele não estava sendo fácil, minha mãe mais algumas vizinhas faziam compra pra ela, mas o aluguel começou a atrasar.
O dono da casa pediu que ela saísse do imóvel, e em um de nossos últimos encontros o Gil me disse que estava indo embora de volta pro nordeste com sua mãe.
Lembro-me de ter chorado muito, ele e eu ficamos um tempão juntos, abraçados, chorando, nesse dia não fizemos nossa rotina, ficamos vestidos, fizemos juras de amor, prometemos nunca nos esquecermos, nos beijamos e fomos pra nossas casas.
Ficamos alguns dias sem nos vermos, até que um dia voltando da escola notei o silêncio da casa dele, minha mãe me disse que eles haviam ido embora. Não pude fazer minha despedida, só me lembro que chorei quando minha mãe deu a noticia, e dizia-me pra ter calma, pois assim que eles chegassem na casa da mãe de Dona Maria Martins ela nos escreveria. Minha mãe nunca soube o real motivo do meu choro. Perdi meu amor, e nem podia confessar a ninguém meu sofrimento. Meu Adão havia ido embora do paraíso e deixou pra trás sua Eva.
Anos mais tarde Dona Maria escreveu pra minha mãe, mandou junto com a carta uma foto dos filhos, ele estava lindo, na carta havia o relato de que ele sempre perguntava por mim, que sentia saudades. Minha mãe respondeu algumas vezes, mas não me lembro de outras cartas.
Bem caro leitor fico por aqui, esse conto é totalmente verídico, essa foi minha descoberta do amor e dos prazeres que pude encontrar com um homem. Depois do Gil tive vários outros homens, mas isso fica pros próximos contos.
