*digitei isso like a flash, então, erros em frente.
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Parte 15 – Torres I
Clara estava errada. Era impossível que eu ficasse com o Gustavo. "E" vem antes do “U”. Ela não sabia disso? E eu como um idiota ainda me alimentei de esperanças que nunca tive. Perfeito. Agora aqui estou eu no intervalo procurando alguma forma de tentar falar com ele. Para melhorar, essa pesquisa é para semana que vem! Marina realmente é doida. Mas, o pior não era isso. O pior ia ser encará-lo novamente. O destino adora pregar peças.
— Não vai ser tão ruim assim... – ela dizia comendo seu cupcake.
— Não vai? Você ficou louca! – tomei um gole de coca que saiu rasgando minha garganta. Meus olhos lacrimejaram.
— Ele não vai te comer, Hugo. – o duplo sentido proposital só foi interpretado depois alguns segundos. Estou perdendo a inocência.
Gustavo chegou com seu lanche, e trouxe o meu chiclete que pedi. Mascar chiclete tem tirado meu nervosismo.
— Andressa vai odiar a Fabiana lá em casa. – Gustavo disse rindo.
— Ela odeia qualquer mulher que vá a sua casa. – disse Clara, lambendo o chantilly no canto da sua boca, e depois olhando para ele. Clara estava...??
— Tem razão. – respondeu e riu ainda mais.
Foi na saída que eu estava tomando coragem para falar com ele, estava voltando do banheiro e comecei a descer as escadas, e trombei com ele quando estava virando. Coloquei de volta a alça da minha mochila no ombro direto. Esse era o momento.
— Então... – hesitei de nervosismo e respirei fundo. Não queria gaguejar. — Acho que precisamos conversar. – disse por fim encarando os olhos azuis dele.
Ele apoiou as costas na parede. Seus olhos perderam o foco por um segundo, e depois encontraram os meus.
— Não temos nada para conversar. – olhou para outro lugar.
— Como nada? Você ficou doido? – me irritei, quem ele pensa que é? — Esse trabalho vale a metade, me-ta-de da média da última unidade, e você me diz que não tem nada para conversar? – perguntei impaciente. Ele não se comoveu.
— Podemos tornar as coisas mais fáceis. - disse ainda sem me encarar.
— Como, por exemplo? – perguntei mais impaciente ainda.
— O trabalho não é tão grande, eu posso fazer sozinho e colocar seu nome. – sugeriu. Então seus olhos viram pra mim em busca de uma resposta.
Que tentador! Como se eu fosse aceitar. Nunca na minha vida deixei que os outros fizessem trabalhos por mim, e não ia ser agora que isso ia acontecer. Mas eis que me aparece uma “estonteante” oferta de descanso. Isso tudo era para não ter de ficar comigo? Essa ideia infelizmente me fez sentir frio na barriga.
— Jura? – cheguei ao auge da ironia com uma pitada de falsa alegria.
Mas ele continuou paciente. Paciência essa que me irritava mais ainda por sinal.
— Você está brincando, não está? – perguntei agora dosando a irritação.
— Não vejo outra saída. – respondeu seco.
— Certo... – respirei fundo. — Eu faço então. – disse dando as costas para ele, que ousadamente segurou meu braço e me puxou até encará-lo novamente. Alcei uma sobrancelha, e o olhei impaciente. A mão dele fez todo o meu braço formigar, e eu lutei contra meu corpo para que ele não visse o efeito maldito do seu toque.
— Isso não vai acontecer. – virou um pouco a cabeça como se me desafiasse. Ele não estava tão perto, mas pude sentir seu hálito quente.
— E porque não? – perguntei no cúmulo da minha impaciência.
— Isso não seria justo. – que Deus me ajude, mas eu vou bater nele.
— Quer dizer que seria justo se você fizesse tudo sozinho enquanto eu estou dormindo em casa?! - ele me olhava quase como se já esperasse por isso. — E dá para me soltar?!
Ele soltou meu braço e passou a mão no cabelo. Demorou um pouco, mas finalmente respondeu.
— Amanhã, três horas na minha casa. – se virou e subiu as escadas.
Fui nervoso para casa e para deixar tudo melhor, minha mãe não tinha chegado do trabalho. Comi qualquer coisa e subi pro meu quarto. Amanhã teria de ir para casa dele, e eu não tinha pensado muito nisso até agora. Eu tinha muitas lembranças da gente lá, e isso ia doer. Muito. Eu tenho que admitir que sinto muita falta dele. Mesmo depois de tudo aquilo, tinha uma parte minha que ainda o queria do meu lado. Parte essa que vou ter de controlar, apenas para manter minha sanidade.
O resto do dia voou.
A terça era o dia que eu mais odiava na semana. Mas agora, nessa altura, nada mais estava me incomodando. A não ser o fato de ter que ir à casa do meu ex-namorado (nem sei se posso dizer se foi, quem sabe) e encará-lo como se nada tivesse acontecido. E como vocês sabem, eu sabia esconder os sentimentos, mas não sabia se ia conseguir agora. Eu queria dar um murro no peito dele, e perguntar por que diabos ele havia me deixado por aquela garota. Pensar nisso tudo fazia minha cabeça rodar em confusão, e minha barriga formigar. Coloquei meus fones, aumentei o volume e me joguei no sofá. Esperando a maldita hora de encará-lo, e ser formal.
Eu o olhava de cinco em cinco minutos para o relógio, mas realmente eram vinte. Parecia que estava em forward. Quando deu duas e meia, peguei um livro de literatura e um casaco. Choveria hoje.
A cada passo que eu dava, mais nervoso eu ficava. Estava suando em quase todas as partes do corpo. Meu cérebro já estava até processando algumas mentiras para ele. “Minha cabeça estava explodindo”, “Oh Henrique, eu tive de viajar com minha mãe” e outras coisas mais toscas. Afinal, eu ainda tinha a merda do número dele no telefone, e que já fiz questão de tirar o “Amor” para um simples “H.”, nem o nome dele eu queria colocar mais ali.
Já estava virando a esquina da sua rua. Bairro de gente rica. Eu morava perto da praia em Salvador quando morava com minha vó, era um bairro em que eu encontrava de tudo. E depois que fui morar com meus pais, a praia tinha ficado um pouco mais longe. Minha mãe não deixava eu ir sozinho, mas eu sempre passava na casa do Caio, e depois íamos livres para o mar. Mas isso eu conto depois.
Eu respirei fundo, e levantei meu dedo para o interfone. Tudo me deixava nervoso. Desde a fachada da casa, ao toque do interfone. Respirei mais algumas vezes.
— Quem é? – perguntou uma mulher. Perguntinha difícil.
— O colega do Henrique... – respondi gaguejando.
— Aguarde um momento. – e for fim desligou.
Quanto suspense. Escorei na parede até que a porta se abriu, e uma senhora, que provavelmente trabalhava lá.
— Boa tarde, você deve ser o Hugo, não é? – perguntou colocando a mão em meu ombro e me puxando para dentro. A beleza da casa dele nunca ia parar de me surpreender?
— Sim, sou eu. – respondi com um sorriso.
Andamos até a enorme porta de vidro, que escondia metade da sala com uma cortina bege e branca, que dava um ar aconchegante ao ambiente.
Ela me deixou sentado no sofá, me ofereceu um monte de coisas e por fim falou que ele já ia descer. Meu coração apertou. Eu estava sentado em uma posição, que daria perfeitamente para vê-lo descendo. Eu estava pensando em levantar e sentar do outro lado. Mas os sons dos seus passos nos degraus deixaram o meu corpo paralisado. Então ele aparece. E sua beleza me atingiu de uma maneira que não estava preparado. Minha mão ficou gelada, e a boca seca. Que inferno! Odeio quando fico assim.
Ele estava usando uma camisa regata azul, que destacava seus músculos e um short branco com detalhes pretos. Os olhos azuis agora me miravam. Isso era uma tortura. E só estava começando. Finalmente, quando ele para no final da escada, e que ele olha para seu relógio prata e diz:
— Bem pontual. – isso era para tirar a tensão que teimava em pesar aqui ou era para me irritar?
— Costumo ser bastante. – respondi levantando, e nem me atrevi a andar até ele. — Aonde vamos nos divertir? – fui irônico.
Ele deu mais um passo na minha direção, e eu engoli seco. Tentei olhar para tudo, menos para seus olhos. Não aguentaria.
— Só trouxe esse livro? – perguntou.
— Apenas ele, foi o melhor que encontrei. Eu já fiz uma apresentação ano passado sobre esse assunto, e lembro quase todas as coisas importantes.
Eu percebi que ele olhava para meu cabelo às vezes, e me lembrei de como ele gostava de mexer nele. Pelo menos quando era grande. Ele deu outro passo, esse agora nos deixava a apenas outro passo de distância, ele estende o braço para que eu entregasse o livro para ele. Eu queria recuar, correr para bem longe dele quando senti seu maldito perfume tomando conta do lugar. Ele folheou e depois fechou.
— Então... vamos nos divertir lá em cima – ele me devolveu.
O subimos para a sala do piano e ele tirou alguns livros de cima da grande mesa de madeira quase ao lado do piano. Ele pediu para que eu esperasse, e saiu. Coloquei meus braços paralelos na mesa, e apoiei a cabeça neles. Queria chorar. Ele voltou com um notebook, e alguns papéis e outra coisa que não sabia o que era. Colocou tudo em cima da mesa e trouxe um porta lápis que estava afastado para perto. Sentou do outro lado e ligou o computador. Ele empurrou a coisa que não sabia o que era até agora para mim.
— Se quiser pesquisar alguma coisa... – disse sem tirar os olhos da tela do notebook.
Peguei o seu iPad e desbloqueei. Depois um lápis e uma folha em branco.
— Podemos dividir as etapas... eu escrevo as diferenças entre o parnasianismo, naturalismo e realismo, você pode escrever sobre os principais autores. – sugeri.
— Eu escrevi ontem um rascunho sobre as diferenças... – ele disse, procurando entre os papéis. Depois que achou, me entregou.
Eu comecei a ler. Sua letra era linda. Parecia que ele escrevia em itálico, e eu entendia tudo perfeitamente. E quando eu terminei, eu não acreditei que foi ele que tinha escrito aquilo.
— Está... – suspirei. — Muito bom.
Ele sorriu. Ele era mais inteligente do que eu imaginava.
— Acho que nem vou fazer mais, vou te ajudar com os artistas. – disse iniciando o navegador do iPad.
Ficamos discutindo até umas seis horas, e fizemos a metade da pesquisa. Foi melhor do que eu tinha imaginado. Pelo menos não ficamos gritando um com o outro quando não concordávamos em alguma coisa. Ele insistiu que eu comesse alguma coisa, porém que ele comeu sozinho. Tínhamos terminado a parte dos artistas, e eu já estava cansado.
— Acho que já vou... – disse levantando. — Já está tarde, e não quero te incomodar mais. – peguei o livro.
Ele levantou, e me acompanhou até a porta. Já estava escuro, e uma chuva forte cairia.
— Então... terminamos amanhã? – ele perguntou, e eu virei para respondê-lo.
Uma garoa começou a cair, e eu coloquei meu casaco branco.
— Terminamos. – respondi, sorrindo.
Eu realmente estava feliz. Nada tinha sido do jeito que eu pensei. Então ficamos nos encarando, por um tempo suficiente para me deixar sem graça.
— Até amanhã então... – abaixei o olhar, acuado.
Dei as costas para ele, se que ele segurou meu braço, dessa vez mais delicadamente.
— Você não quer que eu te leve? Vai chover e você...
— Não precisa... – o interrompi. — Não precisa se incomodar mais comigo, Henrique.
— Você não me incomoda. – respondeu.
— Mesmo assim, muito obrigado.
Já estava virando quando ele fala:
— Me desculpa. – pelo o que mesmo?
— Você não tem porque se desculpar. – respondi, quase não terminando a frase, porque ele estava muito próximo.
— Eu fui muito grosso com você, eu sei, mas eu estava...
— Você fez o que devia fazer, Henrique. Está tudo bem agora, afinal, nunca fui bom o suficiente para você. – ele me encarava sério.
— Eu não queria te machucar... – sussurrou.
— Você não me machucou. – menti.
— Eu sei que sim. – ele me encarou e segurou meu braço, como se eu fosse fugir.
— Então porque você quer me machucar ainda mais?
A chuva estava mais forte agora, e meu cabelo quase encharcado. A chuva escorria em nossos rostos. Livrei-me da sua mão e apenas disse:
— Tchau Henrique. – disse dando as costas para ele.
Deixei que a água morna do chuveiro me aquecesse e me relaxasse. Depois tomaria um bom copo de café com leite. Não queria morrer de gripe. Não queria pensar no Henrique. Não queria estar apaixonado por ele. Não queria que ele fosse tão bonito e inteligente. Eu simplesmente queria sumir por um tempo.
Sumir. E Clara concordou. Não demorou muito para que ela fizesse todo nosso roteiro, que incluía Gustavo. E ela disse que ia me levar para praia. Aquela que ela disse que ficava aqui perto. Voltaríamos à noite. Menti para minha mãe, dizendo que ia ficar na casa da Clara estudando.
Então era só esperar o sinal tocar e adeus problemas, e olá Torres. Praia só por algumas horas, mas valeria a penaMais uma vez,desculpas pela demora (já tá virando rotina). Essas estão sendo as férias mais conturbadas da minha vida, eu simplesmente não consigo ficar em casa! Estava viviendo la vida loca na casa da minha vó, e quando estou lá, esqueço de tudo. Mas não esqueci de vocês! :) Até já pensei no final! E se sair tudo como eu estou planejando, o conto vai ter 20 partes, ou 21 no máximo. Garoto96, você é lindo e acabou! Não discuta. Syaoran, espero não te decepcionar, tenho medo de você kk. E Luke, você já percebeu que postou a última parte da sua história no mesmo dia que eu? Você acha que não me tortura também? Eu vou fazer greve, e só postar depois que você postar! E você às vezes me surpreende quando diz que gosta do meu conto. Eu lembro quando você comentou pela primeira vez e eu disse que tinha achado engraçado (depois eu vi que ninguém entenderia o porquê da graça, e nem vai), cliquei no seu nome e vi que você não tinha escrito nada. Depois você comenta novamente: "onde esse menino foi parar?" e eu nem lembrava mais quem era Luke17. Então cliquei no seu nome de novo e vi que você tinha postado uma história, e quando terminei de ler, eu me perguntei: "como ele pode ter gostado do meu conto, sendo que o dele é perfeito?" Eu cheguei até pensar que você estava brincando comigo, sendo irônico, alguma coisa assim! Mas por fim, concluí que você fuma kkk. Enfim, muito obrigado, e um beijo para todos que comentaram. Amo vocês.