- Tá tudo bem aí dentro? *ele pergunta enquanto eu estou no banheiro*
Se eu soubesse o quanto a gente paga para beber só um pouquinho a mais numa noite como aquela, eu jamais o teria feito. Estava lá, vomitando, chorando, de joelhos, pelado, cheio de esperma na frente de um vaso, no quarto de um cara que eu mal conheço, e ainda me arrisquei por transar sem camisinha. Minha cabeça estava a mil, quando ele chega de fininho do meu lado.
- Você se arrependeu do que nós fizemos? *diz num tom triste enquanto sentava*
- Bem, eu to me sentindo um nada. Sei lá... Não sou daquele jeito na cama. To me sentindo como uma puta que não fazia sexo a o que... uns seis meses. E quando vê o primeiro macho na frente já vai se entregando sem ver a quem. É assim que estou me sentindo. *abaixo a cabeça, agora com vergonha de ter dito tudo aquilo*
- Vem cá, vamos pra cama pra gente conversar... Está se sentindo melhor da barriga?
Respondo que sim com a cabeça. Ele pega a toalha de rosto debaixo da pia, e seca minhas lagrimas e tudo mais que havia no meu rosto, e também me pede para lavar a boca com água e enxaguante, para tirar os restos do vomito. Após todo o processo de higienização, ele coloca o braço sobre meus ombros e me acompanha até a cama. Quando me sento, ele levanta meu rosto e me beija na testa.
- Ei, eu to aqui ok... *ele se senta e segura a minha mão direita com as duas mãos* - Eu sei que não nos conhecemos totalmente. Aquelas coisas que você disse na cama, pelo menos para mim, apenas valorizaram mais a personalidade quente que eu já havia percebido em você enquanto conversávamos no chafariz. Não achei que fosse, uma “puta”, como você disse. Se você se sente assim, é por que sabe valorizar seu corpo, esse é um dos motivos por me sentir tão seguro em não ter usado proteção. E também não somos completamente estanhos agora, apenas exageramos na dose.
A partir daí, eu soube que podia confiar nele. Não seria possível alguém ser tão frio ao ponto de fingir tão bem. Haviam fogos de artifício naquele pequeno espaço entre nós.
- Obrigado por me fazer se sentir bem, mas eu não esperava fazer algo assim aqui. Foi tudo tão rápido e intenso que... talvez tivesse achado que não era bom o bastante. *ele dá uma risada leve*
Antes que ele pudesse responder, meu telefone toca (pensem no refrão de Payphone – Maroon 5), era meu pai...
- Pai... *digo baixinho*
- Garoto, você sabe que horas são? *diz com voz de quem acabou de acordar*
- Eu sei sim, só encontrei um amigo e ficamos conversando até tarde, e estou no quarto dele...
Dois segundos depois, eu e Tony gelamos. NUNCA MAIS eu beberei mais que uma taça de vinho na minha vida...
- Hum, e você vai dormir aí? Por que agora já é mais de três horas da manhã e ninguém pode mais sair dos quartos se não for por emergência... *era uma norma do hotel, eles usavam das três até as seis da manhã pra limpar todos os corredores*
- Então, eu posso mesmo dormir aqui?
- Bem, se não tem mais jeito... Mas quero você aqui amanhã de manhã para o café da manhã... * Nós caímos na risada por causa da cacofonia... com certeza ele era meu melhor amigo*
Depois agradeço a ele, e desligo o celular.
O Tony me olhava com um olhar sério, mas daquele tipo bobo, que não tem intenção nenhuma de discutir.
- Desculpa, eu fiz uma promessa para mim mesmo que depois de hoje, eu não bebo mais que uma taça de...
Ele me interrompe colocando o dedo indicador nos meus lábios. Em silencio, ele me encara com aqueles olhos castanhos, os mesmos que me seduziram no chafariz.
- E então, posso dormir com você... *digo quando ele tira o dedo da minha boca*
- Só se você tomar outro banho comigo, então verei se é digno para dormir no meu quarto.
- É uma oferta tentadora. *falo bem pertinho do rosto dele, ele olha pra baixo, e depois para mim. Um rosto cheinho, barba bem feita e um par de lábios que mesmo fechados, enlouquecidamente chamavam os meus*
E assim, temos mais outro beijo. Mas dessa vez forte e envolvente. É aquele tipo de beijo que esquenta seu corpo. A cada toque, tem-se uma onda de sensações e desejos implícitos que apenas nós dois podíamos descrever.
Então, ele se levanta e pede para segui-lo até o boxe, onde me pede para entrar e assim, poder pegar o celular no criado mudo e colocar no player a música Contigo en La Distancia, do álbum “Mi Reflejo” da Aguilera.
Ele entra, e me começa beijando meu pescoço, num ritmo breve e confortante. Então, nos mexemos de um lado pro outro, a água caía com delicadeza em nossos corpos, fazendo aquele momento único se tornar ainda mais prazeroso.
- Eu realmente não acredito no tanto que somos parecidos... Primeiro o Bublé, e agora você põe a música de um dos álbuns mais perfeitos da xistina*..
- Realmente o destino foi bom com nós dois, eu fiquei surpreso no jardim, e agora estou boqueaberto... Você tinha o que quando ela lançou esse álbum, uns cinco anos?
- Caramba, se isso foi um chute, você ta de parabéns...
Nesse momento coloco minhas mãos nos ombros dele, e de retorno, ele põe as dele no meu quadril. Era algo que não tinha sentido, havíamos nos conhecido à apenas três horas, e agora, estamos dançando no boxe do banheiro dele, totalmente em sintonia um com o outro. E agora, completamente envolvidos com a melodia latina que soava naquele banheiro, que agora servia como pista de dança...
A música acaba, e o banho também. Após a dança, ficamos nos beijando encostados na parede até a Aguilera dar seus últimos agudos *que por acaso ainda não foram registrados no planeta terra*. Após nos enxugarmos e sairmos do banheiro, ele vai até sua mala e tira dois shorts de seda, dá um para eu me vestir e o outro para ele.
Fomos para cama, e nos aconchegamos um ao outro. Sinto seus pelos encostando-se às minhas costas, com isso me sinto seguro e... feliz! Com certeza não teria desejado um início de ano melhor que aquele. Só que outra coisa remoia minha cabeça...
- Tony, posso te fazer uma pergunta...
- Pode fazer duas. *diz me puxando ainda mais para o peito dele*
- Por que antes de ir falar com você, estava tão sério lá no chafariz? Desculpa se estou me intrometendo em algo, mas estava muito sério antes de eu chegar...
Ele fica em silencio, passa a mão no meu cabelo e depois beija onde me acariciou. Será que era algo tão sério que ainda tinha que pensar se ia me contar ou não... Aquilo começou a me assustar.
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Pessoal, desde já quero agradecer A TODOS pelos comentários do conto inicial. O que posso prometer é um ou dois contos por semana, já que estou me preparando para uma prova de línguas. Mas prometo tentar não despontar vocês... Um abraço e comentem o que acharam, é muito importante para mim.
*xistina é o jeito que pronuncio Xtina, apenas para os intimos tá kkkkk
