CAP VII - Tudo novo
Ela estava a minha espera, com os braços abertos para um abraço, como se sentisse o que eu estava sentindo, minha queria avó estava me esperando, eu só abracei-a e cai no choro, ela me apertava em seu braços e me pedia calma.
Sem questionar ou dizer qualquer coisa, ela me chamou para sentar a mesa, colocou uma leiteira no fogão a lenha que estava só numa pequena brasa, colocou uma caneca em minha frente pelo meio de puro café, tinha um cheiro bom, e pelo jeito estava docinho como eu gostava, assim que o leite esquentou, ela completou aquela caneca e me estendeu, e sorriu docemente, segurei sua mão olhei eu seus olhos e disse:
- Obrigado, vó...
- Fica tranqüila, ta, minha filha? – Disse beijando as costas da minha mão e continuou... – Ta tudo bem na sua casa, né?
- Ta sim, vó... Graças a Deus!
- Eu vou me deitar, ta bom, minha filha? Seu quarto esta arrumado limpei hoje de manhã, sabia que você me faria uma visita – disse e sorriu carinhosamente.
- A sua benção, vovó?
- Que Deus lhe abençoe, minha filha!
Ela se retirou, andando vagarosamente enquanto eu a observava e tomava aquele leite quentinho. Alguns minutos depois, fui me deitar também, meu dia tinha sido cheio e eu estava exausta, me sentei na cama e respirando fundo repassei tudo que havia acontecido naquele dia, em toda aquela semana. Foi bem difícil pegar no sono, na verdade se cochilei poucas horas foram muitas, acordei ouvindo passos pela casa e a voz do pessoal acordando, olhei no relógio e se passava um pouco mais da 5h da manhã, ouvi Marcelinho perguntando:
- Vó... de quem é esse carro vermelho ali fora? É da Dani, né? Ela chegou que horas? – perguntou bem alto, e pelo jeito tinha chegado correndo porque estava ofegante.
- Calma menino... Uma pergunta de cada vez. É a Dani sim, ela chegou ontem à noite e ainda esta dormindo, não fale tão alto, para que ela não acorde.
Marcelinho, é meu primo, tem 17 anos e mora no sitio com a vovó, o vovô e seu pai. Eu ri sozinha no quarto, estava acabando de me trocar para pode levantar, coloquei uma calça e minhas botas para montaria que estava no canto como sempre esteve, estávamos no inverno e de manhã fazia muito frio, peguei uma jaqueta e sai, cheguei na cozinha e logo vi Marcelinho pulando do fogão a lenha e vindo em minha direção...
-Dani... Que bom que você veio, precisa ver como o Ringo esta forte, você vai montar comigo, né? – Disse tudo muito rápido e me abraçou.
-Se acalme, pirralho... – Disse batendo no ombro dele, ele era mais novo, mas tinha a minha altura, e era bem forte. – Me deixe tomar um café, você vai fazer suas coisas e depois passa aqui, vamos até la pra que eu veja o Ringo, depois celar ele pra gente cavalgar.
- Ta bom, já volto, ta?
Somente balancei a cabeça confirmando, olhei para a vovó logo depois, ela estava encostada no fogão tomando uma xícara de café muito quente, podia ver a fumaça, ela sorriu pra mim e eu fui em sua direção...
- A sua benção, vó? – Disse abraçando minha velhinha do sorriso doce. – Bom dia!
- Deus lhe abençoe, querida! Dormiu bem? – Perguntou enquanto pegava uma xícara pra mim.
- Mais ou menos, dormi pouco... Mas eu to melhor!
Ficamos na cozinha conversando, mais ou menos uma hora depois Marcelinho voltou, com as botas toda suja de barro, parou na porta da cozinha e vovó já foi logo avisando...
- Nem pense em entrar nesse estado na minha cozinha, menino...
- Só vim chamar a Dani, vó... – Disse gargalhando... – Vamos, prima?
Me levantei, dei um beijo na vovó e acompanhei aquele rapaz, fazia mais ou menos um mês que eu não aparecia ali, ele parecia ter crescido muito mais. Chegamos até o estábulo e Ringo estava la, lindo e mais forte do que nunca...
- Cuidou direitinho do meu bebê, hein?! – Disse dando um tapa em sua costas
- Um bebê de mais ou menos 500Kg – Disse sorrindo e me ajudando a celar.
Ringo, é um quarta de milha de 5 anos, de pelagem marrom com as quatro patas brancas, com uma mancha branca na testa também. Terminei de celar ele, acariciei seu focinho, ele me cheirou e puxei-o para fora do estábulo, montei rapidamente e sai numa carreira só, ouvi Marcelinho me gritando e montado rapidamente em sua égua correndo atrás de mim, andamos por todo o terreno do vovô, corremos por algumas serras, e depois acompanhei Marcelinho em algumas terras vizinhas, resolvendo negócios do seu pai. Voltamos para casa para almoçar, e 13h Marcelino tinha que ir para o colégio. Ajudei a vovó com algumas coisas e tirei um cochilo no sofá.
Acordei mais ou menos umas 16h, peguei o Ringo e sai, corri, sem rumo e sem direção, peguei um trilho que dava até uma serra, de onde dava pra ver o por do sol, costumava ir quando era pequena, vovó me levava la para conversarmos, me sentei em uma pedra e fiquei olhando para aquele céu alaranjado, e o sol se pondo. Lembrei-me das palavras da minha avó, quando perdi minha égua, a mel, uma égua da mesma raça de Ringo, cor de mel, linda, mas após uma fatalidade ela veio a falecer.
Foi horrível quando cheguei até o sitio e meu avô me deu a noticia, chorei muito, tinha apenas 10 anos, não sabia como reagir diante de uma perda, corri, e fui parar exatamente naquele lugar, minutos depois minha velhinha apareceu, se sentou ao meu lado e me abraçou, disse uma coisa que nunca mais me esqueci, e caberia como uma luva naquele momento...
“Quem perde um amigo, perde muito... Perder um amor é perder mais ainda, mas nunca se perde a coragem, a coragem de lutar e seguir em frente. Nada acontece por acaso, acontece porque coisas melhores viram. Fica tranqüila...”
Aquilo soava cada vez mias forte em minha mente, “Nada é por acaso, coisas melhores viram. Fica tranqüila...” Fica tranqüila, Daniela... Tranqüila... Respirei fundo, senti aquela brisa fria e tocando e logo sai cavalgando pela trilha com Ringo, antes que escurecesse mais....
- Ta melhor, minha filha... – Minha avó perguntou enquanto tomávamos um café.
- Coisas melhores virão, vovó... Tenho certeza! – Disse sorrindo e olhando pra ela.
- Não perca a coragem...
Acordei às 5h da manhã na segunda, me despedi de todos e fui para a cidade, se não aparecesse na loja seria o fim para o meu pai. Passei em casa, troquei de roupa e encontrei a mamãe na cozinha...
- Estava no sitio, filha? – Perguntou beijando meu rosto...
- Estava sim, mamãe... Eu precisava ir la... – Desculpa não ter avisado.
- Sua avó me ligou, fica tranqüila!
Passei o dia trabalhando, fui para a casa, e recebi uma ligação que não era muito inesperada...
-Oi, Bia...
- Boa noite, Dani... Ta tudo bem?
- Tudo sim e você?
- Tô bem... O que vais fazer hoje?
- Me afundar na cama... – Disse dando uma gargalhada.
- Vamos jantar? Eu to faminta, não to a fim de fazer nada em casa e bom... Não conheço a cidade muito bem.
- Te pego as 21h?
- Anham, combinado!
- Tchau...
As 21h passei em frente o seu prédio e ela estava lá. Entrou no carro, nos cumprimentamos e fui logo perguntando...
- O que quer comer?
- Pizza? – Perguntou dando um sorriso lindo.
- Perfeito! – Disse dando partido no carro.
Foi uma noite agradável, conversamos muito, era incrível como com ela o assunto não tinha fim, contei o que havia acontecido com Duda, como eu estava me sentindo, e ela disse por que não voltou pra sua cidade nessas férias. Quando percebi já passava da meia noite, pagamos a conta e a deixei em frente sua casa. Ela agradeceu a noite e nos despedimos. No decorrer da semana continuamos nos falando por SMS, telefone e até mesmo por MSN, só depois de uma semana voltamos a nos encontrar num barzinho, sai com alguns amigos, e um amigo meu ia tocar ao vivo, esse amigo me auxiliou no violão quando comecei, estava sozinha em uma mesa, pois todos estavam tocando no palco, ela estava em outra mesa com duas garotas, se levantou e se sentou comigo, assistimos a apresentação de Allisson enquanto tomávamos um chopp e conversávamos, me assustei quando ouvi Allisson anunciando no microfone...
- Agora vou convidar uma amiga muito querida...
Pensei, desejando internamente que não fosse o que eu estava pensandopara cantar essa musica comigo... Sobe aqui Dani!
Não sei dizer que cor fiquei, estava roxa de tanta vergonha, todos me olharam e alguns bateram palmas, olhei para Bia e ela estava com um sorriso imenso nos lábios, me levantei timidamente e dei a volta até no fundo do palco, subi a pequena escada e Allisson me recebeu com um sorriso cúmplice, eu sussurrei só para que ele ouvisse “Eu te mato...” Ele me deu um violão, e me sentei... ele puxou o solo e eu dei inicio na base, sabia perfeitamente que musica era e comecei...
“Gosto de te olhar quando você sorri
Já fico a imaginar quando eu vou te ter pra mim, é...
Comecei a primeira frase, olhando diretamente pra Bia... A banda acompanhou e Allisson continuou...
“Espero pra te ver passar embaixo da minha janela
So pra ver se vai me olhar, pra valer a minha espera...
Ele me olhava e ria, quase caindo na gargalhando com meu nervosismo... Mas mantive a calma e não tirava os olhos dela...
“Por que
Eu ando tão sozinha, eu ando tão carente
E o coração tem vontade de te ter pra sempre...
Ele continuou comigo e o resto da musica foi assim, um reggae gostoso e eu já estava bem mais tranqüila, vendo ela me olhar encantada
Vem e cai nos meus braços
Deixa eu te amar
Preencha todo esse espaço pois
Há um vazio em seu lugar...”
Gosto de te olhar – Marauê (http://www.youtube.com/watch?v=QL-i4mIQfdg)
A apresentação terminou, ajudei os meninos a guardar os instrumentos e fiquei mais um pouco com Bia na mesa...
- Já passa das 2h, tenho que ir... - Disse olhando para o celular. – Você vem comigo?
- Claro! Só vou avisar minhas colegas... – Levantou rapidamente ao encontro delas.
Até que ela morava perto, em cinco minutos já estava na porta do seu prédio, parei e ela não desceu, virou-se e me olhou...
- Obrigado por mais essa noite e pela musica... – Disse desviando o olhar.
- É sempre um prazer estar na sua companhia... – Peguei sua mão e beijei.
Ela levantou a mesma mão e acariciou meu rosto, chegando perto me roubou um beijo, um selinho demorado, ia se afastando, mas eu puxei-a pela nuca e voltei a tocar meus lábios no dela, abri um pouco fazendo minha língua adentrar sua boca, ela me puxava pelo rosto, como se quisesse chegar mais perto, desceu suas mão apertando minha coxa, eu parei aos poucos e a afastei empurrando letamente pelo peito...
-Melhor eu ir embora... – Disse me recompondo...
- Eu também acho... – Disse ofegante e rindo timidamente...
- Então... Boa noite! – Me atrapalhei ao despedir.
- Boa noite e obrigado mais uma vez... – Disse abrindo a porta e descendo sem olhar pra trás, só a vi fechando o portão atrás de sim.
Sai assim que a vi subindo as escadas, fui apara a casa, e assim que me deitei não podia pensar em mais nada a não ser naquele beijo...
Obrigado por me acompanhar, galera! Qualquer sugestão é só comentar, estou aberta a novas propostas. Até amanhã
