Boa noite galera. Essa é uma história em parte real, que aconteceu comigo. Em parte por que eu alterei o nome de todas as pessoas envolvidas, afim de não expor ninguém. Desulpem se demorar um pouco para chegar nas cenas mais quentes, mas eu quero que a principio vocês entendam as motivações dos personagens. Sou novo aqui na casa, então queria pedir a colaboração de vocês. Enviem os seus comentários, para que eu possa melhorar cada dia mais a qualidade do texto. Obrigado e boa leitura!
Colégio Marista, Brasília - 1 ano atrás
O professor baixou os olhos, estudou o garoto por cima dos seus óculos retangulares e disse:
- Gleydson, temos algo muito difícil pra lhe contar. Seus pais... sofreram um acidente de carro essa manhã... eu... sinto muito... eles não resistiram.
Naquele momento, tudo o que importava para Gley era acordar daquele pesadelo. Ele tinha que estar dormindo... não podia ser verdade. Tudo estava indo tão bem.
Uma semana antes, a família estava passando férias em uma praia no Rio de Janeiro. As lembranças estavam tão frescas em sua memória que o garoto tinha a sensação de poder tocá-las. Sua mãe com vergonha de ficar de biquíni na praia, seu pai, reclamando por que o preço da água de côco tinha triplicado nessa temporada...
Mais tarde, depois de se recompor, descobriu que os pais haviam sofrido um acidente voltando para casa, e ficou muito impressionado. Se não tivesse vindo embora mais cedo por causa da volta às aulas...
Gleydson nunca tinha sido muito apegado aos seus pais, na verdade eles viviam se desentendendo por um motivo ou outro... mas ele os amava, e descobriu isso da pior forma possível. Perdendo-os.
Agora ele estava praticamente sozinho no mundo. Seus pais o haviam deixado, não tinha tios ou primos por perto, a única família que lhe restava era o seu irmão mais velho, que morava em São Paulo, mas Gley já tinha colocado na cabeça que não mudaria de cidade por causa dos acontecimentos. Queria apenas tocar a sua vida.
Foi quando recebeu o telefonema que mudaria ainda mais a sua vida dali em diante.
- Alô.
- Gley, to tentando ligar há duas semanas cara, - disse a voz, que Gleydon reconheceu como a de seu irmão André, que já havia voltado para SP - como você está?
- Tô aqui cara, me virando sozinho como sempre... Como você acha que eu estou?
- Olha irmãozinho... eu sei que as coisas não têm sido fáceis pra você. Ter que lidar com essa perda não é fácil. Mas eu prometo que a partir de agora nós vamos ficar mais unidos, eu to voltando pra casa.
- Quê? Você vai vir morar comigo?
- Sim cara - Respondeu André com certo entusiasmo na voz - Eu vou te dar aula também, consegui um emprego no Marista daí.
Gleydson não gostou muito, morar junto era uma coisa, agora ter o irmão como professor? Mas ele não sabia que esse seria o início de uma longa história...
Capítulo 1 – Descoberta
“... Ninguém nasceu para sofrer, todos nascemos para sonhar e amar...”
Meados de julho, as férias estavam quase no fim, e Gleydson se preparava para o seu último semestre no ensino médio. Iria sentir muita falta de tudo, principalmente dos seus amigos e da curtição.
Esse ano nem tinha viajado nas férias. Era o aniversário de um ano de falecimento dos seus pais, e a “família” estava se recuperando da tragédia.
Família queria dizer ele e seu irmão André, que estava morando junto com ele agora. No começo foi bem complicado aceitar essa mudança tão repentina de vida, até por que o seu irmão parecia mais velho do que seus pais em termo de rabugentice.
Não gostava de casa bagunçada,queria regular todos os horários, cuidava da vida do irmão mais novo... enfim, estava assumindo toda a função que seria de seus pais, e ainda por cima era seu professor de língua estrangeira...
Por outro lado, Gleydson se habituou muito à companhia do irmão mais velho, talvez pelo fato de ser a única família que lhe restara, mas também pelos “perrengues” que os dois haviam passado desde a morte de seus pais. Os dois ajudaram um ao outro a superar a tragédia construindo um laço muito forte entre si.
Hoje Gleydson não sabia o que seria da sua vida se não fose a companhia do seu irmão.
André era um pouco mais velho. 26 anos, mentalidade de 45... Sempre foi muito responsável, e era o orgulho dos pais. Foi morar um tempo em São Paulo por causa de uma oportunidade de trabalho, e Gleydson passou dois anos sem vê-lo. Foi apenas no velório dos pais que os dois irmãos se reencontraram.
- Gley, o que você acha de sairmos amanhã? - Disse André, os dois estavam voltando do cemitério Campo da Esperança, onde tinham ido prestar homenagens e agora estavam no carro, em um silêncio que já durava mais de dez minutos.
- Saírmos cara? Pra onde?
- Não sei... escolhe um lugar bom ai.
- Cara, as festas que eu gosto você não curte...
- Ê... lá vem você me chamando de velho de novo. Escolhe um lugar ai vai? Nós estamos precisando relaxar um pouco... parar de pensar nessas coisas, sabe?
- Eu sei cara... vou ver e te falo então.
Acabaram indo para uma boate bem frequentada no centro da cidade, Gley se surpreendeu com André. Não é que ele também sabia dançar? Sempre teve aquela imagem careta dor irmão na frente de uma sala de aula, mas vê-lo ali fez o garoto ter boas recordações...
A noite estava muito tranquila, os dois encontraram alguns conhecidos da escola por lá, o que tornou a noite melhor ainda. Era bom não estar pensando em coisas tristes, sabia que onde estivessem, os seus pais não gostaria que ele deixasse de se divertir só por que estava fazendo um ano do falecimento deles.
- Cara, - disse Lucas, um dos amigos do colégio que ele encontrara na boate - eu trouxe duas gatas comigo. Uma eu to dando um trato... mas se você quiser ficar com a outra...
- Quem é? - Disse Gley mostrando interesse - Deixa eu ver.
Lucas fez um sinal discreto na direção de duas garotas que estavam perto da chapelaria.
- Gostei cara, você tá traçando a loira ou a morena?
- A loirinha... pode ficar com a amiga dela...
Os dois foram até as garotas, e em poucos minutos estava beijando a morena.
Gley tinha um tipo que atraía as garotas (e os garotos também). Apesar de só ter 1,72m fazia academia desde os 14 anos, tinha o corpo bem definido, olhos verde-claros e cabelos pretos. Nunca deixou de ficar com nenhuma garota que estivesse afim, aquela pra ele era só mais uma diversão...
Mas naquela hora ele viu uma cena que fez o seu estômago dar uma cambalhota. Seu irmão estava dançando abraçado com um homem...
Não podia ser verdade, seu irmão não podia ser gay... E por que estava se importando tanto? E se ele fosse mesmo? O que Gley estava sentindo não era preconceito, como veio descobrir muito mais tarde. Não queria ver o seu irmão com ninguém, fosse com um homem ou com uma mulher...Não podia perdê-lo pra ninguém.
CONTINUA>>>