Continuando...
Era ele, o homem para quem eu tinha entregado meu coração. As lágrimas rolavam sobre meu rosto. Minhas forças sumiram, mas eu tinha que aguentar firme. Nem vi a Sofia entrar, meus olhos estavam fixos no Diego. Ele recebeu a Sofia do pai dela e subiu ao altar. Ver o homem que tanto amo casando era como se estivessem pisando em meu coração. Ali eu estava assistindo o início da minha desgraça, foram os piores minutos da minha vida. Tudo estava acabado. Quando finalmente o padre terminou a cerimonia e os noivos se beijaram, tive a certeza que não teria mais volta, eu tinha acabado de perder o meu amor.
Saímos da igreja e fomos direto para a recepção, eu estava completamente atordoado pela dor. Infelizmente o inferno não havia acabado, teria que aguentar mais algumas horas. Bárbara nem notou meu estado, estava tão feliz pela amiga que nem deu muita bola. Pedi para ela dirigir com a desculpa de estava com muita dor de cabeça. Na verdade eu estava com muita dor de cabeça, mas outro lugar do meu corpo doía bem mais. Chegamos ao local onde aconteceria o jantar, que por sinal era lindo e estava muito bem decorado. Não podia negar que ele estava lindo, também pude perceber que seu olhar transmitia tristeza. Sofia estava maravilhosa de noiva. Fiquei em uma mesa afastada enquanto aconteciam todos os protocolos. Eu a esta altura não chorava, estava calmo, mas meu interior estava completamente destruído. As horas foram passando e todos se divertiam, a festa estava linda. Chegou um momento que tudo aquilo estava me sufocando, precisava tomar ar senão iria ter um ataque. Fui em direção a um lindo jardim onde tinha alguns bancos. Ali me sentei e não consegui me segurar, desabei no choro.
Eu – Por quê?
Naquele lugar só os meus choramingos podiam ser ouvidos. Olhava para o céu na tentativa de encontrar algum conforto. Fechei meus olhos.
Eu – Que vontade de morrer.
Sinto alguém chegar e me tocar no ombro.
Diego – Nunca mais diga isso.
Olho para ele e vejo seus olhos marejados, ele sofria também.
Eu – Por favor, me deixa sozinho. Volta para o seu casamento.
Diego – Precisamos conversar.
Eu – Não tenho nada pra conversar com você.
Diego – Claro que tem, você não pode me impedir de explicar o que aconteceu.
Eu – Eu vou te dizer o que aconteceu. Eu acreditei em uma pessoa, entreguei todo o meu amor a ela. O que ela fez? Jogou isso no lixo.
Diego – Não fala assim amor.
Eu – Não me chama de amor. Agora o seu amor atende pelo nome de Sofia.
Eu o encarava, queria que visse todo o sofrimento que estava sentindo.
Diego – Me deixa explicar.
Ele me abraça com força. O desgraçado é forte, eu mal consigo mexer meus braços.
Eu – Me solta!
Diego – Não, até você me deixar explicar.
Eu – Não tem o que explicar. Você me traiu e eu ainda assisti de camarote a sua traição como seu padrinho.
Diego – Mas como você ficou sabendo?
Eu – Minha prima é amiga da Sofia. Ela me pediu para acompanhá-la. Um primo da Sofia que seria o par da Bárbara não conseguiu vir e a ela me pediu para ser seu padrinho.
Diego – A Bárbara é sua prima?
Ela falou com espanto pela coincidência.
Eu – Nunca que eu teria vindo se soubesse que era o seu casamento.
Diego – Amor, eu preciso te contar o que aconteceu.
Eu – Amor? Você sabe o real sentido desta palavra? Claro que não sabe. Você nunca amou ninguém. Sinto pena da Sofia, uma pessoa maravilhosa que conheci há poucas horas não merece casar com uma pessoa como você.
Com os olhos vermelhos e marejados ele me aperta me fazendo sentir dor.
Diego – Nunca duvide do meu amor por você.
Eu – Com o que vi hoje não duvido do seu amor, tenho certeza que ele nunca existiu. Agora me solta.
Seu semblante é uma mistura de tristeza e espanto pelo que eu disse.
Eu – Nunca mais me procure, esquece que um dia nos tivemos alguma coisa. Vai ser feliz com sua esposa.
Me soltei de seus braços, engoli o choro e fui em direção ao salão. Ele ficou parado me observando ir.
Diego – Espera! Me diz uma última coisa? Você ainda me ama?
Dou um suspiro profundo com a intenção de achar forças para responder.
Eu – É claro que te amo e muito, mas....
Não consegui terminar a frase, não queria chorar mais na sua frente.
Diego – Mas o que?
Me virei e fui embora. Agora sim estava tudo acabado. Fui procurar a Bárbara para irmos embora, não estava mais aguentando toda aquela situação.
Eu – Prima, vamos embora!
Bárbara – Ah Ben. A festa está ótima. O que você tem?
Eu – Estou explodindo de enxaqueca. Se você não vai eu vou. Fica com o carro que eu volto de táxi para o hotel, não vou conseguir dirigir deste jeito.
Bárbara – Tá bom, mas qualquer coisa me liga.
Eu – Sim, cadê a Sofia para poder me despedir?
Bárbara – Está ali!
Fui em sua direção. Como ela estava linda, acho que a noiva mais linda que tinha visto.
Eu – Sofia. Vim me despedir.
Sofia – Mas já vai? Está cedo.
Eu – Tenho crises fortíssimas de enxaqueca e infelizmente ela não deu trégua hoje. Me perdoe.
Sofia – Oh meu querido, fico triste por você ter que ir cedo. Quero te agradecer e dizer que você é uma pessoa maravilhosa. Gostei muito de você, iria adorar se fossemos amigos.
Eu – Você também é maravilhosa e seria um prazer ser seu amigo.
Quem diria a mulher do homem que eu amo quer ser minha amiga. Enquanto ela me abraçava o Diego chega atrás.
Sofia – Ben, você já conhece o meu agora esposo.
Eu – Não, ainda não.
Estendi minha mão para cumprimentá-lo.
Eu – Prazer, meu nome é Benjamin.
Ele me olhava com uma cara de interrogação.
Sofia – Diego acorda o Ben está te cumprimentando.
Diego – Me desculpe, o prazer é meu, me chamo Diego.
Sofia – Amor, ele é nosso padrinho.
Diego – É...
Para mim já tinha dado daquele teatro.
Eu – Bom...já vou, mais uma vez muito obrigado pelo convite. Desejo tudo de bom para vocês.
Dei mais abraço em Sofia e encarava o Diego ao mesmo tempo.
Eu – Adeus Diego.
Sai daquele lugar sufocante. Finalmente a noite de terror havia acabado. Cheguei ao hotel era por volta das 2h da manhã. Meu corpo doía como se tivesse levado uma surra, minha cabeça pulsava de tanta dor, meus olhos ardiam de tanto chorar. Deitei na cama com roupa e tudo. Como eu queria que tudo tivesse sido um sonho ruim, que ao acordar tudo voltaria ao normal. Tentava me tranquilizar me agarrando a esta possibilidade. A todo o momento a imagem dele casando vinha em minha mente, aquilo me torturava. Fiquei horas tentando dormir até que o cansaço foi maior e eu adormeci.
No dia seguinte acordei com o despertador tocando desesperadamente. Levantei cambaleante e fui em direção ao banheiro. Quando vi meu rosto no espelho, levei um susto, meus olhos estavam vermelhos e com olheiras. Minha fisionomia era deprimente, parecia que tinha chorado dias. Depois de me recuperar do susto tomei um banho bem demorado. Minha cabeça ainda doía, mas estava suportável. Depois de me vesti desci para tomar o café, pois iriamos voltar para Curitiba na hora do almoço. Me servi e sentei em um mesa bem afastada, não queria ser incomodado por ninguém. Eu ainda estava tentando entender o que aconteceu na noite anterior, fui do céu ao inferno em questão de dias. Perdido em meus pensamentos nem percebi quando a Bárbara sentou-se a mesa.
Bárbara – Bom dia Ben! Por que não me acordou?
Eu – Bom dia prima! Pensei que quisesse dormir até mais tarde depois da festa de ontem.
Bárbara – Realmente a festa foi ótima. Estou tão feliz pela minha amiga, finalmente ela encontrou alguém que a ame de verdade. O Diego é maravilhoso.
Me segurei para não me debulhar em lágrimas na sua frente, minha sorte que estava usando óculos escuros.
Eu – Que bom pra ela.
Disse com indiferença.
Bárbara – É verdade. Você precisa ver como eles formam um lindo casal....
Ela começou a exaltar o Diego como homem perfeito. Ouvir aquilo estava embrulhando meu estômago. Já estava perdendo a paciência quando interrompi.
Eu – Ótimo...que eles sejam felizes para sempre. Enquanto você termina seu café, vou arrumar minha mala e nos encontramos no saguão às 11 horas.
Nem a deixei responder e saí da mesa. Amo minha prima, mas seu ficasse mais um minuto escutando aquilo eu iria perder a cabeça e acabaria sendo grosseiro com ela.
Já no meu quarto tratei logo de arrumar minhas coisas, queria volta para casa o mais rápido possível. Quando terminei já era hora de fazer o check-out na recepção. Desci e a Bárbara estava me esperando. Quando estávamos sendo atendidos sinto alguém me cutucar no braço, me viro e tenho mais uma desagradável surpresa.
Sofia – Ainda bem que conseguimos alcançar vocês. Queria tanto me despedir da minha amiga e do meu mais novo amigo.
Minha vontade era a mesma que muitas pessoas teriam neste caso, cavar o buraco mais fundo possível e se jogar de cabeça.
Eu – Oi Sofia!
Ela me abraçou e beijou meu rosto. Diego estava um pouco atrás com cara de que não estava nenhum pouco confortável com a situação.
Bárbara – Oi amiga! Quem bom que vocês vieram, mas não deviam estar indo para lua-de-mel?
Sofia – Nós vamos, mas nosso voo é só à tarde. Amor não vai cumprimentar?
Parecia que ele estava em outro mundo, somente seu corpo estava presente (Obs: E que corpo..rsrsrsrrs).
Diego – Desculpem, estava distraído. Como vai Bárbara? Ben?
Ele beijou minha prima no rosto e estendeu a mão para mim. Confesso que minha vontade era de enfiar um soco na sua cara, mas mantive a postura de indiferença.
Eu – Oi
Sofia – Estão indo para o aeroporto?
Bárbara – Sim, nosso voo saí daqui a pouco.
Sofia – Então vamos dar uma carona pra vocês.
Bárbara – Que ótimo! Assim podemos aproveitar mais um tempo juntas.
Eu logo intervi, pois não queria passar mais nenhum minuto perto dele.
Eu – Imagina. Vocês estão em lua-de-mel, vão aproveitar, Bárbara e eu vamos de táxi.
Sofia – Até parece, nós vamos levar vocês e ponto final.
Vi que não conseguiria convence-la, então aceitei. As duas foram andando na frente e Diego e eu mais atrás. Enquanto andávamos sentia que ele me olhava o tempo todo, acho que estava esperando que eu retribuísse o olhar. Ao poucos ele foi chegando mais próximo e encostou a cabeça em meu ouvido.
Diego – Eu te amo e sempre vou te amar.
Ouvir aquilo mexeu comigo, minha vontade era de agarrá-lo ali mesmo, esquecer tudo o que aconteceu e ser feliz ao lado do meu amor. Mas sou surpreendido pelos gritinhos das duas que estava mais a frente.
Bárbara – Amigaaaaaa! Não brinca comigo, é sério mesmo, você está grávida?
Parei e olhei para o Diego que estava com cara de espanto.
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FELIZ 2013!!!!
Que este ano seja repleto de realizações para todos. Me perdoem pelo tempo que estive fora, mas é que eu estava viajando e nem levei meu note, só acompanhava pelo celular. Não se preocupem que vou postar com mais frequência.
Meu abraço especial vai para o C. T. Akino, adorei seu comentário...rachei de rir.
A música que me embalou enquanto escrevia este capítulo foi "Same Mistake" do James Blunt.
http://www.youtube.com/watch?v=xdJOUZgeKV0
