@ MET Steps

Um conto erótico de Marc
Categoria: Homossexual
Contém 1707 palavras
Data: 27/01/2013 03:49:44

Olá pessoal, tudo bem? Meu nome é Marc Demarchelier, sou filho de um francês e uma brasileira, vivi no Brasil até os meus 12 anos. Meus pais são divorciados hoje, meu pai é um fotógrafo renomado (e não, não sou filho do Patrick Demarchelier, embora o conheça desde pequeno) e devido ao trabalho dele passa a maior parte do ano aqui nos Estados Unidos.

Me mudei para cá porque no Brasil eu nunca consegui me encaixar muito bem, e meus pais sempre se preocuparam com isso. Minha mãe foi uma famosa modelo nos anos 80, meu pai é fotógrafo (foi assim que se conheceram), e acho que por isso sempre tive uma veia artística correndo em mim, o que me fez mais sensível que os outros, desde pequeno, o que sempre foi incentivado pelos meus pais, mas como muitos sabem o Brasil não era muito acolhedor a respeito disso alguns anos atrás, não sei se ainda é assim hoje, me disseram que as coisas já melhoraram muito.

Pois bem, hoje tenho 21 anos, vivo aqui já faz 9, e quero contar para vocês a história de como conheci meu atual namorado, homem que pretendo passar o resto da minha vida, vou narrar desde o nosso primeiro encontro, que foi quando eu tinha 17 anos, estava terminando minha High School, me preparando para os SATs e na maior pressão, para vocês entenderem melhor é o mesmo que um vestibular no Brasil, eu já tinha sido aceito na San Francisco's Academy of Art for Fashion mas não queria ficar tão longe de Manhattan, e a maioria dos trabalhos do meu pai são por aqui, e ok, ele vai bastante para CA, mas não queria, acho que vocês me entendem.

Bem, a minha história propriamente dita, começa aqui, e o título da história é esse porque foi nos degraus do MET que tudo aconteceu (MET Steps = Degraus do MET e MET = The Metropolitan Museum of Art). Desculpem se eu escrevo meio esquisito, não costumo escrever em português, mas estou estudando literatura portuguesa e espanhola na NYU, então vou melhorando, prometo.

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Meu pai tinha acabado uma sessão de fotos no CFDA, eu estava junto porque adorava todo o tempo que eu pudesse passar junto com a Diane, era sempre divertido e ela gosta muito de mim, nos damos muito bem. Eu estava distraído vendo os últimos modelos dos Wrap Dresses (algo como "vestido de amarrar"), marca registrada da Diane, quando meu pai me chamou que já havia terminado, eu perguntei se poderia ficar mais um pouco para poder ir para o attelier da Diane depois, ele não queria deixar, mas a Diane sorriu para ele e disse algo em Vêneto (idioma exclusivo da cidade de Veneza, não compreendo muito bem, mas era algo como não amarrar minhas asas), ele sorriu de volta e assentiu.

Nós ficamos um pouco mais no prédio do CFDA e fomos caminhando até o attelier dela, que ficava a poucas quadras do endereço em que estávamos, como ela andava com dois seguranças achamos que não havia problema, e felizmente não houve, com exceção de duas senhoras que nos pararam para cumprimentá-la seguimos tranquilamente.

Passei o resto do dia lá, entre tecidos, sketches (alguma palavra em português?) e modelos. Ficar junto de Diane é sempre uma lição de vida, ela é muito bem humorada e bem disposta. Quando o dia terminou eu já havia desenhado dois modelos e ela prometeu que os olharia com carinho depois, e falou que sempre que eu quisesse era bem vindo lá ou na loja, eu me despedi dela. Quando estava saindo ela perguntou se eu queria uma ride e eu recusei, falei que queria andar um pouco e respirar ar fresco, ela me pediu que tomasse cuidado, e mandou um segurança me acompanhar "sem que eu soubesse" (é claro que eu percebi o mesmo homem que tinha caminhado comigo algumas horas atrás sempre por perto, mas não me importei).

Um dos meus lugares preferidos de toda a Upper Manhattan é o MET e suas enormes escadarias, ficar sentado ali é sempre uma delícia, sobretudo nos entardeceres do início da primavera, era tudo o que eu precisava para um dia perfeito, aliás, que deveria ser perfeito.

Um grupo de garotos vem e começa a me provocar, a gritar e fazer piadas sobre mim, eu não costumo ligar, mas eram muitos e já estava ficando escuro. Corri os olhos à volta e não vi o segurança por perto, fiquei um pouco nervoso mas pensei comigo que ele já deveria estar a caminho, foi quando um me empurra e eu derrubo todo o latte que eu estava tomando em meus shorts, fico muito chateado e quase começo a chorar, quando um deles fala "Where's your fucking boyfriend now FAGGOT!", quando de repente sinto um puxão pela gola da minha camisa, fico mais nervoso ainda e tenho a certeza que iriam me bater naquele instante, mas vejo quem me puxou, era um menino que eu tinha certeza não estava com eles, me colocou atrás dele e pediu que eu ficasse lá até ele mandar, eu segurei na camiseta dele e comecei a chorar.

Ele mandou os meninos saírem dali, e como já havia gente demais a nossa volta, e alguns seguranças do MET já estavam se aproximando eles saíram rápido, não sem antes despejarem uma série de insultos que não ouso citar aqui.

E então ele se virou para mim e perguntou se eu estava bem, eu comecei a chorar e ele me abraçou, quando me senti em seus braços desabei e chorei ainda mais! Eu não tinha mais força nas minhas pernas, não conseguia me parar em pé, ele nos sentou e ficou abraçado comigo até eu me acalmar.

- Eles te fizeram alguma coisa? - Ele disse.

Não consegui responder, qualquer coisa que eu tentava falar me fazia chorar mais e mais, devo ter chorado por mais de uma hora até conseguir me levantar.

- Me desculpe, não queria fazer essa cena, não sou tão chorão assim - sorri sem graça - preciso ir para a casa, meu pai deve estar preocupado.

- Tranquilo, por mim poderia ficar chorando o resto da noite, foi ótimo ter você aqui esses minutos - ele respondeu fofo - você mora onde? Posso pedir para o motorista te levar para a casa?

- Moro na Upper West Side, é bem perto daqui, fica próximo ao Hudson, posso ir caminhando.

- Para esses merdas acharem você de novo? Nada disso, vamos juntos.

Nós conversamos mais um tempo sobre coisas aleatórias, descobri que ele tinha 27 anos e era sócio em um escritório de advocacia há 2 anos. Vinha de uma família tradicional de advogados, era a 4th geração dedicada ao direito na família, e se orgulhava muito disso. Contei para ele que eu não era nada além de um estudante com pretensões mais altas do que o possível, ele riu, mas garantiu que ter a amizade da presidente do CFDA não era pouca coisa, nós rimos um pouco mais e partimos dali.

Pegamos o carro, o trânsito às 7PM era um horror, se tivéssemos caminhado o caminho teria sido feito no mesmo tempo, mas ele não queria que caminhássemos as escuras, consenti.

Chegando na porta do prédio ele me pergunta se pode subir, eu concordo imediatamente, afinal ele tinha salvado a minha vida. Chego em casa e meu pai não estava, o que não me surpreendeu, ele sempre tinha alguma ocupação, e a dessa vez com certeza envolvia o demo (quem conhece a metier da moda americano vai saber de quem eu estou falando), então eu não esperava que ele voltasse cedo, perguntei ao Luke se ele queria entrar e tomar alguma coisa, ofereci uma Cherry Coke mas ele disse que tinha que ir para a casa, me deu um abraço e foi.

Fui me trocar. A minha bermuda de linho estava praticamente fundida com a minha pele, a mistura do leite com o açucar fez com que tudo grudasse e virasse uma porcaria, deixei no cesto e entrei na banheira, precisava de um banho quente. Meu pai entrou em casa e me chamou, gritei do quarto e ele veio falar comigo, me perguntou porque é que eu não tinha ligado para ele contar o que tinha acontecido. O segurança tinha saído por um minuto e quando voltou viu o garoto me empurrando, quando estava se aproximando o Luke já tinha afastado eles e ele permaneceu oculto, mas claro, não cego, me delatou para a Diane no mesmo instante que obviamente ligou para o meu pai.

Meu pai começou a falar, me xingar, me julgar por não ter aceitado a ride da Diane, eu ainda estava meio mal por tudo o que tinha acontecido e comecei a chorar mais uma vez, mas dessa vez levantei da banheira, me enrolei no roupão e fui para o meu quarto, batendo a porta.

Estava com o rosto afundado no travesseiro quando meu pai, depois de sabiamente esperar que eu me acalmasse, abriu a porta e sentou na minha cama e afagou meu cabelo.

- Criança, não quero você triste, mas você precisa entender o quanto eu me preocupo com você, você imagina a consequencia dos seus atos? Se não fosse a Diane ter mandado aquele segurança ninguém sabe o que poderia ter acontecido.

- Segurança?! SEGURANÇA?!! - gritei descontroladamente - Nenhum segurança me ajudou, aquele incompetente não estava nem perto quando tudo aconteceu, se não fosse o Luke me ajudar eu poderia estar morto agora! - e desabei no choro, mais uma vez. Odeio isso, mas toda vez que fico nervoso eu choro.

- Me desculpe - disse meu pai - se não fosse Luke não sabemos o que teria acontecido, e de qualquer forma, ele poderia não estar lá, você poderia estar sozinho, e você imagina como isso iria magoar a mim e a sua mãe? Além de Diane, que era responsável por você! - meu pai é muito carinhoso, mas tem uma entonação grave na voz, sempre que fala me deixa nervoso.

Chorei mais ainda, ele me deu um beijo e me deixou sozinho no meu quarto. Continuei chorando, não sei por quanto tempo e então adormeci, não me lembro de muita coisa naquela noite, mas tive vários pesadelos, acordei muitas vezes, mas me lembro que em todos eles eu era salvo por Luke.

Continua... (ou não)

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Comentários

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sketches em português pode ser traduzido como rascunho mas para desenhos de moda costuma-se utilizar sketches também já que é um jargão.

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MEU DEUS! Me desculpem pelo tamanho desse conto, eu JURO que não vai se repetir, é que eu acabei me empolgando e escrevendo demais, mas por favor, me digam que tamanho acham ideal assim posso melhorar cada vez mais!

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