Nunca imaginei encontrar um lugar tão bonito como a Bahia. Uma semana antes do carnaval fizemos todos os passeios turísticos possíveis. A dança, cultura, a vida dos baianos é sem dúvida... única.
- Está cansado vovô? – perguntei do Mauricio.
- Não... apenas estou te admirando dançar... fico pensando... como é possível Deus fazer algo tão maravilhoso e ele ser todo meu...
- Assim eu fico com vontade de te beijar... não faz isso. – disse o puxando para dançar mais um pouco de axé.
Estávamos todos nos divertindo, era a semana perfeita. Seguimos para um praia maravilhosa e ficamos nos banhando pro mais ou menos quatro oras. O meu amor já estava virando um camarãozinho. E decidimos voltar para o hotel.
- Hoje pedi uns filmes no pacote da TV a cabo... quero ficar juntinho a você. – disse Pedro.
- Amor... estou todo ardido... passa creme em mim e liga esse ar condicionado...
- Eu já passei creme e o ar está no ponteiro polo sul... – disse Pedro. – Eu falei para não abusar do sol.
- Amor... estou na Bahia... preciso aproveitar... é uma droga ser branquelo.
- Não é não... eu tenho um remédio aqui para passar isso. – disse Pedro mexendo na bolsa.
- O que é? – ele perguntou curioso.
- Um creme que relaxa a pele...tem certeza que você é gay? – perguntei passando o creme nele.
Ezequias acordou animado para jogar futebol com os amigos. Na verdade quase não conseguiu dormir. Às 17h, ele se arrumou e partiu para a casa de Phelip. Quem atendeu a porta foi Osvaldo e o inevitável aconteceu... o estudante de medicina caiu na risada.
- Eu... eu.. fiz algo de errado? – perguntou ele ficando visivelmente vermelho.
- Que gritaria é essa Osvaldo? – perguntou Phelip tomando um copo de suco e jogando tudo fora ao ver Ezequias vestido igual a um jogador de futebol.
- Vocês estão brincando comigo? – falou ele virando em direção a porta.
- Não cara... espera... – disse Phelip. – Quando eu disse Futebol... era tipo no vídeo game. – disse Phelip.
- Mas, eu... eu... nunca joguei vídeo game.
- Como assim? – perguntou Osvaldo.
- Meus pais acham esses tipos de jogos distração para a mente. – disse ele.
- Bem... eu não vejo o seu pai aqui... porque... não experimenta? – perguntou Phelip.
- Acho que uma partida não vai fazer mal... – ele disse dando com os ombros.
Na parte de fora, Bernardo estava lavando o carro de seu pai, quando Daniele que estava passeando de bicicleta pelas redondezas caiu.
- Eu te ajudo. – disse ele levantando a garota.
- Obrigada... me desequilibrei completamente. – disse ela limpando a saia.
- Como dizem... mulher no volante é perigo constante...
- Bem, eu não gostei desta comparação... foi o lixo no chão que me derrubou... estava indo muito bem... – ela disse pegando a bicicleta.
- Ok... mais sorte na próxima vez. – disse o menino observando ela indo embora.
- Menina brava... – pensou ele.
Ele pegou a mangueira e continuou seu serviço até que Judi apareceu.
- Oiiii? – disse Judith.
- Oi, tudo bem? – ele disse dando um selinho na garota.
- O que está fazendo? – ela perguntou.
- Lavando o carro do papai... e você?
- Estava no orfanato... e estou indo para a casa... vi você conversando com a menina nova...
- Sim... ela é brava... eu a ajudei e ainda levei patada...
- Tendi... vocês costumam conversar bastante? – perguntou Judith.
- Acabei de conhecê-la... mesmo se quisesse não teria oportunidade... ela é mal... – disse Bernardo.
- Acho bom assim... – ela disse pegando uma esponja. – Tenho tempo para te ajudar ainda... vamos...
- Ei... você sabe que é única para mim... né? – ele perguntou para ela.
- Sim... e você é para mim. – ela disse dando outro beijo no jovem.
- Quem diria... eu sou apaixonado pela minha sobrinha... – ele disse rindo.
Dentro da casa de Rodolfo a competição esquentava... Ezequias estava dando um show nos controles do PS3.
- Pensei que você nunca havia jogado vídeo game? – indagou Osvaldo.
- E eu nunca joguei mesmo... eu... vai ver é natural...
- Gente está tudo muito bem, mas eu preciso ir embora. – disse Osvaldo – Preciso pegar a Fernanda no curso... – ele disse passando o controle para Phelip.
- Beleza... depois nos falamos... eu te ligo. – disse Phelip.
- Agora... vamos um contra um... – disse Ezequias sorrindo.
Depois de algumas derrotas, Phelip se deu por vencido e chamou o amigo para fazer um lanche. Eles conversaram sobre muitas coisas naquela noite... projetos... medos... desejos... Ezequias se abriu completamente para o amigo, mas infelizmente Phelip não foi tão sincero.
- Você deve gostar de ser pegador... né? – disse Ezequias.
- Mais ou menos...
- Mas, porque? Porque você não pode encontrar uma moça direita e se casar?
- É complicado... eu... minha ex-namorada viajou... me abandonou... para falar a verdade... e desde então decidi me divertir para variar...
- E quanto tempo vocês ficaram juntos?
- Quase quatro anos...
- É muito tempo...
- E você? Nunca namorou? – perguntou Phelip.
- Duas vezes apenas... mas meus pais não aprovaram o relacionamento.
- Você obedece mesmo os seus pais né? – perguntou Phelip.
- Sim... eles sempre se sacrificaram tanto por mim...
- Mas, você não pensa em você? Suas necessidades? Desejos? Você já bateu punheta?
- Ehh... hummm... apesar de parecer mentira... sei controlar os meus desejos... – ele disse ficando super vermelho.
- Ei... tudo bem... somos amigos...
Alguém bateu na porta e Phelip foi atender... era Vivi.. uma ex-ficante dele. O clima na sala ficou esquisito. Mas, Vivi aproveitou para jogar seus encantos em Ezequias. Ela se aproximou e sentou próximo a ele, Phelip inconscientemente ficou com ciúmes e puxou a moça para o seu lado e tascou um beijo. Ezequias se levantou e saiu da casa sem se despedir.
Fábio chegou cedo na casa de Vinicius. Eles beberam vinho... assistiram a um filme... e passaram boa parte do tempo conversando e rindo.
- Caramba... eu pensei que todos os médicos fossem chatos ou nerds. – disse Fábio sorrindo.
- Não... estava enganado... somos engraçados... – defendeu-se Vinicius.
- Só acho você um cara bacana. – ele disse.
- Obrigado Fábio... você sempre foi um bom amigo para mim... desde sempre...
- Lembra o dia que a gente se conheceu na boate? – ele perguntou.
- Sim... como as coisas giram né? – perguntou Vinicius.
- Tive que me mudar... a violência na cidade grande estava demais... a ainda mais para nós... – lamentou.
- Que bom... você está estabilizado...
- Mas,eu não esqueço as nossas loucuras em Sampa.
- Ei... nem me lembre disso... quero esquecer... - falou Vinicius sorrindo.
Em seu quarto, Ezequias pensava na vida. Quando sua irmã chegou e deitou ao seu lado.
- Como você está? – ela perguntou.
- Bem... e você?
- Estou bem... feliz de estarmos em um lugar novo... sem aquelas pessoas falando de mim. – ela disse o abraçando.
- Não se preocupa... aqui vai ser diferente...não vou deixar ninguém te machucar... – ele disse a beijando.
- Hoje... hoje eu conheci um rapaz bonitinho... ele mora nesta casa branca... em frente...
- Na casa do Phelip? – ele perguntou.
- Quem é Phelip?
- O rapaz que ma ajudou na faculdade...
- Ahhh... sim... ele tem irmãos? – perguntou ela.
- Eu vi um rapaz alto, magro, com os cabelos iguais aos meus... é esse? – ele perguntou.
- Sim... você sabe o nome dele?
- Não... mas não quero te ver com historinhas com esse menino. – protestou Ezequias.
- Para mano... você que deveria estar namorando... é novo, bonito. Forte... só mudaria esse óculos por lentes de contato...
- Eu não preciso mudar para ser aceito...
- Acho que vou investir nesse rapaz. – ela disse.
- Daniele? Já esqueceu o motivo de virmos morar aqui? – ele perguntou.
- Ahhh... o meu passado ficou lá atrás... eu não sou a única que tem os meus segredos...
Ezequias olhou com um ar de tristeza. E olhou para o teto.
- Desculpa... eu... sou uma idiota... não se preocupa... ninguém vai ficar sabendo... afinal... eu fiz o que fiz... justamente para as atenções ficarem voltadas para mim... e não para você...
- Vamos orar? – ele perguntou.
- Vamos...
- Senhor Deus... somos pecadores, mas queremos dizer que te amamos... falhamos muitas vezes, mas queremos melhorar... – disse Ezequias.
- Deus... abençoe meu pai... minha mãe... e principalmente o meu irmão que sempre esteve ao meu lado... – completou Daniele. – Vigia o nosso sono... amém.
Priscila, Luciana e eu, tivemos um dia só de “garotas”. Decidimos ir a um incrível SPA.
- Estou adorando a Bahia. – disse Luciana.
- Eu quero ver é na semana do carnaval... esse lugar deve ferver... – falou Priscila.
- Vocês estão muito animadinhas para o meu gosto. – falei.
- Porque você está ficando velho... – disse Priscila.
- Aí... amigo... entra no espírito... se diverte... é carnaval... – disse Luciana.
- O Caleb conseguiu ingressos para uma festa na casa de um colega dele... diz que rola de um tudo... – disse Priscila.
- Me impressiono com o Caleb... como ele tem pique para aguentar tudo isso? – perguntei.
- Mais pique que você... hunf... – disse Priscila.
- E ainda tem que aguentar esse ser... – falei apontando para ela.
- Gente... eu super topo voltar aqui um dia antes do carnaval para relaxar... vamos precisar... – disse Luciana.
- Verdade... toda energia é bem vinda. – falou Priscila sorrindo.
- Eita.. que nesse carnaval essas duas engravidam... – brincou Pedro.
- Deus te ouça – disse Luciana.
Mauricio, Caleb e Carlos, estavam jogando futevôlei na praia. Enquanto jogavam conversavam sobre muitas coisas.
- Ei... a festa de hoje promete... – disse Caleb.
- O chato é que eu e o Pedro temos que nos passar por amigos... – disse Mauricio arrumando o óculos de sol.
- Vixii... nessa festa meu amigão... rola de tudo... – disse Caleb.
- Olha só o coroa... – brincou Carlos.
- Ei... dou pro caldo ainda, mas Mauricio... falando sério... a festa é tranquila... é mista...
- Não vai ter problemas se eu beijar o Pedro? – ele perguntou.
- Claro que não... esse meu amigo tem vários amigos gays... que sempre estão nesta festa...
- Oba... vou aproveitar então...
- Esse feriado promete... – disse Carlos chutando a bola para longe e acertando uma barraca.
Os três correram em direção a bola e um rapaz saiu de dentro. Ele ficou impressionado com o físico de Mauricio correndo em sua direção.
- Você está bem? – perguntou Mauricio.
- Sim... acho que sim... – disse o rapaz atordoado.
- Quantos dedos você está vendo aqui? – perguntou Carlos.
- Não é melhor chamar uma ambulância? – perguntou Caleb.
-Eu.. to... to bem... – disse o rapaz se levantando. – Ficaria melhor ainda se você me oferecesse um café. – ele disse olhando para Mauricio.
Carlos e Caleb se olharam e fizeram força para não rir. Mauricio agradeceu a gentileza e mostrou a aliança levantou-se.
- Não tenho problemas... adoro um coroa... – disse o rapaz.
- Realmente me desculpe... mas eu tenho que ir... até... – disse Mauricio correndo em direção aos amigos.
- Hummm... o vovozinho dá para o gosto... – disse Caleb jogando a bola em cima de Mauricio.
- Olha só... conquistando os corações dessa praia...
- Que menino louco... – disse Mauricio sem graça.
O rapaz ficou olhando de longe o Mauricio jogar bola. Ele desejava severamente estar nos braços dele.
- Ai... ai... ai... mais uma vitima para a minha teia da sedução. – disse ele.
- Gente... o Pedro não pode saber desse incidente... imagina... ele dá piti e cancela a viagem toda... – disse Mauricio.
- Pode deixar senhor sedução... seu segredo está guardado. – falou Carlos jogando areia em Mauricio.
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