Peguei minhas coisas e fui em direção a porta sem me despedir do Bruno direito, como ele ousava me por contra a parede assim? Mas ele estava certo.
Chegando em casa dormi pelo menos um pouco. Acordei morrendo de dor de cabeça, senti o cheiro de café sendo feito e fui até minha cozinha, lá estava Luiz fazendo café, sem camisa, só de cueca.
Luiz: - Bom dia meu amor.
Eu: - Bom dia.
Luiz: - Que foi que você ta com essa cara?
Eu: - Nós precisamos conversar...
Luiz: - Ai essas palavras malditas.
Eu: - Eu não sei como dizer isso, mas eu preciso.
Ele fez uma cara seria, sentou e olhou pra mim.
Luiz: - Pode falar.
Eu: - Lembra o Bruno? Aquele da minha adolescência? Aquele cara que eu sempre amei?
Luiz: - Hum...
Eu: - Ele voltou, tem um tempo e... estamos juntos nesse tempo, ficamos juntos algumas vezes...
Eu não segurava as lagrimas mais, elas vinham espontaneamente, me atrapalhavam muito.
Luiz: - Você tá tendo essa conversa comigo pra me dizer que me traiu ou pra me deixar?
Eu juntava forças pra dizer.
Eu: - Os dois.
Luiz: - Eu não posso acreditar, isso não tá acontecendo. – Ele estava mais pra indignado que triste.
Luiz: - Eu nunca achei que você fosse capaz de me trair, muito menos de me deixar assim...
Eu: - Me desculpa, eu não queria, eu amo você, mas eu sempre deixei claro que ele era o meu amor. Eu pensei que depois desses anos, eu não tivesse o mesmo sentimento por ele, mas eu tenho, acho que ainda mais aflorado por causa da saudade.
Luiz: - Você não pode me abandonar, eu fiquei com você todos esses anos, eu cuidei de você, fiz o que pude, construímos uma vida juntos, eu amo você.
Eu não sabia o que dizer.
Luiz: - Eu perdoo a traição, dói mas eu sou capaz disso, mas não consigo aceitar você me deixando. Você sempre foi todo estranho, solitário, nunca gostou que tocassem em você, eu te respeitei, fiz o que você quis, te ajudei a reconstruir o seu coração depois que ele quebrou. Algumas coisas eu nunca aceitei sobre você, mas respeitei todas, por todos esses anos, nunca te trai, já tive vontade, mas eu to aqui agora querendo que você fique comigo.
Eu já chorava demais, não sabia como ele se sentia, porque não conversávamos sobre nós.
Eu: - Eu queria Luiz, poder dizer que vou ser feliz ficando com você, dizer que o Bruno não significou nada pra mim, que vai dar tudo certo, mas não é a verdade, eu não estaria sendo sincero com você.
Ele fez uma cara de ódio irreconhecível, que não era do feitio dele.
Luiz: - Você não foi sincero nessa porra, se tivesse me falado no começo que assim que ele voltasse você iria correndo dar pra ele, eu não teria ficado com você. Aceitado suas esquisitices, eu não teria sido tão tolerante, devia ter sido igual você merece, porque no fundo, o que você queria mesmo era um pau no seu cu o tempo todo, não um relacionamento seu filho da puta. Vai correndo dar pra ele, até aparecer a oportunidade e ele dar um pé na sua bunda de novo, você ficar na merda e achar um otário pra te consolar, porque eu não vou fazer esse papel mais. Pega as suas coisas e some dessa casa, não volta nunca mais, não me liga, não quero nem te ver por ai. Vai morar com seu avô que é o que você merece, um pau no seu cu, ou melhor mais um. – Riu debochadamente.
Eu só chorava, as palavras dele foram faca pra mim, desde falar do nosso relacionamento até falar do meu avô, dizer que era o que eu merecia. Nunca esperei essa reação dele, por mais que eu entendesse os motivos dele, não concordava com o método, eu não tinha mais forças pra chorar. Ele foi até o nosso quarto, só ouvi batendo portas do guarda-roupas e xingando o vento.
Luiz colocou todas as minhas roupas em duas malas, meu carregador de celular, notebook, documentos, fez questão de pegar tudo que era meu e jogar dentro das malas de viagem, fechou e jogou na sala.
Luiz: - Pega e some daqui, não quero mais olhar pra sua cara.
Eu sabia que tinha direito a muito mais coisas que eu comprei naquela casa, mas o apartamento que pagávamos estava no nome dele. Não fiz questão de mais nada, de brigar por direitos, peguei minhas malas e o resto de dignidade que me restava, se é que restava algum e fui em direção a porta.
Luiz: - Antes que eu me esqueça.
E me deu um soco, acreditem ou não. Essa era reação do homem que eu acreditava ser equilibrado e doce, me agrediu fisicamente depois da humilhação verbal. Doeu demais, física e moralmente, eu nunca esperava esse tipo de reação dele.
Peguei as malas novamente e fui pro caso, não sabia que rumo tomar, resolvi ir direto pra casa do Bruno, olhando no espelho vi que ficou preto, não foi nem roxo, foi preto direto. Deduzi que ele juntou todas as forças e o ódio naquele soco.
Não sabia o que fazer dali pra frente, era sábado, eu tinha o final de semana pra decidir. Chegando no Bruno, abri o portão com o controle reserva que eu tinha e estacionei meu carro. Peguei a chave que tinha também e fui entrando, queria chorar nos braços dele, mas tinha mais de uma voz na sala, assim como tinha mais de um carro na garagem.
Abrindo a porta, vi um outro rapaz sem camisa, bem sarado e tatuado, lindo demais também, conversando com o Bruno com uma latinha de cerveja na mão e do outro lado um ruivo muito gostoso também sem camisa, pelo visto o papo tava bom já que estavam todos rindo. As atenções se voltaram pra mim.
Bruno: - Bom pessoal, esse aqui é o meu...
Ele parou, acho que viu meu olho. Minhas malas estavam no carro ainda. Veio até mim e passou o dedo em cima.
Bruno: - O que foi isso? Quem fez isso?
Eu só o abracei e chorei, nem liguei que tinham mais dois ali na sala, nem falei com eles, só abracei o bruno e chorei.
Bruno: - Acho que você falou com o seu namorado.
Eu não disse nada. Bruno me largou e foi abraçar os dois rapazes, que estavam indo embora já, acho que notaram que eu e Bruno precisávamos ficar sozinhos. Quando se foram, a conversa era nossa.
Bruno: - O que aconteceu ?
Eu contei pra ele lentamente e com interrupção de lagrimas que vinham por conta própria por lembrar o momento.
Bruno: - Eu não acredito que aquele filho da puta fez isso com você, falou isso. – Ele estava vermelho, com muito ódio estampado na cara.
Ele se levantou, pôs a camisa e pegou a arma em cima da mesa da sala. Ele tava meio descontrolado.
Bruno: - Eu quero ver ele falar pra mim o que ele falou pra você, quero ver ele dar um soco em mim, vou enfiar minha arma no cu dele e fazer sair pela boca.
Ele realmente faria aquilo, tava na cara dele, eu tinha medo dele fazer besteira, Luiz não tinha nem chance com ele.
Eu: - Não vai, por favor, fica aqui comigo. – Disse chorando. – Não vale a pena, fica por favor. – E o abracei.
Bruno: - Ok, de hoje passa, mas eu to com muito ódio dele. Ele usou das suas fraquezas contra você, isso não existe, você contou porque confia nesse merda, deixa ele comigo. Vou cumprir minha promessa e te proteger, por isso vou ficar.
Bruno: - Vem morar aqui comigo, fica aqui, vamos ter a vida que era pra ser nossa? Vamos reviver tudo? Me da esse prazer, por favor.
Eu: - Eu não sei, não sei se é cedo, mas por enquanto eu fico.
Ele veio até mim e começou a me beijar. Tirou nossas roupas rapidamente e caiu por cima de mim no sofá.
Não teve nem preliminares, ele penetrou do jeito que estava, doeu mas nem tanto, a dor emocional que eu sentia era maior. Bruno fez amor comigo aquela noite, não só sexo, ele tinha uma sincronia com meu quadril maravilhosa, éramos um só, era uma transa uniforme, nossos corpos eram perfeitos um pro outro, ele não parava de me beijar.
Bruno: - Eu vou te amar todos os dias, cada vez mais, você vai ver. Quero ficar assim com você pra sempre, fazendo amor do jeito que você gosta.
Depois de umas duas horas fazendo amor, caímos no sofá onde dormimos a noite toda. Quando acordei, ele não estava mais comigo no sofá.
Tive uma das visões mais maravilhosas da minha vida, Bruno só de cueca, fazendo café pra gente, era exatamente o que eu queria e precisava pra minha vida, seria aquele o começo de um felizes para sempre? Eu não sabia, mas já era alguma coisa melhor do que foram os outros anos.
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É meus amigos, só conhecemos as pessoas depois que terminamos com elas.
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Até mais !