Restos daquilo que ainda não veio

Um conto erótico de Observador
Categoria: Homossexual
Contém 727 palavras
Data: 30/01/2013 02:55:31
Assuntos: Homossexual, Gay

Bernardo estava no assento traseiro do carro de seu pai, que parecia tão desorientado quanto o filho, mas por motivos diferentes. O menino não entendia o porquê de estar há tanto tempo naquela caminhote, seguindo o caminho de uma longa estrada melancólica. Ele supunha que esse mistério todo tivesse algo a ver com seus estranhos sonhos recentes. Uma nuvem de interrogações alagou sua ingênua cabeça e o fez pegar no sono.

Acordou algumas horas depois, sendo carregado pelo pai até uma casinha formosa que era cercada por outras casas igualmente pequenas. O mundo a sua a volta lhe mostrava uma vila pequena, de aparência aconchegante e bem-arrumada. Adentrando a casa, encontrava-se um pequeno quartinho no final do corredor atrás da sala. O menino estava cansado e não prestou muita atenção no ambiente. Ao ser deitado cuidadosamente em uma cama, ouviu o pai dizer:

- Eu te amo tanto, meu filho, não esperava que as coisas terminassem assim. A morte de sua mãe, seus sonhos perturbadores...

A mãe de Bernardo morrera cinco anos antes em um desaparecimento sem explicações e desde então o menino foi acumulando inúmeros problemas, tornou-se uma criança infeliz e fechada, ao contrário do menino alegre que costumava ser.

- Você se lembra desse lugar, Bernardo? - perguntou o homem, sem receber resposta alguma do menino que o escutava atentamente. - Estamos em Pinhal, cidade onde seus avós moram. Nós vínhamos aqui em todas as férias, você adorava pescar comigo.

O pai parou de falar, como se estivesse à procura de uma forma sensível de dizer o resto daquilo que tinha que contar ao filho.

- Você deve ter percebido, meu filho... já não somos os mesmos. A morte de sua mãe foi o primeiro acontecimento de uma série de ocorrências que desencadearam a separação de nossa família: seu irmão foi trabalhar na cidade e você, o filho que restou ao meu lado, parecia estar em outro mundo, não deu mais bola para seu velho amigo aqui - iniciou o pai, que apesar de se denominar velho, não passava de seus trinta e poucos anos.

O homem era militar do exército exércitos estava em um cargo bem avançado em comparação a qualquer outro militar de sua idade. Devido ao trabalho puxado, não conseguia passar todo o tempo que desejava com o filho, mas não deixava de ser um pai esforçado.

Bernardo amava seu pai, mas depois de ter passado por tantas coisas que menino de sua idade não costumam passar, não conseguia ser tão carinhoso com mais ninguém, até porque sua mãe eram apegados como só eles sabiam ser.

- Ontem recebi um telefonema do quartel. Eles me ofereceram o comando uma missão muito importante... você vai morar com seus avós enquanto eu estiver fora do país - contou, enfim o pai. - Tente tirar proveito da situação, meu querido. Procure fazer amigos, acabar com esse isolamento. E, afinal de contas, você já tem treze anos e deve cumprir com suas responsabilidades. Ajude seu avô a cuidar de sua avó, seja um aluno esforçado, tente recomeçar sua vida.

O homem deu um abraço bem apertado em seu filho e abandonou o aposento, deixando o garoto descansar em paz.

Bernardo só foi acordar várias horas mais tarde, um tanto desnorteado provavelmente por causa das muitas informações a serem processadas. O menino se levantou, meio tonto, foi até a sala de estar, cumprimentou seus avós que se aconchegavam de fronte a uma lareira e saiu de casa.

Começou a caminhar pela vila, sem prestar muita atenção para onde ia, e avistou o muro que definia a divisão da ruela com algo que parecia ser um bosque. Ele só queria achar um canto para parar e refletir um poucos e foi ali, sentado numa calçada, envolvendo suas pernas com os braços, que se acomodou.

Era tanta coisa para se pensar, tantas perguntas sem resposta, que o pequeno menino apenas parou e começou a observar o local. Reparou que a pequena vila era muito bonita e que as faixadas das casas eram trabalhadas e cheias de detalhes mimosos. Foi varrendo todo seu campo de visão com o olhar que o menino se deparou com dois olhos o observando. Era um jovem de aparência um pouco mais velha que de Bernardo. O adolescente o fitava com uma mescla de curiosidade e compaixão. Depois de alguns segundos ele, que estava em uma sacada, voltou para o interior da casa.

Continua.

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