Durante o almoço, ele não tinha tirado os olhos de mim um instante, ele tinha esse extinto superprotetor quando estava comigo, era normal.
Eu: - Então, hora do “papo reto”. Disse fazendo aspas.
Continuei.
Eu: - O que você fez durante esses anos?
Bruno: - Bom, eu entrei pro exército, fiz a faculdade de medicina veterinária que tanto queria, que foram 5 difíceis anos, segui carreira no exercito e hoje em dia sou tenente veterinário.
Eu: - Era exatamente o que você queria né? Era seu sonho.
Bruno: - Você ainda lembra. – Disse sorrindo. – Só faltou uma coisa nesse sonho... você ao meu lado.
Ignorei, porque era hora de papo serio, não de declaração.
Eu: - E como você veio parar aqui de volta?
Bruno: - Assim que tive oportunidade, pedi a transferência e cá estou. Mas e você? O que fez durante esses anos?
Eu: - Estudei psicologia como queria, hoje em dia eu faço atendimento com pessoas que tem problemas de abuso e violência na infância, como eu.
Bruno pegou minha mão por cima da mesa, eu tirei.
Bruno: - Caramba, sabia que você era um homem de grandes conquistas, fico muito feliz por você poder ajudar as pessoas.
Eu: - É, é bom poder sair daquela sensação de impotência.
Bruno: - E sua mãe?
Eu: - Tá bem, você deve saber, tem falado com ela.
Bruno: - Ponto seu.
Eu na verdade, não tinha muito o que falar, na verdade tinha, mas eu queria me manter sob controle, controlar meus sentimentos.
Bruno: - O que você tem? Você tá meio distante, não era exatamente o que eu esperava, esperava algo mais caloroso vindo de você.
Não aguentei, tive que soltar.
Eu: - Você esperava que depois de ter me abandonado, por 7 malditos anos, onde eu sofri sem você, não tive noticias, não sabia se você estava bem, não sabia nada. Até os 17 anos tudo bem, mas depois, você completou maioridade, você era dono do seu nariz e você não mexeu um músculo e não venha me dizer que é difícil, minha mãe o encontrou rapidamente.
Era evidente que minhas palavras machucaram ele, mas ele tinha um olhar compreensivo, como se concordasse com o que eu disse.
Bruno: - Vamos conversar em outro lugar, é melhor.
Pagou a conta e fomos no meu carro, entramos em um motel, mas apenas pra conversarmos sem interrupções e mal entendidos. Lá pudemos continuar de onde paramos, sem medo de exaltações.
Bruno: - Eu sei, de tudo isso, eu falhei com você, eu nunca vou me perdoar, mas eu queria voltar com algo, ter alguma coisa pra te oferecer, poder te dar uma vida, se você continuasse pobre, eu te tiraria, te daria uma vida boa, não imaginava que você estivesse bem assim, eu não tenho direito de te pedir perdão, por isso não o fiz.
Eu: - Eu não precisava que você me desse uma vida feita, eu precisava de você, o resto a gente conquista, juntos, nosso amor seria nossa motivação, seriamos nós contra os obstáculos, não só eu. Você sabe como eu sempre fui quebrado, defeituoso, você era tudo que eu sempre precisei.
Ele continha as lagrimas, eu já não mais, mas eu não chorava escandalosamente, as lagrimas cansadas de serem oprimidas, vinham naturalmente.
Bruno: - E agora? Eu não sei o que fazer, eu não sei o que dizer, eu não tenho o direito de cobrar nada de você, de pedir que você abandone seu namorado, mas eu quero você, eu não sei o que fazer, queria que fosse fácil.
Eu: - Eu não sei o que fazer. – Agora sim, eu chorava pra valer.
Ele me pegou e me deu um abraço, um abraço sem malicia. Eu me sentia bem nos braços fortes dele, ele como sempre, eu me sentia protegido, agora completo.
Bruno: - Não precisa decidir agora.
Eu: - Mas se eu não largar ele? E se eu demorar?
Bruno: - Eu não vou te perder de novo, eu vou estar aqui, pra sempre.
Eu: - Mas e se você conhecer alguém nesse tempo?
Bruno: - Eu já conheci, varias pessoas, não vou dizer que estou sozinho todo esse tempo, eu fiz sexo muitas vezes, sai com muitos caras, mas em todos, eu procurava você, eu pensava em você, então pode ficar seguro, eu vou te esperar.
Não tínhamos mais o que falar, tudo estava dito, por enquanto. Fomos no meu carro até o restaurante, para que ele pegasse a moto. Na hora de se despedir foi meio difícil pra mim.
Ele me puxou e me envolveu em um beijo, muito gostoso e muito difícil de sair, eu não queria sair, nem ele, depois de uns dois minutos, minha mandíbula não aguentava mais e tive que parar.
Eu: - Eu te vejo de novo?
Bruno: - Sempre. Eu volto a trabalhar amanhã, mas a partir das 18 horas to livre.
Eu: - Ok.
Fui embora, era muita informação, eu precisava de uma luz, saber o que fazer. Mas eu não tinha amigos, não tinha com quem conversar, esse era geralmente o papel do Luiz, mas é obvio que eu não podia falar com ele sobre isso, ainda. Só que eu precisava, queria ser sincero com ele, minha intenção era de tomar uma decisão sem precisar magoar o Luiz mas ficando com o Bruno.
Decidi: Iria conversar com o Luiz, mas não agora.
Por volta das 20 horas, o Luiz chegou do trabalho e ficou todo sorridente ao me ver.
Luiz: - Oi amor, você por aqui essa hora?
Eu: - É, me senti mal e vim embora.
Luiz: - Porque não me falou? Quer ir no medico?
Eu: - Não, to melhor agora.
Ele me beijou.
Luiz: - Sabe que eu to com saudade de fazer amor com você? – Disse já tirando a roupa.
Eu apenas sorri, como pude. Fomos nos beijando até nosso quarto, ainda bem que nossa transa não dependia da minha ereção, se não estaríamos ferrados, então fizemos amor durante uma hora mais ou menos, não era igual com o Bruno, mas eu tinha que comparecer com o meu namorado. Eu não consegui dormir naquela noite, minha mente estava a mil, iria ver até onde eu aguentava.
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Até o próximo
Feliz ano novo a todos