Gostaria de me desculpar pelo primeiro episodio ter ficado tão longo, mas no tamanho que ficou achei que não forneci nem mesmo 20% dos detalhes que o acontecido merecia, então realmente não tinha como ter ficado menor. Eu claro poderia ter ocultado a minha parte junto de Diane, no CFDA e etc, mas isso, para mim, é sumariamente importante!
Existem momentos que aconteceram depois que tem ligações diretas com tudo isso que aconteceu, então eu não podia simplesmente ignorar. Outra coisa é que meu pai nunca me chama de "Marc", "filho" ou coisa parecida, nos falamos basicamente em francês por isso ele sempre me chama de "Mon enfant", que significa exatamente "Minha criança", é uma expressão francesa comum, e como os pais costumam chamar os filhos, por isso traduzo dessa maneira, para tentar deixar a tradução mais verossímil, já que ficaria ridículo eu escrever o que ele fala para mim aqui em francês.
Sobre o Luke, eu percebi que não dei uma descrição física dele, bem, ele é o típico New Yorker: 1,84, cabelos louro escuros, curtos, 78kg, joga basquete mas não pratica academia, tem um corpo lindo, mas não é sarado. Ele tem lindos olhos verde-esmeralda.
Eu já sou um pouco diferente pois pareço muito minha mãe. Tenho os cabelos levemente ondulados na altura dos ombros, quando pequeno eles eram louros mas hoje são castanhos. Tenho um rosto longo e um nariz protuberante. Tenho 1,76 mas sou magro, esguio, costumam dizer sempre que tenho um corpo de bailarino. Tenho olhos cor de mel, assim como minha mãe, sou realmente muito parecido com ela.
Gostaria ainda de pedir desculpas por não traduzir algumas palavras, mas quando faço isso é porque eu não conheço mesmo a palavra, portanto se vocês souberem a tradução por favor, fiquem a vontade para deixar ali nos comentários para mim. Além disso, vou procurar ser um pouco mais breve nas narrativas para não ficar chato, mas me deem um feedback para eu saber o que vocês gostam e o que não gostam.
---
Acordei já era tarde, eu não tinha ido para a escola, estava bravo e estressado por meu pai não ter me acordado. Saio para pegar o almoço emburrado. Quando eu estava comendo vejo o telefone tocar, era um número comercial que eu não conhecia, atendo.
- Sim? - disse, sem paciência.
- Só liguei para saber como você estava, mas percebi que o susto se transformou em raiva - Luke falava rindo do outro lado da linha.
- Não é raiva seu bobo - disse, sorrindo de volta - mas fiquei chateado, perdi a hora hoje e está super perto do SAT, cada aula é importante, além disso a diretoria da Brown vai lá essa semana, e eu não me perdoaria se perdesse uma oportunidade na Ivy League - respondi.
- Fico feliz por você ser tão responsável meu lindo, você está livre hoje a noite? Já foi no Samba?
- Já fui em vários sambas, no Brasil, você sabe que eu sou brasileiro né?
- Não!? Mas como pode? Você não tem o menor sotaque, e muito menos se parece com um latino! - vou ser bem sincero fiquei bem bravo essa hora, ele disse isso de uma maneira preconceituosa, como se ser latino fosse algo negativo e pejorativo, mas relevei.
- Sou sim, e amo muito o Brasil. Já moro aqui faz bastante tempo, mas as vezes eu sinto falta de ter um sotaque, de perceberem que sou um imigrante, mas você ainda sustenta seu convite? - disse, na esperança de cortar o assunto, felizmente funcionou.
- Claro! Que horas pego você na sua casa?
- Venha as 8, mas vou deixar o porteiro avisado e pode subir direto, quero ficar um pouco mais com você, dessa vez.
O dia passou se arrastando, eu não tinha o que fazer então decidi levar a minha roupa para lavar (incluindo a bermuda em estado deplorável), depois organizei meu quarto todo, separei várias peças do meu wardrobe que eu não usava mais para ver o que eu faria, assisti TV, acessei a internet, li livros... Fiz absolutamente tudo o que vocês possam imaginar alguém fazendo na tentativa de passar o tempo, quando finalmente eu alcancei as 6PM decidi começar a me arrumar.
Eu gosto muito de moda e hoje trabalho com isso, mas sempre me interessei e tenho uma mania na hora de me arrumar para alguma coisa em especial. Se eu não tiver um "moodboard" eu elejo uma peça, que pode ser desde uma roupa, em si (uma calça, um casaco, uma camisa...) até um acessório ou algum sapato, que vai ser meu ponto de partida para a produção em si.
Fui escolher a minha roupa, eu deveria ter começado a fazer isso antes, porque quando percebi eram 7:20, mas eu já tinha conseguido escolher a minha roupa. Uma camisa de pois com uma bermuda de alfaiataria amarela. Completando oxfords verdes e um chapéu de palha dourada, comprado em Paraty, no Brasil, eu queria parecer um pouco mais um brasileiro.
Entrei no banho, de banheira, claro, adoro ficar imerso na água por um grande período de tempo, além disso poupa água e o planeta, eu e o Al Gore agradecemos. Cochilei e acordei com a campainha, me enrolei no roupão e fui atender à porta, o Luke estava mais lindo do que nunca, com uma camisa da seleção brasileira e uma bermuda cargo, eu ri e ele me deu um abraço e um beijo no rosto.
- Eu não sabia que você gostava de futebol - disse para ele.
- Pra ser sincero até hoje a tarde eu não sabia nada sobre, mas agora sei que o time do seu país é o melhor do mundo, parabéns.
Luke começou a me cutucar e fazer cócegas, saí correndo dele pela sala e ele atrás de mim. Meu pai abre a porta e ele está me segurando pela cintura, nós dois morrendo de rir.
- Pai, esse é o Luke, que me salvou ontem. - disse, tentando segurar o riso.
- Você é o grande herói da história então? - meu pai disse, com o indecifrável sotaque dele, o Luke riu nervoso e assentiu com a cabeça.
- Você vai assustar ele assim pai - disse, cutucando o Luke, que nem respirava - pode falar alguma coisa, apesar da cara meu pai não morde.
- Desculpa senhor, não me apresentei propriamente, sou Luke Downey Von Rubinstein e gostaria de sua permissão para namorar o seu filho.
Fiquei mudo, sem ação, com medo, feliz... um turbilhão de sentimentos florescia na minha cabeça e eu só conseguia ficar nervoso com uma coisa: o que meu pai iria responder?