Meus queridos, a partir deste ponto, a história entra em sua nova fase. Muitas emoções virão, uma atrás da outra. Acompanhem sempre. Mil beijos e dedico este post de hoje ao IKY.
"Quando adiamos a colheita, os frutos apodrecem. Mas quando adiamos os problemas, eles não param de crescer."
Boa Leitura...
- A senhora vai ficar calada? Diz mãe, porque esse cara está aqui na nossa casa? – ele perguntava atônito.
- Esse cara? É assim que você trata quem lhe pôs no mundo? – disse o Sr. Alberto, na maior calma que lhe cabia.
- Infelizmente este é o mal que eu carrego. – respondeu Guilherme virando-se para sua mãe. – Depois de tudo que ele fez, eu pensava que a senhora nunca mais quisesse vê-lo.
- Meu filho, calma! ... O seu pai só veio aqui para...
- Eu vim aqui, porque eu e sua mãe conversamos muito e resolvemos nos dar uma nova chance.
Aquilo foi um baque para o Guilherme, que ao ouvir a notícia, explodiu como ninguém.
- Definitivamente eu não estou acreditando! A senhora ficou louca Dona Sandra? Será que a vida não te ensinou o bastante? – ele gritava olhando para o pai. – Qual é a tua hein? Não tá satisfeito em ter feito a minha mãe sofrer tanto? De ter me feito sofrer? – ele gritava cada vez mais alto. – Mãe acorda pra realidade!
- Não fale desse jeito com a sua mãe seu moleque. – advertiu o Sr. Alberto.
- Cala a tua boca. Você não tem o direito de falar nada. Porque você voltou hein? Lá nos Estados Unidos não era o suficiente pra você? – Guilherme começou a rir. – Não vai me dizer que você, justo você, sentiu saudades da família querida e resolveu voltar por isso? Nossa estou comovido.
- Respeite o seu pai Guilherme! – gritou dona Sandra.
- Pai? Quem disse a senhora que eu tenho pai? Nunca tive e não faço questão em ter. Aliás, isso aí não serve para ser pai de ninguém.
- Se continuar falando assim, eu vou... O Sr. Alberto fez um gesto com a mão, em forma de agressão.
- Vai, bate! Tá aqui minha cara. Bate seu monstro! Faz o que você fez da última vez. Só que naquela época eu ainda era um adolescente idiota que aceitava tudo que você queria, só que desta vez, é bem diferente!
Os ânimos estavam à flor da pele. Depois que o pai do Guilherme se mudou para o exterior, havia prometido nunca mais voltar, pois para ele, o Brasil ia ser sempre um lugar de terceiro mundo. Guilherme deu graças a Deus na época que ele partiu, pois só assim conseguiu ter paz, não só ele como também sua mãe, que era traída sempre por seu esposo.
- Depois de tanto tempo... Eu pensei que esse teu ódio por mim havia passado. – O Sr. Alberto matinha muita tranquilidade nas palavras, e até então não esbravejou em nenhum momento.
- Filho, tudo bem que no inicio o seu pai foi contra a sua escolha. Como você acha que um pai iria receber a noticia de que o filho é gay, e ainda por cima beber ao ponto de estragar a festa de aniversário do próprio pai, sem ter que tomar uma atitude? Para todos nós nunca foi fácil Guilherme. Para nos provocar, você sempre trazia um cara pra casa dizendo que era seu amigo, mas na verdade você dormia com todos eles. Como meu filho, me diz como você queria que o seu pai reagisse? E nem por isso, eu deixei de te apoiar. Você não vive sua vida do seu jeito? Então Guilherme... Perdoe o seu pai.
Como se fosse apenas isso. – pensou Guilherme. Mal sabia a mãe dele, que muitas mentiras envolvia o ódio que o seu filho sentia do pai. Mas Guilherme prometeu a si mesmo que nunca falaria nada, pois queria preservar a saúde da mãe.
- Se este homem voltar para esta casa, eu saio no mesmo dia!
- Guilherme! – sua mãe gritou. – Chega! Eu já estou cheia dessas suas rebeldias. Você não é mais um garotinho. Eu fiz tudo por você, enfrentei muita gente por você! Sei que o que seu pai fez foi muito errado. Ele não devia ter te dado àquela surra, nem ter te expulsado de casa, mas isso foi há quatro anos. Será que você não é capaz de perdoá-lo?
Guilherme era só lágrima nos olhos. Não conseguia entender porque sua mãe estava fazendo aquilo com ele. Ela mesma havia jurado que a vida seria apenas eles dois, que nunca mais queria ver o seu pai em sua frente, e do nada, resolve reatar um casamento que era puro desastre e violência. Por diversas vezes, quando pequeno, já presenciou o pai batendo em sua mãe, e aquilo ainda era vivo em sua mente.
- Tudo bem mãe. Fica com ele. Como sempre, eu sou a ovelha negra da família, eu não presto, sou rebelde, agressivo... Fica tranquila, não vou mais incomodar ninguém. – ele chorava sem parar e naquele momento correu para o quarto, mas antes olhava com ódio para o pai.
- Deixa. Deixa-o ir. Uma hora ou outra, o Guilherme vai entender que eu sou o pai dele, e que deve me respeitar.
- Eu não quero que o meu filho saia de casa Alberto. Eu não sei viver sem ele por perto.
- Ele não vai sair não, pode ficar tranquila. – Alberto abraçou-a.
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Enquanto isso, Andrey era só alegria, transparecendo aos quatros cantos sua felicidade por estar com o Guilherme. Agora ele tinha que arrumar um jeito de contar para sua mãe, pois sabia que ia ser dureza enfrentá-la. A mãe dele era evangélica, e nas suas convicções religiosas, um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, era algo condenável.
Mas isso ia ser um problema pra ele resolver depois, pois estava exausto da viagem e queria mesmo é tomar um bom banho e dormir. Por estar de férias no trabalho, tinha todo o tempo para descansar.
- Que alegria é essa meu filho? – perguntou sua mãe.
- A vida é mesmo uma maravilha não é mãe? Estou me sentindo tão leve, renovado por dentro.
- Esta viagem de uma semana te fez bem mesmo hein? Sente aqui filho e coma um pedaço do seu bolo favorito.
- Deixa pra depois mãe. Cadê o André? – ele perguntou pelo irmão mais novo.
- Foi para casa do seu tio Antônio. Meu filho, que história é essa de que três pessoas dormiram aqui em casa? O seu tio me disse que abriu três jovens que fugiam de bandidos... Eu já disse pra ele, que isso pode sobrar pra gente.
Por um momento o Andrey se lembrou do primeiro dia em que conheceu o seu amor. Ele junto com os seus amigos, fugiam de bandidos que haviam invadido uma festa onde eles estavam. Lembrou-se do primeiro olhar, do rosto perfeito que ele tem, da voz, do perfume... Quando, de madrugada observava ele no quintal da sua casa tão simples, admirando o céu.
- Andrey? Andrey?
- Hã? – respondeu ele assustado, perdido em seus pensamentos.
- No que estava pensando filho que te deixou tão aéreo?
- Nada mãe. Eu vou tomar um banho e dormir um pouco.
- A Alice te ligou ontem, disse que tinha uma notícia pra te contar que era muito importante.
- Depois eu ligo pra ela mãe. Beijos. – ele beijou a testa da mãe e foi para o banho.
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Guilherme arrumava as suas roupas numa mochila, estava mesmo disposto a sair de casa. Não posso acreditar, eu não posso acreditar! – ele repetia várias vezes em pensamento. – Porque Deus? Estava tudo na paz... Porque ele tinha que aparecer de novo?
- O que você está fazendo? – perguntou o Sr. Alberto ao invadir o quarto.
- Quem lhe deu permissão para entrar no meu quarto? Saia daqui agora!
- Calma mocinho. Você sabe que não adianta ficar nervoso não é mesmo?
- Parabéns! Você conseguiu mais uma vez. Infernizar a minha vida e a vida da minha mãe. Não bastaram pra você as traições? Não bastou você ter levado centenas de mulheres pra cama, enquanto fazia minha mãe de trouxa? Não bastou pra você se envolver até mesmo com travestis, hein seu nojento?
Guilherme ao dizer a última frase, sentiu o impacto da mão pesada de seu pai no rosto. Foi um tapa tão forte, que as marcas dos dedos dele, ficou cravado como uma tatuagem no Guilherme.
- Escuta aqui. Você pode ser um adulto, mas eu ainda sou o teu pai, e você querendo ou não terá que me obedecer. Eu voltei para esta casa e você vai ter que aceitar. Agora se pretende sair, vai. Eu quero ver Guilherme, quem vai pagara a tua faculdade, suas despesas... Porque se você sair desta casa, a sua mãe não vai lhe dar nenhum centavo.
Ele começou a chorar. Aquelas palavras era uma tortura para os seus ouvidos. No fundo ele sabia que não podia sair da Faculdade agora, pois estava perto de concluir o seu curso. E até conseguir um trabalho e um bom salário para se manter, ia passar por maus bocados. Até que não seria problema pra ele, viver na casa do Dinho ou da Lívia, mas não suportava incomodar ninguém, nem mesmo os seus amigos. Engoliu em seco as palavras do pai, e prometeu pra si mesmo vingança. Ele ainda tinha uma carta na manga: um segredo que poderia abalar a vida dele e de toda a família.
- É isso mesmo meu filho. – neste momento sua mãe entra no quarto. – Se você sair desta casa, eu não te ajudarei em nada. Você escolhe. Ou fica e continua tendo tudo que você sempre teve, ou sai e não tem nada.
Ele nunca pensou que a sua mãe fosse capaz de fazer aquele tipo de chantagem, mas na altura do campeonato, não tinha muita escolha. Acabou ficando. Sozinho em seu quarto e desabou num choro tão profundo, que soluçava sem parar. Adormeceu e nem viu que já era noite. Ligou para a única pessoa que o traria paz naquele momento.
- Que vozinha é essa meu branquinho? – perguntou Andrey, sentindo sua tristeza na voz.
- Não é nada meu anjo, eu só queria te vê hoje, pode ser? – Guilherme estava um caco.
- Claro meu branquinho. Eu já ia deitar, mas você pedindo desse jeito, não tem como resistir. Em alguns minutos estarei aí ok? – disse Andrey.
- Vou te esperar meu amor. Quando você chegar me dá um toque que eu vou descer e te pegar na portaria. Quero sair pra darmos uma volta.
- Como você quiser meu amorzinho. Beijos amor. – Andrey desligou o telefone. E viu que já tinha outra ligação em espera. Aff! Era a Alice, sua ex-namorada. Resolveu atender.
- Oi Alice, o que você quer comigo.
- Oi Andrey, sua mãe deu o recado?
- Sim, ela me disse que você queria falar comigo. O que você quer? – perguntou ele sem muita disposição.
- Eu nem sei como te falar isso... – Alice parecia nervosa ao telefone.
- Fala de uma vez Alice! Eu estou ocupado.
- Andrey... Você... É que...
- Fala garota! – ele já gritava impaciente.
- Ontem quando eu fui ao médico fazer uns exames, eu descobri que estou esperando um filho seu Andrey.
Ele quase deu um infarto ao ouvir aquilo. Por um momento ficou sem ar. Seu corpo tremia, sua cabeça agitava. Não podia ser. Um filho? Mas como? Sempre usei camisinha? Não, não pode ser. Ela só pode estar brincando. – ele dizia pra si mesmo.
E agora? Como será a reação do Guilherme ao descobrir mais este baque? E o Andrey, será que vai realmente assumir esta criança?
CONTINUA...